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Vertigens de Junho: os levantes de 2013 e a insistência de uma nova percepção PDF

316 Pages·2018·3.543 MB·Portuguese
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Vertigens de Junho: os levantes de 2013 e a insistência de uma nova percepção miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 1 06/09/2018 18:16:44 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 2 06/09/2018 18:16:44 Alexandre Mendes Ve r t i g e n s d e J u n h o : o s l e v a n t e s d e 2 0 1 3 e a i n s i s t ê n c i a d e u m a n o v a p e r c e p ç ã o Rio de Janeiro, 2018 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 3 06/09/2018 18:16:44 Vertigens de junho: os levantes de 2013 e a insistência de uma nova percepção Mendes, Alexandre isbn: 978-85-518-XXXX-X 1ª edição, setembro de 2018. capa e editoração eletrônica: Talita Almeida Editora Autografia Edição e Comunicação Ltda. Rua Buenos Aires, 168 – 4º andar, Centro rio de janeiro, rj – cep: 20070-022 www.autografia.com.br Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução deste livro com fins comerciais sem prévia autorização do autor e da Editora Autografia. miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 4 06/09/2018 18:16:44 SUMÁRIO Prefácio (de Alexandre Magalhães). ............................................7 Introdução ...................................................................................13 2018 • Levantes: o caminho que é o deserto ....................................29 • Junho de 2013: das trincheiras ao trabalho das linhas ........47 • O que podem as máscaras e as bandeiras? Uma leitura do livro The mask and the flag, de Paolo Gerbaudo. .....................................................................115 • Pensar o Pós-Junho de 2013 com Eder Sader: a travessia de um pensamento ..................................................141 2015 • O dia 16 de março no Morro dos Cabritos ...........................165 • A esquerda que venceu ............................................................175 • Ocupações estudantis: novas assembleias constituintes diante da crise? ...........................................................................195 • O poder de Junho de 2013 e o direito à cidade ..................227 • Vertigens de Junho ...................................................................249 2013 • A atualidade de uma democracia das mobilizações e do comum .................................................................................259 • A ética do anonimato, a vida da filosofia e as máscaras do poder. ..............................................................275 • Vai ter Copa do Mundo no Brasil? .........................................283 Conclusão ....................................................................................290 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 5 06/09/2018 18:16:45 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 6 06/09/2018 18:16:45 Prefácio De início, gostaria de agradecer a oportunidade de prefaciar o livro de Alexandre Mendes por dois motivos: em primeiro lugar, pelo autor ofe- recer os percursos de uma reflexão crítica do cenário político carioca e brasileiro pós Junho de 2013, através do que chamarei aqui de mo- dulações produtivas do pensamento, de uma forma de pensar as dinâmi- cas políticas e sociais concretas de maneiras que evitem o engessamen- to, o aprisionamento intelectual e uma postura tão comum nos dias atuais entre alguns “intelectuais”: os de cães de guarda do poder. Em segundo lugar, por me permitir, ao longo de todos esses anos que nos conhecemos – desde as lutas que travamos contra as remoções de fa- velas (uma das expressões do consenso autoritário que Junho de 2013 de alguma forma quebrou) –, reelaborar formas de pensamento e en- gajamento político. De alguma forma, o que venho aprendendo com Alexandre nesses anos todos se encontra condensado de maneira inte- ligente, refinada, densa e elegante, sem perder a potência crítica, ao lon- go desse livro. Como o leitor terá oportunidade de desfrutar, Junho de 2013 emer- ge como um ponto de inflexão fundamental em nossa história políti- ca recente e que alterou sobremaneira os modos de compreensão das disputas políticas e sociais que se desenrolam no país desde então. De alguma forma, para o autor, Junho de 2013 – em seus efeitos e conse- quências as mais diversas – se transformou na medida em que nos per- mite dar conta de um intenso processo de transformação política e so- cial atualmente em curso no Brasil. Vertigens de junho • 7 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 7 06/09/2018 18:16:46 É possível afirmar que Junho de 2013 foi uma explosão multitudi- nária, um conjunto de movimentos/movimentações cujos contornos eram – propositadamente – imprecisos; Um pequeno terremoto que, se não transformou por completo nosso sistema político e social, produ- ziu importantes brechas que até hoje – e apesar do violento processo de restauração e dessubjetivação – ainda nos permitem vislumbrar saídas às diferentes crises forjadas que temos diante de nós. Aquele acontecimento, ou acontecimento de acontecimentos (para usar a arguta observação de Bruno Cava), forjou-se por um grande en- contro de uma multiplicidade de experiências, demandas, exigências, histórias e trajetórias, o que Alexandre denomina de “mobilizações dia- gonais”. Uma combinação de forças contestatórias de origens muito dis- tintas, de uma indignação que atravessava (e ainda atravessa) a socie- dade como um todo e que explodia, principalmente, contra o sistema político e econômico sustentado por um grande arranjo de saque vio- lento e corrupto das riquezas e das