Isabel Maria Graça Lourenço THE WILLIAM BLAKE ARCHIVE : DA GRAVURA ILUMINADA À EDIÇÃO ELECTRÓNICA Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2009 i Isabel Maria Graça Lourenço THE WILLIAM BLAKE ARCHIVE: DA GRAVURA ILUMINADA À EDIÇÃO ELECTRÓNICA Tese de Doutoramento em Letras, na área de Línguas e Literaturas Modernas, especialidade de Literatura Inglesa, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, sob a orientação do Professor Doutor Manuel Portela. Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra 2009 i Agradecimentos Agradeço ao Professor Doutor Portela a orientação atenta, o comentário rigoroso e a disponibilidade permanente. A todos os que me acompanharam durante este percurso, o meu agradecimento. ii Resumo The William Blake Archive: Da Gravura Iluminada à Edição Electrónica parte da análise do modo de produção da impressão iluminada criado por William Blake para demonstrar a forma como esse método e a materialidade do meio integram o significado da iluminura. Descreve-se em seguida a história da edição impressa da obra de William Blake nos séculos XIX e XX, reflectindo-se sobre a forma como a imagem biográfica e da obra foi construída pelos dispositivos tecnológicos e institucionais que separam imagem e texto. A amputação da página iluminada pela eliminação da imagem resultou numa recodificação bibliográfica, da qual dependeu a disseminação e canonização da sua obra. Esta história editorial da obra blakiana é enquadrada na história dos métodos e teorias da edição, incluindo a problemática da edição electrónica, essencial para a compreensão das práticas actuais. The William Blake Archive, um arquivo em construção desde 1996, institui um novo modelo editorial, que permite reunir as vertentes pictórica e verbal da página iluminada, na sua singularidade e na sua multiplicidade. A recuperação da integridade visual do objecto através do fac-símile digital assinala a conjunção entre um novo paradigma editorial e um novo contexto tecnológico. A análise da edição electrónica revela a função da estrutura hipertextual, da interface gráfica, da marcação textual e da codificação das imagens na simulação da materialidade e da historicidade do livro impresso iluminado. Pela sua capacidade de simulação documental, de metatextualidade crítica e de acumulação de ficheiros, este arquivo digital cria um novo contexto metodológico e científico para o estudo da obra de William Blake. iii Abstract The William Blake Archive: Da Gravura Iluminada à Edição Electrónica starts from a detailed analysis of “Illuminated Printing”, the method created by William Blake to produce illuminated books. This approach aims to prove that the specificity and the materiality of the medium and of the method of production contribute to the meaning of the illuminated prints. The specific materiality of the illuminated print led to the editorial separation of verbal-component from pictorial-component in printed editions. Nineteenth- and twentieth-century printed editions of Blake’s works are examined as a bibliographic recoding which helped to disseminate and canonize both author and work. This editorial history is placed in the context of methods and theories for critical editing. Electronical textual edition, which is essential to understand current editorial practices, is also considered. The William Blake Archive, a work in progress since 1996, provides digital facsimiles of the illuminated books. The Archive reunites the verbal and pictorial components of the plate, and simulates the integrity of the illuminated printed plate by displaying both the singularity and the multiplicity of the copies of different books. This electronic edition represents the conjunction of a new editorial paradigm and a new technological situation. Graphic user interface, hypertext structure, image encoding and textual markup are analysed as part of that editorial simulation. The ability of this digital archive to retrieve, simulate and display different types of documents in a metatextual critical environment is changing the way scholars read, examine and study the work of William Blake. iv Para mim. v Índice Introdução.....................................................................................................................................................viii 1. Uma oficina tipográfica no Inferno..........................................................................................................15 1.1. O período de formação: influências e resistências...............................................................................15 1.2. As seis câmaras da criação: os estádios da concepção e da produção do livro iluminado...................32 1.2.1. As três primeiras câmaras da criação: preparação da chapa de cobre, execução do desenho e banho químico........................................................................................................................................36 1.2.2. A quarta, a quinta e a sexta câmaras da criação: a tintagem da chapa, a impressão e a coloração, e a compilação dos livros iluminados.......................................................................................................44 1.3. A impressão iluminada como materialização e veículo do Génio Poético..........................................56 1.4. O livro iluminado como cosmogonia...................................................................................................75 1.5. Concepção orgânica e organização no livro iluminado.......................................................................82 1.6. Múltiplos singulares: variação na impressão iluminada......................................................................88 1.6.1. “That quality of self-embodiment”: teoria social da edição e impressão iluminada....................99 1.6.2. A evolução da ideia de livro iluminado.....................................................................................109 2. A edição iluminada de Songs of Innocence and of Experience: uma máquina de gerar variações?.115 2.1. Variações: adição, supressão e ordenação de gravuras......................................................................127 2.1.1. Transferência de gravuras: os casos de “The Little Girl Lost” e “The Little Girl Found”, “The School Boy” e “The Voice of the Ancient Bard”.................................................................................138 2.2. Variações na impressão e coloração das gravuras.............................................................................154 3. Crítica textual, teoria literária e edição impressa.................................................................................181 3.1. Obra, texto, autor, escritor, editor, leitor............................................................................................181 3.2. Edição crítica e teoria do copy-text: a rationale de W. W. Greg.......................................................190 vi 3.3. Autoridade múltipla, intenção final e versões textuais......................................................................202 3.4. Rompendo com a hermenêutica de tradição romântica: a concepção do texto como evento social..219 3.5. Multiplicidade, instabilidade, eventualidade e o problema da edição................................................239 4. Edição electrónica: o arquivo como ecossistema vivo..........................................................................248 4.4.1. Materialidade textual e imaterialidade digital.................................................................................264 4.4.2. Edição electrónica, remediação e linguagem de marcação.............................................................280 4.4.3. O arquivo electrónico e a radial reading: a importância da interface gráfica e das ferramentas analíticas...................................................................................................................................................292 5. Edição impressa da obra de William Blake: uma recodificação bibliográfica...................................312 5.1. O primeiro momento da edição impressa: a construção biográfica e editorial de William Blake.....323 5.2. O segundo momento da edição impressa: consolidação e institucionalização da obra de William Blake ..................................................................................................................................................................341 5.3. A edição de Songs of Innocence and of Experience de Geoffrey Keynes e David V. Erdman: recodificação bibliográfica de um livro iluminado...................................................................................348 6. The William Blake Archive: o terceiro momento da edição da obra de William Blake.....................364 6.1. The William Blake Archive: construção e auto-legitimação de uma máquina de simulação.............381 6.2. Estratégias de remediação: imediação e hipermediação em The William Blake Archive..................392 6.3. A aura digital do livro iluminado.......................................................................................................421 6.3.1. Fac-símile digital e pesquisa de imagem em The William Blake Archive..................................438 Conclusão.....................................................................................................................................................453 Imagens........................................................................................................................................................460 Bibliografia e Webliografia........................................................................................................................470 vii Figura 1 – “Introduction”, Songs of Innocence and of Experience, cópia W, gravura 4 (Bentley 4, Erdman 4, Keynes 4), c. 1825 (King’s College – Cambridge University). viii
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