Bartleby, o escrivão é uma daquelas obras não há uma resposta e sim questionamentos sobre quem seria esse personagem tão peculiar. O personagem título é um jovem amanuense judicial que, cansado do trabalho burocrático, decide adotar o “não” como lema e o “nada” como estilo de vida. Ao fazer da voz do patrão, um advogado, o narrador, Herman Melville dá campo e distância a um olhar original sobre a história desse funcionário excêntrico e de comportamento talvez depressivo, que aos poucos, progressivamente se recusa a cumprir suas obrigações.
A situação logo chega ao limite. Não há alternativa senão demiti-lo. Neste momento, o livro tem acentuadas suas cores fantásticas: porque, falhadas todas as tentativas de desepedir Bartleby, o advogado então decide mudar-se e deixar o escritório e o escrivão para trás. É quando o tom fantasmagórico controla a trama: o homem aprofunda-se na inércia da negação e se recusa a abandonar a sala e o prédio em que trabalhara - até ser levado preso.
A narrativa de Melville - um dos precursores do absurdo na literatura - é tão curta quanto rica e múltipla; leitura para se perder em interpretações. Publicada originalmente, de forma anônima, numa revista em 1853, Bartleby, o escrivão é uma daquelas obras que deixa os leitores pensativos quando chegam ao final. Não à toa, Jorge Luis Borges a definiu como ""aplicação deliberada a um tema atroz que parece preconizar um Franz Kafka, o das fantasia do comportamento e sentimento ou, como agora lamentavelmente se diz, psicológicas""