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Wittgeinstein em retrospectiva PDF

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WITTGENSTEIN EM RETROSPECTIVA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CA:MARINA Darlei Dali'Agnol Reitora Arturo Fatturi RoselaneN ecke! Vice Reitora Janyne Sattler Lúcia melenaM lartins Pacheco Organização EDITORA DA UFSC Diretor Executivo Sérgio Luiz Rodrigues Medeiros Conselho Editorial Cartas Eduardo Schmidt Capela Clélia Mana Limo de MleltoC ampigotto coneR ibeiro Ua/Ze Luas Canos Cance!!ier de Olivo Sérgio Fernandes Torres de Frestas WITTGENSTEIN EM RETROSPECTIVA Editora da UFSC Campus Universitário - Trindade Caixa Postal 476 88010-970 - Florianópolis-SC Fones (48) 3721-9408, 3721-9605 e 3721-9686 Fax: (48) 3721-9680 [email protected] www.editora.ufsc.br igãã editora ufsc © 2012 dos autores SUMÁRIO Direção editorial: PaaLo Romenod a Situa APRESENTAÇÃO. Capa: Mana Lúcial aczinski Darlei DaU'Agnol,A rturo Fatturi e Janyne Sattler Editoração: A VIDA E A OBRA DE LUDWIG W]TTGENSTEIN .... Pauta coberto da Situa Darlei DallIAgnol Revisão; A ÉTICA ESTOICA NO 7)MCZ4rt6 DE WITTGENSTEIN 49 HehisaH übbed eM .i rantia Janyne Sattler A INTERPRETAÇÃO MÍSTICA D0 7RHC7H7C6 .. 67 Evandro Bilibio DISCUSSÕES SOBRE A BASE DA FÉ RELIGIOSA A PARTIR DE oN CEi?lÂINTy. 83 Ficha Catalográâca Marciano Adilio Spica (Catalogação na fonte elaborada pela DECTI da Biblioteca Central da UFSC) í"urxrí''ü F PRnPnSlí'AO 97 W831 Wittgenstein em retrospectiva.D arlei Dali'Agnol, Arturo João CardosS altes Fatturi, Janyne Sartler, organização. Florianópolis ; Editora da UFSC, 2012. il7 SOLUÇÕES WITTGENSTEINIANAS AO PARADOXO DE MOORE 244P . Eduardo Ferreira das Neves Filho Inclui referências WITTGENSTEIN E A ESTRATÉGIA TRANSCENDENTAL i37 1. Wittgenstein, Ludwig, 1889-1951. 2. Filosofia austríaca. Marco Antonio Franciotti 1. Dali'Agnol, Darlei. 11. Farturi, Altura. 111. Sattler, Janyne. CDU: l WITTGENSTEIN ISI A NOÇÃO WITTGENSTEINIANA DE CONSCIÊNCIA ISBN 97S-85-328 06i4-7 Mirian Donat CULTURA E COTIDIANO: \HRIAÇÓES A PARTIR DE ]NIaS77(;4ÇÕES /7[0SÓmCHS DE LUDWIG WqTTGENSTEIN 163 Bortolo VãJle 'D(/ITTGENSTEIN, NEUROCIENCIA E NEiJROETICA...... t73 Arturo Fatturi Todos os direitos reservados.N enhuma parte desta obra poderá ser 'IÜÇ/ITTGENSTEIN E HMT: REGRAS])E RECONHECIMENTO, NORMATIVIDA- reproduzida, arquivada ou transmitida por qualquer meio ou forma DE E INDETERMINAÇÃOD O DIREITO......'''-''........'''.'''''''....-. . '.''..... i9t sem prévia permissão por escrito da Editora da UFSC. Léo Peruzzo Júnior e Mayara Pablos Impresso no Brasil ]:IABERMAS LEITOR DE WITTGENSTEIN zo5 APRESENTAÇÃO Charles Feldhaus H.ABERMAS E WITTGENSTEIN: UMA TEORIA GERAL DOS JOGOS DE [iIN(XU.A.(X]'Me eeeeeee eeee eeeee e e ee eeeeelPee ee 80eee zi9 Delamar José Volpato Dutra A confecção deste livro se segue do "Colóquio Wittgenstein' SoBRa-oS AUrrC)Rios......ee-Bebo-Bebe'e-s. e eP'+'--''-P9P'--9P9'++-P+'+9 ++o++o #+!P. z41 realizado na Universidade Federal de Santa Catarina nos dias 1 1 a 13 de julho de 201 1, evento comemorativo aos 90 anos de publicação do 7incia/z/i Zayfca'pZPIZoiap/c z/se aos 60 anos de Edecimento de seu autor. E com estee spíritoq ue o livro apresentad e batou ma retrospectivad a obra de um dos mais importantesf ilósofos do século XX ao debruçar- se sobre temas que se estendem para além do 7}arzafz/s e mesmo das /nueifÜzzfófeZi oic@cm-- para tratar pontualmented os possíveis desdobramentos da obra de Wittgenstein em seu conjunto, apontando influências, inspirações e soluções e6etivamentew ittgensteinianasa problemas nem sempre evidentemente transparentes em Wittgenstein ele mesmo. E é precisamente neste sentido que o presente trabalho apresenta m.zif do que uma simples retrospectiva -- introdutória da obra de Wittgenstein, ao mostrar de forma aprofundada o alcanced e certos debates já estabelecidos pela tradição exegética wittgensteiniana e os novos rumos possibilitados por leituras originais e inovadoras de alguns aspectos específicos até então pouco salientados do 7}nrlarz/i, àu Investigações e do Da certeza. Em sua maioria, os