() ~t. ) ~ J J CONVITE ÀMÚSICA J L GuiadosEstilosMusicais,DouglasMoore 2, DiálogocomStockhausen, Karlheinz StockhauseneMyaTannenbaum J 3, EstéticaMusical, CarlDahlhaus 4, BreveDicionáriodaMúsica, Ricardo Allorto 'J 5, PequenaHistóriadaMúsica, NorbertDufourq 6, OsCaminhosdoJazi, GuidoBoffi J 7, HistóriadaMúsicaClássica,GuidoBoffi .J 8, DoBeloMusical,EduardHanslick 9, AsFormasdaMúsica, AndréHodeir .J 10,ALinguagemMusical, AndréBoucourechliev 1L GuiadaÓpera,RupertChristiansen Estética .J 12, Mozart. Vida,TemaseObras,Nicholas Kenyon 13,EstéticadaMúsica,EnricoFubini .J da .J .J Música ? (~ --.J --.J J -..J -..J .J -..J --.J I IJ -..J. ,.J ,~ .~ J rJ f.J LJ J Título original: Estática delta Musica ENRICO FUBINI ©1993 by Societã editrice liMulina, Bologna, Nuova edizione 2003 "!,radução:S.md:a Escobar Capa deFBA Estética Depósito Legal n' 2iu521108 da Biblioteca Nacional dePortugal - Catalogação naPUbÍicação FUBINI,'Enrico Estéticadamúsica....:(Conviteàmúsica; 13) Música ISBN 978-972-44-1403-4 CDU 78.01 Paginação. impressão eacabamento: GRÁRCA DECOIMBRA para EDiÇÕES 70, LDA. Setembro de2008 k. ISBN: 978-972-44-1403-4 Direitos reservados paratodos ospaíses deLíngua Portuguesa por Edições 70 EDIÇÕES 70, Lda, RuaLuciano Cordeiro, 123_1.0 Esq." - 1069-157 Lisboa IPortugal Telefs.: 213190240 - Fax: 213190249 e-mail: [email protected] www.edicoes70.pt Esta obra está protegida pela lei. Não pode ser reproduzida, notodoouemparte,qualquerquesejaomodo utilizado, incluindo fotocópia exerocõpia, semprévia autorização doEditor. Qualquertransgressão àleidosDireitos deAutorserápassível deprocedimento judicial. .. , ) ) J J ) .J J J J Introdução J .~ J Este pequeno ensaio pretende lançar um br~ve e sintético olhar ) 1 psolebxroesp._e-r.-o..~bc,'.o~l-e"m"m.a.i.s'm".enesstaésticoimspliecahçiõsteósriconsãod-.saó.mnúº.s.4kºa-,!J.,,"l,Ínpir~o~blem..alsli~com- .J como também no <,ta.J!istóris,_da sociedade,. do público, dosjntér- ,J .p'~ete.s,etc. . ....~ .._.-_.- --. O volume está dividido em duas partes complementares entre si. NaJ~_rimeira quisemos abordar oSQr!:ncipªisprº.]:)!~.ll1~Sestéticos .~ )J.a.músj,Ça,.vistos sobretudo"cleuma perspectiva teóri<;..ae dOP9.~t~ J I Ae:~~t~da contemporaneidade. Procurámos, por isso, identificar I. . algunspõn'tos~h~~~ q;e~os ;~uxiliassem a orientar no intricado mundo da música edos seus problemas, mas numa óptica que pode- ~ ',ríamos· classifiç~~ de género !!lJ~!Qi.§~jpJ!uw,~o~ân~o, portanto,' J por es~!~~~~f qu~~.;~~:t~~~~ POLCS!é.tif...a ~u~Sª.J,t&~s.Q~JiP.QS . "~ ~de prob~~~ ..~L~1.aél,tinentes>)"""/ '. '. . .. ~ .. ,I ·-A-S,egg.I].da2aJ1.ê:":aeC'Odi"directámente do esboço dos proble- '.l . .J., mas sublinhados ~ primeira: ~brevellist6ríã-a~~estéÚca ~~'sié~i -iiiçaaãrieslas"pagiiii:is~-de'fà:cto, baseia-se numa sua acepção ampla'~ 0 e interdisciplinar, Tentámos reconstruir as·grandes directrizes do :'~ pensamento musical ao longo dos séculos, desde a Grécia An"tigã 0 até aos nossos dias, 'colocando em evidência, p;~-'yezês:ãs- fo~tes um:- 0 .niáisrelêvãntésriesse âmbito. Comefeito, não existe apriorÍ -.J 0ect~;~~p~~iÚ~~-~~cié;;e'encontrem os textos-chave do pensamento: L mu~ical: cada época privilegiou este ou aquele aspecto da música, .J --_••.-1-'" '-.J 7 ) ) i! ' ESTÉTICA DA MÚSICA de modo que pode ser bastante difícil encontrar, principalmente no .•. que respeita ao passado, as f~~siilill{ca.~iYi!.~par~~çonsti- rniL~~ ljp.l:la_s_d.