UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS FACULDADE DE CIÊNCIAS MÉDICAS ANDERSON PINHEIRO HEMORRAGIA PÓS-PARTO: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA UM PROBLEMA GLOBAL POSTPARTUM HAEMORRHAGE: CONTEMPORARY CHALLENGES FOR A GLOBAL CONCERN CAMPINAS 2017 ANDERSON PINHEIRO HEMORRAGIA PÓS-PARTO: DESAFIOS CONTEMPORÂNEOS PARA UM PROBLEMA GLOBAL POSTPARTUM HAEMORRHAGE: CONTEMPORARY CHALLENGES FOR A GLOBAL CONCERN Tese apresentada à Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas como parte dos requisitos exigidos para a obtenção do título de doutor em ciências da saúde na área de concentração em Saúde Materna e Perinatal. Doctoral Thesis presented to School of Medical Sciences, State University of Campinas – UNICAMP to obtain the title of Doctor of Health Sciences, concentration area Maternal and Perinatal Health ORIENTADOR: RODOLFO DE CARVALHO PACAGNELLA COORIENTADOR: JOSE GUILHERME CECATTI ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELO ALUNO ANDERSON PINHEIRO, E ORIENTADO PELO PROF. DR. RODOLFO DE CARVALHO PACAGNELLA. CAMPINAS 2017 Agência(s) de fomento e nº(s) de processo(s): Não se aplica. Ficha catalográfica Universidade Estadual de Campinas Biblioteca da Faculdade de Ciências Médicas Maristella Soares dos Santos - CRB 8/8402 Pinheiro, Anderson, 1981- P655h Pi Hemorragia pós-parto: desafios contemporâneos para um problema global / Anderson Pinheiro. – Campinas, SP: [s.n.], 2017. PinOrientador: Rodolfo de Carvalho Pacagnella. PinCoorientador: Jose Guilherme Cecatti. PinTese (doutorado) – Universidade Estadual de Campinas, Faculdade de Ciências Médicas. Pin1. Hemorragia pós-parto. 2. Sinais vitais. 3. Diagnóstico precoce. 4. Tratamento de emergência. 5. Índice de choque. I. Pacagnella, Rodolfo de Carvalho,1974-. II. Cecatti, Jose Guilherme,1957-. III. Universidade Estadual de Campinas. Faculdade de Ciências Médicas. IV. Título. Informações para Biblioteca Digital Título em outro idioma: Pospartum haemorrhage : contemporary challenges for a global concern Palavras-chave em inglês: Postpartum hemorrage Vital signs Early diagnosis Emergency treatment Shock index Área de concentração: Saúde Materna e Perinatal Titulação: Doutor em Ciências da Saúde Banca examinadora: Rodolfo de Carvalho Pacagnella Mary Angela Parpinelli Fernanda de Castro Garanhani Surita Rosiane Mattar Marcos Augusto Bastos Dias Data de defesa: 09-06-2017 P r ograma de Pós-Graduação: Tocoginecologia Powered by BANCA EXAMINADORA DA DEFESA DE DOUTORADO ANDERSON PINHEIRO ORIENTADOR: RODOLFO DE CARVALHO PACAGNELLA COORIENTADOR: JOSE GUILHERME CECATTI MEMBROS: 1. PROF. DR. RODOLFO DE CARVALHO PACAGNELLA -‐FCM / UNICAMP 2. PROF. DR. MARY ANGELA PARPINELLI -‐ FCM / UNICAMP 3. PROF. DR. FERNANDA GARANHANI DE CASTRO SURITA -‐ FCM / UNICAMP 4. PROF. DR. ROSIANE MATTAR – UNIFESP/ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA/SÃO PAULO 5. PROF. DR. MARCOS AUGUSTO BASTOS DIAS -‐ FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ/RJ Programa de Pós-‐Graduação em Tocoginecologia da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Estadual de Campinas. A ata de defesa com as respectivas assinaturas dos membros da banca examinadora encontra-‐se no processo de vida acadêmica do aluno. Data: DATA DA DEFESA [09/06/2017] Dedico esta tese às mulheres que participaram da coleta de dados as quais acreditaram, assim como eu, que através da sua colaboração poderiam impedir a morte de mulheres desconhecidas tanto no Brasil como no Mundo. AGRADECIMENTOS Ao meu orientador Rodolfo de Carvalho Pacagnella, pela oportunidade de realizar este trabalho, por todos os ensinamentos, por entender meus horários restritos e pela paciência. Agradeço por me receber em sua casa em horários não comerciais para podermos discutir o andamento e os desfechos das pesquisas. É sem dúvida a pessoa dentro do CAISM que mais me concedeu oportunidades acadêmicas e talvez esse seja o maior motivo pelo qual serei eternamente grato. Ao meu coorientador José Guilherme Cecatti, por contribuir com sua imensa experiência no planejamento, execução e finalização dos trabalhos e artigos que compuseram esta tese. Um agradecimento especial a toda equipe de docentes, assistentes e residentes do CAISM, que ajudaram a selecionar mulheres para inclusão no estudo e adicionaram à sua