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Cecelia Ahern - Ps eu te amo PDF

342 Pages·2007·1.61 MB·Portuguese
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PS, EU TE AMO CECELIA AHERN http://groups-beta.google.com/group/digitalsource Sinopse Apaixonados desde a escola secundária, Holly e Gerry era um casal que conseguia terminar as frases um do outro, e mesmo quando brigavam (como sobre quem sairia da cama para apagar a luz a cada noite) eles acabavam rindo. Holly não sabia onde estaria sem Gerry. Nenhum dos dois sabia. E foi assim que a lista começou como uma brincadeira. Se algo acontecesse a Gerry, ele teria de deixar para Holly uma lista de coisas que ela deveria fazer a fim de sobreviver sã e salva. Então, aos trinta anos, Holly vivencia o impensável: Gerry é diagnosticado com uma doença terminal. Holly não sabe e na verdade não quer continuar sem ele, mas Gerry tem planos diferentes para ela. Dois meses após a morte de Gerry Holly sai de casa e depara-se com um misterioso pacote. Quando o abre, descobre que Gerry manteve a palavra: ele lhe havia deixado a lista. Uma carta para cada um dos dez meses que seguiam a sua morte, todas assinaladas com um “Ps, eu te amo”. As cartas instruem Holly a realizar uma sérei de tarefas inesperadas. Algumas delas a deixam rindo alto, outras fazem-na tremer na base. Quer as execute sozinha ou com suas melhores amigas, as tarefas por fim mostram a Holly um mundo muito mais vasto do que aquele que foi forçada a deixar para trás. Rodeada de amigos e de inteligência aguçada e de uma família rude e cativante que a sufoca, ama-a e a deixa louca, Holly hesita, se contorce, chora, e brinca na sua trajetória em direção a uma nova vida. Com uma linguagem nova e original em ficção, “Ps, eu te amo.” é uma história terna, divertida e inesperadamente romântica, que os leitores guardarão em seus corações e mentes muito tempo depois de terem fechado suas páginas. Cecelia Ahern, a filha de vinte e dois anos do Primeiro-Ministro da Irlanda é graduada em Jornalismo e Comunicação e estava estudando para o mestrado no cinema, quando decidiu deixar a escola e escrever seu primeiro romance. Ela vive em Dublin. CECELIA AHERN PS, Eu te amo Tradução: ANGELA NOGUEIRA PESSOA Relume Dumará Título original: PS, love you © Copyright 2004: Hyperion, Nova York © Copyright 2005. Direitos para tradução cedidos à EDIOURO PUBLICAÇÕES LTDA. Publicado por Editora Relume Ltda. Rua Nova Jerusalém, 345 - Bonsucesso CEP 21042-235 - Rio de Janeiro, RJ Tel. (21)2564-6869 (PABX) - Fax (21)2560-1183 www.relumedumara.com.br A RELUME DUMARA É UMA EMPRESA EDIOURO PUBLICAÇÕES Revisão Argemiro de Figueiredo Editoração Dilmo Milheiros Capa Isabella Perrotta/Hybris Design CIP-Brasil Catalogação-na-fonte Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ A239p Ahern, Cecelia, 1981- PS, Eu te amo Cecelia Ahern tradução de Angela Nogueira Pessoa Rio de Janeiro Relume Dumará, 2005 Tradução de: PS, love you ISBN 85-7316-389-5 1. Perda (Psicologia) - Ficção. 2. Ficção americana. Pessoa, Angela Nogueira. II. Título. 05-0611 CDD813 CDU 821.111(73)-3 Todos os direitos reservados. A reprodução não-autorizada desta publicação, por qualquer meio, seja ela total ou parcial, constitui violação da Lei n° 5.988. Para David Um HOLLY SEGUROU O SUÉTER AZUL de algodão contra o rosto e o perfume familiar imediatamente a fulminou, uma devastadora tristeza contraindo seu estômago e despedaçando seu coração. Alfinetes e agulhas percorreram a parte posterior do pescoço e um bolo na garganta ameaçou sufocá-la. O pânico assumiu o comando. Salvo o baixo zumbido da geladeira e o ocasional lamento dos canos, a casa achava-se silenciosa. Estava sozinha. A bile subiu-lhe até a garganta e ela correu para o banheiro, onde desmoronou de joelhos diante do vaso sanitário. Gerry partira e jamais voltaria. Aquela era a realidade. Ela nunca mais correria os dedos por seu cabelo macio, nunca mais partilharia uma piada secreta por sobre a mesa em um jantar comemorativo, nunca mais choraria em seu colo quando chegasse em casa após um dia difícil