~_1Jrp_p~nsaJTI~Jm.!u.tsoical que mantenha uma. certa coerência histórica. de _d{~senv~Ivi~~Jiio.-· ------.-- ------ ." ... '- Este ensaio não se dirige aos especialistas, mas sim aos que desejam ter uma primeira informação num campo de estudos extre- mamente vasto e, sobretudo, uma perspectiva ..de leitura para se ./ orientarem nos problemas que surgem, e surgiram no passado, no âmbito de uma arte complexa e multiforme como a música, bem como nos seus aspectos estéticos, filosóficos e, em lato sensu, .culturais. Primeira Parte' Os Problemas Estéticos e Históricos - .~-_.--------------- .. da Música ~. 8 j ;,''.>:'~'<:(.',,LOiL<t:~:V""'~:"'_'.i'P"'.7:'~~"''',.~':'l<:%ii-~~.·-:'!'""-r~",,,~,'.''''''1''''\,"•,.;•:""•.,,-_.,,""' "'"'l''"''t ., XII) . Eç-t é~'c~ IlAL . ( yY"lu't: ) ':> ) ) ) ) ) ) ) Capítulo 1 ) J As Características da Disciplina J ) ) Quais os limites da estética musical? ) J o que é a estética musical? Pode parecer uma pergunta ociosa J epoderíamos responder que obviamente todos os livros que expõem ) teorias estéticas sobre música fazem parte desta disciplina, isto é, .J da estética' musical, Mas a resposta é claramente insuficiente .J pois remete-nos para outra interrogação: quais são os livros que tratam da estética musical? No que respeita a tempos recentes não J há grandes dificuldades: há uni número significativo de livros, ) ensaios e artigos em revistas especializadas_c.uj-os títulos aludem a" - J ..pr~oblemas de natu_re._z.a_--e_s.t_é-ti.ca atinentes à músic'!J) seu conteúdo ..... . J é claramente indicado pela própria página de rosto, que não deixa' qualquer margem ide dúvidas: Estética da Música, Música e Significado, Filosofia da Música, O Belo Musical, A Expressão y J Musical, etc., são igualmente hipotéticos títulos de livros que per-" . . j tencern aesta categoria de ensaios directamente ligados aos proble- :' mas estéticos da música. No entanto, se recuarmos no tempo as ) dificuldades aumentam na medida em que, como se sabe, aprópria J estética nasce como.~is~iJ2!iE~.!ilo_~<5fi~ªautônoma somente no fi~?l ) / dç.sécui~}<YiU~e"~~estética ..~,~.música desenvol veu.-s~ ~.Om9.pos_te- " ) .. ri-o-r~es~p..e-~.i_fL-c-!~ls,::ã;o..-.~d-a..- •e.._s-t'ética.'--n--ã--o._.._a".n._-t-~".-..de. meados do século XI-X-~._-~ J 'J 11 ) ) ESTÉTICA DA MÚSICA AS CAR/\CTERÍST1CAS DA DlSCIPLINA ) L.-- ) com o famoso ensaio deE"JI?n~!ic~,_ 9_B..l!lqj1}fJ.~ç:.qL(]~~~): delicado que afecta a relação entre as várias expressões artísticas. ,) Estaríamos tentados a concluir, como fez em tempos Benedetto-, . Sustentar ue a música é uma art~ articular, com característic~s I) Croce, que a estética, enquanto reflexão autónoma sobre/arte, éuma próprias que a tor-nam diferente das outras artes, significa algo de - -- - ) disc~plina recenf~ tal corno, -àind~ com n~ai~r raz.a6: a esté:ica muito comprometedor e, de qualquer das formas, representa u~a musical na qualidade de subsector da Estétlca.VMms de vinte '\!omada de posição que rara um crociano, por exemplo, pareceria ) séculos de reflexão sobre música seriam assim apagados com base absurda, Mas o que nos interessa aqui são as implicações de tal ) numa doutrina que estabelece de forma rígida, a priori, o que se I afirmação no plano de uma investigação histórJ.f9-,com o intuit(ui~" i inclui ou não em tal disciplina, depois de ter traçado autoritaria- identificar as fo~têsdó p'~;;sam~;t;Sob~~~rtúsica: :':" , . . '"~..