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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ... PDF

216 Pages·2012·2.35 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA MAURO PEREIRA JUNIOR A Ciência Revelada: codificação religiosa e racionalização na comunidade muçulmana sunita do Rio de Janeiro Niterói, SETEMBRO de 2011 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ANTROPOLOGIA MAURO PEREIRA JUNIOR A Ciência Revelada: codificação religiosa e racionalização na comunidade muçulmana sunita do Rio de Janeiro Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Antropologia da Universidade Federal Fluminense, como requisito parcial pa- ra obtenção do Grau de Mestre em Antropolo- gia. Orientador: Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto Niterói, SETEMBRO de 2011 ii Banca Examinadora __________________________________________ Dr. Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto (Orientador) PPGA-Universidade Federal Fluminense __________________________________________ Dra. Simoni Lahud Guedes PPGA-Universidade Federal Fluminense __________________________________________ Dra. Gisele Fonseca Chagas Pesquisadora IFPO Damasco-Síria iii Para Alessandra, a quem fiz mãe, por me fazer pai & Para o Miguel, por objetificar em carne e riso o nosso amor iv “Religion” is everybody’s favorite dependent variable. […] The world does not run on believings alone. But it hardly runs without them. Clifford Geertz v RESUMO Tomando como ponto de referência etnográfica a mesquita sunita da comunidade muçulmana carioca, situada no bairro da Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro, este trabalho pretende in- vestigar o que aqui é denominado ‘codificação racionalizante’ da doutrina religiosa islâmica. Tal processo de codificação se faz presente na dinâmica de transmissão dessa doutrina e co- nhecimentos religiosos atrelados, perpassando diversas esferas da vida religiosa da comunida- de. Assim, esta dissertação irá abordar os diversos processos e relações que se estabelecem, a- nalisando as várias dimensões envolvidas: cognitiva, emocional, relações sociais, doutrina religiosa. Trata-se de investigar e mapear etnograficamente a vida religiosa da comunidade, cotidiano e serviço religioso da mesquita, para localizar a codificação, transmissão e recepção desse conhecimento religioso racionalizado. O debate geral passa profundamente, portanto, pela questão das diversas possíveis re- lações de afinidade ou conflito que ciência, religião, racionalidade científica e pensamento re- ligioso podem estabelecer entre si. Palavras-chave: antropologia da religião; antropologia do conhecimento; Islã; racionalização; ciência e religião. vi ABSTRACT Taking as ethnographic reference point a Sunni mosque of Muslim community situated at the neighborhood of Tijuca, north of Rio de Janeiro, this dissertation intends to investigate what is called here ‘rationalizing codification’ of Islamic religious doctrine. This encoding process is present at the transmission process of the doctrine and other linked knowledges, pervading many spheres of the community religious life. Thus this dissertation will address the various processes and relationships which take place, analyzing the various dimensions involved: cognitive, emotional, social relations, religious doctrine. The aim is to investigate and to draw out an ethnographic map of the religious life of the community, daily life and religious at- tendance on the mosque to localize the codification, transmission and reception of this ration- alized religious knowledge. The general discussion pass through the question of the many possible relations of af- finity or conflict which science, religion, scientific rationality and religious thought can estab- lish between each other. Keywords: anthropology of religion; anthropology of knowledge; Islam; rationalization; sci- ence and religion. vii AGRADECIMENTOS Um dos frutos mais bem acabados e celebrados da crença nos talentos e aptidões individuais, este trabalho me concede o título de mestre em antropologia. Concluindo e coroando um perí- odo de amplo aprendizado, onde muito esforço e empenho nos estudos foram requisitados, testados, avaliados, medidos, quantificados, este