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Untitled - Intervenção urbana PDF

205 Pages·2012·1.79 MB·Portuguese
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Índice AUTECHRE: MÁQUINAS DESEJANTES Franco Ingrassia PÁGINA - 26 [´pfemf]: O SOM DOS OBJETOS CAMINHANDO ATRAVÉS DO SOM Por Gonçalo Falcão David Toop PÁGINA – 7 PÁGINA – 28 A GERAÇÃO INVISÍVEL DE NIETZSCHE AO TECHNO Brion Gysin Manifesto pelas máquinas-pensamento vindouras, para G. Deleuze e J.P. PÁGINA – 10 Manganaro Richard Pinhas A PIOR ESCOLA DE SAMBA DO MUNDO José Chrispiniano PÁGINA –33 PÁGINA – 16 “EL NOMBRE DEL HOMBRE ES PUEBLO”: ALEC EMPIRE - POLÍTICA E VIOLÊNCIA AS REPRESENTAÇÕES DE CHE GUEVARA NA CANÇÃO Raquel Pinheiro LATINOAMERICANA Mariana Martins Villaça PÁGINA - 20 PÁGINA - 40 AS RÁDIOS LIVRES EM DIREÇÃO A UMA ERA PÓS-MÍDIA Felix Guattari EM POTENCIAL, SEM REALIDADE PORÉM... Walter Smetak PÁGINA – 24 PÁGINA – 51 3 ESCULTURAS SONORAS GLÔBAL Counterforce Alexandre Matias PÁGINA – 94 PÁGINA – 56 GUERREIROS ACID Drew Rogas ESCUTANDO AS PAISAGENS SONORAS URBANAS - Uma escuta nômade PÁGINA – 96 PÁGINA – 58 JÁ OUVIU FALAR EM BATALHAS DE LAPTOP? - Produtores viram gladiadores em busca do live PA perfeito ESQUIZOFONIA Jamille Pinheiro R. Murray Schafer PÁGINA – 101 PÁGINA – 66 LIVE 8: O IMPERIALISMO FAZ UM ATAQUE IDEOLÓGICO EM GRANDE ESCALA AO MOVIMENTO ANTIGLOBALIZAÇÃO ESQUIZOPATHOLÓGICA: MÚSICA Roberto Delgado Felipe Pires Ribeiro PÁGINA – 103 PÁGINA – 68 LIVE AUDIO CODING GEOTEC - Música, tecnologia e novos nomadismos Gabriel Pillar Rui Eduardo Paes PÁGINA – 106 PÁGINA – 87 4 MAESTROS ELÉTRICOS NO WAVE, INCONFORMISMO À FLOR DA PELE Simone Muniz Fernando Naporano PÁGINA – 123 PÁGINA – 108 O SOM COMO INTERFACE MÚSICA DE SONHO David de Oliveira Lemes La Monte Young PÁGINA – 124 PÁGINA – 110 O SOM POLÍTICO DE MATTHEW HERBERT Guilherme Werneck MÚSICA EXPERIMENTAL A PARTIR DE BRINQUEDOS ELETRÔNICOS PÁGINA – 127 Liana Brasil PÁGINA – 111 OPERADORES PÓS-MÍDIA Howard Slater/Flint Michingan/Eddie Miller @ Break/Flow MÚSICA, PERCEPÇÃO E FRACTAIS Emanuel Dimas de Melo Pimenta PÁGINA – 132 PÁGINA – 112 OS CYBERMANOS E A PERIFERIA GLOBALIZADA Vladimir Cunha NEUROTRANSMISSÃO, MÚSICA ELETRÔNICA E RITOS URBANOS Marcelo Apontes PÁGINA – 136 PÁGINA – 119 5 PAISAGEM SONORA DA GUERRA PUNK ROCK FEITO NA HORA Daniel Maggiolo Robert Andrews PÁGINA – 139 PÁGINA – 156 PAULO NENFLÍDIO E ENGENHOCAS SONORAS SILVER APPLES A Gentil Carioca Web Ed Eu e Alexandre Matias (Trabalho Sujo) PÁGINA - 140 PÁGINA – 158 SINTOMAS DE UMA CONTAMINAÇÃO SONORA PODCAST - EMISSÃO SONORA, FUTURO DO RÁDIO E CIBERCULTURA Ricardo Rosas André Lemos PÁGINA – 163 PÁGINA – 142 SOM CIRCUNDANTE POLÍTICAS POP Paul D. Miller Rebelião Punk, Pop-subversão, Tecno-dissidência e outras batalhas perdidas PÁGINA – 165 Oliver Marchart SONORIDADES PÁGINA – 146 Fundação Iberê Camargo RÁDIO RADICAL PÁGINA – 170 Murray Schafer PÁGINA – 149 SONS DE RESISTÊNCIA Robin Ballinger PÁGINA – 174 6 SOUNDESIGN Lucília Borges PÁGINA – 190 TERNURA DIGITAL Vítor Belanciano PÁGINA – 197 TERRE THAEMLITZ: KARL GRRL Major Eléctrico PÁGINA – 200 TRANSFORME O RUÍDO DO SEU BAIRRO EM UMA SINFONIA – Uma jaqueta informatizada transforma o ruído ambiente das cidades em música eletrônica Angel Jiménez de Luis PÁGINA – 201 UM MANIFESTO DO MICRO RÁDIO Tetsuo Kogawa PÁGINA – 203 7 [´pfemf]: O SOM DOS OBJETOS diferente. O cantochão foi escrito para este espaço acústico e soa melhor Por Gonçalo Falcão nele. Pela mesma razão, a música de câmara foi escrita para um espaço privado e soa descontextualizada num ambiente muito reverberativo. O homem vive e sempre viveu num mundo visual. A visão domina a experiência sensorial humana do mundo. Tudo o que apreendemos por As ferramentas são extensões humanas e chamam a atenção dos meio dos