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Ecologia de fungos políporos (Basidiomycota) de manguezal no Extremo Sul da Bahia PDF

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B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna Ecologia de fungos políporos (Basidiomycota) de manguezal no Extremo Sul da Bahia Bianca Vicente Figueiredo1, Jorge Luiz Fortuna2 1 Especialista em Biociências e Biodiversidade: Ecologia e Conservação Ambiental (BIOECOA) pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA 2 Professor Adjunto da área de Microbiologia do curso de Ciências Biológicas da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), Campus X, Teixeira de Freitas-BA. E-mail: [email protected] Resumo Os políporos são um grupo de fungos pertencentes ao filo Basidiomycota que atuam com decompositores da matéria orgânica, degradando substâncias como lignina, celulose e hemicelulose em madeira, exercem o importante papel nos ecossistemas. Embora estes fungos ocorram em diversos ambientes, em manguezais ainda são pouco explorados e estudados. Este estudo teve como objetivo a identificação de fungos Políporos (Basidiomycota) que ocorrem em um manguezal no município de Alcobaça-BA. Foram três coletas durante o ano de 2019, nos meses de janeiro, abril e dezembro em três áreas distintas identificadas como área A (preservada), área B (estressada) e área C (antropizada) do manguezal. Foram realizadas análises ecológicas para cálculos de riqueza de espécie (R); constância (C%); índice de diversidade de Shannon-Wiener (H’) e índice de similaridade de Sorensen (Ss); índice de riqueza de Margalef (DMg); índice de riqueza de Menhinick (DMn); índice de Berger-Parker (d) para dominância e para cálculo de medidas de diversidade foi utilizado a medida de diversidade β de Whittakker. Todo material coletado e identificado foi depositado na micoteca do Laboratório de Biologia dos Fungos do Campus X da Universidade do Estado da Bahia (UNEB), no município de Teixeira de Freitas. Foram coletados 271 indivíduos distribuídos em três ordens distintas: Polyporales, Hymenochetales e Gloeophyllales. Seguido pelas famílias Polyporaceae com nove espécies representantes (Hexagonia hydnoides (SW.) M. Fidalgo; Pycnoporus sanguineus (L.) Murril; Trichaptum sector (Ehrenb.); Tyromyces sp. 1; Tyromyces sp. 2; e com uma espécie as famílias Hymenochetaceae (Fuscoporia sp.) e Gloeophyllacea (Gloeophyllum striatum (Sw.) Murrill). Trichaptum sector e Pycnoporus sanguineus destacaram-se como abundantes e a área B (estressada) com maior número de espécies. Todas as espécies identificadas neste trabalho são novos registros para funga de manguezal do Extremo Sul da Bahia. Palavras-chave: Ecologia; Diversidade; Funga, Taxonomia. Ecology of polyporus fungi (Basidiomycota) of mangrove in the Southern Bahia Abstract Fungi are essential components for the functioning of ecosystems, they are found in different environments as well as mangroves. They are uni or multicellular heterotrophs that show great morphological variation. This study aimed to identify polyporous fungi (Basidiomycota) that occur in a mangrove in the municipality of Alcobaça-BA. Were carried out during 2019, held in January, April and December in three different areas identified as area A (preserved), area B (stressed) and area C (anthropized) of the mangrove. Ecological analyzes were carried out to calculate species richness (R); constancy (C%); Shannon-Wiener diversity index (H'); Sorensen similarity index (Ss); Margalef richness index (DMg); Menhinick richness index (DMn); Berger-Parker index (d) for dominance and for calculating diversity measures, the Whittakker β diversity measure was used. All material collected and identified was deposited