~""-,_....•-_... .--.~"-.- ----~--"""'~.~" '.J me~t~ os seu-limites segundo a orientação de uma filosofia bem - Quando S~mann, no início do século XIX, formulava pela definida. V ?- ' ", , ' boca de,J:.1?_r:~.~\aDuim, a das personagens imaginárias que aparecem .J Talvez Um critério mais empírico fosse de maior ajuda: criar nos seus escritos e que representam um dos aspectos da sua perso- ) uma Ig~r..e..T...I1)àmais larga, mais abrangente, .que não conduza à con- nalidade, o famoso aforismo: «A estética de uma arte é igual à das ) clusão àbsurda de que a reflexão sobre a música se iniciou há dois ,Q]lJr.as;~SJigif~Le_11:1 I~.?:!~~\a»,d~-día"iml- moctode'considerar a '.J séculos apenas~a estétif~.E1_u§,~calfor definida segundo critérios música e, em geral, aaú§, en uanto fruto de uma.mes.m.ª~actividade 'mais empíricos e se, portanto, indicar ..9.ual ug,JiPo ç1~x~tl~~ª-o Sriad~ra~~~~~-do_ h_o,gJ~,gJQ.~_pod~ellcaJJJ.ii.LirNli~;~~' ) \ ~obre...músifa, sobre a sua_natureza, os seus fins e o, seus.limites mente numa matéria em~~de Qu.!ra....E.o detrá~ de Schumann I) corno fazendo parte da disCipÚn-a:então o século 'xvIrr~f;gur~~s~- ~avi'li~-pôitaritO;'úiria CUltura' qu~d~rante séculos considerara a J -nc;;á como uma\v;';agemna reflexão sobre aarte e sobre amúsica;' música como uma forma de expressão àparte e, de qualquer forma, .J uma das muitas ~írágens que houve ao longo do pensamento infériorerrrrelação às outras artes, considerando-a muitas vezes humano desde a Grécia até aos nossos dias, uma viragem não mais principalment~ SR>m~fuester; com muito pouco em comum corri o I) importante, nem mais aparatosâdo que muitas outras. Claro que, mundo da arte\lPode~;s-a;sim compreender a tomada de posição I) assim, a estética musical aparecerá como uma disciplina com limi- 'de Schumann e de muitos outros românticos no sentido de recupe- ,eâ.hatidôs; I) tes muito mais amplos, ainda que e, em determinados rar a música no reino da arte, de forma a colocá-Ia numa posição I :' ,P{J L ,aspectos, incertos. Contudo, o ,~~~~:'..~-~·_~~t.:zas nã_?..R..~~_f_~~er privilegiada. Todavia, não nos podemos esquecer de que, no fim do I) V : I .. ~om3~'.E".J.ç.'!!!'-"·_Q··".tj~O_""!1'>lidarle.e. da=is.!~~.>a:!llstÓri' a. século XVIII, a grande maioria dos pensadores considerava amúsica ) ~e m<:nor, com u~ valor de forma alguma comparável às !) artes maiores, como a poesia, o teatro, a arquite~tura, a escultura e '-f I.J A música e as outras artes I ~pi.9.tura. r; ,~r~,,~~:' ç?" '~ Os limites da reflexão sobre a música talvez não sejam tão . ~i ( esbatidos quanto amplos, bastante mais amplos do que as reflexões A história da música: uma história àparte paralelas sobre as outras artes. Mas, apartir do momento em que se estabelece um determinado tipo de separação ou diferença entre a A história da música até ao século X1Xfoi, de facto ede direito, I) música e as outras artes, toca-se num tema bastante complexo e uma história independente da das outras artestÁo longo de uma ) I) 12 13 I) ( ) ) .d:I ) ) ,r ) ESTÉTICA DA MÚSICA \. AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA ) , ~ ) tradição antiquíss~~que r~monta aos t.çmlR<lL<i<LGréciaAnti~,~_,. \) .II ga sua tarefa, o al19~nJvelde ~Reci~za"ção exigido.,.-.ª,delicadeza e, '@ - músi~'1.[O~.ê~~~~~ C~~~?~.!"~~pgu;iiYerso§ ..J.llotivo~,..Jl.rnª-~~ \ a Ies.p.9I1~abjli~.e~.J!