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Mahatma Gandhi e sua luta com a Índia PDF

364 Pages·2012·10.978 MB·Portuguese
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Para Janny Não sei se você viu o mundo como ele realmente é. Quanto a mim, posso dizer que, a cada momento, eu o enxergo em sua cruel realidade.1 (1918) Não, eu não sou um visionário. Não aceito o título de santo. Pertenço à terra, sou matéria. [...] Sou propenso a muitas fraquezas, como qualquer pessoa. Mas conheci o mundo. Tenho vivido no mundo de olhos abertos.2 (1920) Não desespero com facilidade.3 (1922) No caso de homens como eu, cumpre medi-los não pelos raros momentos de grandeza em sua vida, e sim pela quantidade de poeira que juntam nos pés no decurso da viagem da vida.4 (1947) Mohandas Karamchand Gandhi, 1869-1948 Sumário Nota do autor i. áfrica do sul 1. Prólogo: Um visitante inconveniente 2. A questão dos intocáveis 3. Entre os zulus 4. Câmara Alta 5. A rebelião dos trabalhadores ii. índia 6. O despertar da Índia 7. Inaproximabilidade 8. Ave, Libertador! 9. Jejum até a morte 10. Aldeia de serviço 11. O caos generalizado 12. Vencer ou morrer Glossário Vida de Gandhi — Cronologia Notas Fontes Agradecimentos Créditos das imagens Nota do autor O Mahatma havia deixado a África havia meio século, mas quando visitei o lugar pela primeira vez, em 1965, parentes seus ainda viviam na comunidade Phoenix, nos arredores de Durban, costa leste da África do Sul, a do oceano Índico. Um menininho, que me disseram ser bisneto dele, começava a dar seus primeiros passos pela sala. Estava morando com a avó, viúva do segundo dos quatro filhos de Gandhi, Manilal, que permanecera na África do Sul para editar o Indian Opinion, semanário criado pelo pai, e para manter vivos a colônia e seus valores. O patriarca decidira ser o pai de toda uma comunidade, então transformou a fazenda numa espécie de comuna onde pôde congregar uma família ampliada de seguidores — tanto europeus quanto indianos —, sobrinhos, primos e, por fim, sem nenhuma posição especial, a mulher e os filhos. Eu não era um peregrino, mas apenas um repórter à procura de uma boa matéria. Por ocasião dessa minha visita, fazia quase dezoito anos que o Mahatma morrera; nove anos depois, Manilal também se fora; e o Indian Opinion tinha deixado de ser publicado em 1960. Não havia muito que ver além das casas simples em que as pessoas moravam. Numa delas ainda se via a plaquinha de latão com o nome “M. K. Gandhi". Já começara o grande programa de segregação racial — que as autoridades brancas chamavam de apartheid. Pequenos lavradores indianos, que antes viviam e trabalhavam entre os zulus, agora se acotovelavam nos quarenta hectares da comunidade. Escrevi uma matéria sobre a visita num tom pesaroso, destacando que os indianos e outros sul-africanos já não acreditavam que a resistência passiva gandhiana pudesse dar algum resultado naquele país. “A resistência passiva não tem nenhuma chance contra esse governo", disse um administrador da comunidade. “Ele é brutal e insistente demais." Se meu próximo posto como correspondente estrangeiro não tivesse sido a Índia, onde vivi por alguns anos no fim da década de 1960, aquela tarde talvez não houvesse ficado marcada em meu espírito como lembrete de um assunto ao qual eu precisava voltar. Para mim, o Gandhi sul- africano seria sempre mais do que um mero antecedente, uma longa nota de rodapé ao Mahatma plenamente realizado. Tendo contemplado as verdes colinas da África de sua varanda, pensei, com o simplismo dos repórteres, que ele seria o tema de uma grande reportagem. Os turbilhões da Índia podem ter ofuscado, mas nunca apagaram aquela intuição. Quanto mais eu me enfronhava na política indiana, mais me via refletindo sobre a aparente desconexão entre as teses de Gandhi acerca de questões sociais e as prioridades