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Viagem extraordinária ao centro do cérebro PDF

422 Pages·2010·5.17 MB·Portuguese
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viagem extraordinária ao centro do cérebro JEAN-DIDIER VINCENT viagem extraordinária ao centro do cérebro ILUSTRAÇÕES DE François Durkheim TRADUÇÃO DE Rejane Janowitzer ROCCO Título Original VOYAGE EXTRODINAIRE AU CENTRE DU CERVEAU Copyright © Odile Jacob, outubro de 2007 Direitos para a língua portuguesa reservados com exclusividade para o Brasil à EDITORA ROCCO LTDA. Av. Presidente Wilson, 231 - 8a andar 20030-021 - Rio de Janeiro - RJ Tel.: (21) 3525-2000 - Fax: (21) 3525-2001 [email protected] www.rocco.com.br Printed in Brazil/Impresso no Brasil PREPARAÇÃO DE ORIGINAIS Ana Letícia Lodi PROJETO GRÁFICO E EDITORAÇÃO Fatima Agra CIP - Brasil. Catalogação na fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. V786V Vincent, Jean-Didier, 1935— Viagem extraordinária ao centro do cérebro/Jean-Didier Vincent; ilustrações de François Durkheim; tradução de Rejane Janowitzer. - Rio de Janeiro; Rocco, 2010. Tradução de Voyage extraordinaire au centre du cerveau Apêndice ISBN 978-85-325-2496-6 1. Cérebro - Fisiologia. 2. Cérebro - Localização das funções. 3. Neurofisiologia. I. Título. 09-5694 CDD - 612.8 CDU - 612.8 A Boby Naquet Antes de partir O cérebro é indispensável à vida. A suspensão do seu funcionamento significa a morte do indivíduo. Sabe-se desde sempre que, para matar um homem, basta lhe cortar a cabeça... ou enfiar-lhe uma faca no coração. Do que resultou uma disputa prolongada para se saber onde colocar a sede da alma. Durante muito tempo, o coração pareceu levar a melhor; e, ainda hoje, não são cérebros que os apaixonados gravam na casca das árvores, mas um coração com os dois nomes enlaçados. A vitória final coube ao cérebro. Não é certo que se tenha perdido com a mudança, como se crê com frequência e como mostrará, eu espero, este livro. O cérebro é o terreno do “eu” do corpo. É por ter um cérebro que sente tudo que acontece dentro e por intermédio de seu corpo, com seu quinhão de sofrimento e de prazer, que o homem pode dizer “eu”. E todas as lembranças, todas as maneiras de ser, todas as aptidões e comportamentos usuais que constituem nossa identidade, esse “eu” de que nos guarnecemos, são também produto de nosso cérebro. Mas é preciso não esquecer que é a “você” que o “eu” se dirige, ou seja, a um outro cérebro, voz de uma outra carne a carregar o próprio quinhão de sofrimento e prazer. O cérebro, suporte da individualidade e do “eu”, é, pois, também o do “nós”, da sociedade dos homens. Assim, neste livro, observam-se dois fios de narrativa que muitas vezes se entremeiam. O primeiro é o prazer e seu companheiro, o sofrimento, que governam o conjunto de nossos atos e nossas representações do mundo; o segundo é “o outro”, de tanto que a necessidade e o reconhecimento do outro constituem a essência do humano. O cérebro que assume o destino de cada homem é evidentemente o suporte da inteligência, mas é também a sede de paixões indizíveis e o refúgio da besta ignóbil que às vezes torna o humano desmerecedor de apreço. Agente a serviço da inteligência, fundamento de uma parte de nossa liberdade, ele faz a lei dentro do corpo, e nenhum espírito superior lhe dita suas decisões ou suas inclinações. Mas essa carne, sobre a qual ele reina sem reserva, exerce sobre ele, de volta, uma ascendência de que não pode se desfazer, coagido que é por suas necessidades, desejos e carências. Como todos os tiranos. Acreditamos frequentemente romper com o velho dualismo do corpo e da alma contentando- nos com substituir esta última pelo cérebro. Como se ele, sede de nossa inteligência, nossa identidade, nossa grandeza, isolado dentro de nosso crânio, não fosse parte integrante de nosso corpo, como se ele não fosse a princípio e antes de tudo a chave de nossa encarnação. Dualismo mais uma vez, de cujo ranço espero ter purgado este livro. É a razão pela qual, como se verá, eu insisti mais sobre aquilo que, no cérebro, está mais relacionado às funções elementares da vida do que às nossas “faculdades intelectuais”. Nós falamos, pensamos, escrevemos