~ ue é inv-estido a art-ir-do-m-o~me-nto--q-ue lhe ) --- .., ?U t::' é confiada a missão de fazer viver a pró ria obra musical e de a dotada.d~Jedu~ldo ~ulo poder ed~~ati~o em~la ão à oesi,!?_o ) que veio reforçar a ideia de que a musica e um tipo de arte àparte, . s.- transmiti;-~~ pÓblico, pois sem ele aobra musical ~~da_e de fasto ) p<?muma história própria, com problemas específicos, uma arte que ' m-e-xis-te-nte, Por fim, no que diz-;espeito a_o-o-u~vi-nt-e-, a música, '- ---'" .•. ) ,.. põe-emjõgõ·activiâadês~de.~..r;eci!12Üyidades diferentes da das artes da ~ embora seja d~P!2~ida de elementos figurativos, não reproduzindo -t palavra, bem como artes da-pi;~ra-~·-'d~-;quitectura. Uma ;;.. nada de determinadü;'Sêíidõ- 4~~t).tuJÇ[~·"dé qualquer virtude ) \'investigação sobre o lugar da música e do músico face às artes eaos ~ ~~a,ti~ê:? POJi$._ll.Lp-ºré!p.-~_~!~L~~~?"-,e~?t~~~·=-me.sinõpã1ró j ,.. ( outros artistas ao longo dos séculos, na civilização ocidental, seria -6 . ouvinte mais desprevenido e sem competênciasmusicaisespecí- j Ç'-L .( de grande ajuda à compreensão do fenómeno musical na sua 6 i .fi.~~s-:, descon.h...e"c.i_d.-o---_.-.•.e.-.m_-_.•q.,u.,..,a.-.l,-q-,.-u..e...r'.-o..u-t"r.-a--a-rte. E.~sas'~afacttirístiêâS·· são apenas algumas das mais flagrantes que diferenciam ainda hoje ) ~ \\~l.~b~o~a::~ motivo, então,:~ÚSiCa_gOZou de tão pouca consi-Ai a música das outras expressões artísticas, mas que são suficientes ~! ) para fazer compreender como é que a música se desenvolveu ao ~ deração por parte dos filósofos, dos literatos e do próPTI.·o.P.ÚbIiCO? s ~ Na verdade, a música, mesmo numa análise superficial, sUrge por ~ longo da história seguindo trilhos autónomos.V ) \::::. mais de um rriõtívocomo uma arte com problemas absoí~t~ente cd> ~ Portanto, oelemento que mais contribuiu para man~<?!-~.~.~~a ""b específicos, não comparáveis aos_çte~~llhU-ri;.a'O?tra,.~e.., pelo que 6 ~~3!ad~ do percurso dás outras arteséoaltograu deespe~!?li.?;a.ção J ---x.J té~!1Jç.~~ê ela ~erige quer ão-rriÚsicô ê;;-mpõ~it~~:quer ao-~dsic~ não nos surpreende que efectivamente tenha ficado confinada, de ~ qu~ ) certa fo:ma, ~uml1ilJ.b~!d~rante tantos séculos. Mas, perguntama"~·· 'I . '. rO 'inté!1?I,~t~.,J}mpoeta pode ter'fr~q~~~tqd~-~-;;~~~;-es~ola qual--- ,/ ) t~I- {-nos hOJe,@.:~~ê,P'~s~~~-ªa.Çle..§ .sI.l!~~~i~~s;1icientes Rarajustifi- •. (Y''.E... quer outro cidadão e tomar-se um grande poeta, ao passo que um'.' ~~are~ta ~ep~~ç~o? E ainda: porquê uma artenão só separada, ma_s__~ , músico, ai~da que medíocre, teve, e:n ~odo o caso, de ~requentar/ --r - tambem desconceituada? " C::! durante muitos anos escolas daesveclalldade que lhe ensinaram os' ::::.1 xvm, rudimentos do ofício, ou seja, a,linguagem específica da música. .. --~o século as_~~s foram d~vididas em artes do temp~e '1 ~ artes o espaço, e amú.~j~.!l,a aceitar-se esta claSS.ificação, I?erten~e I Foi precisamente esta especificidade do ofício de músico que gerou J .:$ sem sombra de dúvidas às, artes do tempo, isto é, às formas de ! uma realidade de facto separada das outras, quer na profissão de ~ l-expressão 9~e têÍn-~omo ~~teiià·t~iS;:....Mas ~ntre -as'artês-'d~ i quem.apratica, quer na consideração dos filósofos, quer nojuízodo . O- iem:pó-,'âmúsica ocupa um l~garà pái!e'-Com efeito, as artes da J?