da geração seguinte de líderes que, reverentes, invocavam seu nome. Com frequência, naquele tempo, esses líderes eram homens que tinham conhecido pessoalmente o Mahatma e se dedicado à luta nacional movidos por seu exemplo. Por isso, quando se diziam seus herdeiros, havia em suas palavras mais do que um mero ritual patriótico. Todavia, era difícil dizer o que restava dele além da aura. Com a aproximação do centenário do nascimento de Gandhi, em 1969, surgiu uma oportunidade para levantar essas questões. Preparando-me para escrever sobre o que sobrava de seu movimento, acompanhei Vinoba Bhave, o último apóstolo do mestre em dedicação integral, em suas andanças pelas áreas mais miseráveis de Bihar, que era, como ainda é hoje, um dos estados mais pobres da Índia. Ali ele tentava convencer os proprietários de terras a ceder aos desvalidos uma parte do que possuíam. Vinoba arrecadava escrituras referentes a milhares de hectares de terra árida, não utilizados e impossíveis de utilizar. Já idoso, o protegido do Mahatma parecia uma figura estoica, senão trágica, ao ver sua missão infrutífera avançar para um fim irrelevante. “Ele se transformou em seus admiradores." Quem disse isso foi Auden, aludindo a Yeats. Há três decênios, V. S. Naipaul usou essas palavras para falar do declínio da influência de Gandhi em seus últimos anos, justamente quando era mais venerado. A combinação de devoção e indiferença — de modo nenhum uma exclusividade da Índia — perdurou como um reflexo cultural, sobrevivendo à explosão da primeira bomba nuclear indiana. Com o tempo e o distanciamento geográfico, minhas experiências na África do Sul e na Índia juntaram-se em minha mente. Gandhi era um vínculo óbvio entre elas. Passei a pensar de novo sobre a comunidade Phoenix, para onde voltei duas vezes — a segunda delas depois que o lugar foi incendiado na violência de facções, de negros contra negros, que acompanhou os estertores da supremacia branca. Mais tarde, a colônia foi reconstruída com a bênção de um governo eleito pela via democrática e ansioso por canonizar Gandhi como um dos fundadores da nova África do Sul. Foi então que me peguei a pensar sobre o próprio Gandhi, imaginando de que maneira a África do Sul contribuíra para formar o homem que ele veio a ser, de que modo o homem em que ele se transformou na África do Sul confrontou a realidade da Índia, de que forma sua iniciação como líder político numa das margens do oceano Índico prenunciou seus maiores desapontamentos e suas ocasionais sensações de fracasso do outro lado do oceano. O que eu pretendia investigar era se havia pistas, no começo de sua caminhada, que elucidassem o fim de sua jornada como líder. Não sou, de modo nenhum, o primeiro a levantar essas questões, nem serei o último. Mas pareceu-me que havia ainda uma reportagem a ser pesquisada e escrita, temas que poderiam ser rastreados desde o começo da vida política de Gandhi num país até seu florescimento em outro, com toda a ambiguidade de seu legado em cada um desses lugares. Por fim, a tentação de refazer meus próprios passos e, ao mesmo tempo, reconstituir os de Gandhi mostrou-se irresistível. Este livro não pretende ser uma nova biografia convencional de Gandhi. Eu menciono brevemente ou simplesmente omito períodos ou episódios cruciais — a infância na região feudal de Kathiawad, em Guzerate, sua transição para a vida adulta em quase três anos de estudos em Londres, suas posteriores interações com autoridades britânicas em três continentes, as vitórias e os percalços políticos do movimento, os pormenores e o contexto de seus dezessete jejuns — a fim de fazer este ensaio conformar-se às linhas narrativas específicas que escolhi. Essas linhas têm a ver com o Gandhi reformador social, com a forma como evoluíram a visão que ele tinha

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