UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ANDERSON GOSMATTI PRÁTICA DE ENSINO NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DE MATEMÁTICA CURITIBA 2010 ANDERSON GOSMATTI PRÁTICA DE ENSINO NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES DE ESTÁGIO CURRICULAR SUPERVISIONADO DE MATEMÁTICA Dissertação apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação, ao Curso de Pós-Graduação em Educação, Linha de Pesquisa Educação Matemática, Setor de Educação da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Profª. Drª. Ettiène Cordeiro Guérios CURITIBA 2010 Catalogação na Publicação Aline Brugnari Juvenâncio – CRB 9ª/1504 Biblioteca de Ciências Humanas e Educação – UFPR Gosmatti, Anderson Prática de ensino na perspectiva de professores de es- tágio curricular supervisionado de matemática / Anderson Gosmatti. – Curitiba, 2010. 129 f. Orientador: Profª. Drª. Ettiène Cordeiro Guérios Dissertação (Mestrado em Educação) – Setor de Educa- ção, Universidade Federal do Paraná. 1. Matemática – Estudo e ensino. 2. Matemática – Forma- ção de professores. 3. Matemática – Estágios supervisionados. I. Titulo. CDD 370.71 À Fabiana, minha esposa, e ao meu filho, Gabriel Aos meus pais, Lourdes e Lauro AGRADECIMENTOS À Professora Ettiène Cordeiro Guérios, pela orientação desta pesquisa, pelas contribuições e ensinamentos preciosos e pela perseverança nos momentos difíceis. Aos colegas do Mestrado, pelas discussões e sugestões durante os seminários de pesquisa. Aos professores Antonio, Manoel, Tânia e Neila que aceitaram participar desta pesquisa. À minha esposa pela compreensão e dedicação. RESUMO Com esta pesquisa procuro desvelar como professores de Estágio Curricular Supervisionado de Matemática entendem prática de ensino a partir das atividades que elaboram e desenvolvem em disciplinas de Estágio Curricular Supervisionado de cursos de Licenciatura em Matemática. Os sujeitos da pesquisa são professores destas disciplinas da Universidade Federal do Paraná e da Pontifícia Universidade Católica do Paraná, os quais foram entrevistados sobre sua prática docente no estágio. Optei por uma abordagem interpretativa para analisar o material empírico com suporte no referencial teórico construído, de um lado, sobre os conceitos de prática e prática de ensino e sobre a relação entre teoria e prática, e, de outro lado, sobre os saberes docentes. Da relação entre estes dois eixos, destaquei a intencionalidade da ação como elemento deflagrador das finalidades e objetivos da prática docente. Para a análise do material empírico quatro elementos estruturantes foram definidos a partir da leitura e do estudo das entrevistas: expectativas que o docente tem quanto aos alunos/estagiários, seu modo de se expressar sobre sua ação docente, seu modo de entender o estágio curricular de matemática na formação docente e as relações que estabelece entre teoria e prática. Esta pesquisa possibilitou revelar que os professores entrevistados entendem prática de ensino por diferentes perspectivas, a saber, como práxis, imitação de modelos, instrumentação técnica e como tempo em sala de aula, e que sua própria prática e a do estagiário podem se configurar como práxis. Palavras-chave: Educação Matemática, Prática de Ensino, Estágio Supervisionado de Matemática, Formação de Professores. ABSTRACT Through this research I endeavor to obtain an insight on how teachers with supervised trainee periods understand the practical aspects of teaching based on the activities they prepare and carry out in the disciplines with supervised trainee periods in the bachelor in mathematics graduation courses. Subjects of this research are professors of these subjects at the Universidade Federal do Paraná and the Pontifícia Universidade Católica do Paraná, who were interviewed in connection with the teaching practices adopted in the trainee period. I chose an interpretative approach in analyzing the empiric material supported by the theoretical reference built, on the one hand, on the concepts underpinning the practices and the practical aspects of teaching and on the ratio between theory and practice, and, on the other, the knowledge of the teacher. From the relation between these two axes, I highlighted the intentional nature of the action as element that triggers the purpose and objectives of the teaching practice, which led to the insight that these teachers understand the practice of teaching from different standpoints, to wit, as praxis, imitation of models, technical instrumentation and classroom time, beyond that their own practice and the trainee's practice can be configured as praxis. Key words: Mathematics Education, Teaching Practice, Curriculum Period of Training, Teacher Formation. SUMÁRIO INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 10 A PESQUISA DE GUÉRIOS ............................................................................ 14 A PESQUISA DE HARUNA ….......................................................................... 15 A PESQUISA DE PEREIRA …......................................................................... 18 A PESQUISA DE CASTRO ….......................................................................... 