livros ou sinfonias; mas mesmo essas produções “superiores” só são possíveis por sermos seres de carne, que sentem, que experimentam prazer e dor. O cérebro não é uma entidade desencarnada que representa para si o mundo; não é um computador que controla milagrosamente a máquina do nosso corpo. É o centro de nossa ação no mundo. E é este cérebro que eu lhes proponho visitar. Não esperem encontrar o “espírito” pelo caminho. O espírito nunca está onde é esperado. “E a alma, Brigitte?”, perguntava-se em um de seus livros o eminente professor Jean Bernard. Brigitte sempre procura a resposta; ela se casou e teve filhos. Quanto aos técnicos em imagens cerebrais que quase pretendem nos forçar a ver o “pensamento” em ação nos neurônios, eu lembrarei que um mapa não é um território e que uma imagem não é um espírito. O grande psiquiatra suíço Auguste Forel, em L’Âme et le système nerveux [A alma e o sistema nervoso], afirmava que “a alma e a atividade do cérebro vivo são uma única e mesma coisa”. É o ponto de vista que adotarei até prova em contrário, ou seja, enquanto não se provar que existem almas sem cérebro e cérebros vivos sem alma. É um cérebro completamente ativo que quero fazer vocês descobrirem. Como uma catedral dessas pode caber dentro dos 1.5oo mm3 de um crânio humano? Vai compreender esse mistério! Não surpreende que o cérebro continue a inspirar uma espécie de assombro sagrado e desconfiança. Sua descoberta e sua exploração são posteriores às da América. Anteriormente, essa terra incógnita estava entregue somente à especulação e à superstição. Intocável quase. Ainda é frequente não se admitir sequer que nossas crianças estudem o cérebro. Complicado demais, argumenta-se. Contudo, não é um absurdo recusar- se a conhecer o funcionamento de um instrumento que nos serve para agir, para amar, para conhecer? Um pouco como se fôssemos ao Egito sem visitar as Pirâmides, como se atravessássemos Roma evitando o Coliseu ou Atenas desviando os olhos da Acrópole. Eis o que me levou a propor uma espécie de guia de viagem ao interior do cérebro. A caminho, pois, do cérebro, capital e sede do governo com suas múltiplas instituições, ministérios, conselhos e tribunais que fazem funcionar o corpo. Visitaremos locais célebres como a área de Broca, onde a palavra é soberana, lugares da moda como o hipotálamo e seus centros de prazer, locais de memória como o hipocampo. Iremos aonde são satisfeitos nossos desejos mais simples como comer, beber e dormir, ou a outros territórios menos confessáveis. Tentaremos percorrer passagens secretas, entreabrir portas condenadas. A excursão não é desprovida de riscos; será bom estar preparado para saber reagir de forma consequente. O cérebro às vezes está doente, podendo se tornar a causa de toda espécie de transtornos sobre os quais o viajante precisa estar informado. O cérebro cuja visita lhes proponho é o nosso cérebro, único no seu gênero e contudo parecido com todos os outros. Melhor conhecê-lo permitirá a vocês conhecerem-se melhor e aprenderem a “gerir” as relações de seus corpos com suas “cabeças”. Um cérebro doente pode ser tratado e pode curar-se. Este livro tem também por vocação ajudar os que sofrem. “Conhecer o próprio cérebro para respeitar suas regras de higiene”, concluía Auguste Forel, “é o dever de cada um em relação à sua alma.” Adiante, pois. E antes de descobrir um pouco mais a respeito dos lugares onde dormir, comer e beber, e para saber onde e como perambular pelos lugares importantes, começamos por um pouco da geografia desse estranho país que existe dentro de nós. Alguns elementos também sobre seus habitantes. As mentes mais curiosas encontrarão no apêndice uma pequena história da descoberta dessa região e das disputas que a balizaram. Convidados, aqui e ali, virão também se juntar a nós e nos guiar para visitar um ou outro sítio.

Description:
Prepare-se para conhecer profundamente o mais complexo órgão do corpo humano. Exercendo influência direta sobre todos os demais órgãos e responsável por concentrar e controlar nossos desejos, medos, prazeres e nossa memória, o cérebro tem seus mistérios desvendados pelo autor Jean-Didier Vi
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