HE&TICOS E IMPUROS a Inquisi~iioe os cristRos-novos no Rio de Janeiro seculo XVIII FIXFEITCrM DA CIDADC DL) NO DE JANEIRO Ccsar Maia SECKTARIA MIJNICIFAL DF. CULTLIRA Helena Scvcro DEPARTAMENTO GGRAL DE DOCIJMENTACAO E INFOWC.&OC LILTURAL Vera Mangas DIVISiiO DE EDITORACAO Diva Maria Dias Graciosa CONSELMO EDITORIAL Vera Mansas Cpm.idcntc), Renato Cordeiro Gomes, Luciano Raposo de Almeida Figueiredo, Heloisa Frossard, Alexander Nicolaeff, Anna Maria de Andrade Rodngues, Alexandre Nazareth, Diva Maria Dias Graciosa co~~sslio JLlLGAnORA DO FRh410 CARIOCA DE MONOGMFIA 1994 Heloisa Frossard (presidoltc),R enato Cordeiro Gomes, Margareth da Silva Fereira, Gra~aS algado e Meloisa Ruarque de Hollanda P&MIO CARIOCA DE MO NOGRAFIA 1994 z0 P&MIO HE&TICOS E IMPUROS a Inquisi~Boe os cristBos-novos no Rio de Janei,, sPcul0 XVIII COLEiAO Bblotm cdrloca Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro Secretaria Municipal de Cultura Departamento Geral de Documentaqlo e Informa~ZoC ultural DivisZo de Editoraciio Colr~RoR iblioteca Carioca \'ol~ullc S!) Serie Fublicaqio Cientifica Copvrisllt C 1995 1v.Lina Gorc~~st~Fe.l~-rnei ra da Silva Pireitos desta ediqRo rcservados ao Dcyi~rtarnelltoG cr;~dl e Documcnta~Roe Informaq2o Cultural da Secretaria Mun~cipald e C~~lt~ura. F'ri~lt~,tlif;nr c7zil/ Imprcsso no Rrasil I,Cf?,\' $5 - S.iScS4 - (1s - 8 FREhlIO CARIOCA DL hlC7NOGFb\Fl!\ 1994, 2" pr?m~o EdiCRn e revisgo de testo DlvisAn de Editora~3oC: t;lia Almcidn Cotrutn, Diva hlnria Dias Gracioszt. Eliz;~hetluL oboda e Roqemary de Stqucira Ramos Estns~;irlos:. +\dr~:inF;~ra g3, Ed~tarclo'f ii\rares, Lilian Sal\.atore Olivcira, h4ar1;l 1.11iza Oli\,c~rae Sllvi;~F astorc Lopolnarca da cole~fio Rosanda R~beiro Arte-f~nald o miolo Valcntin de Carvalho catalo?a@o. Diretoriade RihliotecnsCiDGDI <Ill' !3S I ?!i Divisiio de EditoraqBo CIDCDl RLIA~m oroso Lima no 15. sala 112 - Cidade Nova 2021 1-120 Rio de Saneiro - RS Tclefone (021 ) 273 3 14 1 Telefas (021 ) 273 4582 FREFACIO,9 NOTA DA AUTOFLI, 15 HER~TICOSE IMFLrROS, 17 INTRODUCL;\O. 19 1.0 FALCO DOS ACONTECIMENTOS, 27 2. A VIDA URRANA, AS FROFISS@ES, O COTIDIANO, 41 3. OS ENGENHOS, OS FARTIDOS E OUTROS NEGOCIOS, 59 4. UMA FAM~LIAC RISTA-NOVA: OS RARROS, 81 5. A IGREIA CONTRA O JUDA~SMO, 101 6. DELAC.&O E CONFISSAO: UM ENIGMA A DESVENDAR, 1 1 5 CONCLUSAO, 127 FONTES E RIRLIOGMFIA, 131 ANESOS, I 53 Tombo, folheando milhares de pag inas de manuscr. itos refer1e ntes a historia da Inquisiq%oe dos persesj uidos no Brasil co lonial, esl2 antou- me que a historiogwfia brasileira te nh a dadc1 t%op ouca atenq%cI a essa riquissima fonte para a compreens%od a sociedade e do pensamento na epoca colonial. Surpreendeu-me tambem que esta vasta docu- mentaq%on %os e encontrasse ainda em nosso pais, acessivel aos interessados e estudiosos. , Capistrano de Abreu, Rodolfo Garcia, ~arnha~een o utros historiadores brasileiros chamaram a atenq%o, nas suas pioneiras publicaqbes, para a importancia dessas fontes inquisitoriais, mas suas mensagens n%oti veram eco. Apenas uma pequena elite intelec- tual incorporou esses estudos na sua interpretaq30 da historia do Brasil, e a origem judaica dos antigos brasileiros tornou-se um tema exoticc3 , ventilac Jo nos p~? quenos! g rupos ml ais culto: j e esclar ecidos. f \ maioria dos acadI emicos E! historiacj ores nic1 tomou co nheci- mentoI desse tema, rep etindo muitas L' ezes enI seus E? scritos discrepancias