~~.I~~gjPraticarnenteaté aO·fim do século XVIII, nunca ningué-ifi\ i. ~ ç J)~lªYIª,tamº,~J!.l:élas iÍ.rtes-dpte.inP9;:~!l1 muito poucas ãfinidade~·1 IIcontesto.u essa. ,d[~ce~f9._~~,~~~ic~; aliás, todos os teóricos e .' filósofos da música nunca puseram em dúvida, nas suas reflexões, ~ cClI?_a.!p~s~ca.;Antes dern:ai~..? _c~~positor de~~Rossui~ um~i~a~i !~ . ~de competência e, portanto, uma especialização bastante. mais. que operavam no interior de uma lógica que dizia respeito, apenas .J ele-y-ada-.e..mrelação _p.Qr.~xem.e!.o, a umJiter-ª~;_-ª.léIl!j.o l!lais; a, e exclusivamente, à arte dos sons. A idéia de Schumann, segundo a qual aestética da música é igual àd<iS:outras artes.é..r.e.yolucioná:r}g,,.-- música, para se c!ualiza~~~pós ~sua criação, necessita sempre do_ ~ na subverte juizos arraigàdós séculos, influenciando profundamente ~é!F:~te, figura aliás presente em outras artes, como o teatrL Mas J evid~temente que o intérprete musical tem características que o, o pensamento romântico, no entanto, não foi recebida pacifica- ) distinguem de qualquer outro tipo de intérprete,_dada a dificuldade mente pela globalidade do pensamento estético sucessivo~ por j J 14 15 ) ) ) -------------------E-S-TÉ-T-IC-A--D-A-M-Ú-SI-CA-----------------~.~ , AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA ) ) ,.~ um lado, o pensamento mo~erno_~onhe~u,_ sobret~-2 nas su~ :::(.:..;...r' ainda que sumária, do que se entendeu ~3ilQªi..PQC(l, na nossa ,) 'S . ~c~mponentes idealistas, que amúsic~ enquant?_~~eJaz paI!e d~u:n ~ civilização, pelo termo «música» pode rep~~s.~n.~L!!rpª-P!~~~ra e ) ~rande universo que é o_da expressão artística; por outro, n~o ~ei: Gf5 ~ esclarecedora ~proximai~_à disciplina mais específica e delirnitad~"._ ª -ó ) xou de levar em conta as peculiaridades da linguagem musical e do ~ que é a ~.§_téti~_~_!!l.ll?igl. Com efeito, estétis~!21l]sical, como istatus particular da.=núsica, quer do ~o.nto de vist; da sua produçã~, ~ ~. J' VimO..S..,.n~~..é.0.1l.!:~1~d~sciPlina-~efin!~~ ..~I?:.~e.:rr:,~~.~ig?r~~.~s..!.all.:-:~;s.~m- j Ig.uerda sua execuçao e ~aAsua fruição. Por vezes, pare~eu ser m~s ~. x~:/ ~~zª.~emº.-_g-~1..~f1~.}.~~~.J.I.1..t.~r5iI.?.3J2.l!12aL~..ê-.,E2J9-,}-~~~~ __ I) oportuno colocar em eVIdenc.la os el~~entos cO~1Unsda e:pressao ~I~~s.oficoeap~p.a§ uma_.~~J2..2~~s :-S..11~~semp're_.ª _!_1!~l~. ) musical, outras vez~s os mais espec~flcos relativamente ~s.outras ~ l~~~rt.ª!l..~~..:..Sendo, Y0rtanto,,um ?"aço h.rstonco do mo~o como se \: artes, o que dependia, em larga medida, do contexto histórico, da . configurou a reflexao, ou melhor, ocOI1JuntQde reflexoes, sobre a . ) matriz filosófica, ideológica ou estética dé partida. Portanto, 'ã' 'música ao longo dos séculos, entrelaça·-s~·i·~~~Ú~~~I~~~rte, por um 'J \ e_~ecil~lizaç.~o l! que foi condenada _a ~xjJressã2. mu~iç_al f.o{ lado, com a própria história da música em sentido lato e, por outro, i j ifrequentemente também a causa, em particular no J2assado,.da sua com todas as disciplinas que de alguma forma fizeram .damúsica ! I) i~esp:?m.?~ã~a (~es!Ú:\ál2ãrt;- do m_omel~t;-~~.qu~-n~ mú~i~aj-a .u~de..certo~ip1eresse: a mat.emátiç..a,-ª-12sic910gi~:_ª_Ji~i,ç;~: ,) \actividade prática parece prevalecer sobre a ideativa e artística, não :acústica, a~pecul~ção_NQI2.ljamente filosófica eestética a,s..Qciojo-. ! é de surpreender que, desde a Antiguidade g!:~gae ainda a2..IS111~o ]gia da música, a linguística, etc. De modo que é fácil perdermo:.no§. J \de muitos sécu~os na_Id~e Mjdi~ até ao Renascimento, fazer iii_~?