ebook img

Cassandra Clare - The Mortal Instruments PDF

237 Pages·2009·1.48 MB·English
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Cassandra Clare - The Mortal Instruments

City of Ashes Mortal Instruments - Livro 02 City of Ashes Cassandra Clare Para meu pai, que não é mal. Bem, talvez um pouquinho. Cassandra Clare Esta Amarga Linguagem Eu conheço suas ruas, doce cidade, Eu conheço os demônios e anjos que se agrupam e empoleiram-se em seus ramos como pássaros. Eu conheço você, rio, como se você florescesse através do meu coração Eu sou sua filha guerreira. Há letras feitas de seu corpo como uma fonte é feita de água Há as linguagens de coisas que você é o projeto e enquanto nós falamos deles a cidade levanta. -Elka Cloke PRÓLOGO FUMAÇA E DIAMANTES A formidável estrutura em vidro e aço se elevava na posição da Front Street como uma agulha perfurando o céu. Havia nele 57 andares do Metrópole. A mais cara torre de condomínio no novo centro de Manhattan. O andar da cobertura, o qüinquagésimo sétimo, tinha o mais luxuoso apartamento de todos: a cobertura do Metrópole, uma obra de arte projetada em liso preto e branco. Muito novo para se encontrada alguma poeira ainda, os pisos de mármore limpos refletiam de volta as estrelas visíveis através do enorme piso para as janelas no teto. O vidro da janela era perfeitamente translúcido, providenciando uma completa ilusão de que lá não havia nada além do expectador e da visão que tinha sido conhecida por induzir vertigem mesmo naqueles sem medo de altura. Ao longe e abaixo corria a faixa prateada do East River, envolvida por brilhantes pontes, coberto por barcos tão pequenos quanto pontículos, dividindo as margens de luz brilhante que eram Manhattan e Brooklyn, em ambos os lados. Em uma noite clara a iluminada a Estátua da Liberdade era apenas visível ao sul, mas havia neblina esta noite, e a Ilha da Liberdade estava escondida por trás de um banco de névoa branca. Apesar da vista espetacular, o homem em pé em frente à janela não parecia particularmente impressionado com aquilo. Havia ali um cenho estreito, a face contemplativa enquanto ele se virava para longe do vidro e caminhava através do piso, os saltos de suas botas ecoando contra o chão de mármore. “Você ainda não aprontou?” Ele exigiu, passando uma mão através de seus cabelos salpicados de branco. “Nós estamos aqui há quase uma hora.” O menino ajoelhado no chão olhou acima para ele, nervoso e petulante. “Isso é mármore, É mais sólido do que eu pensei. Isso está dificultando o desenho do pentagrama”. “Então esqueça o pentagrama.” De perto era fácil de ver que apesar de seu cabelo branco, o homem não era velho. Seu rosto era grave, mas sem linhas, olhos claros e sólidos. O rapaz engoliu com dificuldade e as membranosas asas pretas salientes dos ossos de seus ombros estreitos (ele tinha cortado fendas na parte detrás de sua jaqueta grosseira para acomodá-las) batiam nervosamente. "O pentagrama é uma parte necessária em qualquer ritual de elevar um demônio. Você sabe disso, senhor. Sem ele..." "Não estamos protegidos. Eu sei disso, jovem Elias. Mas vá logo com isso. Eu conheço bruxos que poderiam levantar um demônio, conversar com ele, e enviá-lo de volta para o inferno o tempo que você leva para desenhar metade de uma estrela de cinco pontas." O rapaz não disse nada, só atacou o mármore novamente, desta vez com uma urgência renovada. Suor gotejava de sua testa e ele empurrou o cabelo para trás com uma mão cujos dedos estavam conectados com delicadas membranas como teias de aranha. "Pronto", ele disse, finalmente, sentado atrás de seus calcanhares com um suspiro. "Está feito." "Bom". O homem pareceu satisfeito. "Vamos começar." "Meu dinheiro..." "Eu te disse. Você receberá seu dinheiro depois que eu falar com Agramon, e não antes." Elias ficou em seus pés e encolheu os ombros tirando sua jaqueta. Apesar dos buracos que ele cortou nela, aquilo ainda comprimia suas asas desconfortavelmente; libertas, elas se esticaram e se expandiram, lançando uma brisa através da sala não ventilada. As asas eram das cores