trabalho qualifica e certifica um conjunto de potencialidades adquiridas por meio de esforço individual – ao dissertar sobre um tema, do- mino-o pela rama, assenhorando-me dele, tornando-me mestre nas aptidões antropológicas, fazendo jus a título e diploma de certificação. No entanto, muito curiosamente frente à pode- rosa ideologia individualista, este trabalho jamais poderia ser concluído sem que muitas outras criaturas – na maioria dos casos, mais talentosas do que eu – tivessem tomado parte decisiva no processo. Citar nomes em lista é sempre muito difícil e perigoso por haver o risco real de se es- quecer alguém importante. No entanto, é preciso agradecer. Anton Bruckner esteve presente em cada minuto da redação, fazendo-me companhia nos desgastantes, longos e intensos perí- odos de preparação, organização, reflexão, redação, revisão, correção. Soando baixo, intenso, sempre. Agradeço à Capes pelos longos – por vezes não tão longos – 24 meses de curso de mestrado em que me forneceu bolsa de estudos, tornando possível a preparação e conclusão deste trabalho. Na Universidade Federal Fluminense, no espaço institucional do Programa de Pós-Graduação em Antropologia, contei com a colaboração de muitas pessoas. Nem todos po- derei ou saberei mencionar, por ignorância ou desatenção. Mas devo mencionar Ilma e Vanes- sa, secretárias do programa, pela atenção, esforço, bom-humor e gentileza com que sempre atendem aos chamados dos alunos – e é preciso admitir o quanto aluno pode ser inconveniente e irritante, com perda de prazos, dúvidas repetidas, telefonemas inúteis... Ambas sempre sou- beram dosar, cada uma por sua conta, serenidade e humor na lida diária do departamento. Do corpo docente, em primeiro lugar agradeço a todo ele. Não pude travar relações di- retas com todos, mas a produção de um espaço de liberdade de criação e reflexão é fundamen- tal nesse processo, e disso desfrutei larga e generosamente no PPGA. Aos professores com quem pude travar relações, agradeço a todos, muitissimamente. Professora Tânia Stolze Lima, por quem já nutria admiração pelo trabalho nos idos da graduação em outra instituição, só fez crescer o sentimento. Além de me mostrar um Malinowski muito mais rico e poderoso do que aquele que circula no mercado funcionalista, teve paciência e atenção para sanar minhas dú- vidas sobre sistemas de parentesco ameríndios em hora avançada em plena praça da Cantarei- viii ra. Ao professor Marco Antônio da Silva Mello, que me acompanha e ensina desde os tempos vividos de graduação em Ciências Sociais na UFRJ, devo muito. Seu ethos controverso, enér- gico, erudito, rigoroso, foi fundamental em todo o meu processo de formação, como disse, desde os primeiros passos na antropologia. Guardo com muito carinho suas aulas de an- tropologia econômica no quarto andar do IFCS, que foram fundamentais no meu interesse pe- los estudos da racionalidade moderna. Já na pós-graduação, o mesmo empenho com maior co- brança e a constante exigência de leitura correta dos clássicos – de Foustel de Coulanges a Marcel Mauss e Radcliffe-Brown – estiveram presentes. Sem os clássicos lidos, de nada ser- vem os contemporâneos, repetia sempre. Com Ana Cláudia Cruz da Silva e Luiz Rojo cursei disciplina sobre antropologia con- temporânea, e a generosidade de Ana Cláudia chegou ao ponto de responder meu trabalho fi- nal de curso com uma carta comentando-o. Agradeço demais a atenção e empenho de ambos. Assim também agradeço ao professor Jair de Souza, com quem cursei disciplina sobre méto- dos de pesquisa em antropologia, onde tive a oportunidade de resenhar muito cuidadosamente o clássico de Clifford Geertz sobre o Estado-teatro balinês. A leitura dessa obra realizada frente aos debates de sala de aula me levou a uma reflexão sobre as definições aristotélicas de ato, potência e as quatro causas, análise que ainda considero muito valiosa. Agradeço muito ainda à professora Simoni Lahud Guedes, que esteve presente em mi- nha banca de qualificação do projeto de pesquisa e na banca para defesa deste trabalho. A pro- fessora Simoni foi muito gentil em me atender para a banca de qualificação quando suas ocu- pações acadêmicas tornavam sua presença extremamente difícil. Ainda assim agraciou-me