in mycology collection of the Campus X of Bahia State University (UNEB). Were collected 271 individuals who were divided into three distinct Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 59 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna orders: Polyporales, Hymenochetales and Gloeophyllales. Followed by the Polyporaceae families with nine representative species (Hexagonia hydnoides (SW.); Pycnoporus sanguineus (L.) Murril; Trichaptum sector (Ehrenb.); Tyromyces sp. 1; Tyromyces sp. 2; and with one species the families Hymenochetaceae (Fuscoporia sp.) and Gloeophyllacea (Gloeophyllum striatum (Sw.) Murrill). All species identified in this work are new records for mangrove fungus in the Southern of Bahia. Keywords: Ecology; Diversity; Fungus, Taxonomy. Introdução formando uma superfície himenial poroide Os fungos são organismos essenciais no (RAJCHENBERG, 2006; RYVARDEN, meio ambiente em qualquer ecossistema. São 1991). Estes fungos ainda são conhecidos heterotróficos uni ou multicelulares, popularmente como “orelhas-de-pau” devido apresentando grande variação morfológica e a forma de crescimento do basidioma que diversidade estimada entre 2,2 a 3,8 milhões pode se apresentar de vários aspectos, desde de espécies, das quais são conhecidas apenas coriáceo a lenhoso, sendo perene ou anual, cerca de 120 mil (HAWKSWORTH; algumas espécies ainda são estipadas, ou seja, LÜCKING, 2017). Estes organismos são com presença de estipe/haste como na maioria encontrados em diversos habitats, por isso é dos macrofungos na forma de cogumelos. Os grande a diversidade dos fungos existentes. fungos políporos são classificados ainda em Os fungos desempenham o importante dois grupos de acordo com o tipo de podridão papel como decompositores da matéria que pode causar na madeira, sendo eles os de orgânica participando da ciclagem de podridão branca, que degradam celulose, nutrientes no ambiente (BEGON et al., 2006). hemicelulose e lignina; e os que degradam Trabalhos recentes (TEDERSOO et al., somente a celulose e hemicelulose, 2018; WIJAYAWARDENE et al., 2018; causadores de podridão parda (LUNDELL et NARANJO-ORTIZ; GABALDÓN, 2019; al., 2014; RAJCHENBERG, 2006; WIJAYAWARDENE et al., 2020) RYVARDEN, 1991; WEBSTER; WEBER, reorganizaram os grupos taxonômicos do 2007). reino Fungi a partir de estudos utilizando O manguezal é um ecossistema costeiro, ferramentas de Biologia Molecular, sendo uma área de transição entre os agrupando-os de forma monofilética. De ambientes de água doce e marinho e o acordo com Wijayawardene et al. (2020), o ambiente terrestre, sujeito ao regime de marés reino Fungi pode ser subdividido em 19 filos: (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). Em Aphelidiomycota, Ascomycota, algumas regiões o manguezal também é Basidiobolomycota, Basidiomycota, chamado de estuário. Blastocladiomycota, Calcarisporiellomycota, Este ambiente é marcado por grande Caulochytriomycota, Chytridiomycota, variação de parâmetros físicos e químicos. Da Entomophthoromycota, Entorrhizomycota, mistura de massas d’água diferentes surge um Glomeromycota, Kickxellomycota, solo alagado, salino, rico em nutrientes e Monoblepharomycota, Mortierellomycota, matéria orgânica, onde poucas plantas estão Mucoromycota, Neocallimastigomycota, aptas para se desenvolver. Sendo assim, os Olpidiomycota, Rozellomycota e estuários apresentam uma cobertura vegetal Zoopagomycota. arbóreo-arbustiva de aspecto peculiar O termo políporo é empregado para denominada mangue, que compõe um denominar os fungos do filo Basidiomycota, ecossistema único conhecido como cuja parte fértil do basidioma, geralmente manguezal, sujeito ao regime de marés e localizada na superfície voltada em direção ao resistente às condições