de uma mancha de petróleo: negro tracejado com um arco-íris de cores vertiginosas. O homem olhou para longe dele, como se as asas irritassem ele, mas Elias pareceu não notar. Ele começou a circular o pentagrama que ele tinha desenhado, o circulando em sentido anti-horário e cantando em uma língua demoníaca que soava como o crepitar das chamas. Com um som como o ar sendo sugado de um pneu, o esboço as linhas de fora do pentagrama de repente estouraram em chamas. As dúzias de janelas enormes lançaram de volta uma dúzia refletidas de estrelas de cinco pontas em combustão. Algo estava se movendo no interior do pentagrama, algo sem forma e negro. Elias estava cantando mais rapidamente agora, elevando suas mãos tecidas, traçando delicados contornos no ar com seus dedos. Onde ele passava, um fogo azul crepitava. O homem não podia falar Chthoniano, a língua do bruxo, com fluência, mas ele reconhecia o suficiente para entender as palavras de Elias no repetido canto: Agramon, eu chamo a ti. Fora dos espaços entre os mundos, eu chamo a ti. O homem deslizou uma mão em seu bolso. Algo duro, frio e metálico encontrou o toque de seus dedos. Ele sorriu. Elias tinha parado de andar. Ele estava em pé na frente do pentagrama agora, a sua voz subindo e descendo em um canto estável, o fogo azul crepitava em torno dele como relâmpagos. De repente um rasto de fumo negro subiu no interior do pentagrama, ele espiralou acima, espalhando e solidificando. Dois olhos seguros na sombra como jóias capturadas em uma teia de aranha. "Quem é que me chamou aqui através dos mundos?" Agramon exigiu em uma voz como vidro estilhaçando. "Quem me invocou?" "Agramon", o bruxo disse. "Eu sou o bruxo Elias. Eu sou quem tem invocado você." Por um instante houve silêncio. Então o demônio riu, se fumaça pudesse rir. O riso em si era cáustico como ácido. "Bruxo tolo," Agramon sibilou. "Garoto tolo." "Você é quem é um tolo, se você acha que pode me ameaçar", Elias disse, mas a sua voz tremeu como suas asas. "Você vai ser um prisioneiro do pentagrama, Agramon, até que eu te liberte." "Eu vou?" A fumaça subiu frente, formando e se reformando. Um ramo tomou a forma de uma mão humana e acertou a borda do pentagrama incendiado que o continha. Então, com uma ondulação, a fumaça se agitou passando a ponta da estrela, fluindo acima da borda como uma onda arrombando uma barreira. As chamas falhavam e morriam enquanto Elias, gritando, tropeçava para trás. Ele estava cantando agora, em um rápido Chthoniano, encantos de contenção e expulsão. Nada aconteceu, a massa de fumaça negra entrou inexoravelmente, e agora ela estava começando a tomar alguma forma, uma deformada, enorme, forma horrível, seus olhos brilhando alterando, arredondados do tamanho de pires, derramando uma luz horrível. O homem assistiu com impassível interesse enquanto Elias gritava novamente e se virava para correr. Ele nunca chegou à porta. Agramon ondulou à frente, a sua massa escura estraçalhando abaixo e acima do bruxo como uma coberta de ebulição negra. Elias lutou fracamente por um momento sob o ataque, e então ficou imóvel. A forma negra se retirou, deixando o bruxo deitado contorcido sobre o piso de mármore. "Eu espero", disse o homem, que havia tirado o objeto frio de metal fora de seu bolso e brincava com ele futilmente, “que você não tenha feito nada para ele que o irá tornar inútil para mim. Preciso de seu sangue, sabia." Agramon se virou, um pilar negro com mortais olhos de diamante. Eles se fixaram no homem no terno caro, sua estreita e impassível face, as Marcas negras cobrindo a sua pele, e o objeto brilhante em sua mão. "Você pagou a criança bruxa para me invocar? E você não disse a ele o que eu podia fazer?" "Você adivinhou corretamente," disse o homem. Agramon falou com invejosa admiração. "Isso foi inteligente." O homem deu um passo em direção ao demônio. "Eu sou muito inteligente. E também eu sou seu mestre agora. Eu seguro a Taça Mortal. Você tem que me obedecer, ou enfrentar as conseqüências." O demônio ficou silencioso por um momento. Em seguida, ele se inclinou para o chão, em uma imitação de obediência - o mais próximo que uma criatura com o corpo não real poderia vir para ajoelhar. "Estou ao seu serviço, meu senhor...?" A frase terminou educadamente, com uma pergunta. O homem sorriu. "Você pode me chamar de Valentine". 