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universidade federal do rio grande do norte PDF

215 Pages·2016·1.44 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE LETRAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ESTUDOS DA LINGUAGEM DOUTORADO EM LITERATURA COMPARADA MARIA GUADALUPE SEGUNDA SER-TÃO DE BURITI: “o corpo de noturno rumor” (A poética de Guimarães Rosa e o pensamento literário contemporâneo) NATAL/RN 2016 MARIA GUADALUPE SEGUNDA SER-TÃO DE BURITI: “o corpo de noturno rumor” (A poética de Guimarães Rosa e o pensamento literário contemporâneo) Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Estudos da Linguagem, como exigência final para a obtenção do título de Doutora em Literatura Comparada, pelo Depar- tamento de Letras, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Orientadora: Profa. Dra. Ilza Matias de Sousa. NATAL/RN 2016 UFRN / Biblioteca Central Zila Mamede Catalogação da Publicação na Fonte Segunda, Maria Guadalupe. Ser-tão de Buriti: o corpo de noturno rumor / Maria Guadalupe Segunda. - Natal, RN, 2016. 213 f. : il. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Ilza Matias de Sousa. Tese (Doutorado) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes. Programa de Pós-Graduação em Estudos da Linguagem. 1. Narrativa rizomática - Tese. Imagem-tempo - Tese. 2. Escritura rosiana - Tese. 3. Mito- poiesis - Tese. Teatralidade - Tese. I. Sousa, Ilza Matias de. II. Título. RN/UF/BCZM CDU 82.09-027.541 MARIA GUADALUPE SEGUNDA SER-TÃO DE BURITI: “o corpo de noturno rumor” (A poética de Guimarães Rosa e o pensamento literário contemporâneo) Tese apresentada ao Programa de Pós- graduação em Estudos da Linguagem, como exigência final para a obtenção do título de Doutora em Literatura Comparada, pelo De- partamento de Letras da Universidade Fede- ral do Rio Grande do Norte. Orientadora: Profa. Dra. Ilza Matias de Sou- sa BANCA EXAMINADORA _____________________________________________ Profa. Dra. Ilza Matias de Sousa – Orientadora Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ Prof. Dr. Márcio Venício Barbosa Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ Profa. Dra. Marta Aparecida Garcia Gonçalves Universidade Federal do Rio Grande do Norte _____________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Leontino Leite Gondim Filho Universidade do Estado do Rio Grande do Norte _____________________________________________ Prof. Dr. Raimundo Nonato Gurgel Soares Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro NATAL/RN 2016 IN MEMORIAM Aos mortos, que hoje habitam minhas lembranças e reminiscências, homena- geio, em especial, Austregecilio Cruz e Tereza Araújo Cruz, meus pais, por tudo o que eles contribuíram na construção de minha trajetória existencial. Esta tese encontra-se atravessada pelo desejo deles, de me verem como uma pessoa em intimidade com as letras, com a escrita. Reverencio meu pai, que na minha infância me dava como presente, livros de es- tórias, despertando em mim o gosto pela leitura. Seu poema a voz do galo, entretecido como projeção do medo ancestral do viajor ante as miragens fantasmáticas das noites do sertão, foi o motivo maior de inspiração para escolha da obra Buriti, de Guimarães Rosa, como meu objeto de estudo acadêmico. Reverencio minha mãe, uma mulher não detentora da palavra escrita, no entan- to, com o conhecimento mínimo que tinha da antiga carta de ABC, me fez adentrar no encanto de juntar as primeiras palavras entre os cheiros e sabores da cozinha de nos- sa casa no sertão de Florânia/RN, em meio ao fazer artesanal das refeições da família. Possuía, também, o dom da oralidade, de contar causos e estórias de trancoso, mo- vendo em mim o desejo pela arte de fabular. AGRADECIMENTOS À minha querida orientadora, Dra. Ilza Matias de Sousa, pelo carinho, paciência e compreensão ante minhas perdas pessoais, vividas durante o processo de doutora- mento, e, em especial, pela competente e generosa orientação acadêmica, partilhada comigo ao longo desses cinco anos de trabalho; Aos professores integrantes da banca examinadora, por aceitarem, carinhosa- mente, participar da arguição desta tese; Aos meus irmãos, Glória, Zito, Gildo e João Carlos, pelo convívio fraternal e pelo compartilhar das tristezas e alegrais da vida; Aos designers gráficos, Brito e Silva e Socorro Oliveira, pela composição artística da capa da tese, dada generosamente como presente; À fotógrafa, Cristina Acafe, pela cessão das fotos para composição da capa e pe- la realização de sua mostra fotográfica como ‗auxílio luxuoso‘ à apresentação da tese Ser-tão de Buriti: ―o corpo de noturno rumor‖; A Manoel Moura, digitador, pela solicitude e paciência; A Marise Lemos, pelo carinho e competente revisão normativa do texto; A Edinildo Emídio, pela amizade, por tantos trabalhos feitos em parceria e, em especial, por ter prontamente me acolhido, numa situação extrema, ao redigitar a ver- são final desta tese; A Nelson Rebouças, que tem o dom especial de agregar, cuja amizade ao longo desses últimos quinze anos, me fez ampliar o círculo de contatos e conhecimentos em torno dos que habitam a terceira margem, o fazer artístico enquanto sentido de liberda- de, de transgressão de fronteiras, e também, lugar da fruição e do lúdico; Aos amigos Aldair Rodrigues, Almezira Cunha, Aparecida da Silva, Berenice Pin- to, Célia Ribeiro, Eliane Silveira, Evaldo Gondim, Iraci Beserra, Israel de Carvalho, Ivan Ribeiro, Ivany de