halófilas do solo solo, caracteriza-se pela presença de tubos (MONTEIRO et al., 2004; OLIVEIRA, internamente revestidos pelo himênio o qual 1984). também é chamado de himenóforo, que Os manguezais têm sua importância contém os basídios e outras estruturas relacionada a funções fundamentais, como a estéreis, tais como setas, medas, cistídios, manutenção da qualidade da água, fixação do Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 60 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna sedimento, fornecimento de produção maior área de manguezais são relatadas 112 primária para o entorno, capacidade de espécies de fungos xilófilos distribuídas em exportação de detritos orgânicos para os diversas localidades (países), sendo o Brasil, sistemas costeiros adjacentes e manutenção da com 55 espécies descritas, o de maior riqueza. biodiversidade. Apresentam uma alta Os outros relatados são 19 na Micronésia, 17 produtividade, prestando-se igualmente de no Japão, 15 em Porto Rico. As outras berçário e área de refúgio para espécies de localidades são representadas por oito ou interesse comercial e artesanal (BENFIELD et menos espécies. al., 2005; SCHULER et al., 2000; SILVA et Neste contexto, para ampliar os al., 2005; SOARES, 1999). São conhecimentos sobre a funga no Extremo Sul característicos de regiões tropicais e da Bahia, o presente estudo teve como subtropicais e ocorrem em regiões costeiras objetivo coletar e identificar os fungos abrigadas, estando associados às margens de políporos (Basidiomycota) em manguezais no baías, enseadas, barras, desembocaduras de município de Alcobaça-BA, sendo este os rios, lagunas e reentrâncias costeiras primeiros registros de fungos do filo (SCHAEFFER-NOVELLI, 1995). Basidiomycota macroscópicos de manguezal A diversidade de espécies de mangue é para a região. bem conhecida para animais e plantas, mas pouco conhecida por outros organismos, Material e métodos como os fungos (MACINTOSH; ASHTON, A área de estudo está localizada no 2002). Dessa forma, estudos sobre Município de Alcobaça-BA a 64,4 km da diversidade de fungos vêm sendo realizados cidade de Teixeira de Freitas-BA, a uma com frequências em vários lugares do Brasil e latitude 17º31'10" Sul e a uma longitude em outros países, concentrando 39º11'44" Oeste, estando a uma altitude de principalmente na Mata Atlântica, Floresta nove metros. Sua população estimada de Amazônica e Caatinga. Poucos são os estudos 22.449 habitantes. Possui uma área de 1510,9 sobre a funga nos manguezais do Brasil. Na km² (IBGE, 2018). A cidade de Alcobaça-BA região do Extremo Sul baiano, possui uma extensa área de manguezal, onde especificamente em áreas de manguezais, não as três áreas de coleta foram selecionadas de se tem estudos e nem registros de fungos acordo com a disponibilidade de acesso às macroscópicos existentes. margens do rio Alcobaça, que desagua no Os trabalhos que citam os Oceano Atlântico em um local conhecido basidiomicotas macroscópicos em como Barra de Alcobaça. As áreas de coletas manguezais brasileiros estão restritos aos foram identificadas como Área A (área estados de São Paulo (ALMEIDA et al., 1993; preservada) e Área B (área estressada), BONONI, 1984; GUGLIOTTA; BONONI, localizadas à margem direita do rio Alcobaça, 1999), Amapá (SOTÃO et al., 1991), Pará que são áreas não habitadas; e a Área C (área (CAMPOS; CAVALCANTI, 2000; antropizada), localizada à margem esquerda CAMPOS et al., 2003) e Pernambuco (MELO do rio Alcobaça, próximo à área urbana et al., 2011; 2014; 2017). De acordo com (Figura 1). Baltazar et al. (2009), para os países com Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 61 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna Figura 1. Localização do município de