no trabalho e necessitasse apenas de um abraço; nunca mais dividiriam a cama novamente, nunca mais seria acordada por seus ataques de espirro a cada manhã, nunca mais ririam tanto que o estômago dela doeria, nunca mais brigaria com ele a respeito de quem era a vez de se levantar e apagar a luz do quarto. Tudo o que restava era um conjunto de lembranças e uma imagem de seu rosto que se tornava mais e mais indefinida a cada dia. O plano dos dois era muito simples. Permanecer juntos pelo resto de suas vidas. Um plano que qualquer um em seu círculo de amigos concordaria que era realizável. Todos os consideravam excelentes amigos, amantes e almas gêmeas destinadas a ficarem juntas. Mas por acaso, um dia o destino havia mesquinhamente mudado de idéia. O fim chegara cedo demais. Depois de se queixar de uma forte dor de cabeça por alguns dias, Gerry concordara com a sugestão de Holly de procurar o médico. O que foi feito numa quarta-feira de trabalho, num intervalo de almoço. O médico achou que o sintoma devia-se ao estresse ou ao cansaço e declarou que, na pior das hipóteses, ele poderia precisar de óculos. Gerry não havia ficado contente com aquilo. Andara se preocupando com a idéia de usar óculos. Ele não precisava ter se preocupado, já que, como foi descoberto, o problema não eram seus olhos. Era o tumor crescendo dentro de seu cérebro. Holly deu a descarga no vaso sanitário e, tiritando por causa da friagem do chão revestido de cerâmica, firmou-se sobre os pés com passo vacilante. Ele tinha 30 anos. Não era de forma alguma o homem mais saudável da terra, mas era saudável o bastante para... bem, para levar uma vida normal. Quando estava muito doente, corajosamente dizia brincando que não deveria ter vivido com tanta segurança. Devia ter consumido drogas, bebido mais, viajado mais, saltado de aviões enquanto depilava as pernas... a lista continuava. Mesmo quando ele zombava a respeito, Holly conseguia enxergar o arrependimento em seus olhos. Arrependimento pelas coisas que nunca encontrara tempo para fazer, pelos lugares que nunca vira, e sofrimento pela perda das experiências futuras. Será que ele lamentava a vida que tivera com ela? Holly nunca duvidara de que ele a amava, mas temia que sentisse haver perdido um tempo precioso. Envelhecer tornou-se algo que ele desejava desesperadamente realizar, em vez de ser apenas uma temida fatalidade. Quão presunçosos ambos haviam sido em jamais considerar o envelhecimento uma realização e um desafio. Ficar mais velhos era algo que queriam tanto evitar... Holly deslizou de um cômodo a outro enquanto derramava suas grossas e salgadas lágrimas. Seus olhos estavam vermelhos e doloridos e aquela noite parecia não ter fim. Nenhum dos aposentos na casa a confortava. Somente silêncios indesejados à medida que fitava a mobília ao seu redor. Quis que o sofá lhe estendesse os braços, mas até mesmo ele a ignorou. Gerry não ficaria contente com aquilo, pensou. Respirou fundo, secou os olhos e tentou estimular algum bom senso dentro de si. Não, Gerry não ficaria nada satisfeito. Exatamente como vinha acontecendo em noites alternadas nas últimas semanas, Holly caiu num sono intermitente nas primeiras horas da manhã. Todos os dias, dava por si atravessada sobre alguma peça de mobília; naquele dia foi o sofá. Mais uma vez, um telefonema de um amigo preocupado ou um membro da família a acordou. Eles decerto pensavam que tudo que ela fazia era dormir. Onde estavam as ligações enquanto perambulava indiferente pela casa como um zumbi, procurando nos aposentos... o quê? O que esperava encontrar? — Alô — respondeu com voz fraca. Estava rouca em conseqüência das lágrimas, mas havia muito parara de se preocupar em parecer forte para quem quer fosse. Seu melhor amigo partira e ninguém entendia que maquilagem alguma, ar fresco ou fazer compras iria preencher o vazio em seu coração. - Oh, desculpe, querida, acordei você? - a voz preocupada da mãe de Holly soou através da linha. Sempre a mesma conversa. Todas as manhãs sua mãe ligava para ver se ela sobrevivera à noite sozinha. Sempre com medo de