1 - A flecha de Valentine PARTE UM Uma temporada no inferno Eu acredito que estou no inferno, portanto estou nele. Arthur Rimbaud “Você ainda está bravo?” Alec, se encostando contra a parede do elevador, olhou através do pequeno espaço para Jace. “Eu não estou com raiva.” “Ah, sim, você está.” Jace gesticulou acusadoramente para seu meio-irmão, então gemeu enquanto a dor acertava acima de seu braço. Cada parte dele doía desde a queda que ele teve naquela tarde quando ele tinha se deixado cair de três andares através da madeira apodrecida e sobre uma pilha de metais. Até seus dedos estavam machucados. Alec, que tinha recentemente colocado de lado as muletas que ele tinha utilizado depois de sua luta com o Abbadon, não parecia muito melhor do que Jace sentia. Suas roupas estavam cobertas com lama e seu cabelo pendurado escorrido, em suadas tiras. Havia um longo corte do lado de sua bochecha. “Eu não estou,” Alec disse, através de seus dentes. “Só porque você disse que dragões demônios estavam extintos...” “Eu disse a maioria extinta.” Alec mostrou um dedo em direção a ele. “Maioria extinta,” ele disse, sua voz tremendo com raiva, “é NÃO O SUFICIENTE EXTINTA”. “Tô vendo,” Jace disse. “Eu terei que mudar a definição no livro de textos de demonologia o ‘quase extinto’ para ‘não extinto o suficiente para Alec. Ele prefere seus monstros realmente, realmente extintos.’ Isso vai te fazer feliz?” “Meninos, meninos,” Isabelle disse, que estava examinando o seu rosto na parede espelhada do elevador. “Não briguem.” Ela se virou se afastando do vidro com um sorriso luminoso. “Tudo bem, isso foi só um pouco mais de ação do que nós esperávamos, mas eu acho que foi divertido.” Alec olhou para ela e balançou a cabeça. "Como é que você consegue nunca ter lama em você?" Isabelle encolheu os ombros filosoficamente. "Eu sou pura de coração. Isso repele a sujeira." Jace aspirou tão alto que ela se virou para ele com uma carranca. Ele balançou seus dedos untados de lama para ela. Suas unhas eram arcos negros. "Imundo por dentro e por fora." Isabelle estava prestes a responder quando o elevador aterrissou em uma parada com o som do freio chiando. "Está na hora de consertar esta coisa", ela disse, puxando a porta para abrir. Jace a seguiu pela entrada, já se preparando para despir sua armadura e armas e ir para uma ducha quente. Ele tinha convencido seus meio-irmãos a caçarem com ele, apesar do fato de que nenhum deles estava inteiramente confortável em sair por conta própria agora que Hodge que não estava lá para lhes dar instruções. Mas Jace tinha precisado do esquecimento da luta, a atenção da dificuldade de matar, e a distração das lesões. E sabendo que ele precisava disso, eles tinham ido com ele, rastejando através dos desertos e imundos túneis do metrô até eles encontrarem o demônio Dragonidae e matado ele. Os três trabalharam em conjunto em perfeito uníssono, do jeito que sempre fizeram. Como família. Ele abriu seu casaco e o lançou em um dos ganchos pendurados na parede. Alec estava sentado no banco de madeira ao lado dele, chutando suas botas cobertas de lama. Ele estava zumbindo desafinado sob a sua respiração, deixando Jace saber que ele não estava chateado. Isabelle estava puxando os grampos para fora de seu longo cabelo escuro, permitindo que ele caísse em torno dela. "Eu estou com fome agora", ela disse. "Eu queria que mamãe estivesse aqui para cozinhar para nós alguma coisa". "É melhor que ela não esteja", disse Jace, desafivelando seu cinto de armas. "Ela já estaria gritando por causa dos tapetes." “Você está certo sobre isso,” disse uma voz fria, e Jace girou ao redor, suas mãos ainda em seu cinto, e viu Maryse Lightwood, seus braços cruzados, de pé na porta de entrada. Ela usava um rígido blazer preto de viagem e seu cabelo, preto como de Isabelle, estava preso