autores deste livro tratam de temas pontuais voltados mais centralmente para uma ou para outra obra de Wittgenstein. Ao analisar o aspecto ético, místico, religioso ou lógico do 7iaczafz/se do Z)d refrega( nos capítulos iniciais do livro), ou o aspecto cultural, epistemológico ou psicológico das /nz,esfÜ fóes.pZoi(@cm(n os capítulos centrais), tratando igualmente, no entanto, das possíveis interaçóese ntre o texto de Wittgenstein e o de autores próximos à filosofia do direito, tais como Hart e Habermas (nos capítulos finais deste trabalho). Com o que o retrato conjunto desta retrospectiva vem a constituir ao mesmo tempo um olhar mais amplo em direção ao horizonte de possibilidades que nos permite o estudo de Wittgenstein e de suas obras. Não se trata aqui, portanto, de pura e simples exegeseT. rata-se muito mais de uma leitura caracteristicamente wittgensteiniana de certos aspectos da filosofia -- e de sua filosofia e do estabelecimento de tal leitura como pano de fiando ou como critério para um certo modoZ efZoic?#arP. ara muitos dos autores deste trabalho, Wittgenstein é o ponto de apoio a partir do qual refletir sobre o A VIDA E A OBRA DE LUDWIG WITTGENSTEIN próprio papel da filosofia ou da "atividade filosófica" -- no contexto daquelas distinções críticas dadas com as restriçõesl ógicas, linguísticas e morais, as quais são doravante cruciais para toda e qualquer investigaçãoe sclarecidaa Darlei DallIAgnol respeito de questões tipicamente "filosóficas" mas a respeito também de questõesq ue não podem ser, de forma alguma, "tipicamente filosóficas", e que permanecem por isso mesmo à margem 2agz//Zag e.Faze ier cala. Neste sentido, o valor deste trabalho reside também no mapeamento de algumasd as tendênciasa tuais no que toca ao modo como a obra de O objetivo desta introdução não é outro senão o de emer uma Wittgenstein é utilizada na proposta de soluçõest eóricas, mas principalmente apresentação panorâmica da vida e da obra de Ludwig Wittgenstein práticas, a questões de ampla ordem dentro e fora do domínio interpretativo. possibilitando assim uma análise retrospectiva de sua filosofia. Já temos em Dada a variedade de afiliaçóes e perspectivas filosóficas de seus autores, este português um bom número de livros introdutórios e de trabalhos acadêmicos livro inscreve-sea ssim como uma significativa amostra das áreas nas quais este de qualidades obre o seu pensamento. Então, para quê mais um livro e uma debate vem sendo realizado e mais Eecundamente argumentado. introdução ao pensamento desse filósofo que é considerado um dos mais importantes do século XX? Darlei DallIAgnol Arturo Fatturi Em primeiro lugar, porque nem sempre os livros existentes elucidam o Janyne Sattler sentido ético que o filosofar tinha para Wittgenstein. Além de ser esse o nosso maior interesse no estudo de seu pensamento, o próprio autor do 7}uc&afzeli das /nz,eff afóef salientava constantemente o caráter prático de seu trabalho teórico. Numa carta a um amigo, Wittgenstein afirmou que o sentido do 7}aczafzíié ético. Aqui, o leitor encontrará uma tentativa explícita de sublinhar esse aspecto de seu pensamento incluindo sua obra tardia, por exemplo, o livro Da certezfz. < > Em segundo lugar, a relação entre as duas maiores obras de Wittgenstein, Qí 7}ncíaízlie /nz,eif afóef, nem sempre é explicada de forma clara e objetiva. 0 Mb Como se sabe, apesar de ter escrito o primeiro livro na década de 1910 e o y segundo no final da década de 1940, Wittgenstein queria publica-los num E Z único volume. Isso por si só sugere uma estreita relação entre as duas obras que b não Goi ainda completamentee sclarecida.V amos tentar marcar essa relação Z U sustentando que, em ambas as obras, a filosofia tem uma tarefa eminentemente b h crúfcd e que as /nz,eff@afóri realizam essa tarefa sem cometer alguns erros que g o 7incíafz/in ão evitou. Por conseguinte, há continuidade e rupturas entre as 8 duas principais obras. Essas duas razões justificam a iniciativa de publicar um novo trabalho O jovem Ludwig foi educado por tutores até os 14 anos de idade na introdutório a Wittgenstein. Esperamos ter preenchido