Victor Martins de Souza A poética e a política no cinema de Glauber Rocha e Sembene Ousmane MESTRADO EM HISTÓRIA SOCIAL Dissertação apresentada à Banca Examinadora da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, como requisito para obtenção do título de Mestre em História Social pelo Programa de Pós-Graduação em História Social, sob orientação da Profa. Doutora Maria Antonieta Antonacci PUC-SP SÃO PAULO 2012 1 Souza, Victor Martins de S729p A poética e a política no cinema de Glauber Rocha e Sembene Ousmane/ Victor Martins de Souza. – São Paulo, 2012 215 f. ; il. Dissertação (Mestrado em História) - Departamento de Pós- Graduação em História/PUC, 2012. Orientador: Prof.ª Dr.ª Maria Antonieta Antonacci Bibliografia: f. 1. Cinema – Brasil – África 2. Glauber Rocha 3. Sembene Ousmane 4. História 5. Tradição oral I. Maria Antonieta Antonacci II. Título. CDD 791.430981 2 Banca Examinadora _________________________________ _________________________________ _________________________________ 3 Autorizo, exclusivamente para fins acadêmicos e científicos, a reprodução total ou parcial desta Dissertação por processos de fotocopiadoras ou eletrônicos. Assinatura:__________________________ Local e Data:__________________ 4 DEDICATÓRIA Aos meus antepassados, avôs, mãe, tios e tias, pois só sou por conta dos meus ancestrais. 5 RESUMO Souza, Victor Martins de; Antonacci, Maria Antonieta. A poética e a política de Glauber Rocha e Sembene Ousmane. São Paulo, 2012, 247 pp. Dissertação de Mestrado – Programa de Pós-Graduação em História Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Discutimos os projetos cinematográficos e políticos de Glauber Rocha e Sembene Ousmane à luz do diálogo em imagens. Assim, centramos nossa análise em dois filmes: Der Leone have sept cabeças (1969-70), de Glauber, e Ceddo (1976), de Sembene. À maneira dos historiadores, estes cineastas recorreram ao passado para problematizar o presente. Em Ceddo, Sembene reinventou tradições para questionar a história do seu tempo, mostrando aspectos mais sofisticados do colonialismo da África do Oeste. Em Der Leone have sept cabeças, há a convivência de tempos históricos distintos, nos quais o presente é posto em suspenso, portanto passível de questionamento. Neste processo, as tradições orais possuem papel preponderante, pois é a partir delas que é criticado o olhar enviesado do europeu em relação ao “Terceiro Mundo”. Assim, as afinidades aqui elencadas entre os cinemas de Glauber e Sembene permitem delinear novos olhares à filmografia de ambos, a partir de um diálogo diaspórico, tricontinental e político-cultural. Palavras-chave Cinema – História – África – Diáspora – Tradições orais 6 ABSTRACT Souza, Victor Martins de; Antonacci, Maria Antonieta (Advisor). The poetic and the politic from Glauber Rocha and Sembene Ousmane. São Paulo, 2012, 247 pp. MSc. Dissertation – Programa de Pós-Graduação em História Social, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. We discuss the relation between Glauber Rocha and Sembene Ousmane’s cinematographics and political projects considering images dialogues. The focus of our analysis is on the movies Der Leone have sept cabeças (1969-70), by Glauber, and Ceddo (1976), by Sembene. Using the technique of historians, these filmmakers problematized the present from the re-intepretation of the past. In Ceddo, Sembene reinvented traditions with the intention of questioning the history of his time, and denounced West African colonialism to be more sophisticated than previously imagined. In Der Leone have sept cabeças there exists different historical periods to question the