rotina os procedimentos necessários para a coleta de dados. A todos os meus professores do CAISM e da Unicamp. Vocês têm toda a minha gratidão. À equipe de pesquisadores “Blood Loss Team” por promoverem através de seu trabalho melhorias na abordagem das mulheres vítimas de hemorragia pós- parto em todo o mundo. À Organização Mundial da Saúde e à Faepex-Unicamp por patrocinarem a realização de um dos estudos. Às mulheres que participaram da coleta de dados e por permitirem que conduzíssemos um importante trabalho para ajudar outras mulheres que porventura pudessem falecer por problemas hemorrágicos no pós-parto. À toda equipe de enfermagem do Centro Obstétrico e das enfermarias do CAISM que não pouparam esforços para ajudar na coleta dos dados. Ao pessoal da recepção da UBS Planalto que me auxiliou na seleção e na busca de prontuários para coleta de dados. À Sirlei, amiga e estatística por compartilhar seus conhecimentos que parecem terem vindo de outro planeta. À Conceição por me ajudar a finalizar esta tese e por todo carinho recebido durante sua execução. À Carla Silveira que participou ativamente e contribuiu de forma incomensurável para a realização do projeto prospectivo. Aos ajudantes de pesquisa Filipe, Yuri, Jaqueline e Adrielli por me auxiliarem na coleta de dados do estudo prospectivo. Ao meu marido João Paulo pelo apoio incondicional. É ele quem me ajuda a sonhar e a buscar sempre mais em todos os sentidos da vida. Tudo se torna mais fácil e possível quando nos sentimos amados. Ao meu filho de quatro patas Feijão Henrique, companheiro de várias horas noturnas em frente ao computador (às vezes por cima dele) e por ser meu principal ouvinte nas horas treinando minhas aulas. Aos meu pais Adão e Margarida, sem os quais nada disso teria sido possível, sempre participando de todas as etapas da minha vida. E um agradecimento especial a minha mãe Margarida, minha digitadora oficial, aprendendo rápido conceitos médicos que passam longe de qualquer coisa que já tenha aprendido até hoje. À minha sogra Nilce e à tia Djanira por constituírem conosco uma família tranquila e feliz. Às minhas irmãs Andréa e Andresa e aos meus cunhados Alexandre e Marcelo por me mostrarem diariamente que a família é o que há de mais importante na vida. Aos meus sobrinhos lindos Giovanna, Vitor e Pedro, por me mostrarem o caminho do amor incondicional. Aos amigos Kakazilda, Zold e Cândido por expandirem meu conceito de família sempre promovendo risadas e estando presentes em todos os momentos. À equipe de quinta na sexta formada pelos amigos Malu, Sandra F. e Paulo Coloço que me cobriram em inúmeras ocasiões para que a presente tese pudesse ser concluída. “O sábio não é o homem que fornece as verdadeiras respostas; é o que formula as verdadeiras perguntas” Claude Lévi-Strauss RESUMO Objetivo: Investigar possíveis preditores de hemorragia pós-parto (HPP) e orientar sua abordagem. Sujeitos e Métodos: Realizamos 6 estudos: 1. Artigo conceitual fruto de revisão da literatura e de discussões entre especialistas em dois encontros internacionais. 2. Coorte retrospectiva com gestantes de risco habitual avaliadas entre janeiro de 2012 e dezembro de 2013. As médias, desvios-padrão e percentis de índice de choque (IC) foram calculados para as idades gestacionais. 3. Estudo prospectivo relacionando IC com sangramento pós-parto realizado entre fevereiro de 2015 e março de 2016. Utilizamos médias, desvios-padrão e porcentagens para avaliação exploratória e curvas ROC para determinar o ponto de corte de preditores de HPP. 4. Caso-controle, com mulheres transfundidas por HPP entre janeiro de 2012 e dezembro de 2015 e controles. Avaliamos características sociodemográficas através do teste-t, qui-quadrado, e exato de Fisher, e comparamos o IC entre casos e controles com o teste Mann-Whitney. 5. Revisão narrativa da literatura sobre tratamento da HPP. 6. Criação de texto didático após revisão narrativa da literatura sobre transfusão massiva pós-parto. Resultados: 1. Propomos a revisão do conceito de HPP incluindo sangramento vaginal e medidas de sinais vitais tais como o IC. 2. A média do IC variou de 0,756 ± 0,127 para gestações abaixo de 12 semanas e 0,831 ± 0,144 entre 28-32 semanas. O IMC foi o fator que mais influenciou o IC. 3. A média de sangramento nas primeiras duas horas foi de 427.49mL ± 335.57mL. Em 24 horas, 120 (44,5%) mulheres sangraram acima de 500mL e 34 (12,6%) acima de 1000mL. O ponto de corte de IC entre 20 e 40 minutos foi 0,785 para sangramentos superiores a 500mL e 1000mL em 24 horas. 