~e}_~~[~ni?jr~.e.t.1e)(ê).~s.Contudo, não"hádúvida- de-que sé~ ~ \música tenha sido considerada uma actividade servil e indigna de .mú'sica suscitou interesse e'atraiu a atençãode categorias tão dife- ium homem livre e culto. - - . . .rentes de pensadores, significaque éIap~6pri~-é-~;;~;~;Üdâdê~.p~QÜ- J J ~.. . / :0~:-:;:~I~~r~~~5~:~:~:!!;~1~~:.~:::~~a!~í!~:~:~a:p:~. 'J A música, prisma das mil faces histÓ~)cipiivi1egl~ um aspecto musicalem vez de outro: áprócurã' .) ~~~'lltüra de um'fiõ"côridutõ'f-unitáÍiõ-~~~t~complicada do pensa- J A interrogação «o que é aestética da música?» poderia, então, mento pode partir, precisamente, da constatação de que a atenção transmutar-se ,numa interrogação bem mais complicada que em relação à arte dos sons sempre recaiu sobre aspectos mais I) remonta à origem «o que é a música?», ou, ainda mais concreta- consonantes com os interesses predominantes em cada época. Sea j mente, «como se encarou a música na civilização ocidental ao música se apresenta um pouco como um l.2E~~!?~_E:.~.!!~_~~.~,ea.ta.do, r) longo dos séculos?» Evidentemente, a reflexão, a qualquer nível, ig.e.!!~!fiç,ª,ç~.9..4o~?'p'~c~o~Il1__que se.COI.~~e.Ilt!()eUm cada período ~. I) . sobre amúsica detém-se em aspectos que são considerados como os constitui, já por si, um traço histórico de fundamental importância " .mais-~elevantes e-pertin~;tes de uma dete~n_a~-~p'oca. Nã~e para reconstruir o pensamento e aref!e2C.ã..s9obreã'músicaao longo J trat.aapenas de um problema de destaque, na medida em qUrPri '1- dos séculos. ) legiar um aspecto da música em vez de outro significa já co ro- Sob esta perspectiva, se a música atrai o olhar, concentrando-o ) meter-se com uma concepção bem determinada de música. num aspecto em vez de outro consoante as épocas históricas, o Portanto, cada época histórica tem feito corresponder àpalavra contexto em que está inserida, afunção social que cumpre, o tipo de j música realidades b·astãn·te·d:i~'~r~as.Uma primeira a~uaç~ relação que estabelece com as outras artes e, em particular, com a ) (j 16 17 I) ,) ) I ) ) " ) ESTÉTICA DA MÚSICA AS CARACTEIÚSTICAS DA DISCIPLINA ) poesia e a literatura, é óbvio que consequentemente encontraremos história? Com base no que foi dito anteriormente, não há uma ) artigos que têm a ver directamente com a música entre' as mais resposta unívoca/a este problema. Cada época tem os seus ~~~!?em~->: ) variadas categorias profissionais: do filósofo puro ao pedagogo e ao que o pensam~nto sobre a mÓsica \electivamePtese ~x ress'oU: / ) moralista, do matemático ao físico acústico, do crítico literário ao .;..:,..;.;.". ,..."..~ ••••. ". ,_ A__ ~._ •••••• ,.••_,•••• -.". ~.--... ce-~~"....::;;;..,•.. .--.:;---_ ' textos esses que não- tratllJn,necessAri,a .~."d.i:[eÚmI~~i~i;.,E!úsic~: ) político, do simples amador de arte ao crítico especialista e ao Para dar ap~~as alguns exemplos, n!!-Qr~ç.iaA.t:.t!gadá époêa-áiiréá, musicólogo, do médico em sentido lato ao sociólogo. Os mais as observacões mais interessams:,s.-S"obLe....!!lúsic~allç9I1tram-se nos ) recentes desenvolvimentos da música, em particular nas últimas ~~!,;~~!~~;d~j~~J~}:,~;:~p;;~~~~~~~!