de forma satisfatória sua própria casa, pois seu pai queria evitar os vícios da educaçãof ormal, essa lacuna nos estudos de seu pensamento. Finalmente, esperamos atingir o escolar. Por motivos não muito claros, talvez pela recusa de seguir os maior objetivo dessa introdução: motivar o leitor a ler as obras de Wittgenstein, desejos proâssionais impostos pelo pai, dois de seus irmãos, Hans e Kurt, reíietir sobre elas, compreendê-las e buscar a sua superação. cometeram suicídio. Esse fato levou o pai de Ludwig a mudar os seus métodos educacionais. Desde muito cedo, Ludwig mostrara grandes habilidades Aspectos da vida de Wittgenstein práticas. Conta-se que aos dez anos construiu um protótipo de uma máquina de costura. Por isso, em 1903, ele foi enviado a uma escola técnica em Linz Ludwig Joseph Johann Wittgenstein nasceu em Viena, no dia 26 de para estudar, onde mostrou aptidão por mecânica e física teórica e entrou em contado com o trabalho do físico Heinrich Hertz. Estimulado por seu pai, abril de 1889. Filho mais novo de uma das famíliasm ais ricas do Império em 1906, 6oi estudar engenharia mecânica em Berlin, onde exibiu grande Austro-Húngaro, Ludwig viveu a infância e a adolescênciae m um ambiente social, cultural e intelectual bastante estimulante. interesse pela aviação. Em 1908 transferiu-se para Manchester, na Inglaterra, para estudar aeronáutica no College of TechnoloW. Investigando problemas Muitos artistas e músicos visitavam frequentemente o palácio de seu pai, de estabilização de objetos voadores, convenceu-se que era necessário usar um Karl Wittgenstein, um industrialista patrono das artes, na Alleegasse. Dentre os principais podemos destacar os músicos Brahms e Mahler. Desde cedo, turborreator. Para desenhar tal motor de propulsão, teve que estudar os seus princípios mateiháticos e, logo, tornou-se fascinado pela matemática pura. Ludwig, assim como muitos na sua família, manifestou uma paixão especial A preocupaçãoc om os fiindamentos da matemática levou-o a procurar, em pela música que perdurou durante toda a sua vida. Paul, um de seus irmãos, 19 1 1, o matemático Gottlob Frege, na Alemanha, que o aconselhou a estudar tornou-se um pianista profissional e, perdendo a mão direita na Primeira com Bertrand Russell, em Cambridge. Guerra Mundial, [oi homenageado por Ravel com o famoso Conferiu. para Em 1912, Ludwig Wittgenstein foi a Cambridge para encontrar- .z m'2oe igwrzzúzF. oi também nesse ambiente que o jovem Ludwig, motivado se com Russell, autor de vários livros sobre os princípios da matemática. pela sua irmã Margarete, entrou em contado com a obra de filósofos clássicos Lá presenciou um ambiente filosófico inovador. Ainda sob a influência da tais como Kant, Kierkegaard etc. e, principalmente, com Schopenhauer,q ue revolta de Georg Eduard Moore contra o idealismo absoluto de Hegel, Russell marcariam profiindamente o seu pensamento. A cidade 'de Viena, na virada do século XIX para o XX, era o centro acabara de publicar o /'ri zcelú maíóem,z//cao bra semanal do logicismo, isto Z é, da tentativad e mostrar que a matemática,p articularmentea aritmética, b cultural da Europa. Foi ali que nasceu a psicanálisee onde as artes floresceram Z g de forma esplendorosa. Além dos músicos já citados, temos que mencionar os pode ser deduzida de axiomas puramente lógicos. Nesse caso, a aritmética 0bb HU seguintes trabalhos: na própria música, Schõnberg criticando o tonalismo e seria composta por juízos analíticos e não, como Kant sustentou, por juízos B sintéticos a pr/orí. Para compreender melhor a primeira grande obra de 0 0 inventando a escala dodecaEânica;n a pintura, Klimt e Kokoschka criticando o g d Wittgenstein, o 7Êacznüi á2Kíro'pó/Zoiopóicze/ i também a sua obra posterior n ornamentalismo vazio da /lzrfpoar /2rB na arquitetura, AdolfLoos criticando 3 « E o uso de arteEatosn as casasc omo aOeícl Zlzr6 etc. Destacou-se,t ambém, precisamos reconstruir brevemente esse ambiente filosófico. n 4 Znb o jornalistae ensaístali terárioK arl Kraus tornando-seu m agudo crítico Morre pode ser considerado o pai da filosofia analítica. No artigo "'lhe