UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA ECONÔMICA HELENA WAKIM MORENO Voz d´Angola clamando no deserto: protesto e reivindicação em Luanda (1881-1901) (“Versão corrigida”) São Paulo 2014 FOLHA DE APROVAÇÃO MORENO, Helena Wakim. Voz d´Angola clamando no deserto: protesto e reivindicação em Luanda (1881-1901). Dissertação apresentada ao Programa ao Programa de Pós- Graduação em História Econômica do Departamento de História da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, para obtenção do título de Mestre em História. Aprovada em: Banca Examinadora: Profa. Dra:___________________________Instituição:__________________________ Julgamento:__________________________ Assinatura:_________________________ Profa. Dra:___________________________Instituição:__________________________ Julgamento:__________________________ Assinatura:_________________________ Prof. Dr:____________________________Instituição:__________________________ Julgamento:__________________________ Assinatura:_________________________ Para Ale, Carlinho, Cris, Lilica e Nema. Com amor e gratidão. Agradecimentos À Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado de São Paulo (Fapesp), que financiou esta pesquisa de mestrado no país e o estágio de pesquisa em Portugal, minha gratidão por ter viabilizado este estudo e me propiciado uma experiência de pesquisa intensa e inesquecível durante os dois meses que estive em Lisboa. Mais uma vez, meus sinceros agradecimentos. Agradeço também ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico, pelo auxílio financeiro durante os primeiros meses desta pesquisa, e ao Programa de Pós-Graduação em História Econômica da FFLCH-USP. Um agradecimento muito especial à minha orientadora, professora Leila Leite Hernandez. Sua seriedade intelectual, comprometimento e generosidade possibilitaram a existência dessa pesquisa. Devo muito às suas aulas e orientação, que provocaram a inquietação necessária e revelaram novas perspectivas. Muito obrigada por seu imprescindível apoio, confiança, amizade e, sobretudo, por seu exemplo. Aos professores Vima Lia de Rossi Martim e Muryatan Santana Barbosa pela leitura atenta e sugestões no exame de qualificação. Obrigada pelas indicações e conversas que ajudaram a apontar novas questões neste trabalho. Agradeço também aos professores Lincoln Secco e Marisa Midori Deaecto que me auxiliaram no início desta pesquisa e em momentos decisivos. Meus agradecimentos ao NAP Brasil-África, importante espaço de pesquisa, discussões e trocas com professores e colegas que se debruçam sobre a África, os africanos e seus ecos no mundo. Agradeço muito a Larissa Alves de Lira, Aline de Andrade Bernardo Rodrigues e Ágatha Francesconi Gatti, por terem me ouvido, por terem falado e por me presentearem com sua amizade. Entre os colegas de pós-graduação e amigos, não posso deixar de agradecer Angela Fileno, Milton Correa, Evandro Souza, Marcela Godoy, Lia Laranjeira, Raquel Gryszczenko Gomes, Renato Soares Bastos, Ruan Reis, entre outros que não foram mencionados, mas cujo companheirismo me acompanhou durante esta pesquisa. Agradeço ainda à Gabriela Aparecida dos Santos, pelo carinho, pela troca de indicações bibliográficas e valiosas dicas de viagem à Lisboa. Em Portugal, agradeço ao professor José da Silva Horta, que me orientou durante o estágio de pesquisa, por sua preocupação em apontar novos rumos e fazer com que minha estadia fosse a mais produtiva possível. Agradeço à professora. Ana Paula Tavares, pela estima e sensibilidade, pelas conversas inspiradoras e indicações tão generosas, e à Profa. Isabel Castro Henriques, pela atenção que me dedicou e pelas importantes referências que forneceu para essa pesquisa. No Arquivo Histórico Ultramarino, agradeço a Carlos Almeida e José Sintra Martinheira, pelo interesse e por terem me conduzido na imensidão deste rico acervo. Não posso deixar de expressar a minha gratidão aos funcionários da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, em especial à Sra. Fernanda Santos, que com extrema boa vontade facultou o acesso a “obras raríssimas”, como ela mesma chamou. Guardo com carinho a hospitalidade e a afeição de Catarina Mira, minha anfitriã e companheira em Lisboa. Agradeço o apoio dos meus sogros Percival de Brites Figueiredo, Bernadete de Lourdes Ganan Figueiredo e de minha cunhada Lílis Ganan de Brites Figueiredo. Também sou grata à minha outra cunhada, Poliana Ganan de Brites Moura Prata, pelas conversas e indicações, que levo comigo. Aos meus pais, Carlos Roberto Estanda Moreno e Cristina Wakim Moreno, minha gratidão pela ternura, estímulo, sabedoria, pelas palavras e gestos de conforto tão fundamentais neste processo. Para minha irmã, Elisa Wakim Moreno Timóteo, e meu cunhado, Sergio de Paula Moreno Timóteo, pela cumplicidade, pelas conversas e pelo incentivo. É sempre uma alegria estar com vocês. À minha avó Noemia Estanda Moreno, que me contou histórias que os livros (ainda) não contam, regadas a muito afeto. Ao