Outros títulos desta série Haiti depois do inferno – Rodrigo Alvarez O Irã sob o chador – Adriana Carranca e Marcia Camargos Paquistão, viagem à terra dos puros – Fernando Scheller Vivos embaixo da terra – Rodrigo Carvalho Sobre as obras que compõem esta série Esta série de livros oferece ao leitor local a possibilidade de descobrir culturas pouco conhecidas a partir de narrativas de escritores e jornalistas brasileiros. São relatos escritos no fio tênue que corre entre a objetividade da descrição jornalística e a abordagem personalista, baseada na intensa troca de experiências com o desconhecido. Buscando vieses despercebidos, atacando os estereótipos com que percebemos os que não nos são próximos, estes livros surgem com o intuito de informar e surpreender. Afinal, do mesmo modo que nós como nação somos vistos pelas lentes do equívoco, essas culturas, complexas o bastante para não caberem em resumos rasteiros, tendem a ser tratadas a partir de uma miríade de lugares-comuns. Contornar essas práticas com o cuidado e o respeito que só o viajante atento e sensível possui constitui- se como projeto principal desta proposta editorial. Ótima leitura! Os editores Folha de rosto Vivian Oswald Com vista para o Kremlin A vida na Rússia pós-soviética Créditos Copyright © 2011 by Editora Globo S.A. para a presente edição Copyright © 2011 by Vivian Oswald Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta edição pode ser utilizada ou reproduzida — em qualquer meio ou forma, seja mecânico ou eletrônico, fotocópia, gravação etc. — nem apropriada ou estocada em sistema de bancos de dados, sem a expressa autorização da editora. Texto fixado conforme as regras do novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (Decreto Legislativo nº 54, de 1995). Revisão: Fabiana Medina / Solange Lemos Paginação e capa: Vanessa Sawada Tratamento de imagens: Paula Korosue Ilustrações: José Carlos Chicuta Fotos de capa e miolo: Vivian Oswald Foto de orelha: João Marcos Paes Leme Produção para ebook: Fábrica de Pixel 1ª edição, 2011 Dados Internacionais da Catalogação na Publicação (cip) (Câmara Brasileira do Livro, sp, Brasil) Oswald, Vivian Com vista para o Kremlin / Vivian Oswald. -- São Paulo : Globo, 2011. 2.239 kb; ePUB ISBN 978-85-250-5194-3 1. Jornalismo 2. Rússia - Descrição e viagens 3. Viagens - Narrativas pessoais I. Título. 11-08523 cdd-910.4 Índices para catálogo sistemático: 1. Relatos de viagens 910.4 2. Viagens : Narrativas pessoais 910.4 Direitos de edição em língua portuguesa para o Brasil adquiridos por Editora Globo S.A. Av. Jaguaré, 1485 – 05346-902 – São Paulo – SP www.globolivros.com.br Dedicatória A João Marcos, любящий мою жизнь, que me carregou para esta aventura, e Tobias, лучший друг человека. Sumário Sumário Capa Folha de rosto Créditos Pagode russo Primeiras palavras A nova Rússia Caricatura do capitalismo O metrô O mistério da fé Vozes da Rússia Um país cada vez menor Um país que se quer cada vez maior O presente passado ou o passado presente Brasil e Rússia O mestre e Margarida Fora de Moscou Palavras finais Agradecimento Pagode russo Pagode russo Senhores passageiros, afrouxem os cintos, relaxem e embarquem nesta fascinante viagem à Rússia dos czares, dos bolcheviques e da democracia infantil que engatinha nos dias de hoje. A coleguinha Vivian Oswald, que morou em Moscou por dois anos, fez um trabalho exaustivo e emocionante, digno da grande repórter que é. Com seu estetoscópio calibrado, conseguiu ouvir batidas quase inaudíveis da chamada alma russa, flagrada aqui tanto em momentos de grandeza ou de vergonha, como é da natureza humana. Acredite: guia brasileira melhor você não terá. A distância nos separa. Do Rio até Moscou são 11.542 quilômetros. A diferença de fuso horário gira em torno de cinco a sete horas. Além disso, para quem nasceu aqui nos trópicos, enfrentar frio de até trinta graus negativos é pauleira. A distância fica ainda maior em matéria de história, cultura, hábitos, costumes e língua. No alfabeto cirílico, por exemplo, o “c” é o nosso “s”. Aqui, muito se brincou, traduzindo o cccp (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas), estampado na camisa da seleção de futebol, como “Camarada, Cuidado Com Pelé”. Aliás, é muito comum encontrar hoje nas cidades brasileiras, por causa dessa onda retrô, muitos jovens que usam as camisas vermelhas da seleção soviética de antigamente. Somos diferentes. Mas, ainda assim, sobrevive uma lenda de que dois navios russos aportaram em 1804 no Porto de Recife, e os tripulantes fizeram apresentações de suas danças nativas, levando os anfitriões a imitarem seus passos e seus saltos altos, dando origem, veja só, ao frevo. Talvez por causa desse folclore, de autenticidade duvidosa, mestre Luiz Gonzaga e João Silva tenham composto a música Pagode russo (“Ontem eu sonhei que estava em Moscou/Dançando pagode russo na boate Cossacou/Parecia até um frevo naquele cai e não cai/Parecia até um frevo naquele vai e não vai”). Houve ainda, no período bolchevique, uma aproximação natural com a Rússia entre um punhado de brasileiros, militantes do pcb, a começar por Luís Carlos Prestes. Prestes morou no mesmo prédio da nossa Vivian, na antiga avenida Górki, hoje rebatizada de Tverskaya. Por falar nele, Maria Prestes, a simpática viúva do líder comunista, fazia aos sábados um feijão incrementado, verdadeiro manjar dos deuses para quem vivia fora de sua terra natal. O feijão, coisa rara por lá, era trazido da Ucrânia por um cubano. Nesse período também estudaram em escolas de formação de quadros socialistas o poeta Ferreira Gullar e, modestamente, este escriba. Isso mesmo. Em 1969, com vinte anos, sob a identidade falsa de Ivan Nogueira, estudei na escola do Komsomol (Juventude Comunista). Mais recentemente, o Brasil e os brasileiros foram apresentados à Rússia e aos russos por novelas da TV Globo como O clone e, como não podia deixar de ser, A escrava Isaura, com Lucélia Santos. Um parêntese. Enigma dos enigmas: o que faz o estrangeiro se apaixonar tanto por esta novela piegas? Só na China, A escrava Isaura foi assistida, estima-se, por 870 milhões de pessoas. Na Rússia, o sucesso também foi retumbante. Além disso, ao final da rica leitura de Com vista para o Kremlin, o leitor, certamente, encontrará outras semelhanças mais entre Brasil e Rússia. Tanto elas existem que, em 2001, o economista Jim O’Neill, do banco de investimento Goldman Sachs, cunhou o acrônimo Bric para designar o que, para ele, seriam as quatro principais economias emergentes do mundo, além de Índia, China e, mais recentemente, África do Sul. O quarteto gostou tanto desse status que criou, informalmente, um grupo, cuja primeira reunião solene aconteceu nos Urais russos, em 2008. Vivian estava lá como correspondente de O Globo. Enfim, Brasil e Rússia têm em comum uma grande extensão territorial, riquezas naturais como o petróleo e o sonho de futuro luminoso. No caso brasileiro, já em 1941, o grande autor austríaco Stefan Zweig escrevia: “Brasil,
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