acordá-la, ainda assim sempre aliviada ao ouvir-lhe a respiração; sentindo-se segura ao saber que a filha havia enfrentado os fantasmas noturnos. - Não, eu estava somente cochilando, está tudo bem. - Sempre a mesma resposta. - Seu pai e Declan saíram e eu estava pensando em você, querida. Por que aquela voz suave, simpática, sempre produzia lágrimas nos olhos de Holly? Ela podia imaginar o rosto preocupado da mãe, sobrancelhas franzidas, testa vincada de preocupação. Aquilo a fez lembrar- se do porquê de estarem todos preocupados, quando não deveriam estar. Tudo deveria estar normal. Gerry deveria achar-se ali ao lado dela, girando os olhos na direção do teto, tentando fazê-la rir à medida que sua mãe tagarelava. Tantas vezes Holly tivera de entregar o telefone a Gerry, tomada por um acesso de riso. Então ele começava a conversar, ignorando Holly enquanto ela pulava ao redor da cama, ensaiando as caretas mais bobas e executando as danças mais engraçadas somente para tê-lo de volta. Raras vezes funcionava. Ela fez ”hummm” e ”ahh” durante a conversa, ouvindo, mas sem escutar uma palavra. - Está um dia lindo, Holly. Faria um bocado bem a você sair para dar um passeio. Pegue um pouco de ar fresco. - Hummm, acho que sim. - Lá estava novamente, ar fresco - a suposta solução para todos os seus problemas. - Talvez eu ligue mais tarde e possamos conversar. - Não, obrigada, mãe, estou bem. Silêncio. - Tudo certo, então... telefone se mudar de idéia. Estou livre o dia todo. -OK. Outro silêncio. - Obrigada, de qualquer forma. - Certo, então... cuide-se, querida. - Vou fazer isto. - Holly estava prestes a recolocar o fone no gancho quando ouviu a voz de sua mãe novamente. - Oh, Holly, quase esqueci. Aquele envelope para você ainda está aqui, sabe, aquele do qual lhe falei. Está sobre a mesa da cozinha. Você pode querer pegá-lo, está aqui há semanas e deve ser importante. — Duvido. Provavelmente é outro cartão. - Não, não acho que seja, meu amor. Está endereçado a você e acima do seu nome diz... oh, espere enquanto o pego em cima da mesa... — O fone sendo abaixado, som de saltos de sapato sobre a cerâmica em direção à mesa, cadeira arranhando o chão, passos ficando mais altos, o fone sendo levantado... — Você ainda está aí? - Estou. - Certo, está escrito no alto ”A Lista”. Não tenho certeza do que isto significa, meu amor. Vale a pena dar uma... Holly deixou cair o fone. Dois GERRY, APAGUE A LUZ! - Holly soltou um risinho nervoso enquanto assistia a seu marido se despir diante dela. Ele dançava pelo aposento, fazendo um striptease, desabotoando vagarosamente a camisa branca de algodão com seus dedos longos e finos. Ergueu a sobrancelha esquerda na direção de Holly, deixou a camisa escorregar por sobre os ombros, agarrou-a com a mão direita e girou-a sobre a cabeça. Holly riu nervosamente outra vez. - Apagar a luz? O quê, e perder tudo isto? - ele abriu um sorriso amplo e atrevido enquanto flexionava os músculos. Não era um homem vaidoso, mas tinha muito do que se envaidecer, pensou Holly. O corpo era forte e perfeitamente definido. As longas pernas eram musculosas, em função das horas passadas na academia. Não era muito alto, mas era alto o bastante para fazer com que Holly se sentisse segura quando ele se colocava protetoramente ao lado de seu corpo mignon. Do que ela mais gostava, quando o abraçava, era que sua cabeça descansava harmoniosamente à altura do queixo dele, onde podia sentir-lhe a respiração soprando de leve os cabelos e fazendo cócegas em sua cabeça. O coração dela deu um salto quando ele abaixou as cuecas, segurouas com a ponta dos dedos dos pés e atirou-as na direção de Holly, em cuja cabeça aterrissaram. - Bem, pelo menos está mais escuro aqui embaixo - riu ela. Ele sempre conseguia fazê-la rir. Quando chegava em casa cansada e aborrecida depois do trabalho, ele era sempre simpático e ouvia suas queixas. Raramente brigavam e, quando isso ocorria, era a respeito de bobagens que os faziam rir mais tarde, como quem havia deixado ligada a luz da varanda o dia todo ou quem tinha esquecido de ligar o alarme à noite. Gerry