4. Mulheres transfundidas tiveram as médias de IC superiores quando comparadas aos controles. Para partos vaginais, diferenças se confirmaram em 30 e 120 minutos pós-parto, sendo os valores para casos e controles respectivamente 0,879 vs 0,714 e 0,905 vs 0,721. 5. Elaboramos uma revisão integrativa sobre tratamento de HPP. Quando há atonia uterina, no Brasil, a primeira opção para correção é a ocitocina, sendo opções o uso de misoprostol e derivados da ergotamina. Na falha de tratamento medicamentoso, manobras cirúrgicas devem ser realizadas. 6. Foi elaborado texto didático e um fluxograma para orientar a reposição massiva na HPP. Quando necessário, a proporção de concentrado de hemácias, plasma fresco congelado e plaquetas é de 1:1:1. Conclusão: uma nova definição de HPP deve incluir perda sanguínea e variações dos sinais vitais incluindo o IC. Valores de IC superiores a 0,78 avaliados entre 20 e 40 minutos pós-parto são preditores de sangramentos acima de 500mL e 1000mL em 24 horas, e valores acima de 0,83 em 30 minutos após o parto pode identificar mulheres com necessidade de hemotransfusão. Protocolos de tratamento de HPP devem ser disponibilizados para profissionais de saúde que assistem a parturiente. Diagnóstico e tratamento precoces contribuem para diminuir a morbimortalidade por HPP. Palavras-chave: Hemorragia pós-parto. Sinais Vitais. Diagnóstico precoce. Tratamento de Emergência, Hemorragia uterina. ABSTRACT Objective: To investigate predictors for postpartum hemorrhage (PPH) and to propose treatment protocol for PPH. Methods: This thesis is composed by six studies: 1. Conceptual paper from literature review and discussions among experts and researchers during two international meetings. 2. Retrospective cohort study including low risk pregnancies between January 2012 and December 2013. The mean, standard deviations and percentiles of SI were calculated for each gestational ages. 3. A prospective study comparing SI and postpartum bleeding collected between February 2015 and March 2016. We used mean, standard deviations and percentages for exploratory evaluation and ROC curves to determine the cutoff point to predict PPH. 4. Case-control study with women who needed blood transfusion due to HPP between January 2012 and December 2015 and controls. We evaluated sociodemographic characteristics using t-test, chi-square, and Fisher exact tests, and compared the SI between cases and controls with the Mann-Whitney test. 5. Narrative review of the literature regarding PPH treatment. 6. Creation of didactic text after a narrative review on postpartum massive transfusion. Results: 1. The definition of PPH should be reviewed including vaginal bleeding and clinical signs. 2. The mean SI varied from 0.756 ± 0.127 for pregnancies below 12 weeks and 0.831 ± 0.144 between 28-32 weeks. The BMI was the factor that most influenced the SI. 3. The mean blood loss within two hours was 427.49mL ± 335.57mL. In 24 hours, 120 (44.5%) women bled above 500mL and 34 (12.6%) above 1000mL. The SI cutoff measured within 20 and 40 minutes after birth was 0.785 for bleeding greater than 500 mL and 1000 mL over 24 hours. 4. Women who need blood transfusion had higher SI means when compared to controls. For vaginal deliveries, differences were confirmed in 30 and 120 minutes postpartum, with values for cases and controls, respectively: 0.879 vs 0.714 and 0.905 vs 0.721. 5. We elaborate an integrative review regarding the treatment of PPH. If atony is identified, the first option for treatment is oxytocin; other options are the use of misoprostol and ergotamine. Surgical procedures must be performed if clinical treatment fail. 6. Didactic text and flowchart were created to guide massive blood replacement in PPH. Tre proportion of red blood cells, fresh frozen plasma and platelets is 1: 1: 1. Conclusion: A definition of PPH should include blood loss and variations of clinical signs, including SI. SI values greater than 0.78 measured within 20 and 40 minutes are predictors for blood
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