outros sentidos tem uma influência menos determinante. potenciais usuários para as possibilidades do seu uso bem como do seu Metade da capacidade do nosso cérebro é usada no processamento das grau de importância e da consistência do seu grupo de utilizadores. Assim, impressões visuais. só pelo simples fato de existirem e de terem sido destinados a alguma função, os objetos informam sobre as tarefas inerentes à cultura da Contudo, o som é um dos meios mais importantes de que dispomos para sociedade onde são produzidos. transmitir informação e adicionar-lhe nuances expressivas, como por exemplo o tom da voz. O som adiciona música à vida. A maior parte das ferramentas produz som simplesmente pela execução das funções para que foram destinadas: o batente da porta de um carro O som pode ainda conter uma experiência planejada sem qualquer ou o clique de um interruptor. Estes sons são uma necessidade mecânica. mensagem: a música, uma linguagem que se significa a si mesma, Não são um elemento planejado do produto. No entanto não são ruído. contrariamente à linguagem da fala. A música é uma linguagem não- Ruído é o som indesejado. Por definição o som é a variação da pressão verbal compreendida por todos. Não necessariamente da mesma que pode ser apreendida pelo ouvido humano. É ainda possível medir maneira. De formas diferenciadas e a diferentes níveis, mas sempre com sons fora do alcance da nossa percepção - ultra e infra. o som como meio. O ouvido humano está continuamente a perder a sua capacidade de O ouvido não favorece a existência de um «ponto de vista». Somos recepção. O aumento do nível do volume geral provocou um aumento do envolvidos pelo som. Ouvimos sons em todo o lado sem a necessidade de grau mínimo do estímulo acústico e/ou o aumento e acumulação de sons os focarmos. Vêm de todas as direções e não os podemos desligar. Talvez requer a «anestesia» do sentido da audição de forma a poder enfrentar por não termos pálpebras nos ouvidos a música pode interferir conosco descargas acústicas permanentes. Um dos dados históricos que tenho de uma forma muito mais visceral. O mundo da audição é um envelope de maior dificuldade em reconstruir é a acuidade auditiva de quem viveu relações simultâneas, enquanto que o mundo da visão é sequencial. num mundo cujo volume geral era significativamente inferior ao atual. O som é uma das dimensões principais dos edifícios, estudada pelos Ouvir não significa só a detecção de variações do volume de som, permite arquitetos desde há milênios. O anfiteatro não só cumpre funções visuais também experimentar a origem e a sua distribuição no espaço. Isto deve- - distâncias e linhas de visão - mas também suporta a imagem sonora e a se ao fato de termos dois ouvidos e porque o som chega até eles com transmissão do som. A igreja tem um perfil acústico completamente diferentes tempos e intensidades. O som é uma sensação, e portanto 8 sofre variações de acordo com gostos pessoais. O ouvido treina-se e fabricantes japoneses dedicaram uma atenção especial até conseguirem educa-se. que as portas dos seus carros batessem como a de um Mercedes. Tal como a forma, a cor, a escolha dos materiais e a superfície, o som é A Volkswagen exibiu num anúncio de 1998, em letras pretas sobre uma uma dimensão do design. Porque é parte determinante da maneira como página branca, a inscrição ['pfemf]. Este é o som da porta de um Passat ao experimentamos um produto ou comunicação, o som tem que fazer parte bater e fala-nos imediatamente de precisão, credibilidade e qualidade. A do projeto do produto ou comunicação. No entanto, é raro os designers BRAUN fabrica secadores de cabelo e aparelhos de barbear. A companhia de produto ou de comunicação trabalharem diretamente e tentou tornar os secadores mais silenciosos para