com uma leitura generosa, honesta, sincera e, devo mencionar, elogiosa de meu trabalho, quando seria até permitido nem lê-lo, já que meus pedidos de ajuda e prazos para qualificação eram tremendamente proibitivos. Agradeço ainda a Gisele Fonseca Chagas, que compôs, junto com a professora Simoni Lahud Guedes, a minha banca de mestrado. Encerrando a referência ao corpo docente, agradeço acima de tudo ao professor Paulo Gabriel Hilu da Rocha Pinto. Meu orientador desde as primeiras semanas de mestrado, Paulo tornou tudo isso possível. Dono de um estilo forte e contundente, rigoroso, exigente, extre- mamente laborioso e elegantemente iconoclasta, Paulo jamais me exigiu qualquer esforço de forma desonesta ou além do que minha (in)capacidade e (in)competência permitiria. Foi ex- tremamente sensível aos problemas pelos quais passei durante esse período, muitos dos quais só tomou ciência depois de resolvidos e de já ter demonstrado a devida paciência. Cobrou e exigiu quando necessário, sem perder a sensibilidade humana frente à dor e tristeza da morte ix de um querido e à alegria e arrebatamento da chegada de um filho. É preciso partir do humor para encontrá-lo em sua severidade e iconoclastia, o que entendi rapidamente. Que esse agra- decimento se estenda ao Nuri, pelo bom humor com que me recebeu em sua casa nas noites em que, depois de jantarmos, lhe tomava o pai emprestado para falar de antropologia até altas horas no bairro das Laranjeiras, sem que isso o impedisse de, ora, ora, me recomendar tam- bém leituras importantes. Fora do quadro institucional do PPGA, quero declarar gratidão a dois professores fun- damentais em todo o meu processo de formação como antropólogo. Sem a amizade e os ensi- namentos de Emerson Giumbelli e João Geraldo Martins da Cunha, jamais teria dito ou escri- to qualquer coisa inteligente. Ambos foram meus mestres desde os primeiros dias de faculda- de, ensinando-me antropologia e filosofia com dedicação e esforço sem paralelo. Professor João Geraldo incorpora o típico ethos uspiano – um paulista típico entre cariocas atípicos – de rigor e disciplina na leitura dos clássicos. Ensinou-me a ler filosofia, a leitura estrutural de um texto à moda francesa, teve paciência para apontar os caminhos escuros e difíceis da filosofia alemã hegeliana e a fenomenologia husserliana a um aluno de graduação em ciências sociais insistente, por muitas vezes inconveniente, e dividiu comigo o interesse por futebol, automó- veis e pelo pensamento de Lévi-Strauss. Emerson Giumbelli me acompanha desde os meus primeiros passos em antropologia e religião. Com ele segui por toda a graduação, em sala de aula e em pesquisas sobre o ensino religioso no Rio de Janeiro, pesquisa de três anos na qual obtive amplo treinamento etnográfi- co fundamental para a realização deste trabalho. Com bom humor, humildade e simpatia cada vez mais raros no métier acadêmico, esteve sempre presente. Comigo dividiu a sala no 4º an- dar – eu a usava mais do que ele –, os livros ali guardados, a pesquisa no ensino religioso e seu acervo – que ajudei a organizar cuidadosamente, devo mencionar –, algumas participa- ções nas jornadas de iniciação científica da UFRJ, o Coletivo RESA, pizzas e chopes na Lapa, Led Zeppelin, Jane's Addiction, White Stripes… Por mais longe que fosse em minhas palavras, a gratidão que trago por estes dois mes- tres jamais seria devidamente expressa. Agradeço muito ainda ao professor Guilherme Sá, que conheci no último ano de gra- duação, mas com quem, de lá para cá, construí uma sincera relação de amizade. Sua generosi- dade, simpatia no trato e disposição para ensinar são marcantes e cada vez mais raras. Foi realmente um privilégio ter aprendido com tantos e tão competentes mestres. Felizmente, e de forma fundamental, estudar não é a única coisa que fazemos durante um curso de mestrado. As amizades que construímos fazem com que a experiência desgastan- x

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Palavras-chave: antropologia da religião; antropologia do conhecimento; Islã; racionalização; ciência e Pós-Graduação em Antropologia, contei com a colaboração de muitas pessoas. Social Compass (Imprimé), v. 57, p.
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