atrás em uma fita grossa que prendia ele até a metade de suas costas. Seus olhos, de um azul glacial, varreram sobre os três como um holofote de inspeção. “Mãe!” Isabelle, recobrando sua compostura, correu para sua mãe para um abraço. Alec ficou sob seus pés e se juntou a eles, tentando esconder o fato de que ele ainda estava mancando. Jace ficou onde ele estava. Havia alguma coisa nos olhos de Maryse quando ela o encarou que tinha congelado ele no lugar. O que ele tinha dito era tão mal assim? Aquela piada sobre a obsessão dela com os antigos tapetes o tempo todo... “Onde está papai?” Isabelle perguntou, se afastando de sua mãe. “E Max?” Então houve uma imperceptível pausa. Em seguida Maryse disse, “Max está em seu quarto. E seu pai, infelizmente, ainda está em Alicante. Havia alguns negócios lá que requeriam sua atenção.” Alec, geralmente mais sensitivo a temperamentos do que sua irmã, pareceu hesitar. “Há algo de errado?” “Eu poderia perguntar a você isso.” O tom de sua mãe era seco. “Você está mancando?” Alec era um terrível mentiroso. Isabelle interferiu por ele, facilmente: “Nós estávamos correndo atrás de um demônio Dragronidae nos túneis do metro. Mas não foi nada.” “E eu suponho que o Grande Demônio que vocês lutaram na semana passada, não foi nada também?” Mesmo Isabelle ficou em silêncio com aquilo. Ela olhou para Jace, que preferiu que ela não tivesse olhado. “Aquilo não foi planejado”. Jace estava tendo dificuldade em se concentrar. Maryse não tinha cumprimentado ele ainda, não dito muito mais que um oi, e ela ainda estava olhando para ele com olhos como punhais azuis. Houve uma sensação de um buraco oco em seu estômago que estava começando a se alastrar. Ela nunca tinha olhado para ele daquele jeito antes, não importasse o que ele fizesse. “Foi um erro...” “Jace!” Max, o mais jovem dos Lightwood, espremeu seu caminho em torno de Maryse e se arremessou no quarto, escapando das mãos de sua mãe. “Vocês voltaram! Todos vocês voltaram.” Ele virou em um círculo, sorrindo para Alec e Isabelle em triunfo. “Eu pensei ter ouvido o elevador.” “E eu pensei ter dito a você para ficar em seu quarto,” Maryse disse. “Eu não me lembro disso,” Max disse, com uma seriedade que mesmo Alec teve que sorrir. Max era pequeno para sua idade, ele parecia ter sete, mas ele tinha uma auto- contida seriedade que, combinado com o tamanho desproporcional de seus óculos, davam a ele o ar de alguém mais velho. Alex se aproximou e bagunçou o cabelo de seu irmão, mas Max ainda estava olhando para Jace, seus olhos brilhando. Jace sentiu o frio soco que apertava seu estômago, relaxar mesmo ligeiramente, provavelmente porque Jace era muito mais indulgente com a presença de Max. “Ouvi dizer que você lutou com um Grande Demônio,” ele disse. “Foi incrível?” "Foi... diferente,” Jace disfarçou. “Como foi em Alicante?” “Foi incrível. Nós vimos às coisas mais legais. Existe um enorme arsenal em Alicante e eles me levaram a alguns dos lugares onde eles fazem as armas. Eles me mostraram uma nova maneira de fazer lâminas serafim também, para que elas durem mais, eu estou indo tentar que Hodge me mostre...” Jace não pode falar nada; seus olhos piscaram instantaneamente para Maryse, sua expressão incrédula. Então Max não sabia sobre Hodge? Ela não tinha dito a ele? Maryse viu seu olhar e os lábios dela se afinaram em uma linha como facas. “Já chega, Max.” Ele pegou seu filho mais novo pelo braço. Ele suspendeu sua cabeça para olhar para ela com surpresa. “Mas eu estava falando para Jace...” “Eu posso ver isso.” Ela o empurrou gentilmente em direção à Isabelle. “Isabelle, Alex, levem seu irmão para o quarto dele. Jace,...” lá estava uma tensão em sua voz quando ela falou o nome dele, como se ácido invisível estivesse secando as sílabas em sua boca... “vá se limpar e me encontre na biblioteca o mais breve que você puder.” “Eu não entendi,” Alec disse, olhando de sua mãe para Jace, e de volta. “O que está acontecendo?” Jace pode sentir um suor frio subir ao longo de sua espinha. “Isso é sobre o meu pai?” Maryse estremeceu duas vezes, como se