n0M Z da linguagem artística de sua época. Seus trabalhos preparavam o caminho nature ofjudgement" (1 898) ele defende, contra os idealistas hegelianos, que < Q para uma crú/c zúz# mlgzzz«rsmo b um ponto de vista filosófico, realizada os co/zce/íopi ossuem existência independente da mente e as proVaS/frei são <n F B primeiramente de forma empiricista por Mauthner e que será recusada, como composições de conceitos. Na verdade, o próprio mundo é, segundo Moore, > < veremos na próxima seção, por Wittgenstein no 7}zzczafz/lbi. davia, nessel ivro composto por conceitos, o que evidencia sua simpatia pelo realismo platónico, 10 embora hal a também conceitos não existentes. A tarefa da filosofia é a de azza#ía', 11 ele define a filosofia como "crítica da linguagem' no sentido literal de decompor um todo em seus elementosc onstituintes, as modo de apresentaçãod o objeto e a referênciaé o próprio objeto. Acreditava proposições até encontrar os componentes simples que seriam apreendidos também que o sentido de uma frase,d e uma sentençac ompleta, é o pensamento imediatamente. Moore argumentou, também, contra o monismo hegeliano expresso por ela e a sua referência é o valor de verdade da proposição. Assim, as que nem todos os objetos estão interconectados por relaçõesi nternas. No início expressões "estrela matutina" e "estrela vespertina" possuem ie fi2oi diferentes, da filosofia analítica, essa concepção influenciou profundamente Russell que, mas se referem ao mesmo objeto, a saber, o planeta Vênus. Por conseguinte, em 1903, publicou o livro Pr/mc@iazi úzm aíem#fíca onde adora explicitamente mesmo frases que expressam identidade seriam informativas. Como veremos, as teses moorianas. Além disso, Morre defendeu no livro Prínc@ia ríÁ/ca, Wittgenstein aceitará a distinção fregeana, mas recusará essa explicação, pois também de 19 03, a análise enquanto e/zfr/2af,íod o significado das palavras nomes não possuem sentido e proposições não possuem referência. que mais tarde influenciaria ainda mais a filosofia contemporânea. Para completarmos o quadro de influências filosóficas sobre a primeira Cedo, porém, Russell percebeu alguns problemas na concepção grande obra de Wittgenstein, temos que mencionar o idealismo transcendental filosófica de Moore, por exemplo, a existência de termos que não denotam de Schopenhauer. .Algumas das ideias do seu principal livro, O mz//zdoc oma conceitos. Assim, em 19 05, publicou o famoso artigo "Da denotação" no qual ua ía2e e reprfse farão, podem ser encontradas no 7}acznfz/i,p rincipalmente, defende a tese de que uma expressão não tem significado denotativo em si, mas as relacionadasa o sujeito volitivo que é, como veremos a seguir, o portador somente a proposição na qual ocorre, apresentando a Teoria das Descrições do ético. Partindo da distinção kantiana entre 6enâmenoe coisa em si, Definidas. Segundo Russell, existem proposições que aparentemente são Schopenhauer chegou à conclusão de que o mundo, desde suas corças simples, da forma sujeito-predicado e sem conectivos lógicos tais como e, ozl, materiais e físicas até a vida orgânica e o próprio ser humano, é manifestação sf'... fmüo etc. (por exemplo, "0 atual rei do Brasil é careca"), mas que uma de uma e mesmac oisa, a saber, a Vontade que é a essênciad o mundo. Todos análisem ais aprofiindada revelaq ue são compostas. Além disso, elas produzem os 6enâmenons ão são senão apariçõesd a Vontade. No ser humano, essa problemas filosóficos, por exemplo, infringem o princípio do terceiro excluído. \vontade, consciente de si, reconhece-ses em propósito e livremente anula- Esse princípio lógico diz que se uma proposição é verdadeira então a sua se. O supremo fim ético seria, portanto, deixar de querer. Essa ideia marca o negação é falsa e não há terceira possibilidade. Tomando o mesmo exemplo, jovem Wittgenstein o qual sustentará que do portador do ético nada se pode se enumerarmos todas as pessoasc arecas no mundo não encontraremoso dizer. Não existem valores no mundo e a única coisa que depende do sujeito é atual rei do Brasil e tampouco o encontraremoss e enumerarmos as pessoas a