aumentar a idéia do seu conscientemente com o design do som. O som raramente é abordado nas valor. No entanto, a BRAUN não fez qualquer tentativa de silenciar os escolas superiores de design e a bagagem auditiva dos alunos é, não raras aparelhos de barbear. De acordo com a companhia, os clientes não vezes, vulgar. ficavam convencidos que a máquina barbeasse. A formação auditiva de um designer é um elemento estrutural da sua A IBM tinha já cometido o erro de investigar para abolir o ruído capacidade prática. Esta formação é dois tipos: por um lado técnica, operacional das máquinas de escrever. O objetivo era o de reduzir o ligada ao estudo da acústica e das propriedades sonoras; por outro lado barulho dos escritórios e contribuir para um ambiente de trabalho mais cultural, de apreciação dos sons e da música. No entanto, a História da amigável. O modelo 6750 foi lançado nos anos 70 e os utilizadores não Música nem sequer faz parte dos programas de História da Arte. gostaram; nunca sabiam se a máquina estava a trabalhar ou não, por isso a companhia introduziu discos elétricos Piezo para reproduzir o barulho O som de um produto contém informação importante sobre a sua funcional. Este foi o primeiro produto que continha som artificial para qualidade e estado, e pode por si só ser um elemento de prazer ou reproduzir aquele que tinha sido laboriosamente eliminado. desconforto para o usuário e para outros. A teoria que diz que a função de um produto é crucial para a determinação da sua forma deve ser Em alguns produtos, como gravadores de som digitais ou câmaras de considerada uma ideologia, portanto guerrilheira (do funcionalismo e do vídeo, o barulho operacional tem que estar o mais próximo possível do racionalismo), porque a forma de um produto diz respeito a todas as suas inexistente para não interferir com o som gravado. funções, incluindo aquelas que não têm nada que ver com a função do objeto enquanto ferramenta. O reconhecimento do som e da fala é uma das áreas fundamentais de investigação na «inteligência artificial». O aperfeiçoamento do som virtual O pulsar grave de uma Harley-Davidson contribui para a personalidade da é uma das linhas mestras da indústria de instrumentos musicais. A moto. Os técnicos cultivaram este som ao longo de anos e o fabricante interação entre o som e a imagem é um dado fundamental para a patenteou-o numa série de países como parte do produto. A indústria construção da realidade virtual e ainda nos reserva puzzles automóvel foi a primeira a aperceber-se do potencial do som, e os interessantíssimos como o chamado efeito McGurk (H. McGurk e J. 9 MacDonald): se mostramos uma imagem de uma cara a dizer «ga-ga» Marshall McLuhan/Quentin Fiore, The Medium is the Message. acompanhada pelo som «ba-ba» ouvimos com os olhos fechados Hardwired: San Francisco [1ª ed. 1967] 1996. obviamente «ba-ba», mas com os olhos abertos «cha-cha», incapazes de Dafeldecker/Fussenegger, Bogengänge [libretto]. Durian CD, 1995. nos abstrairmos do som, por muito que tentemos. André Boucourechliev, Le langage musical. Fayard: s.l 1993. Augusto Morello, discurso na BEDA Conference.[1997] O som está não só nos ouvidos como nos olhos e deve ser incorporado Odile Vivier, Varése. Solfèges/Seuil, s.l. 1973. pelos designers de comunicação e industriais. A.A.V.V., Contemporary Composers on Contemporary Music: Elliott Schwatz, Barney Childs and Jim Fox. Da Capo Press: New York 1998. O compositor do século XX vê a sua função de uma forma que contém muitas afinidades com a do designer: o seu objetivo é fazer alguma coisa Texto extraído do Flirt Online (www.ip.pt/flirt/), e-zine português de (da mesma forma que um artesão profissional) tão bem quanto conseguir. cultura. Hindemith impôs a idéia da Gebrauchsmusik, da música utilitária, para