present. In this process, the oral traditions have a preponderant role because they are used to critize the deformed European view concerning the Third World. Therefore, the relationship between the cinema of Glauber and Sembene enables us to gain a new perspective of their work, through the diasporic, tri-continental, and politically-cultural dialogue. Keywords: Cinema – History– Africa– Diaspora– Oral tradition 7 SUMÁRIO Resumo 5 Abstract 6 Agradecimentos 9 Siglas e abreviações 11 Introdução 12 I Glauber Rocha, um cineasta afro-brasileiro 38 II Sembene Ousmane: um notável desconhecido 81 III Diálogo em imagens, imagens em diálogos 108 IV Algumas considerações 186 Bibliografia 189 Anexos 195 Anexo 1: Transcrição de letreiros de Der Leone have sept cabeças 195 Anexo 2: Descrição plano a plano de Der Leone have sept cabeças 198 Anexo 3: Transcrição de letreiros de Ceddo 202 Anexo 4: Descrição plano a plano de Ceddo 204 8 AGRADECIMENTOS1 À minha estimada orientadora Maria Antonieta Antonacci, sem a qual este trabalho não teria se desenvolvido, por ser um exemplo de compromisso para com o ofício do historiador, sem a perda da ética e da dimensão humana. Às minhas notáveis orientadoras dos tempos de graduação na Unesp, Zélia Lopes e Célia Camargo, que me contagiaram com a paixão pela História e o olhar crítico em relação à nossa sociedade, no que pese a árdua tarefa de luta contra o esquecimento. Ao professor Ismail Xavier pelo diálogo franco e pelas preciosas sugestões em torno de Glauber, e ao professor Amailton Magno e Acácio Almeida pelas leituras acuradas na qualificação, ao professor Samba Gadjigo por compartilhar sua rica experiência ao lado de Sembene Ousmane. Ao amigo Adilson Mendes, pela indicação de textos importantíssimos para uma maior compreensão da cultura cinematográfica, sem contar a preciosa amizade. Aos professores do Departamento da Pós-Graduação da PUC-SP: professora Heloísa de Faria Cruz, professor Lodoño, professor Antônio Rago, professoras Olga Brites, Maria do Rosário, Estefânia Kanguçu e Maria Izilda. Aos queridos professores da UNESP-Assis, Hélio Rabello, Áureo Busseto, Lucia Helena, Ivan Esperança Rocha, Claudinei Magno Magre Mendes, Carlos Eduardo Jordão Machado, Tânia Regina de Lucca, Antônio Celso, e às profissionais desta mesma instituição Marlene “Fenômeno” Gasque, Zazá, Cida, Clarice, Bel e Thatá. Aos profissionais da Casa das África-SP, do Cineclube Sembene Ousmane-SP, do Museu Afro-SP e do Centro de Estudos Afro-Asiáticos-BA. Aos amigos eternos que tornaram este objetivo viável: André César de Andrade e Edileuza Tavares, pela amizade sincera, Joilson Silva e Analice, por serem um farol, e “Joe” Muneratto, Antonieta, Nana e Bruno Logatto, pelo olhar acurado acerca da condição humana, Rodrigo Archangelo, Daniela Giovana e Gabriela Queiroz, pelas preciosas sugestões e amizades. Em especial, agradeço de coração à querida Karina Bonfiglioli, médica e amiga, aos profissionais da Reumatologia do Hospital das Clínicas (HC), cuja dedicação permitiu minha rápida recuperação para concluir esta pesquisa. Aos amigos e profissionais da Cinemateca Brasileira, pelo apoio dado. Aos amigos do Setor de Documentação por inspirarem, ainda que indiretamente, às linhas deste trabalho. A Olga, por ser sempre uma referência, à Rayane Silva, Lígia Farias e Elisa Ximenes, pelo apoio contínuo e amizade, Elisa e Simone, pela ternura, Carmem Lúcia, por ser irradiante, Jair Pintino, Ana Paula Nunes e Luiz Gonzaga, pelo companheirismo, João Marcos e Sérgio, pelos frutíferos diálogos em imagens, a Marília Freitas, Erick Kurek e Fábio Uchoa, pela amizade e apoio de todos os momentos. Às meninas Margareth, Leidiane, Dona Alaíde e Maria. Um agradecimento “cinematográfico” aos queridos amigos fotógrafos Maína Fantini, o olhar acurado, Túlio Fernandes e João Filosi, a irmandade e as divagações necessárias, Fernando Fortes, a musicalidade imagética, César Palmeira, o espírito jovem, Karina Seiko, a 1 ESTA DISSERTAÇÃO CONTOU COM O FINANCIAMENTO DO CNPQ – CONSELHO NACIONAL DE PESQUISA, NAS PRESCRIÇÕES DO ART. 215 DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. 