própria vontade cujo exercícios erá bom ou mau. não carecas.R u$sell,e ntão, exibindo sua fina ironia inglesa,a ârmou que os Outra influência sobreW ittgenstein digna de nota foi a do físico Hertz. Z hegelianos quereriam fazer uma síntese. Voltando ao exemplo, a proposição No livro Primc@óos fmecóan/ci, Hertz apresentouu m exemplo típico de um b Z aparentemente simples é composta por quantificadores, identidade, constantes <> lógicas e por outras proposições tais como: existe um indivíduo x que é rei do pisrsoob, leelme cao ntecóebriecuo ac otanrterfaa od aq fuilaols Wofiat tgeexnatsateminen ltue tcaormiao a av iddea rteomdoav. eMr aemis bdaora qçuose Ubb B Qi Brasil; x é careca; para todo y, se y é rei do Brasil, então y é idêntico a x, etc. teóricos causados por tais pseudoproblemas. Segundo Hertz, ao invés de 0 0 « g b Como veremos na próxima seção, essa forma de analisar a linguagem marcará perguntarmos, como faziam os Hsicos dentro da tradição newtoniana, "o que n d 3 profiindamente a concepção de filosofia apresentadap or Wittgenstein no E é Garça?", devemos restabelecer a física sem usar tal conceito. Ele sustenta que n Z Tractatus assim como toda a filosofia contemporânea. b O artigo de Russell "Da denotação" Éoi escrito sob corte influência de quando isso é deito a questão sobre a natureza da corça não vai ser respondida, <Hn0 Z mas nossas mentes deixarão de formular questões ilegítimas. Wittgenstein viu < Qb Frege, o qual fez, no artigo "Sobre o sentido e a referência," uma distinção central aqui um exemplo perfeito dos eternos problemas metaâsicos que, segundo ele, b <n B para compreendermos o 7}acíafz/i.E nfrentando dificuldadesp ara explicar o perturbaram o intelecto humano na incansávelb usca do saber. Parecec laro > valor cognitivo de sentençasq ue expressam identidade (a = b), Frege sustentou que Newton não quis explicar a natureza essenciald a gravitação, mas como ela < 12 que o sentido de uma palavra, mais exatamente de um nome próprio, é o seu fiinciona. Wittgenstein tornou-se assim um ardente defensor da ideia de que 13 a filosofia está cheia de pseudoproblemas e que a sua missão era exibir a sua sempre, nos coloca numa perspectiva transcendental. Em outros termos, nada ilegitimidade. Em suma, é isto que o 7 ufzalz/sE má, como veremos a seguir, do que for extralinguísticoé do interessed a filosofia. assim como sua obra posterior. Convém, então, iniciar uma exposição introdutória ao 7ãaciaíz/i aprofundando a sua concepção da filosofia. Wittgenstein sempre defendeu que a filosofia é puramente descritiva, que ela não constrói modelos explicativos O Tractatus logico-philosophicus da realidade, pois essa é a tarefa da ciência. Ele sempre sustentou também que a lógica é a base da filosofia. Assim, na observação 4.0031 do 7}nfza/ws O primeiro trabalho filosófico de Wittgenstein, e um dos poucos (esse livro será aqui citado pela sua enumeração original) lê-se: "Toda filosofia publicados em vida, foi o livro 7}ucia/zzi ZaKíca'7&/Zaiop&/cz/di,e 1921 . Nesta é 'crítica da linguagem'.( Todavia, não no sentido de Mauthner.) O mérito seção, apresentaremos as principais ideias que fazem parte desse pequeno, mas extremamente influente texto âlosóâco. de Russell é ter mostrado que a forma lógica aparente da proposição pode não ser sua forma lógica real." A filosofian ão é uma crítica da linguagemn o sentido de Mauthner, pois este fez uma investigaçãoe mpírica das diferentes A tarefa crítica da filosofia línguas procurando determinar o que era comum a todas. Uma crítica é uma investigação dos limites da linguagem. Como vimos na seção anterior, em Para se compreender bem o 7inrzaüi, é necessário fazer algumas Da denotação" Russell, através da m#/ffe,m ostrou que a sentença "0 atual considerações sobre a natureza da filosofia. Alguns autores costumam dividir rei do Brasil é careca", apesar de ser aparentemente simples (sem conectivos a história da filosofia em três grandes paradigmas. Na filosofia antiga, o lógicos), é composta por outras proposições que combinadas por conjunção interessep rincipal era pela ontologia, isto é, pela questão do Ser, a