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universidade federal do paraná alice mitiko rocha hinoshita prática da cura e discurso da PDF

130 Pages·2012·1.11 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ALICE MITIKO ROCHA HINOSHITA PRÁTICA DA CURA E DISCURSO DA IDENTIDADE NO CAMPO ESPÍRITA: ESTUDO DE CASO SOBRE A APOMETRIA NA FRATERNIDADE RAMATÍS- HERCÍLIO MAES EM CURITIBA/PARANÁ. CURITIBA 2011 ALICE MITIKO ROCHA HINOSHITA PRÁTICA DA CURA E DISCURSO DA IDENTIDADE NO CAMPO ESPÍRITA: ESTUDO DE CASO SOBRE A APOMETRIA NA FRATERNIDADE RAMATÍS- HERCÍLIO MAES EM CURITIBA/PARANÁ. Monografia apresentada como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Ciências Sociais, no Setor de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Federal do Paraná. Orientadora: Prof.ª Drª Liliana Porto. CURITIBA 2011 2 Para meus irmãos e minha mãe. 3 AGRADECIMENTOS Em primeiro lugar à minha família, em particular minha mãe, meu irmão e minha irmã companheiros de caminhada. A todos os amigos e colegas, em especial Cristiane e Cassiano, amigos queridos e de longa data que partilharam de boa parte de minha trajetória escolar e universitária, compartilhando angústias e alegrias. A Amanda que tão pacientemente se ofereceu para me ajudar nesta monografia. A mãe-de-santo Nelly e o pai-de-santo Rogger cujas conversas e orientações sempre foram um guia importante em minha vida. Aos colegas do Grupo PET e do curso de Ciências Sociais que sem dúvida tiveram uma contribuição importante na minha formação como universitária e como pessoa. A Eduardo, meu namorado amado, pelo seu incentivo e compreensão. As professoras Sandra Stoll, Liliana Porto e Simone Meucci. A primeira por sua orientação atenta e cuidadosa até o primeiro semestre deste ano. A segunda, pela sua tutoria no PET até 2009 e por ter acolhido meu trabalho, propiciando a sua conclusão neste último semestre. A Simone Meucci atual tutora do PET, pela participação que teve na minha formação através de sua tutoria. Aos integrantes da Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes que propiciaram esta monografia, agradeço pela paciência e acolhimento. 4 RESUMO A cura religiosa é um tema essencial na literatura sócio-antropológica. Nela busca-se evidenciar as particularidades deste tipo de tratamento das enfermidades, que se diferencia do modelo dominante da medicina. A antropologia tem demonstrado que a religião ressignifica e reordena a experiência de doença, produzindo uma nova percepção do doente sobre a sua aflição. O ritual religioso é o espaço onde se dá esta transformação. Com isso abrem-se possibilidades para a cura. No campo espírita, há diversos rituais de cura, dentre eles o ritual de Desobsessão. Neste busca-se afastar o espírito inferior (obsessor’) do doente, produzindo-se assim a cura. No caso da Apometria, esta é uma nova forma de Desobsessão espírita. Criada na década de 60, em Porto Alegre (RS), pelo médico espírita Dr. Lacerda de Azevedo, a Apometria inova a forma ‘tradicional’ espírita de Desobsessão, ao utilizar elementos da física quântica e de outras religiões, como a Umbanda. A partir da análise bibliográfica, do trabalho de campo e da observação participante, esta pesquisa tem como hipótese principal a noção de que o ritual de Desobsessão Apométrico observado na Fraternidade Ramatís-Hercílio Mães em Curitiba, é um elemento importante na construção da identidade do grupo. Tendo em vista que há uma preocupação da Fraternidade em diferenciar-se de outros centros espíritas ‘ortodoxos’, o ritual de Desobsessão Apométrico, neste caso, reafirma e legitima esta identidade distinta, pois incorpora elementos externos ao Espiritismo Kardecista. Palavras-Chave: Espiritismo, Cura, Identidade, Apometria, 5 SUMÁRIO 1INTRODUÇÃO..........................................................................................................8 2 DE ALLAN KARDEC AO ESPIRITISMO NO BRASIL..................................13 2.1 A Codificação Espírita............................................................................................13 2.2 O Debate Magia/Ciência/Religião..........................................................................14 2.3 A Ciência no Espiritismo........................................................................................23 2.4 O Espiritismo no Brasil..........................................................................................29 3 UM GRUPO ESPÍRITA HETERODOXO: A FRATERNIDADE RAMATÍS HERCÍLIO MAES.....................................................................................................36 3.1 A Psicografia de Ramatís por Hercílio Maes..........................................................36 3.2 Um Evento..............................................................................................................38 3.3 A