Alcobaça-BA e das áreas de coleta. Em cada área de coleta foram utilizados área não apresentava danos ambientais aparelhos GPS, higrômetro e termômetro para significativos e havia a presença de vegetação marcações de coordenadas geográficas, característica de mangue como o mangue- umidade do ar e temperatura, vermelho (Rhizophora mangle); mangue- respectivamente, em cada coleta realizada. branco (Laguncularia racemosa) e mangue- A Área A está localizada na latitude preto (Avicennia germinas). O solo 17º33’156” S e longitude 39º11’632” O, com apresentava-se úmido, sem odores, com temperatura que variava entre 30º C 31,8º C e muitos indivíduos da fauna local (Figura 2). umidade relativa do ar entre 58% e 68%. Essa Figura 2. Área A (preservada) apresentando vegetação característica de mangue (A) e parte da fauna (B). A Área B localiza-se na latitude maior entrada de luz. Apresentava odores 17º33’083” S e longitude 39º11’726” O, a desagradáveis em decorrência da presença de temperatura variava entre 29,6º C a 31,6º C e lixo (embalagens plásticas, papeis, vidro, 59% a 68% de umidade. A área se alumínio, roupas velhas, etc.), pois esta área é diferenciava das outras em relação a presença muito usada pelos pescadores da região para de espécies maiores de flora, porém, havia repouso ou manutenção das embarcações. O Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 62 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna solo estava mais encharcado, com áreas de e com poucas espécies de fauna (Figura 3). retenção da água da maré, que as outras áreas Figura 3. Área B (estressada) com parte da vegetação (A), bancos de areia e acúmulo de água (B). A Área C encontra-se na latitude ser a área dentro do perímetro urbano, onde 17º32’956” S e longitude 39º11’567” O, com ocorre maior ação antrópica, a presença de temperatura variando entre 35,9º C a 37º C e lixo é maior e com pouca fauna no local e 48% a 50% de umidade, solo com baixa muitas árvores não típicas de manguezal umidade em relação aos outros descritos, por (Figura 4). Figura 4. Área C (antropizada) com vegetação e solo degradado (A). Parte habitada próxima ao mangue (B). As coletas dos macrofungos foram identificação; data da coleta; local; área; realizadas em 2019 nos meses de janeiro, condições do clima; número de indivíduos; abril e dezembro dentro da área demarcada do coletores; habitat ou tipo de substrato (solo, manguezal de acordo com a facilidade de tronco ou cepo, folha, animal, fezes, outros); acesso. Em campo foram realizados processos cor do píleo, cor do estipe, cor do himênio, seguindo as recomendações de Fidalgo e odor e observações em geral. Os espécimes Bononi (1984) e Vargas-Isla et al. (2014), foram coletados, removidos do substrato, como registros fotográficos dos macrofungos armazenados em sacos de papel e e suas estruturas macroscópicas antes e após a fotografados segundo Freitas et al. (2006); sua coleta com o auxílio de uma câmera, pois Vargas-Isla et al. (2014). Após as coletas, como os macrofungos são frágeis sofrem todo o material foi transportado para o algumas mudanças na coloração e forma Laboratório de Biologia dos Fungos do quando coletado do seu habitat. Campus X da Universidade do Estado da Para cada um dos espécimes coletados Bahia (UNEB) para as análises. utilizou-se uma ficha de campo com Em laboratório, cada espécime informações importantes como: número de coletado foi novamente fotografado Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 63 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna individualmente com uma régua ao lado para foi ≥50% nas amostras; como acessória entre medições do basidioma. Todas as ≥25% e <50%; e acidental quando <25% características macroscópicas não registradas (DAJOZ, 1978; ODUM, 1988; 2001; em campo tais como: diâmetro médio e PINTO-COELHO, 2000). formas das estruturas (píleo, himênio e O índice de riqueza foi calculado estipe) foram observadas e anotadas. Para utilizando dois tipos diferentes de índices. O análises microscópicas, foram realizados índice de diversidade de Margalef (D ) D Mg : Mg cortes a mão livre da superfície himenial, = (R-1) / ln N e o índice de Menhinick (D ): Mn contexto e trama com lâminas de aço. Os D = R / √N. Margalef (1956) propôs o Mn cortes foram depositados em lâminas e Índice de Margalef, que demonstra a riqueza lamínula com solução aquosa de hidróxido específica e refere-se ao número total de de potássio (KOH) 5% e corante floxina 1%. indivíduos. É utilizado para estimar a Para a observação de algumas reações como diversidade com base na distribuição a reação amiloide ou dextrinoide e numérica dos indivíduos das diferentes xantocroica utilizou-se reagente de Melzer espécies. Estes índices procuram compensar (RYVARDEN, 1991; TEIXEIRA, 1995). os efeitos de amostragem dividindo a Após as análises todo material coletado foi riqueza, isto é, o número de espécies encaminhado para estufa de secagem com registradas (R) pelo número total de ventilação forçada onde permaneceram a indivíduos na amostra (N). temperatura de 45°C por um período de 12 a O índice de diversidade foi calculado 24 h no máximo, para a desidratação e utilizando o índice de Shannon-Wiener (H’) conservação. e o índice de similaridade utilizado foi o Para coleta, análises e preservação do coeficiente de Sorensen (SS), cuja fórmula material foram seguidas as recomendações segue descrita: SS = 2c / (A + B) x 100, onde das literaturas especializadas (FIDALGO; SS = Índice de Similaridade de Sorensen; c = BONONI, 1984; FREITAS et al., 2006; número de espécies em comum nas áreas; A GUGLIOTTA; BONONI, 1999; = número total de espécies de macrofungo na GUGLIOTTA; CAPELARI, 1998; área A; e B = número total de espécies de VARGAS-ISLA et al., 2014). Todas as macrofungos na área B (DAJOZ, 1978; espécies coletadas, analisadas e identificadas ODUM, 1988; 2001; MULLER-DOMBOIS, foram depositadas na Micoteca do 1981). Laboratório de Biologia dos Fungos do O índice de dominância foi calculado Campus X, da Universidade do Estado da utilizando o índice de Berger-Parker (d), que Bahia (UNEB) para compor a coleção de expressa a abundância proporcional da fungos coletados na região do Extremo Sul espécie mais abundante sobre o total de da Bahia. indivíduos, onde N é o número de máx Foram realizadas as seguintes análises indivíduos da espécie mais abundante em ecológicas: riqueza de espécie (R); cada área N é o número total de indivíduos constância (C%); índice de diversidade (ID) de toda amostra ou parcela: d = N / N. máx e índice de similaridade (IS). A riqueza de Para cálculo de medidas de diversidade espécie foi determinada pelo número total de foi utilizado a medida de Whittakker (β ): β w w espécies de macrofungos encontradas em = (S/α) – 1; onde S é o número total de cada área (BEGON et al., 2007; BROWER et espécies registrado nas amostras de um al., 1998; RICKLEFS, 2003). A constância habitat, e α é a riqueza de espécies média das foi calculada relacionando o número de amostras (habitas). Também foi utilizada a coletas em que a espécie do macrofungo foi medida de Whittakker para calcular a registrada, seguindo a seguinte fórmula: C% diversidade β total entre os habitats como W = p / P x 100, onde C% = Análise de um todo. Para isso, foi calculada a relação da Constância; p = número de vezes (coletas) riqueza total pela riqueza média pela que a espécie foi encontrada; e P = número equação: β = (S/α); onde S = o número total w total de coletas realizadas, sendo