usos específicos e situações particulares. É uma visão tão válida como a Romântica da composição como a sublimação da obra de arte, sendo um retorno a uma idéia anterior, presente desde a Idade Média até Beethoven, que assume o compositor como um membro útil à sociedade, em vez de uma personalidade excêntrica, distanciada dos seus contemporâneos. O som e a música encerram dimensões e idéias que enriquecem o projeto e ajudam a ver mais longe e socorro-me de uma frase de Edgar Varèse para me justificar: «Há sempre uma incompreensão entre o compositor e a sua geração. A explicação habitual deste fenômeno é que o artista avança em relação à sua época, mas esta parece-me absurda. De fato o criador é, de uma maneira particular, o testemunho da sua época; então, é porque o público - pela sua disposição e experiência - está cinquenta anos atrasado que há este desacordo entre ele e o compositor.» Bibliografia: Jens Bernsen, Sound in Design. Dansk Design Center: København 1998. 10 A GERAÇÃO INVISÍVEL sonora de rajadas de metralhadora parecem petrogrado em 1917 você Brion Gysin pode ampliar este experimento utilizando materiais gravados mais ou menos apropriados à sequência visual pegue por exemplo um discurso político televisivo corte o som e substitua por outro discurso que já tenha pré-gravado difícil perceber a diferença não é muito grave a trilha sonora de uma série de espionagem danger man from uncle use uma no lugar da outra e veja se seus amigos não são capazes de perceber a diferença é tudo feito com gravadores de fita considere esta máquina e o que ela pode fazer pode gravar e tocar ativando um tempo passado determinado por associação precisa uma gravação pode ser tocada novamente qualquer número de vezes você pode estudar e analisar toda pausa e inflexão de uma conversa gravada porque que fulano e sicrano só disseram isto ou aquilo mesmo aqui toque as gravações de fulano e sicrano e descobrirá o que provoca as entradas de um e de outro você pode editar uma conversa gravada retendo material que é incisivo espirituoso e pertinente pode editar uma conversa gravada retendo as observações que são aborrecidas banais e tolas um gravador de fita pode tocar rápido lento ou de trás pra frente você pode aprender a fazer estas coisas grave uma frase e a acelere agora tente imitar a sua voz acelerada toque uma frase de trás pra frente e aprenda a desdizer o que disse ainda agora... tais exercícios o libertarão dos velhos laços associativos tente fazer avançar a fita aos poucos este som é produzido com um texto gravado para melhores resultados um texto dito em voz alta e clara e se esfregando a fita para trás e para a frente sobre a cabeça aquilo que vemos é em grande parte determinado por aquilo que o mesmo som pode ser produzido com um gravador compacto de fitas da ouvimos você pode verificar esta proposição realizando uma experiência philips tocando uma fita enquanto se liga e desliga em curtos intervalos o muito simples desligue o som do seu aparelho de televisão e substitua interruptor de ligar e desligar o microfone o que produz um efeito de por um fundo sonoro arbitrário pré-gravado no seu gravador de fita gagueira pegue qualquer texto acelere-o desacelere-o toque-o de trás ruídos de rua música conversas gravações de outros programas de pra frente avance a fita com a mão e ouça palavras que não estavam na televisão você vai constatar que esta trilha sonora arbitrária parece ser gravação original palavras novas feitas pela máquina pessoas diferentes apropriada e está de fato determinando a sua interpretação da sequência detectarão palavras diferentes é claro mas algumas das palavras estão ali na tela pessoas que correm para um ônibus em picadilly com uma trilha

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