vidas de milhares de pessoas. Como Alexandre afirmará nos artigos que compõem a última unidade do li- vro, referentes às análises feitas ainda no calor dos acontecimentos, a quebra do consenso autoritário e tecnocrático – como ele denomina a configuração política que então vigorava – teve como palco principal, como terreno de luta fundamental a cidade, espaço-tempo no qual se permitiu visualizar a transmutação de uma composição social que não podia mais ser colocada meramente nos termos tradicionais de classe, da classe trabalhadora, mas de uma composição social heterogênea que envolvia (e envolve) subjetividades múltiplas. Junho de 2013 nos mostrou, como Alexandre afirma ao longo do livro, o quanto as formas de representação tradicionais, bem como o aparato administrativo-burocrático haviam se ossificado e se fechado. Nesse sentido, outros caminhos tiveram de ser construídos, em ato, no cotidiano, para que aquelas vozes, anseios e desejos fossem ouvidos e processados. Aquela multidão de vozes e corpos desejantes conseguiu abrir brechas, produzir fissuras na densa crosta que envolvia o sistema 8 • Vertigens de junho miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 8 06/09/2018 18:16:46 político nacional, obrigando seus operadores a dar alguma satisfação naquele momento. Muitas linhas e caminhos foram produzidos a par- tir daquele instante, alguns deles bloqueados ou simplesmente destruí- dos posteriormente. Contudo, alguns ainda insistem em nos mostrar todo um campo de possibilidades, todo um conjunto de experimenta- ções de inovação democrática, de produção de novas formas de existir. Naquela ocasião, e mesmo posteriormente, nenhum esquema teó- rico e/ou arranjo político tradicional foi capaz de compreendê-lo e/ou controlá-lo, deliberadamente ou por pura incapacidade. Junho de 2013 foi um conjunto de experiências que transbordou por todos os lados, que produziu articulações e composições as mais variáveis que atraves- saram e questionaram os modos até então hegemônicos de gestão da vida comum. Expressou uma brecha, uma fissura num suposto consen- so produzido pelos condutores do consórcio Estado-Mercado (à esquer- da e à direita) que pretendiam produzir o “Brasil Maior” (a fórceps). O grande desafio colocado pelo livro não é somente o de encontrar as ferramentas analítico-conceituais mais adequadas para compreender os acontecimentos políticos que vêm rompendo e reorganizando o gra- diente a partir do qual se compreendia a política e a vida. Mas, sobretu- do, como pensar a produção de linhas de fuga que nos permitam con- ceber outros caminhos, outras linhas de vida. As reflexões de Alexandre nos colocam diante de um conjunto de dilemas para os quais não só não temos respostas prontas e pré-constituídas, como estas apenas vi- rão de um movimento de êxodo, de um lançar-se ao deserto, e se expor em um espaço (conceitual e existencial) completamente aberto e cujas ancoragens anteriormente seguras deixaram de existir e operar. Enga- na-se quem considerar tal assertiva a defesa intransigente de um modo de vida niilista. Pelo contrário, Alexandre nos convida a pensar formas de existência, modos de existir que se forjem no próprio movimento de habitar um caminho de vida. Já nos primeiros artigos, demonstrando o que denominei acima de modulações produtivas do pensamento, Alexandre aponta para uma trans- Vertigens de junho • 9 miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 9 06/09/2018 18:16:46 mutação das suas formas de compreensão do cenário político e seus inúmeros jogos de força, sem, contudo abandonar algumas linhas já atravessadas e alinhavadas anteriormente. Nesse momento, o autor bus- cará analisar a política através de uma “estética da política”, articulando autores como Deleuze, Blanchot e Rancière, para pensar como os mo- dos próprios de organização da percepção se alteraram a partir de Ju- nho de 2013. Seu objetivo – e talvez aí resida a grande contribuição deste livro – é pensar como as inúmeras lutas que se combinaram na- quele momento causaram e continuam causando mudanças na própria forma de perceber o real. Junho de 2013, nesse sentido, atuaria como uma desorganização da percepção, de uma transformação de certo regi- me do sensível, que diz respeito diretamente a determinados modos de existência, com os modos através dos quais nós vivemos. Transversalmente, o caminho escolhido por Alexandre ao longo do livro pode ser compreendido como um esforço de uma tomada de fô- lego diante das inúmeras formas – políticas, sociais, econômicas e teó- ricas – de sufocamento que insistem não somente em reduzir a expe- riência – de vida, política, conceitual – a esquemas pré-ordenados, a diagramas pré-estabelecidos, mas a impedir que outros modos e formas de vida possam emergir e se afirmar enquanto tais. Os textos que compõem este livro nos apontam como setores signi- ficativos da esquerda e do mundo acadêmico passaram a ignorar siste- maticamente as nuances, contradições, paradoxos e ambiguidades que atravessam e constituem, necessariamente, os diferentes fenômenos so- ciais e políticos. Uma forma de comportamento político e conceitual que ignora, deliberadamente, os jogos de forças que posicionam, sem- pre contingencialmente, os diferentes sujeitos (coletivos e individuais) na cena pública. O empenho tem sido em forçar a realidade a caber em narrativas preelaboradas (“o golpe”, “a CIA” ou qualquer outra fantasmagoria) que servem apenas para intensificar e fortalecer, ao mesmo tempo, o autoi- solamento e a própria impotência diante dos acontecimentos. O resul- 10 • Vertigens de junho miolo-vertigensdejunho-06092018.indd 10 06/09/2018 18:16:46

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