as palavras ‘meu pai’ tivesse sido duas distintas bofetadas. “A biblioteca,” ela disse, através de seus dentes apertados. “Nós vamos discutir o problema lá.” Alec disse, “O que aconteceu enquanto vocês estiveram fora não é culpa de Jace. Nós todos estávamos nisso. E Hodge disse...” “Nós iremos falar sobre Hodge mais tarde.” Os olhos de Maryse estavam em Max, seu tom de alerta. “Mas mãe,” Isabelle protestou. “Se você vai punir Jace, nós devemos ser castigados também. Isso seria o justo. Nós todos fizemos exatamente as mesmas coisas.” "Não,” Maryse disse, depois de uma pausa tão longa que Jace pensou que talvez ela não fosse dizer mais nada. “Vocês não fizeram.” “Regra número um do Anime,” Simon disse. Ele se encostou contra uma pilha de travesseiros nos pés de sua cama, um pacote de batatas fritas em uma mão e o controle remoto na outra. Ele estava usando uma camiseta preta que dizia: EU BLOGUEI A SUA MÃE e um par de jeans com um buraco rasgado em um joelho. “Nunca sacaneie um macaco cego.” "Eu sei", Clary disse, pegando uma batata frita e mergulhando ela na lata na bandeja equilibrada entre a TV e eles. "Por alguma razão eles são sempre muito melhores lutadores do que monges guerreiros que podem enxergar." Ela olhou para a tela. "São aqueles caras dançando?" "Isso não é dançar. Estão tentando se matar um ao outro. Esse é o cara que é o inimigo mortal do outro cara, se lembra? Ele matou o pai dele. Por que eles estariam dançando?" Clary mastigou sua batata e olhou pensando para a tela, onde animados redemoinhos de rosa e nuvens amarelas ondulavam entre as figuras de dois homens alados, que flutuavam em torno um do outro, cada golpe um movimento brilhante. De vez em quando um deles falava, mas desde que tudo estava em japonês e com legendas em chinês, aquilo não esclarecia muito. "O cara com o chapéu", ela disse. "Ele era o cara malvado?” "Não, o cara de chapéu era o pai. Ele era o imperador mágico, e aquele era o seu chapéu de poder. O cara mal era o com a mão mecânica que fala." O telefone tocou. Simon colocou o saco de batatas fritas para baixo e fez como se fosse levantar para atender. Clary colocou sua mão em seu pulso. "Não. Deixa prá lá." "Mas pode ser o Luke. Ele poderia ligar do hospital." "Não é o Luke", disse Clary, soando com mais certeza do que ela sentia. "Ele ia ligar para o meu celular, e não para sua casa." Simon olhou para ela por um longo momento antes de se afundar abaixo no tapete ao lado dela. "Se você está dizendo." Ela podia ouvir a dúvida em sua voz, mas também a certeza não dita, eu só quero que você seja feliz. Ela não tinha certeza se "feliz" era alguma coisa que ela provavelmente era agora, não com sua mãe no hospital, ligada a tubos e máquinas estridentes, e Luke como um zumbi, desmoronado em uma cadeira de plástico duro ao lado de sua cama. Não se preocupando com Jace o tempo todo e pegando o telefone uma dúzia de vezes para ligar para o Instituto antes de colocá-lo de volta, sem discar o número. Se Jace quisesse falar com ela, ele podia ligar. Talvez tivesse sido um erro levá-lo para ver Jocelyn. Ela tinha tido tanta certeza de que se sua mãe apenas ouvisse a voz de seu filho, seu primogênito, ela poderia despertar. Mas ela não tinha. Jace tinha estado rígido e desajeitado perto da cama, seu rosto como uma pintura de um anjo, com os olhos vazios e indiferentes. Clary tinha finalmente perdido a paciência e gritado com ele, e ele gritou de volta antes de ir embora irritado. Luke tinha observado ele ir embora com um tipo de interesse clínico em seu rosto esgotado. "Essa é a primeira vez que eu vi vocês agirem como irmã e irmão", ele observou. Clary tinha dito nada em resposta. Não havia importância em dizer a ele como terrivelmente ela queria que Jace não fosse seu irmão. Você não pode arrancar o seu próprio DNA, não importa o quanto você desejasse que pudesse. Não importa o quanto aquilo iria fazer você feliz. Mas mesmo que ela não pudesse conseguir ser muito feliz, ela pensou, pelo menos aqui na casa de Simon, em seu quarto, ela se sentia confortável e em casa. Ela a conhecia