definição dos Ramatisianos sobre suas práticas..................................................42 3.4 A Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes..................................................................45 3.4.1 O Campus das Faculdades Integradas Espírita....................................................45 3.4.2 A organização interna da Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes..........................47 3.4.3 Os integrantes da Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes......................................52 3.4.4 O Perfil dos Frequentadores................................................................................57 4 APOMETRIA..........................................................................................................65 4.1 O Dr. Lacerda de Azevedo e a Apometria.............................................................65 4.1.1 Um desígnio espiritual.........................................................................................65 4.2 A noção de pessoa no Espiritismo e na Apometria................................................67 4.3 A técnica da Apometria..........................................................................................74 4.4 A Classificação das Doenças na Apometria..........................................................86 5 O RITUAL DE DESOBSESSÃO APOMÉTRICO.............................................94 5.1 Cura e Religião.......................................................................................................94 5.2 Os tratamentos da Fraternidade Ramatís-Hecílio Maes.........................................98 5.3 A Desobsessão Convencional e a Desobsessão Apométrica................................102 5.4 O Ritual de Desobsessão Apométrico..................................................................105 6 5.5 Percepções dos médiuns sobre a sessão de Desobsessão Apométrica................118 6 CONCLUSÕES: CURA E IDENTIDADE........................................................124 REFERÊNCIAS......................................................................................................126 ANEXOS..................................................................................................................131 7 1 INTRODUÇÃO A escolha do tema desta monografia tem seu início quando já era bolsista do PET (Programa de Ensino Tutorial) de Ciências Sociais. No ano de 2008, quando o programa estava sob a tutoria da Prof.ª Drª Liliana Porto, fui direcionada a desenvolver um projeto de pesquisa individual. Já nas primeiras disciplinas do curso a questão da metodologia científica e o debate ciência/religião eram temas que chamavam a minha atenção. Optei em meu projeto por analisar o aspecto científico na obra de Allan Kardec, codificador do Espiritismo. A escolha decorria tanto pelo interesse no debate que as categorias em questão suscitavam, como pelo fato de Kardec não ser uma leitura desconhecida, já o tendo lido em outras ocasiões no Terreiro de Umbanda do qual participava. O projeto foi feito sob a orientação da Prof.ª Drª Sandra Stoll, que me auxiliou a discutir a Ciência no ‘Livro dos Espíritos’ (2005) tomando como referencia as discussões sobre a Modernidade e o debate Magia/Ciência/Religião nas Ciências Sociais. Reproduzo parte da discussão deste projeto no primeiro capítulo. Esse primeiro exercício de pesquisa teve uma importância crucial na definição do tema desta monografia. Foi a partir dele que fui direcionada a refletir sobre a discussão da ciência no campo espírita atual. A questão naquele momento era encontrar um grupo espírita que tivesse um viés ‘científico’. Ora, embora Kardec tenha proposto a doutrina espírita como uma ‘Ciência’, o Espiritismo no Brasil tomou outros caminhos. Encontrar um grupo espírita que tivesse um discurso ‘científico’ não era enfim uma tarefa tão fácil. Após várias tentativas, encontrei em casa um livro que havia pegado emprestado na Biblioteca do Terreiro. Era um livro de introdução à Apometria. De início a técnica usada em trabalhos de cura logo chamou minha atenção por seu discurso científico, pautado na Física Quântica. Tornou-se uma opção interessante de pesquisa. Neste ponto é importante abordar a questão do distanciamento em relação ao meu objeto. Afinal, tanto as leituras de Allan Kardec como as da Apometria surgiram em um contexto religioso do qual eu participava. É preciso explicitar as condições em que eu tive acesso a estes livros. Na Umbanda são comuns leituras externas, principalmente espíritas, porque ela não é uma religião que se orienta a partir de um texto escrito único, a exemplo das grandes tradições religiosas 8 (Cristianismo, Judaísmo, Islamismo, Espiritismo) ou caracterizada exclusivamente pela tradição oral (Candomblé). Isto permite a apropriação de