terminou o striptease e mergulhou na cama. Aninhou-se ao lado da mulher, enfiando os pés congelados sob as pernas dela para se aquecer. - Aaaagh! Gerry, seus pés parecem pedras de gelo! - Holly sabia que aquela posição significava que ele não tinha a mínima intenção de se mover um milímetro. - Gerry - preveniu a voz de Holly. - Holly - ele a imitou. — Você não se esqueceu de nada? — Não, não que eu me lembre — disse ele num tom atrevido. - A luz? - Ah, sim, a luz - murmurou ele sonolento e fingiu roncar alto. - Gerry! - Que eu me lembre, tive de sair da cama e fazer isto à noite passada. - É, mas você estava de pé exatamente ao lado do interruptor um segundo atrás! - É... exatamente um segundo atrás - repetiu ele sonolento. Holly suspirou. Detestava ter de sair da cama quando estava acomodada e confortável, pôr o pé no chão de madeira frio e então tatear no escuro de volta à cama. Ela reclamou. - Não devo fazer isso o tempo todo, Hol. Um dia destes, posso não estar mais aqui e então, o que você vai fazer? - Vou fazer com que meu marido apague a luz - bufou Holly, fazendo o melhor que podia para chutar os pés gelados dele para longe dos dela. -Ah! - Ou simplesmente vou me lembrar e eu mesma fazer isso antes de vir para a cama. Gerry bufou. - Poucas chances de acontecer, meu bem. Vou ter de deixar uma mensagem ao lado do interruptor antes de partir para que você se lembre. - Quanta consideração da sua parte, mas prefiro que você simplesmente me deixe seu dinheiro. - E um bilhete no aquecedor central - prosseguiu ele. - Ha-ha. - E na caixa de leite. - Você é muito engraçado, Gerry. — E nas janelas, para que você não as abra e dispare o alarme de manhã. - Ei, por que você simplesmente não me deixa uma lista, em seu testamento, das coisas que preciso fazer se acha que vou ser tão incompetente sem você? - Não é má idéia - riu ele. — Muito bem então, vou apagar a maldita luz. — Holly deixou a cama com raiva, fez uma careta quando pôs o pé no chão gelado e apagou a luz. Estendeu os braços no escuro e vagarosamente começou a procurar o caminho de volta à cama. - Alô?!!! Holly, você se perdeu? Tem alguém aí fora, fora, fora, fora? gritou Gerry no quarto às escuras. — Sim, estou uauuuuuuuuu! — uivou ela ao bater com o dedão contra o pé da cama. — Merda, merda, merda, droga, filho da puta, merda, bosta! Gerry resfolegou e abafou o riso embaixo do cobertor. - Número dois em minha lista: Tome cuidado com o pé da cama... - Oh, cale a boca, Gerry, e pare de ser tão mórbido - esbravejou Holly, aninhando nas mãos seu pobre pé. — Quer que eu dê um beijo para passar? — perguntou ele. - Não, estou bem - replicou Holly num tom triste. - Se eu pudesse somente colocar os pés aqui para esquentá-los... - Aaaaah! Jesus Cristo, eles estão gelados! - Hi-hi-hi - ela havia rido. E assim a brincadeira a respeito da lista havia surgido. Fora uma idéia tola e simples, logo compartilhada com seus amigos mais chegados, Sharon e John McCarthy. Foi John quem se aproximou de Holly no corredor da escola quando tinham apenas 14 anos e murmurou as famosas palavras: ”Meu amigo quer saber se você vai sair com ele.” Após vários dias de discussões intermináveis e reuniões de emergência com suas amigas, Holly finalmente aceitou. - Ah, vá em frente, Holly - encorajara Sharon -, ele é tão divertido, e pelo menos não tem sardas no rosto inteiro como John. Como Holly invejava Sharon nesse momento. Sharon e John haviam se casado no mesmo ano que Holly e Gerry. Holly era a mais nova do grupo, com 23, o restante tinha 24. Uns diziam que ela era muito jovem e davam-lhe lições de moral a respeito de como, na sua idade, deveria estar conhecendo o mundo e se divertindo. Em vez disso, Gerry e Holly viajaram juntos pelo mundo. Isso fazia muito mais sentido porque, bem, quando não estavam juntos, Holly simplesmente tinha a sensação de que um órgão vital de seu corpo estava faltando. O dia de seu casamento esteve longe de ser o melhor de sua vida. Ela sonhara com um casamento de conto de fadas, como a maioria das garotas, com um vestido de princesa e um dia lindo e