considerado de espécies registrado em todos os habitats como táxon constante aquele cuja presença amostradas; α = a riqueza média de espécies Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 64 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna de todas as amostras (habitas) que estão Gloeophyllales. Seguido pelas famílias sendo comparadas (MAGURRAN, 2013). Polyporaceae com nove espécies representantes (Hexagonia hydnoides (SW.) Resultados e discussão M. Fidalgo; Pycnoporus sanguineus (L.) Foram coletadas 25 amostras sendo que Murril; Trichaptum sector (Ehrenb.); algumas espécies foram coletadas mais de Tyromyces sp. 1; Tyromyces sp. 2; e com uma uma vez nas diferentes coletas, totalizando espécie as famílias Hymenochetaceae 271 indivíduos analisados, onde 265 foram (Fuscoporia sp.) e Gloeophyllacea identificados em nível de espécie; cinco em Gloeophyllum striatum (Sw.) Murrill. Todas nível de gênero e um não identificado. Desse as espécies identificadas são novos registros quantitativo todos pertencentes ao filo para manguezais do Extremo Sul da Bahia. Basidiomycota, classe Agaricomycetes. (Tabela 1). Estão distribuídos em três ordens distintas: Polyporales, Hymenochetales e Tabela 1. Lista das espécies de macrofungos identificadas, com suas respectivas ordens, famílias e números de indivíduos. Nº DE ORDEM FAMÍLIA ESPÉCIE INDIVÍDUOS Hexagonia hydnoides 12 Pycnoporus sanguineus 13 Polyporales Polyporaceae Trichaptum sector 231 Tyromyces sp. 1 2 Tyromyces sp. 2 1 Hymenochaetales Hymenochaetaceae Fuscoporia sp. 2 Gloeophyllales Gloeophyllaceae Gloeophyllum striatum 9 Foram identificados os seguintes fungos espécie não identificado na área B em suas respectivas áreas: Fucosporia sp.; (estressada) e Gloeophyllum striatum; Hexagonia hydnoides; Pycnoporus Pycnoporus sanguineus e Trichaptum sector sanguineus e Trichaptum sector na área A na área C (antropizada). Sendo a área B a área (preservada); Hexagonia hydnoides; com maior número de espécie identificada Pycnoporus sanguineus; Trichaptum sector; seguida pela área A e a área C com o menor Tyromyces sp. 1; Tyromyces sp. 2 e uma número de espécie (Tabela 2). Tabela 2. Espécies de fungos identificadas em suas respectivas áreas de coleta. ÁREA A ÁREA B ÁREA C (preservada) (estressada) (antropizada) Hexagonia hydnoides Fucosporia sp. Pycnoporus sanguineus Gloeophyllum striatum Hexagonia hydnoides Trichaptum sector Pycnoporus sanguineus Pycnoporus sanguineus Tyromyces sp. 1 Trichaptum sector Trichaptum sector Tyromyces sp. 2 Não identificado Características dos macrofungos cm. Coloração marrom escuro. Himenóforo identificados de cor marrom a preto, poros não visualizados (Figura 5). Tipo de podridão branca. Fuscoporia (Murrill) sp. Descrição com base em Wagner e Fischer Descrição: basidioma rígido, velutino e (2002). hirsuta, sulcada, reação xantocróica na Distribuição: espécie de ampla presença de KOH 5%, basidioma com 4,0-5,0 distribuição mundial (ROBLEDO, 2009). Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 65 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna Fuscoporia (Murrill) é um gênero bem Hexagonia hydnoides (SW.) M. Fidalgo delimitado em Hymenochaetaceae (Fungi, Descrição: basidioma imbricado com Basidiomycota) e possui vasta distribuição 3,0-11,0 cm, coriáceo, às vezes com zonas geográfica (KIRK, 2008). concêntricas, 1,0 mm de espessura, cor castanho escuro a preto, superfície do píleo Gloeophyllum striatum (Sw.) Murrill pilosa, séssil e preso ao substrato por um Descrição: basidioma efuso-reflexo com curto pé grosso. Coletado em troco em 3,0-8,0 cm, superfície do píleo marrom claro decomposição. Causador de podridão branca a escuro e acinzentado em partes velhas, de em troncos. Sistema hifal e basidiósporos