Lima, Laura Gonçalves, Rosa Alves, Rosângele Vieira, Samuel Lima, dentre tantos outros, que me transmitiram uma força especial em alguns momentos muito difíceis desta minha travessia. HISTÓRIA DA NOITE Ao longo de diversas gerações os homens erigiram a noite. Em seu começo era cegueira e sonho e espinhos que laceram o pé desnudo e o temor dos lobos. [...] Agora a sentimos inesgotável como um antigo vinho e ninguém pode contemplá-la sem vertigem e o tempo a impregnou de eternidade. O pensar que não existiria sem esses tênues instrumentos, os olhos. Jorge Luis Borges A VOZ DO GALO() Noite alta, o solitário viajante Nas ermas estradas pela solidão afora Almas penadas, lobisomens e caiporas Julga encontrá-los, ali, a cada instante. Eis que aparece um ramalhudo arbusto Que viceja à beira da estrada Quando a noite se apresenta enluarada Deixa-o inerte, tolhido pelo susto. É um fantasma! Pensa inconsciente… Quando ouve, por milagre, de repente A voz mágica do galo na amplidão. Recobra o ânimo e caminha com alegria Aquela voz é o bálsamo que alivia Os temores que lhe invadem o coração.  Poema de autoria de Austregecílio Cruz, meu pai, escrito há 62 anos, em meio aos fantasmas e delírios das noites do alto sertão do Seridó. RESUMO Esta tese tem como objeto de estudo a análise da tessitura ficcional de Buriti, novela de Guimarães Rosa, constante da obra Corpo de Baile. Constitui-se como principal refe- rência o aporte filosófico de Gilles Deleuze e outros teóricos afins, como Mircea Eliade, Derrida, Bataille, Félix Guattari, Foucault, Blanchot e Nietzsche, os quais, a exemplo da escrita problematizadora de Guimarães Rosa, apresentam como matriz básica do pen- samento a desterritorialização dos conceitos, das normas, do conhecimento institucio- nalizado pela estrutura canônica da língua. Em confluência com a perspectiva teórica de alteridade vigente nesses autores, Buriti se encontra atravessada por uma estética fundamentada na multiplicidade de pontos de vista narrativos, abrindo brechas para outras vozes não sacralizadas, nômades, utilizando a polifonia como uma forma de transgredir, desestabilizar verdades cristalizadas, pertinentes aos cânones da língua pátria. Entretecida por uma vertente poética, de transgressão, a narrativa de Buriti se acha especialmente marcada pelos signos do sertão e da noite, os quais apontam ri- zomaticamente para um sentido de infinitude, de eternidade, de solidão, de vertigens ante o abissal, evocando a singularidade de um ser-tão ante a noite, ―o corpo de notur- no rumor.‖ As noites do sertão em Buriti dão margem à irrupção de um estado de sub- jetividade, o ser-tão, cuja natureza se mostra como um espaço de comunhão dos di- versos seres, em que os humanos se colocam no mesmo plano de outros seres vivos, configurando um território cósmico de partilha, de fruição entre a dor e o prazer, entre a morte e a vida. É a noite que em meio às trevas, à escuridão, revela o ser-tão, o ser em suas entranhas, confrontando-se com ele mesmo, com seus rumores internos, que se projetam através dos ruídos, dos barulhos da noite amplificados pela vastidão, pelo desértico do sertão. ―O sertão é de noite.‖ (ROSA, 1988, p.92). PALAVRAS-CHAVES: Narrativa rizomática. Escritura rosiana. Imagem-tempo. Mito- poiesis. Teatralidade. ABSTRACT This thesis is to analyze the fictional texture of Buriti, novella by Guimarães Rosa, which makes part of Corpo do Baile. Gilles Deleuze‘s philosophical background as well as similar theorists such as Mircea Eliade, Derrida, Bataille, Foucault, Blanchot and Nie- tzsche constitute the main reference, as example of Guimarães Rosa‘s problematizing writing, since they present as basic element of thought the desterritorialization of con- cepts, standards and institutionalized knowledge by the dominant literary language. Along with the theoretical perspective of current alterity on these authors, Buriti is crossed by one aesthetics substantiated with a multiplicity of narrative points of view, opening gaps to other non-sacralized, nomadic voices, using polyphony as a way of breaking and destabilizing crystallized truths related to the canons of mother tongue. Interwoven by a poetic side of transgression, the narrative of Buriti finds especially marked by the signs of the backlands and of the night, which rhizomatically point to a sense of infinity, eternity, loneliness, vertigo before the abyssal, evoking the singularity of a ser-tão before the night, "the body of nocturnal rumor." The nights in the backlands in Buriti give rise to the emergence of a state of subjectivity, the ser-tão, whose nature is shown as a space of communion of the various beings that humans put on the same level of other living beings, setting up a sharing cosmic territory, enjoyment between pain and pleasure, between death and life. It is the night in the darkness, the shadows, the ser-tão is exposed, the being in his depth, facing himself with his internal rumors, which project themselves through the noise, the sound amplified by the vastness of the night at the desert backlands. "The backlands is the night." (ROSA, 1988, p.92). KEYWORDS: Rhizomatic narrative. Guimarães Rosa‘s writing. Time-image. Mythopoi- esis. Theatricality.

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2.1 QUANDO O TEMPO PASSEIA ENTRE AION E CRONOS. enciclopédico, o Grande Sertão: Brasil, por meio de trilhas ou links, que são.
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