meu esposo, Alexandre Ganan de Brites Figueiredo, pelo amor, paciência, compreensão e generosidade, para quem meus agradecimentos são insuficientes. Agradeço sua disposição em ouvir e discutir as ideias que despontavam durante este trabalho, sempre me encorajando. Suas leituras, sugestões e críticas me ajudaram a abrir novos caminhos e foram incorporadas à pesquisa. Obrigada por mais uma vez ter sido meu porto seguro. Devo a você o que existir de bom nesse trabalho. “Disseram-lhe então: Quem és, para darmos uma resposta aos que nos enviaram? Que dizes de ti mesmo? Disse ele: eu sou a voz do que clama no deserto (...)” Jo, 1, 23. “Clamar – soltar as vozes; gritar. Vociferar, bradar, protestar publicamente. Bradar, gritar, exclamar, dizer em altas vozes. Implorar, exorar. Exigir, reclamar.” Diccionario Contemporaneo da Lingua Portugueza, 1881. RESUMO MORENO, Helena Wakim. Voz d´Angola clamando no deserto: protesto e reivindicação em Luanda (1881-1901). 2014. 376 ff. Dissertação (Mestrado) - Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, São Paulo. Este estudo tem como objetivo analisar Voz d´Angola clamando no deserto – offerecida aos amigos da verdade pelos naturaes (1901), obra coletiva e anônima composta por onze artigos e publicada por “filhos do país” que viviam em Luanda e no interior próximo. Grupo de fronteira, produto dos encontros entre os Mbundu e os portugueses, os “filhos do país” atuaram como traficantes de escravos desde o século XVII, de quando datam os primeiro registros de sua presença na colônia. Após a proibição do tráfico, conseguiram colocações em postos intermediários e baixos da administração colonial por serem letrados, mas principalmente porque o governo português carecia de funcionários. A partir da década de 1880, pressionado pelas disputas territoriais na África com outros países europeus, Portugal passou a incentivar a ida de imigrantes portugueses para Angola, tendo como uma das consequências o gradual alijamento dos “filhos do país” dos cargos no governo. Nesta mesma época, surgiram os primeiros órgãos de imprensa dirigidos por “filhos do país” em Luanda, cujas páginas traziam protestos contra a sua situação, críticas ao governo e embates com os colonos portugueses. Em meio a este cenário de confronto, é publicada Voz d´Angola clamando no deserto, tida como expressão máxima dessa geração de “filhos do país”. Amparado em diversas fontes documentais e através da interpretação dos artigos que compõe a obra, este trabalho procura demonstrar como é feita uma dura crítica às situações de opressão a que os africanos eram submetidos devido à presença colonial portuguesa, trazendo avanços quando comparada a outras publicações dos “filhos do país”, mas também limitações de sua época. Palavras-chave: Voz d´Angola clamando no deserto, “filhos do país”, protesto, Luanda, Angola. ABSTRACT MORENO, Helena Wakim. Voz d´Angola clamando no deserto: protest and demand in Luanda (1881-1901). 2014. 376 ff. Dissertation – College of Philosophy, Letters anh Human Sciences, University of São Paulo, São Paulo. This study´s purpose is to analyze Voz d´Angola clamando no deserto – offerecida aos amigos da verdade pelos naturaes (1901), a collective and anonymous work composed of eleven articles published by the “filhos do país” who lived in Luanda and surrounding countryside. A frontier group, product of the encounter between the Mbundu and the Portuguese, the “filhos do país” had operated as slave traders since the seventeenth century, when we find the first registers of their presence in the colony. After the slave trafficking prohibition, they were able to find intermediate and low positions in colonial administration due to their literate education, but only because the Portuguese government was short on employees. Since the 1880´s, pressed by territorial disputes with other European countries in Africa, Portugal started to encourage Portuguese people to immigrate to Angola, and as a consequence, the “filhos do país” were gradually dismissed from positions in the government. By that same time, the first written press organs were established and directed by “filhos do país” in Luanda, and in their pages they wrote about protests against the situation, criticism toward the government and confrontations with Portuguese settlers. Amid this confrontation scenario the Voz d´Angola clamando no deserto is published, and is recognized as the strongest expression of the “filhos do país” generation. Supported by various document sources and through interpretation of the work´s articles, this study seeks to demonstrate how they exert harsh criticism to oppressive situations the Africans were submitted due to the Portuguese colonization, bringing up advances when compared to other publications of the “filhos do país”, but also bringing up the limitations of its time. Key words: “filhos do país”, Voz d´Angola clamando no deserto, protest, Luanda, Angola.
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