ensolarado em um local romântico, cercado por todos que lhe eram chegados e queridos. Imaginou que a recepção seria a melhor noite de sua vida, viu-se dançando com todos os amigos, sendo admirada por todos e sentindo-se especial. A realidade foi completamente diferente. Acordou na casa dos pais aos gritos de ”Não consigo encontrar minha gravata!” (seu pai) ou ”Meu cabelo está uma merda” (sua mãe), e o melhor de todos: ”Estou parecendo uma maldita baleia! Não vou de jeito nenhum a essa porcaria de casamento assim. Vai ser um escândalo. Mãe, olha para o meu estado! Holly, pode procurar outra dama de honra porque eu não vou. Ei! Jack, me devolva essa merda de sacador de cabelo, ainda não terminei!” (Essas inesquecíveis declarações foram feitas pela irmã mais nova, Ciara, que normalmente sofria explosões de raiva e se recusava a sair de casa, reclamando que não tinha nada para vestir, não obstante seu guarda-roupa abarrotado. Atualmente estava vivendo em algum lugar da Austrália com estranhos, e o único contato que a família tinha com ela era um e-mail a cada poucas semanas.) A família de Holly passou o resto da manhã tentando convencer Ciara que ela era a mulher mais linda do mundo. Enquanto isso, Holly vestia-se em silêncio, sentindo-se um lixo. Ciara afinal concordou em sair de casa quando o normalmente calmo pai de Holly gritou com a voz mais alta que podia, para a surpresa de todos: ”Ciara, este é o maldito dia de Holly, não o seu E você vai ao casamento e vai se divertir, e quando Holly descer você vai dizer a ela o quanto ela está linda, e não quero ouvir um pio seu pelo resto do dia Assim, quando Holly desceu, todos fizeram ”ooh” e ”aah” enquanto Ciara, parecendo uma garota de 10 anos que acabara de levar uma palmada no traseiro, olhava para ela chorosa com lábios trêmulos e dizia: ”Você está linda, Holly”. Os sete se espremeram dentro da limusine, Holly, seus pais, seus três irmãos e Ciara, e sentaram-se num silêncio aterrorizados durante todo o trajeto até a igreja. Agora o dia inteiro lhe parecia um borrão. Ela mal tivera tempo de falar com Gerry, já que ambos eram puxados em direções opostas para conhecer a tia-avó Betty, que vivia num buraco qualquer no fim do mundo, a quem não via desde que nascera, e o tio-avô Toby, da América, que jamais fora mencionado, mas que de repente era um membro muito importante da família. Tampouco a haviam informado de que seria tão cansativo. No final da noite, as bochechas de Holly estavam doloridas de sorrir para fotografias e seus pés matavam-na, por ter de correr de um lado para o outro o dia todo num pequeno par de sapatos idiotas, que não haviam sido desenhados para caminhadas. Queria desesperadamente juntar-se à ampla mesa onde estavam seus amigos, que uivavam de rir a noite toda, obviamente se divertindo. Melhor para eles, pensou Holly. Mas assim que pôs os pés na suíte de lua-de-mel com Gerry, seus tormentos desapareceram e o significado de tudo aquilo ficou claro. As lágrimas rolaram mais uma vez pelo rosto de Holly e ela percebeu que estivera sonhando acordada de novo. Sentava-se congelada no sofá, com o telefone ainda fora do gancho ao seu lado. O tempo simplesmente parecia passar por ela aqueles dias, sem que soubesse que horas eram ou mesmo em que dia estava. Parecia estar vivendo fora do corpo, adormecida para tudo que não fosse a dor em seu coração, em seus ossos, em sua cabeça. Sentia-se apenas tão cansada... Seu estômago resmungou e ela deu-se conta de que não conseguia se lembrar da última vez que havia comido. Teria sido no dia anterior? Arrastou os pés até a cozinha vestindo o roupão de Gerry e seus chinelos cor-de-rosa favoritos, de Diva das Discotecas, que Gerry havia comprado no Natal anterior. Ela era sua diva das discotecas, ele costumava dizer. Sempre a primeira na pista de dança, sempre a última a sair

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Com uma linguagem nova e original em ficção, “Ps, eu te amo. PS, Eu te amo Cecelia Ahern tradução de Angela Nogueira Pessoa Rio de Janeiro.
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