leituras de outras vertentes religiosas. A Biblioteca do Terreiro do qual eu participava, era uma espécie de ‘depositório’ dos livros que as pessoas doavam, ou que achavam interessante compartilhar com outros membros. O que faz com que apesar do inconveniente daquele local ser um lugar no qual estava envolvida, também era uma fonte de pesquisa interessante, na medida em que continha uma variedade ampla de publicações do campo religioso. A leitura realizada no Terreiro dos livros por mim selecionados é muito diferente daquela que os espíritas fazem, por exemplo. Para que eu obtivesse o distanciamento da primeira perspectiva, foi necessário antes do tudo o tratamento acadêmico dessas leituras. Tanto no caso de Allan Kardec como no caso da Apometria foi feito um levantamento amplo de todas as publicações acadêmicas a respeito, bem como a busca de um tratamento teórico adequado. Retirou-se, portanto as leituras daquele contexto original em que tomei conhecimento das mesmas, para trazê-las para outro contexto de interpretações. Além disso, o trabalho de campo teve um papel crucial no meu distanciamento em relação à Apometria. Este surgiu após uma extensa pesquisa acerca de grupos que utilizassem essa técnica em seus rituais. O grupo escolhido foi a Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes, localizada no interior das Faculdades Integradas Espírita. A Faculdade por si só é um contexto institucional bastante interessante: apresenta cursos de graduação (Biologia, Serviço Social, Pedagogia...) e cursos livres como Parapsicologia e Yoga, além de dois centros espíritas. A Fraternidade ofereceu uma perspectiva de distanciamento porque permitiu compreender através das entrevistas e da observação, o ponto de vista nativo acerca da Apometria. Em minha primeira visita à Fraternidade (15/6/2009) 1 conversei com o diretor do centro que estava atendendo os frequentadores no balcão. Ele me explicou que a sessão de Desobsessão Apométrica era fechada, ou seja, restrita aos médiuns. Expus meu interesse de pesquisa e ele me indicou o Coordenador da Apometria para conversar. G. me recebeu com interesse, (disse-me que este grupo já havia sido 1 O último dia que fui a campo foi o dia 11/11/2011. 9 pesquisado por outras pessoas2) destacando a importância da divulgação da Apometria no meio acadêmico. Por isso ele permitiu o meu acesso às sessões de Desobsessão Apométrica. No entanto, acredito que em muitos momentos houve problemas decorrentes do desconhecimento dos membros do grupo acerca da natureza da pesquisa antropológica. Pareceu-me no início, que esta era confundida com uma pesquisa de cunho ‘jornalístico’, a visão corrente era de que se tratava de descrever o funcionamento do centro, suas práticas – palestras, cursos, tratamentos e o perfil de seus integrantes. Por este motivo tive fácil acesso à questões institucionais, mas pouco acesso aos médiuns atuantes nas práticas de cura do centro. O quadro de médiuns se transformou muito no período de pesquisa, de forma que tive maior contato e convívio com os coordenadores que, além de acompanharem o meu trabalho, passavam a maior parte do tempo no centro. O foco desta monografia é a Apometria e as sessões realizadas com a sua técnica. Como o atendimento que é realizado com esta técnica é feito espiritualmente (à distancia) os pacientes não estão presentes fisicamente na sessão. Por este motivo, atenção principal foi dada aos médiuns que estavam durante as sessões. No entanto, também se procurou compreender o perfil dos pacientes. Houve certa dificuldade de entrevistá-los na medida em que o único momento de contato com os mesmos, durante a espera dos atendimentos, era um momento barrado para conversas (as pessoas deveriam esperar em silencio). Também não consegui autorização para acompanhar as entrevistas que os médiuns têm com os pacientes após os atendimentos. Visto tratar-se de situação bastante delicada e íntima, o que faz da presença do pesquisador uma inconveniência. No entanto obtive uma forma de contato com os pacientes através das fichas que os mesmos preenchem para serem atendidos. Consegui uma amostra significativa (52 fichas) que me permitiram estabelecer um perfil geral. Duas considerações a respeito do título. Primeiro, o uso do termo ‘Campo Espírita’ remete à literatura antropológica que dá respaldo a esta monografia. Apesar da fala nativa apontar uma definição do grupo não como ‘espírita’ mas como ‘universalista’ compreendo que esta afirmação só pode ser entendida a partir de uma 2 Foi pesquisado por uma psicóloga e por um grupo de Parapsicologia segundo relato. 10

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Aos integrantes da Fraternidade Ramatís-Hercílio Maes que propiciaram esta monografia, agradeço pela paciência e acolhimento.
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