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189 Pages·1973·17.872 MB·Portuguese
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OS. PENSADORES XX CIAM B ATTISTA VICO PRINCÍPIOS DE (UMA) CIÊNCIA NOVA (ACERCA DA N ATU REZA COMUM DAS NAÇÕES) Seleção, tradução e notas do Prof. Dr. Antonio Lázaro de Almeida Prado EDITOR: VICTOR CIVITA Título original: Principi di una scienza nuova dintorno alia comune natura delle nazioni. l.a edição — outubro 1974 ® — Copyright desta edição, 1974, Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo. Direitos exclusivos sobre a presente tradução, 1974, Abril S.A. Cultural e Industrial, São Paulo. Nota do Editor Quer por sua riqueza, quer pelo arcaísmo da linguagem, o texto de Giambattista Vico oferece dificuldades especiais de tradução. Para contorná-las, o Tradutor inseriu no próprio texto pequenas interpelações, além de utilizar notas de rodapé onde se fazia necessária alguma explicação mais longa. As referidas interpolações estão assinaladas por colchetes. IDÉIA (GERAL) DA OBRA Explicação da Gravura Ilustrativa Proposta no Frontispício E que Serve de Introdução à Obra. Tal como o tebano Cebes procedeu em relação às morais, de modo análogo oferecemos, aqui, à inspeção uma Tábua das coisas civis, que aproveite o leitor para chegar à concepção da idéia desta obra, antes mesmo de a ler, ou lhe sirva para mais facilmente a reter na memória, depois de a ter lido, fazendo uso deste recurso que lhe subministra a fantasia. A mulher de têmporas aladas,- que, altaneira, se sobrepõe ao globo terrestre, isto é, ao mundo da Natureza, é a Metafísica, como já o indica o sentido próprio de seu nome. O triângulo luminoso, em cujo interior se inscreve um olho inspectante, representa Deus, sob o aspecto de sua providência. E é sob esse prisma que a Metafísica, como que em ato de êxtase, o contempla, qual o têm contemplado, até agora, os filósofos, ou seja, por sobre a ordem das coisas naturais. Justamente essa a razão de ela [a Metafísica], nesta obra, elevando-se sempre mais altaneira, contemplar em Deus o universo das mentes humanas, ou seja, o universo metafí­ sico, manifestando assim a sua providência no universo das mentes humanas, que é o mundo civil ou o mundo das naçÕes.tEste, como de seus constituintes, é forma­ do de todas aquelas coisas representadas nesta pintura pelos hieróglifos, que ela mais abaixo exibe. Por isso mesmo, o globo, isto é, o mundo físico e mesmo natural, está apoia­ do apenas num lado do altar: eis que os filósofos, até agora, tendo contemplado a divina providência apenas do ângulo da ordem natural, obviamente nos deram a demonstração de uma só parte dela, justamente daquela mediante a qual a Deus, como a Mente soberana, livre e absoluta da natureza — eis que com seu eterno alvitre nos deu naturalmente o ser e também naturalmente no-lo conserva —, se prestam por parte dos homens, cultos de adoração, mediante sacrifícios e outras honras divinas. Não a contemplaram ainda pelo ângulo mais consentâneo aos homens, cuja natureza tem como principalíssima propriedade o serem eles sociá­ veis. Provendo Deus a esse particular, de tal forma ordenou e dispôs as coisas humanas, que os homens, decaídos da íntegra justiça em virtude do pecado origi­ nal, muito embora intentassem agir diversa e até contrariamente [ao estabelecido] — razão por que, a fim de servirem ao útil, viviam na solidão das bestas feras —, por aquelas mesmas suas vias diversas e contrárias viram-se impelidos pela utili­ dade, na condição própria de homens, a viverem com justiça e a conservarem-se 10 VICO em sociedade, corroborando, assim, suá natureza sociável. Ao longo da presente obra se demonstrará ser essa a verdadeira natureza do homem, existindo, pois, um direito natural. Dessa conduta da providência divina incumbe-se, maximamente, de discorrer esta Ciência, correspondendo ela, sob este aspecto, a uma verdadeira teologia racional da providência divina. Na faixa zodiacal que cinge o globo terrestre, superiores aos demais em majestade e evidência, apenas os dois signos de Leão e da Virgem: como a signifi­ car que esta Ciência, em seus princípios, contempla prioritariamente a Hércules, já que, segundo se constata, cada uma das nações dos antigos gentios fala a res­ peito de um [Hércules] que a fundou, enfocando-o em sua proeza máxima, qual a de haver matado o leão que, a vomitar chamas, incendiara a selva neméia. Ador­ nado com os despojos desse leão, foi Hércules alçado até as estrelas. Tal leão sim­ boliza aqui a enorme selva antiga da terra, à qual Hércules, como protótipo dos heróis políticos, anteriores aos heróis bélicos, incendiou e reduziu à condição de cultura. E isto, por outro lado, assinala também o princípio dos tempos, o qual, entre os gregos (de que herdamos tudo quanto nos resta da gentilidade antiga), co­ meça com as olimpíadas e com os jogos olímpicos, de que se narra ter sido Hércu­ les o fundador. Tais jogos terão tido início entre os neméios, implantados que foram para festejar a vitória de Hércules, obtida a partir da matança do leão, o que dá ainda a entender que os tempos dos gregos começaram a partir do momen­ to em que entre eles teve início o cultivo dos campos.' È a Virgem, que os poetas apresentaram aos astrônomos, descrevendo-a coroada de espigas, dá a entender que a história grega começou pela idade de ouro: já que os mesmos poetas patentemente asseveram haver sido a primeira idade de seu mundo. Nela, e por largo decurso de séculos, os anos enumeraram-se computados pelas colheitas do trigo, reconhecidamente o primordial ouro do mundo. A essa tal idade áurea dos gregos corresponde, a um nível similar, a idade de Saturno dos latinos, assim cognominada a partir da expressão a satis, ou seja, a das semeaduras. Em tal idade de ouro, como no-lo asseveraram explicitamente os poetas, os deuses confabulavam com os heróis sobre a terra: por isso, ao longo desta obra se haverá de mostrar que os primeiros homens da gentilidade, singelos e rudes, em virtude de vigorosa ilusão de robustíssimas fantasias, todas repletas de estarrece- doras superstições, acreditaram piamente ver na terra os deuses. E depois se cons­ tatará igualmente que, em virtude de uniformidade de idéias, já que uns nada sa­ biam a respeito dos outros, entre os orientais, egípcios, gregos e latinos, foram os deuses alçados às estrelas errantes e os hérois, às estrelas fixas. E assim, a partir de Saturno, que é Khrónos para os gregos, sendo khrónos o tempo para os mes­ mos, originaram-se outros princípios para a cronologia, vale dizer, para a dou­ trina dos tempos. Nem te deve parecer inconveniente que o altar esteja sob o globo e a susten­ tá-lo. Mesmo porque se constatará que os primeiros altares do mundo erigiram- nos os Gentios no primeiro céu dos poetas. Estes, em suas fábulas, textualmente nòs forneceram a versão de haver o céu reinado sobre os homens, propiciando

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