natureza última de todas as coisas, a essênciad a realidade. Na filosofia moderna, a têm como resultado uma proposição Essa que pode ser negada sem infringir o princípio do terceiro excluído. Assim, o método analítico realiza uma tarefa partir da revoluçãoc opernicanad e Kant, o interessep rincipal passap ara a crúíca. Lembremos que, no empirismo clássico, a decomposição das ideias epistemologia, a investigação sobre o conhecimento, pois se acreditava que complexas em simples buscava um esclarecimento das ong?míe dos am//esd o uma resposta à questão sobre o Ser dependeria de uma pesquisa sobre algo conhecimento humano. mais fundamental, isto é, sobre a natureza e a possibilidade do conhecimento No caso de Wittgenstein, a tarefa crítica reservadaà filosofa deve do Ser. Na filosofia contemporânea, uma nova revolução é deita: as questões ser entendida a partir de uma chave interpretativak antiana. O prefácio do Z lógico-linguísticasp assam a ocupar o centro das atenções,p ois o conhecimento b 7iafín/z i não deixa dúvidas quanto ao seu propósito: "o livro pretende, pois, do Ser não pode ser entendido independentemented e sua expressãon uma Z linguagem.W ittgenstein é um autor que contribuiu significativamentep ara a traçar um limite para o pensar; ou melhor -- não para o pensar, mas para a Qb g b b expressão dos pensamentos: a fim de traçar um limite para o pensar, deveríamos Formação dessa nova forma de filosofar. B poder pensar os dois lados desse limite (deveríamos, portanto, poder pensar U Outra observaçãoi mportante é a seguinte:d epoisd e Kant, a filosofia B 9b o que não pode ser pensado)." Como 6oid ito, Kant, na Crú/ca zü rnz'íoPwxn, n deixou de investigar os objetos particulares do mundo (esses passam 3 d pretende traçar limites ao que pode ser conhecido e, com isso, mostra-se que E deânitivamente para o domínio das ciências naturais) e passou a tratar do Q 4 Z modo como eles podem ser conhecidoso u ditos. Wittgenstein,e m toda há um domínio de objetosn ão cognoscíveisA. ssim como Kant restringiuo mM h conhecimento ao que é dado pela sensibilidade (//zfz/2fóesiã o representações 0 Z a sua vida, sempre sustentou que a filosofia não concorre com as ciência < U na investigaçãod e comoé o mundo. Por isso, ele se inscreven a tradição singulares dos objetos) e pelo entendimento (ca/zce/ioi são representações <n gE transcendental kantiana que reserva à filosofia uma tarefa analítico-crítica. universais obtidos pelas características comuns desses objetos) e mostrou que > < a razão pura pode ser conte de afirmações ilegítimas (i2e/m enquanto objetos Como veremos, no caso de Kant, a crítica era dirigida às pretensões da razão; 14 tradicionais da metafísica dogmática), Wittgenstein restringiu a linguagem 15 no caso de Wittgenstein, a base da reflexão filosófica é a linguagem que, desde significativa ao que pode ser dito, isto é, às proposições, exibindo um âmbito valor de verdade da proposição complexa. Mas essa deve ser analisada até que indizível, a saber, o místico. Todavia, como veremos, há diferenças signiâcativas errem encontradasp roposiçõesq ue são realmentef tinçáo de verdaded e si entre Kant e Wittgenstein: o primeiro acreditavaq ue a metafísica descritiva, mesmas, quer dizer, cuja verdade ou Edsidade seja dada por uma comparação ou melhor, a sua filosofia crítica, também era, a exemplo das ciências naturais, direta com a realidade. Considere, agora, a seguinte tabela de verdade para composta por juízos sintéticos # .priori, isto é, proposições necessariamente p v - p (em linguagem natural, por exemplo, chove ou não chove): verdadeiras e independentes da experiência e, portanto, que era ciência. Wittgenstein nega, no 7}uczafz/i,a existência de proposições sintéticas apr/o i P V P e, por conseguinte, recusa o estatuto de cientificidade ao projeto âlosófico- V V F V crítico, pois suas aârmações são, na realidade, contrassensos. F V V F Para que essa ideia possa ser bem compreendida, é necessário esclarecer melhor a tarefa da filosofia. Segundo Wittgenstein, a filosofia não é uma ciência Como pode ser notado, o valor de verdade resultante da