~~~~:~o~~ ) décadas, podem sem dúvida despertar novos interesses e novas ) atenções pelos seus aspectos inovadores em imprevisíveis catego- por acaso que, num mundo em q~~~iilõsofia da sociedade e os rias de estudiosos, como no caso da música electrónica e, mais interesses éticos estão no centro da atenção e da especulação filosó- ) recentemente, da computer music. ficas a música também é do interesse do filósofo, na medida em ) 'L;.... Se tivermos presente a natureza complexa do fenómeno musi- ue ~1~~~irtêllae·qúê~-essa'eiê1ey.ântê:'do~po~t;d~- v-ist.aeducati ) cal e, por consequência, a pluralidade de competências e de inte- para ohOp1e~ e para a sociedade. Não nos surpreende, portanto, que ) resses que'suscitóu, não é de surpreender que uma reconstrução do ;;-fál;de mÓ;ic~ ~~R_~pdP:@.a.A~.P.l~t~()en~p'ol~tjc.?de Aristóteles, pensarnentounusical através dos séculos se revele altamente abras centradas no valor da política, entendida coma projecto de ) problemática. ' õrganiz-a-çãoetiêã-dá~õcíê'd~de humana.Do mesmo m_odo,n~époc_a" A estética musical em sentido estrito, isto é, o estudo predo- alexandrina, quando o interesse do fil~ofo s~.i~~()~~_20S grandes ) mimmtemente estétic;da mú~ica,-é, portant\?, extremam~nte_ redu- -têillás -et100=Sc;{ais p-i;a-üs'-p«;bl'"emas do indivíduo _e da sqa -tor e geralmente pode, quando muito, dizer respeito a um período ~ 'psicoloa!a indi~idual, a~úsiêa tõrna:sê'Óbject;-d~- ~~ novo tipode o ... muito limitado do pensamento musical, na prática estes dois últi- 0 __ •• _ •••_••••~ _ • _... _ •__ ~ ~ .a~ençã.(t o das suas possibilidades c0Il:s~~a.9.~ para a a~a hyman~ .- j mos séculos: a época em que, com o aparecimento e o desenvolvi- ,) ° ~: por outro lado, o da sua .nat~~eza.d~ealid_~~:p~L~_-_~~~~tic_a, ". mento do pensamento idealista, valor estético se tomou um valor objecto portanto de estudo científico+NaIdade Me-dra-, a situação j autónomo, digno de uma consideração à parte. Por isso, em vez de muda radicalmente. Com efeito, a partir do momento em que a,\ ) falarmos de pensamento musical seráIl'lais adeql:la~o fal~d~1íI.stó- música adquire uma relevância quase exclusivamente religiosa.jgs, Ia', ria do pens~m:eii!º}n_~.s_t~~-êõn~eit~}I).ais va~o ~~ que ~~~gyi~a observacões mais in ressantes encontrar-se-ão nos textos de _.3 __ \. _ abrange uma realidade histórica muito mais complexa e articulada. devocão reliziosa em como nos textos de natureza pedagógica, .J . _.3 _ b_ ~ _ _ _ _ -: • -.:. - •• 0::- ••_••~ .-_.---~ ••• _••_- •••• _----: pois um dos problemas mais prementes era o ensino prático dai) ) música e do canto .aos fiéis, E, enfim, uma vez que a música se Quais asfontes para uma história da estética musical? . configurava essencialmente como música vocal, isto é,como entoa- ção de uma passagem litúrgica, os textos de gramática, de retórica, .) ,Mas para abordar problemas mais práticos, para reconstruir de métrica constituíram muitas vezes fontes de primária importân- ) um percurso histórico do pensamento musical, onde deveremos cia para reconstruir °pensamento medieval sobre a música. ) procurar os textos, os testemunhos, os tratados mais pertinentes sem Ainda um último problema relativamente às fontes de uma correr o risco de excluir fragmentos ou partes importantes da sua hipotética histórica do pensamento musical: as próprias obras musi- ) ) l 18 19 ) ) ) ) ESTÉTICA DA MÚSICA AS CARACTERÍSTICAS DA DISCIPLINA \ ) cais podem ser relevantes sob esse ponto de vista? Uma resposta a neado limites incertos para uma disciplina que, ao invés, parecia ser ) este quesito ambíguo não pode ser senão proçlémática