não consistência coriácea. Superfície abhimenial visualizados. O tamanho dos poros (3-5), que lisa, com margem lobada. Superfície himenial são menores, é uma característica da espécie lamelar, lamelas rígidas, concolor com a que a diferencia de Hexagonia hirta com superfície abhimenial. Coletado em tronco poros maiores (8-16) (Figura 5). seco, com vários indivíduos. Tipo de podridão Distribuição: espécie comum na marrom (Figura 5). América e na África (RYVARDEM; Distribuição: esta espécie pode ser JOHANSEN, 1980). Espécie citada considerada frequente na região semiárida do anteriormente em manguezais brasileiros Brasil, foi coletada nos estados de Alagoas, (CAMPOS et al., 2005; BALTAZAR et al., Bahia, Ceará, Paraíba, Pernambuco e Sergipe 2009; MELO et al., 2011; 2014; 2017) e (Drechsler-Santos et al. 2009). É uma espécie também citada para o semi-árido brasileiro pantropical, também encontrada em regiões (SANTOS, 2010) nos estados do Pará, subtropicais e temperada (NÚÑEZ; Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba, RYVARDEN, 2001). De acordo com Pernambuco, Sergipe, Bahia, Maranhão, Drechsler (2009), a coloração marrom e as Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, Rio de lamelas rígidas da mesma cor confirmam a Janeiro, Espírito Santo, São Paulo, Paraná, espécie e é uma espécie que se desenvolve em Santa Catarina e Rio Grande do Sul troncos secos expostos a luz. Bem adaptado e (RYVARDEN; MEIJER, 2002; SOTÃO et muito abundante, pode ser a espécie de al., 2003, XAVIER-SANTOS, 2003, macrofungo mais comum na região semi- GIBERTONI, 2004, GIBERTONI et al., árida. Espécie já citada para mangues do 2004, GÓES NETO; BASEIA, 2006; Nordeste, sendo este o primeiro registro para MEIJER, 2006). região do Extremos Sul baiano. Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 66 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna Figura 5. (1) Fuscoporia sp. (1A) parte superior no substrato; (1B) parte abhimenial; (1C) basidioma; (1D) contexto. (2) Gloeophyllum striatum (Sw.) Murrill (2A-2B) basidioma aderido no substrato; (2C) superfície do basidioma; (2D) superficial abhimenial lamelar. (3) Hexagonia hydnoides (SW.) (3A-3B) basidioma aderido ao substrato; (3C) superfície superior do basidioma; (3D) superfície abhimenial comporos. (4) Pycnoporus sanguineus (L) Murrill (4A) basidiomas no substrato; (4B) superfície superior do basidioma; (4C) tamanhos variados de basidiomas; (4D) superfície abhimenial com poros. Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 67 B. V. Figueiredo, J. L. Fortuna Figura 6. (1) Trichaptum sector (Ehrenb.) Kreisel (1A-1B) basidioma no substrato; (1C) superfície superior do basidioma; (1D) superfície abhimenial com poros. (2) Tyromyces sp. 1 (2A-2B) parte inferior abhimenial; (2C) superfície do basidioma; (2D) superfície abhimenial com poros. (3) Tyromyces sp. 2 (3A-3B) basidioma aderido no substrato; superfície superior; (3C) superfície inferior do abhimenial; (3D) superfície abhimenial com poros. (4) Não identificado. (4A-4B) basidioma aderido ao substrato; (4C) parte inferior abhimenial; (4D) poros na superfície abhimenial. Pycnoporus sanguineus (L.) Murrill laranja, contexto homogêneo laranja. Descrição: basidioma que varia de 2,0- Encontrado em tronco em decomposição. A 7,0 cm, cor laranja intenso, com o centro da coloração intensa do basidioma é uma superfície de cor laranja avermelhado, característica importante para a identificação superfície glabra, dimidiado a flabiliforme. da espécie. Causador de podridão branca Himenóforo poroide, laranja intenso, poros (Figura 5). arredondados, irregulares, 5,0-6,0 mm, tubos Unisanta Bioscience Vol. 10 nº 2 (2021) 59-75 Página 68

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