combinação é natural, isto é, ela não constrói modelos explicativosd a realidade. A finalidade sempre verdadeiro (o resultadoa parecee m negrito). Por isso, a tabelam aiZxa da filosofia é o eicürec/me/z/aló gico dos pensamentos. Por isso, ela não é uma teoria, um corpo de proposições,m as sim uma afaz/!jaded e clariâcaçãod a que estamosd iante de uma pseudoproposiçãod,e uma tautologia,q ue é sempre verdadeira, mas nazi 2zz. Nada sabemos sobre o estado meteorológico linguagem. As diversas hipóteses da ciência natural (por exemplo, a teoria do mundo quando alguéma firma que chove ou não chove. da evoluçãod arwiniana) não estãol ado a lado com a filosofia,p ois a esta Outra condição de possibilidaded o sentido é enunciada em 3.14: "0 compete traçar limites ao que pode ser dito com sentido, ao que pode ser figurado proposicionalmente. Em outros termos, a filosofia limita o território sinal proposicional consiste em que seus elementos, as palavras, nele estão, uns disputável da ciência natural e isso significa que ela exibe o domínio do para com os outros, de uma determinada maneira. O sinal proposicional é um fato". Tomando-se o sinal proposicional como simples, o que essac ondição impensável apresentando claramente o que é pensável ou dizível. Agora, então, podemos perguntar: quais são os limites do dizível? requer é que os nomes estejam relacionados de um determinado modo. Caso contrário, não haveria sentido. Por exemplo (e somente para fins ilustrativos, Para responder essa pergunta, é necessário assumir que fazemos figurações pois Wittgenstein negaria que estamos nessec aso diante de nomes próprios ou modelos explicativos da realidade, ou seja, que produzimos proposições, referindo-se a objetos simples no mundo), os nomes 'IAristóteles" e "Platão" como um axioma (a negação dessa proposição é ela mesma uma proposição e, Z portanto, sustenta-la é autocontraditório) e buscarmos analiticamente as suas em si nada significam. Agora, num contexto proposicional, quando alguém b Z diz "Piatão está à esquerda de Aristóteles" (que podemos simbolizar com aRb) condições. U gh Uma condição para que uma proposição possa ter sentido é claramente temos uma proposição legítima cujos nomes referem-se a algo determinado e E g Di enunciada na observação 5 do 7iariarz/i: "A proposição é uma fiinção de que possui sentido, isto é, pode ser verdadeira ou falsa. U 0dh verdade das proposições elementares. (A proposição elementar é uma hnçáo A identidade entre a forma de combinação dos nomes na proposição gn 3 d e a forma da realidade é outra condição para que a proposição tenha sentido. de verdade de si mesma.)". O que Wittgenstein estabelecea qui, via análise, é E n E isso que Wittgenstein escrevee m 2.18: "0 que toda figuração, qualquer Z a existênciad e proposiçõese lementaresc omo condição para a determinação <H m b do valor de verdade das proposições complexas. A linguagem pode ser que seja sua forma, deve ter em comum com a realidade para poder de algum 0 Z modo correta ou Edsamente afigura-la é a forma lógica, isto é, a forma da < Uh decomposta em proposições que não contêm conectivos lógicos. Wittgenstein <n b inventa as tabela de verdade, um expediente mecânico para estabelecera realidade". Assim, uma proposição da forma relacional, por exemplo, a citada B > acima (aRb), mostra como deve ser o mundo para que ela seja verdadeira: < verdade ou a EHsidaded e uma proposição composta, enumerando todas as mantendo o mesmo caso, que o "objeto" denotado por "a" estejaà esquerda 16 possibilidades de combinação entre as proposições simples para resultar no 17 do objeto referido por "b". Sabemos, então, que no mundo há certas relações a identidade entre forma lógica e forma do mundo não se deixa expressar espaciais. por proposições significativas. Por exemplo, afirmar "0 nome 'Platão' refere- Se o processo de análise passar da proposição simples para o que a se a Platão" é emitir um contrassenso.D a mesma maneira, não é possível constitui, nada encontraremoss enão nomes próprios. Essa é outra condição dizer significativamente que a forma lógica é idêntica à da realidade, pois isso do sentido e, por conseguinte, um limite da dizível. Wittgenstein escreveu se mostra em cada proposição bem construída. Completa-se, assim, a tarefa na observação4 .0312 do 7}nczn/z/"i:a possibilidaded a proposiçãor epousa crítica do 7}acíarai: mostrando que há algo indizível. sobre o princípio da substituição de objetos por sinais". Quer dizer, nomes referem-se a objetos, assim como pensava Frege. Todavia, Wittgenstein nega Á proposição enqtzanto /iguração que nomes próprios tenham sentido tanto quanto que proposições tenham re$?