a tempo suficiente para lembrar quando ele tinha uma cama moldada como um caminhão de incêndio e brinquedos Lego empilhados em um canto do quarto. Agora, a cama foi um futon com uma brilhosa colcha listrada que tinha sido um presente de sua irmã, e as paredes eram lotadas com pôsteres de bandas como Rock Solid Panda e Stepping Razor. Tinha uma bateria postada no canto do quarto onde o Legos tinham ficado, e um computador no outro canto, a tela continuava congelada em uma imagem do World of Warcraft. Era quase tão familiar como no seu próprio quarto em casa, que já não existia, então, pelo menos, esta era a segunda melhor coisa. "Mais chibis*", Simon disse melancolicamente. Todos os personagens na tela tinham mudado em versões de si mesmos, em tamanhos pequenos de bebês e estavam perseguindo uns aos outros em torno de balançantes potes e panelas. "Estou mudando de canal", anunciou Simon, segurando o controle. "Estou cansado deste anime. Eu não posso dizer sobre o que é, e ninguém faz sexo." (*chibi é criança em japonês, Simon fala daqueles animes que de repente os personagens ficam pequenininhos como criancinhas.) "Claro que não", Clary disse, pegando outra batata. "Anime é um saudável entretenimento familiar". "Se você estiver com disposição para um entretenimento menos saudável, nós poderíamos tentar os canais pornôs", observou Simon. "Quer ver As bruxas de Breastwick ou Como eu deitei Dianne?" "Me dá isso!" Clary agarrou o controle remoto, mas Simon, gargalhando, já tinha mudado a TV para outro canal. Sua risada se interrompeu abruptamente. Clary olhou acima com surpresa e o viu olhar sem expressão para TV. Um antigo filme em preto-e-branco estava passando - Drácula. Ela tinha visto este antes, com a mãe dela. Bela Lugosi, magro e de cara branca, na tela, envolto na conhecida capa de colarinho alto, os lábios puxados para trás de seus pontiagudos dentes. "Eu nunca bebo... vinho", ele entoou em seu pesado sotaque húngaro. "Eu adoro como as teias de aranha são feitas de borracha", Clary disse, tentando soar leve. "Você pode perfeitamente dizer". Mas Simon já estava em seus pés, largando o controle remoto na cama. "Eu vou voltar", ele murmurou. O rosto dele estava da cor do céu do inverno pouco antes de chover. Clary o observou ir, mordendo forte seu lábio - era a primeira vez desde que sua mãe tinha ido ao hospital que ela notou que talvez Simon não estivesse muito feliz também. Enxugando seu cabelo, Jace observou o seu reflexo no espelho com uma depreciativa carranca. Uma runa cicatrizando que tinha sido cuidada das piores de suas contusões, mas aquilo não melhorava as sombras sob os seus olhos ou as linhas apertadas nos cantos da boca. Sua cabeça doía, e ele se sentiu um pouco tonto. Ele sabia que ele devia ter comido alguma coisa naquela manhã, mas ele acordou enjoado e ofegando por causa dos pesadelos, não querendo parar para comer, só esperando o alívio da atividade física, para queimar os seus sonhos em contusões e suor. Jogando a toalha de lado, ele pensou saudosamente no chá preto doce que Hodge usava para fermentar, vindo das flores que floresciam à noite na estufa. O chá levava embora as pontadas de fome e trazia um rápido aumento de energia. Desde o sumiço de Hodge, Jace tinha tentado ferver as folhas das plantas em água para ver se ele conseguia produzir o mesmo efeito, mas o único resultado foi amargo, um líquido com sabor de cinzas que fez ele engasgar e cuspir. De pés descalços, ele caminhou para o quarto e jogou um jeans e uma camisa limpa. Ele puxou para trás seus molhados cabelos loiros, franzindo as sobrancelhas. Eles estavam muito longos agora, caindo em seus olhos - alguma coisa Maryse iria com certeza desaprovar nele. Ela sempre desaprovava. Ele podia não ser filho biológico dos Lightwoods, mas eles tratavam ele como o fosse, desde que ele tinha sido adotado aos dez anos, depois da morte de seu próprio pai. A suposta morte, Jace se lembrou dela, daquele buraco dentro de seu estômago voltando à tona novamente. Ele se sentiu como

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.