22 A PESQUISA DE PERENTELLI …................................................................... 25 MINHA PESQUISA .......................................................................................... 26 1 CAPÍTULO 1 – ESTÁGIO CURRICULAR: TEORIA OU PRÁTICA? .............. 29 1.1 ESTÁGIO E PRÁTICA …........................................................................... 35 1.2 PRÁTICA E AÇÃO: INTERFACE ............................................................... 37 1.3 ESTÁGIO: APROXIMAÇÃO À REALIDADE E PESQUISA …................... 39 1.4 ESTÁGIO CURRICULAR E PRÁTICA DOCENTE .................................... 42 2 CAPÍTULO 2 – SABERES DOCENTES: APORTE TEÓRICO ........................ 44 2.1 OS SABERES DOCENTES ....................................................................... 44 2.2 PRODUÇÃO DE SABERES E TRABALHO .............................................. 49 3 CAPÍTULO 3 – PERCURSO METODOLÓGICO ….......................................... 51 3.1 O SABER: PERSPECTIVA DA ARGUMENTAÇÃO ................................... 53 3.2AS INSTITUIÇÕES E SEUS CURSOS DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA: CONTEXTOS.................................................................... 55 3.2.1 O Curso de Licenciatura em Matemática da PUCPR …......................... 55 3.2.1.1 O Estágio Curricular de Matemática da PUCPR ................................. 57 3.2.2 O Curso de Licenciatura em Matemática da UFPR ................................ 58 3.2.2.1 O Estágio Curricular de Matemática da UFPR .................................... 60 3.3 PRÁTICA DE ENSINO NA PERSPECTIVA DE PROFESSORES DE ESTÁGIO ...................................................... ............................................ 63 3.3.1 Elementos Buscados .............................................................................. 64 4 CAPITULO 4 – PERSPECTIVAS DOCENTES: DESVELANDO ENTENDIMENTOS DE PRÁTICA DE ENSINO .............................................. 68 4.1 EXPECTATIVA QUANTO AOS ALUNOS ................................................... 68 4.2 AÇÃO DOCENTE ...................................................................................... 77 4.3 MODO DE ENTENDER O ESTÁGIO CURRICULAR DE MATEMÁTICA NO CURSO …........................................................................................... 84 4.4 RELAÇÕES ENTRE TEORIA E PRÁTICA ................................................ 94 5 CONCLUSÕES …............................................................................................. 104 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................. 112 REFERÊNCIAS.................................................................................................... 115 APÊNDICES......................................................................................................... 118 ANEXOS .............................................................................................................. 122 10 INTRODUÇÃO Ao lecionar disciplinas de Prática de Ensino e Estágio Supervisionado de Matemática no Curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal do Paraná (UFPR), no período de abril de 2006 a abril de 2008, como professor substituto1, tive contato com ementas das disciplinas e com os planejamentos dos professores efetivos que as lecionavam nesta instituição. Estes professores organizavam previamente a atividade docente nessas disciplinas e trabalhavam de modo integrado. Além de ementas comuns às diferentes turmas, havia uma discriminação das atividades e ações a serem desenvolvidas, as quais deviam ser observadas nas diferentes turmas da mesma disciplina, mesmo tendo diferentes professores. O método de trabalho deveria ser comum desde que fosse assegurada a característica didática própria de cada docente. Havia diferentes encaminhamentos de acordo com o envolvimento, a participação e o interesse dos alunos de cada turma. As trocas de informações e ideias entre os docentes possibilitavam a construção conjunta de parâmetros de avaliação. Assim, um documento inicial contendo o programa da disciplina para aquele ano ou semestre, as atividades e ações a serem desenvolvidas, um cronograma e possíveis instrumentos de avaliação, era apresentado aos alunos e discutido com eles no início das atividades, sendo este material, em geral, comum às várias turmas de uma mesma disciplina. Esse documento não representava um roteiro a ser seguido e cumprido passo a passo. A dinamicidade e abertura à discussão e à mudança, presentes no grupo, proporcionavam segurança às ações e intervenções individuais, bem como à proposição de alterações de e em atividades. Algumas dúvidas quanto às atividades propostas levaram-me a tentar compreender as motivações de sua proposição, já que esta situação me possibilitava aprender sobre a formação de professores de matemática, sobre a prática de ensino e o estágio curricular, considerando a expressiva experiência profissional dos demais professores. Percebi, mesmo sem pormenores, que havia 1 Contrato temporário de trabalho contemplando o período de 26/04/2006 e 22/04/2008
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