#nr/a, pois essas somente possuem ie/z/ido, ou seja, valor de verdade. A Para compreendermos esse resultado aparentemente paradoxal estrutura de uma proposição é a combinação e6etivad os nomes e a forma é a de Wittgenstein, é necessárioe sclarecerm elhor a natureza figurativa da possibilidade da estrutura de ter novas combinações. proposição. Conta-se que o autor do 7iurínfz/st eve a ideia de comparar uma Tendo apresentadoa s condições do sentido e, consequentemente,o s proposição com uma figuração quando soube que em Paria representavam- limites do dizível, Wittgenstein argumenta que elas podem ser provadas por se acidentes automobilísticos com miniaturas de automóveis em tribunais. redução ao absurdo. Ele escreveu em 3.23: "o postulado da possibilidade dos Independentemente de ser esse realmente o caso, parece claro que mapas sinais simples é o postulado do caráter determinado do sentido", e em 2.02 11 : geográficos, partituras musicais, desenhos etc. são apresentaçõesd e possíveis se o mundo não tivesses ubstância, para uma proposição ter ou náo sentido estados de coisas assim como a linguagem escrita ou oral. Para Wittgenstein, dependeria de ser ou não verdadeira outra proposição". Em outros termos, uma proposição é essencialmente pictorial: ela figura um estado de coisas. a existência de proposições elementares compostas de nomes próprios é um Por conseguinte, pode-se salientar a natureza pictórica da linguagem requisito da análise áe#ca da linguagem e não um resultado empírico obtido a proposicional sem reconstruir a origem e6etivad a linguagem (por exemplo, a partir da observação da estrutura de línguas naturais. suposta passagem dos hieróglifos para a criação do alfabeto). Da apresentaçãod as condições do sentido podemos também extrair Uma das ideiasc entrais de Wittgenstein no período em que escreveuo algumas implicações "ontológicas". Trata-se, na verdade, de uma ontologia 7}zzcza/zf/oi i comparar uma figuração com a proposição. Considere o seguinte meramente formal. Dado que a linguagem significativa é a totalidade (desenho: Z das proposições com sentido, então o espaço lógico é o reino das puras Ele pode representaurm b Z possibilidades. Sendo a totalidade das proposições verdadeiras o que constitui determinado estado de coisas, g Q b o discurso das ciência naturais, então o mundo é a totalidade dos fatos. bh por exemplo, que Aristóteles está B Finalmente, sendo uma proposição elementar composta por nomes, os fatos lutando com Platão. A proposição 0 0 «h são constituídos por objetos que também são simples e formam a substância ':Aristóteles está lutando com Bn d D E do mundo. Como vemos, a ordem de apresentação do 7harza/zzni ão é nem sua Platão" exibe esse bato. Por isso, uma n Z ordem de argumentação (que, certamente, começa na observação 2. 1) nem a proposição com sentido, isto é, que á b ordem da realidade (descrita a partir da observação 1). Todavia, deve-se ter pode ser verdadeira ou Essa, é uma m0 Z < Qbb cuidado ao atribuir a Wittgenstein a chamada "filosofa do atomismo lógico" representaçãop ictórica de um estado de coisas. Poderíamos, enfim, simbolizar <n B que foi, como sabemos, elaborada por Russell sob a sua influência. essa proposição por aRb, uma forma lógica encontrada na lógica clássicad e > Também é necessário salientar que a apresentação dos limites do dizível Frege, Russell e Wittgenstein e que não era representável na lógica tradicional < 18 moíaoz/q ue há algo indizível. Por exemplo, a reeerencialidaded os nomes ou aristotélica. 19

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