9 colecionadora de sonhos, Ricardo e Sérgio, a cátedra e o esquecimento. Aos amigos da biblioteca, Daniel “Gushiken” Shinzato e “Menino” Miyazato, pela amizade e suporte na pesquisa. Aos amicíssimos Rafael “Paulo Emiliano” Zanatto e Max Roberto “Eisenstein”, ratos de cinemateca. À diretoria da Cinemateca, nas pessoas do Sr. Carlos Magalhães, Patrícia de Filippi e Olga Futemma. Com a mesma atenção, agradeço à equipe do Tempo Glauber-RJ, pelo suporte durante a pesquisa no aconchegante Arquivo da Rua Sorocaba: Dona Lúcia Rocha, pela clarividência, Paloma e Sara Rocha, pela lucidez e estima, Luciana Operti e Ruy Gardnier, pelo profissionalismo e amizade. Aos amigos do CCA, da Moradia e da UNESP Assis pelas experiências antológicas em condições adversas: Daniel Barroso, Anilton Donizetti, Jeferson de Lara, Gaby, Jerônimo Dantas e Carlos Alberto Menarin; Augusto Matias, Rafael Lima, André Gonzaga; às queridas Raísa, Vivian “Ruiva”, Priscila Gomes, Rose Barbosa, Flávia Cordeiro, Ana Carolina Negrão, Gabriela Capônio, Paula Ramos, Vivi Gomes, Natália Camargo, Larissa Fumis, Sibila, Marina Prado, Maria Paula Bertolucci e Ana Laís Bignoto. Aos amigos eternos Paulo Gustavo da Encarnação, Paula Fiochi, Felipe Silvestre, Joe, Daniel e Aline Valentin, por dividirem palcos, sonhos, composições e performances no projeto Lossotros. Aos amigos Silvio Rhato, Carol Assata, Aline e Felipe de Vas, pela belíssima amizade; Di e Inez Bachi. À queridíssima Mariana Barbedo, pelo exemplo, Iviling, pela coragem, Maíra Mee, pela ternura, e Fernanda Murad, pelo apoio. Aos queridos Gustavo Bonfiglioli, Vanessa “Zanatto”, Bebel Nepomuceno, Glauco Costa, Juliana Cainelli, Ana Giavara, Érika Castelanni, Eloá Amaral, Marcos Pato, Amanda, Cosme, Rique, Cristiano Lima, Gabriel Rizzo e Aliane. Carla, Cristina, Creuza e Sandro. Às queridas amigas Marina Cleto (Lalá e Lis), Shanya Dantas e Luciana Ambrósio; Melannie Schisler, Flávia Cleto, Juliana Cunha, Karina Cunha, Fabi e Fernanda Casagrande, por sempre deixarem o ambiente mais belo, frutífero e interessante. Aos amigos das disciplinas da PUC-SP, em especial, Edson Ludd, Jorge Luzio, viajante de atalhos aéreos e marítimos, Fátima Leister, pesquisadora assídua, Cristina Carvalho, intelectual de destaque, Joana, alegria irradiante, Rudá de Andrade, historiador da imagem, Heitor, intelectual de peso, Gianfranco, Gustavo, Cacau, Priscila (Madalena) e Darla. À Deus e, por fim, aos meus queridos familiares. À minha avó Terezinha Martins, intelectual orgânica e profeta, ao meu avô, Eugênio Cipriano Leite e Souza (in memoriam), ao pai Evangelo Triantopoulos, às minhas mães Vera Lúcia e Maria da Conceição, pelo legado, à Silone, Vasty e Peu, pela proteção e carinho, às minhas tias e tios: Sara, Márcia, Graça, Fátima, Lega, Moisés, Armando, Valdir, Agnaldo, Márcio, Milton, Frederico e aos meus queridos sobrinhos: Larissa e Alex Martins Matsumura, Thaís Beltrão, Melissa e Henrique Martins Amaro. À Angélica, Alicia e Ester Martins. Aos primos e primas Carol, Daniela, Filipe, Renan, Rubens, Raul, Juninho, Ananda e Israel. 10
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