e, portanto, extremamente especializada e determinada nos seus objectivos.t;I' I) não se pode reduzir a um sim ou aum não~eita a devida ressalva_ Todavia, se nos déssemos ao trabalho de tentar traçar um quadro ) ~~if~r~!lça e da distância entre obra de art~ autêntica e qna!qJJ..er histórico do desenvolvimento do pensamento ocidental. sobre a tipQ de reflexão sobruJa, não podemos deixar de sublinhar as música, aperceber-nos-íamos bem cedo de que os limites dadisci- . ) implicações recíprocas, a trama subtil que se constitui em torno da plina,' tal como foram traçados, não são demasiado amplos. Com I) obra de arte: esta não é senão um centro do qual irradia, como uma efeito, mais do que de uma disciplina trata-se, como já dissemos, de ) d mancha de azeite, toda uma série de reflexões, estímulos, solicita- um cruzamento de disciplinas, de um lugardeeonvergência de ') ções .para ulteriores aprofundamentos e inclusiveimitaçôes. Se a múltiplos interesses, de um terreno móvel, cujos limites devem ser obrli-RJusiç<il,assim como todas <:lSobr~SÔé!Nte, écomo um~ fixados e delimitados periodicamente, sabendo bem que devemos j de ":ce~trado "ensamento de émõ'ç6es, dehist6dà vividâ-g~~"s·é~ir.e-,- estar dispostos a revê-I os e a mudá-los sempre que necessário. ,) ~agi.Jla .;um~ fO!!]1aarÚstí~~: ta}vez'jiãô'·s;.'a aITisc~do A expressão «estética musical», embora habitualmente seja usada ~) 'pensar que a pró rÍ<LQJ?r~t~mpémR.9de2-ugerir· a guem a sabe para designar as reflexões sobre música, é, como vimos, desviante, ._0- _. ') .obseLY~ ad~.t!ª-<iamente,_ reflexões _sobre-º..-wgjs.<.çjQ.que suben- na medida em que, à letra, parece restringir o campodas reflexões tende, sobre o significado que o.artisra a!libui à_o12[a...-e,_el1L~r:al, à sua dimensão estética. Todavia, é evidente que há muitos outros". ) e~té~.~~. ~r~p~,;~~' _~gl:JreoprÓPI!º sentido Q.a.'!f1:("p()routro lado, há também que fazer ---d-o-m--í.n--io--s, pertinentes para a arte dos sons e que o'_ _.- _ ..._-- 'j a devida ressalva da distância' e da diferença entre obra de artee .a um dos aspecto? da músicariem sempre omais im.. p..orta..n..t..e,.:. centrar,,., 'J \.,ref.l~xão sobre ela realizada pelo seu próprio a1!,!Qr~M~;:a;-;.ne~o a-~t~~-çã~exclusi~ame'nte-~ele faz pàrú~-âé~um~'id~ologi~-~ de uma ",,,tempo, como podemos não ver as implicações subtis, as evocações filosofia que se vangloria de uma antiguidade de pouco mais de dois ) :.J : eojogo de espelhos entre aobra eopensamento do artista! Por isso séculos, : podemos afirmar, com todas as devidas cautelas que o caso exige, ) '"que não só as reflexões do artista sobre a sua obra, mas também as ) •próprias obras se podem tornar documentos de uma história do '.) , pensamento musicaL '-".--"-E, por fim, poderão fazer parte desta história outros documen- .) '.'tos, talvez ainda mais indirectos, mas nem por isso menos impor- ,) tantes: o gosto do público de uma determinada época, o estilo I) predominante nessa época e ainda mais a modalidade de execução ; e de fruição da música. Todos estes elementos serão indícios impor- J •tantíssimos para reconstruir acomplexa trama histórica em torno da ') ,9..11asle tece o pensamento musical ao longo dos séculos, ,- ) Talvez nas observações acima expostas tenhamos alargado em ) demasia oâmbito do pensamento sobre amúsica; talvez otenhamos tornado demasiado fluido e indetenninado; talvez se tenham deli- j (j 20 21 'j ) )