como a de que o Brasil n%ot eve Inai~ isi$%on,3 0 teve racismo, e foi modelo de democratc ia. Bela: que est& I sendo gradativamente depostas. Na decada de 60 iniciaram-seos prime~rosp assos na direq%od e uma investiga@o sistematica da Inquisi@o, mas os estudos feitos, apesar de seu merito, n%oa lcanqaram resultados satisfatorios, pois o fen6meno Inquisiq%oe suas principais vitimas, os crist%os-novos, permanece ainda pouco pesquisado e ma1 compreendido. Por que raz%oh istoriadores brasileiros e portugueses negligen- ciaram as pesquisas sobre o Tribunal da Inquisiqio em Portugal, quando sobre a Inquisiq%oe spanhola e os conversos foram feitos numerosos estudos nos llltimos anos? Escreve-se sobre a cultura brasileira sem mencionar a presenqa de judeus nem as consequen- cias da a~%ionq uisitorial na colbnia. Falta de conhecimento? Preconceito? Dificuldades para chegar as fontes? Darcy Ribeiro, por exemplo, acaba de publicar Opovo brasileiro - a forma@o e o sentido do Brasil (Companhia das Letras, 1995), onde os colonizados, indios, negros ocupam um espaCo consideravel, mas ignora totalmente a presenCa da populaq%oc rist3-nova, que, segundo pesquisas que est%os endo realizadas, pode ser avaliada como constituindo 20% da populaq%ob ranca e livre da Bahia, do Rio de Janeiro e da Paraiba. Sobre as outras regides ainda n3o podemos precisar a porcentagem, aguardando o resultado das pesquisas em andamento. Faz apenas uma referencia ao Santo Oficio, en passant, sem dar absolutamente seu significado para a vida colonial. A Inquisi$%ov eio buscar no Brasil n%os omente os judaizantes, mas, como ja escrevi anteriormente, os crist%os-novose seus bens. Foi o fato de estes pertencerern a uma camada rica da sociedade que levou os inquisidores a se voltarem para o Brasil. 0s documentos referentes a Inquisi$30 no Brasil est%o atual- mente sendo estudados por uma equipe de pesquisadores do Departamento de Historia e do Centro de Estudos Judaicos da Universidade de S%o Paulo, que se concentram sobre diferentes regides, visando compreender o fen6meno dentro do context0 social colonial, sem contudo desprende-lo da conjuntura mundial. Esses estudos acompanham fielmente a ideia do saudoso Lourival Gomes Machado, que sempre repetia: "sem os estudos dos crist%os-novose dosjesuitas n3o podemos escrevera historia do Brasil". 0sr esultados da investigaq30 nas fontes inquisitoriais s%oi mprevisiveis e a maior surpresa veio quando, examinando a correspondencia que os inquisidores enviaram para o Brasil, encontrei os jesuitas como agentesde confian~ad oTribunal. lsso surpreende ainda mais quando lembramos que, no mesmo periodo em que a Companhia de Jesus e os dominicanos, representantes da Inquisiq30, eram inimigos em Portugal, no Brasil os irm3os de Loyola serviam o Santo Oficio. Esse fato abre uma nova faceta para o estudo da Companhia de Jesus, que aparece entZo com toda sua diversidade e contradi~des. Foi ao sentir o interesse dos alunos de pos-gradua@o pela pesquisa e pelos estudos inquisitoriais que elaborei um projeto visando resgatar essa historia acumulada durante tres seculos em registros altamente secretos, e conhecer os bastidores da historia do Brasil, onde os crisMos-novos desempenharam papel fundamental, tanto do ponto de vista econbmico como no campo das ideias. N%o temos ainda elementos suficientes que nos permitam
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