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universidade de lisboa faculdade de belas artes PDF

78 Pages·2012·30.47 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES O CORPO HUMANO EM ALGARISMOS GONÇALO VAN ZELLER MESTRADO EM ANATOMIA ARTÍSTICA 2012 UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE BELAS ARTES O CORPO HUMANO EM ALGARISMOS GONÇALO VAN ZELLER MESTRADO EM ANATOMIA ARTÍSTICA Dissertação orientada pelo Professor Doutor Artur Ramos 2012 2 Agradecimentos Aos Professores Aos Colegas Aos Modelos 3 ÌNDICE Resumo 4 Abstract 5 Palavras chave : Anatomia artística, geometria sagrada, desenho anatómico, antropografia, corpo humano. Introdução 7 1 - O PONTO 11 2 - A RECTA 17 3 - O TRIÂNGULO 23 4 - O QUADRADO 26 5 - O PENTÁGONO 33 6 - O HEXÁGONO 40 7 - O HEPTÁGONO 45 8 - O OCTÓGONO 52 9 - O ENEÁGONO 64 0 - O CÍRCULO 69 Conclusão 73 4 R esumo O mestrado em Anatomia Artística foi um caminho que decidi percorrer com a finalidade de melhor compreender o ser humano em todos os seus aspectos. A vontade de desenhar e a compensação que, desse acto, consigo tirar para a minha realização pessoal, foi o segundo motivo que me levou a escolher este percurso académico na Faculdade de Belas Artes de Lisboa. Acredito que o desenho é a linguagem de expressão e comunicação mais simples e simultaneamente mais abrangente e eficaz que podemos utilizar. Muitas vezes, em locais do mundo onde a lingua falada pouco vale, pedi o que queria recorrendo a um desenho. Academicamente, damos maior valor à palavra, do que a qualquer outra forma de expressão. Utiliza-se a palavra para que não haja dúvidas, enganos ou ambiguidades no que se pretende comunicar. Todavia, quando usamos a palavra para escrever ou falar sobre arte, a menos que quando a palavra é a própria forma de arte, caímos invariavelmente no paradoxo, na contradição e na dúvida. Desenhar a figura humana, na escola, integrado num grupo de colegas e academicamente orientado, tornou-se num ritual de meditação e contemplação, que concluí ser indispensável a todos os que aspiram evoluir nas artes e nas ciências humanas, independentemente de o resultado vir a ser mais ou menos interessante do ponto de vista científico, estético ou artístico, pois considero que a melhor maneira de observar o mundo, no sentido de o compreender, é através do desenho. O desenho é o primeiro registo, é a base que sustenta a obra. Este trabalho é uma procura de coincidências entre as formas da natureza e a sua relação com a lógica racional através do desenho da figura humana. A Arte e a Ciência são disciplinas que caminham em sentidos diferentes: A primeira na procura de perguntas e hipóteses e a segunda na procura respostas e resultados. Indissociáveis, ambas são ferramentas que a humanidade utiliza com o objectivo de evoluir. A Filosofia, fazendo a ponte entre o mito e o logos. Baseia-se em argumentos racionais, análise de conceitos e experiências de pensamento lateral. Este triângulo, Ciência, Filosofia e Arte, é a base de qualquer civilização, de qualquer cultura ou corrente de pensamento. A procura e reconhecimento de padrões foi sempre a chave para a evolução da humanidade. Juntar os pontos, é um processo mental, característico da nossa espécie, com o objectivo de descobrir a verdade sobre o universo que nos rodeia. 5 A bstract The Master’s degree in Artistic Anatomy was a path (way) I decided to follow with the aim of achieving a better understanding of the human body in all its aspects. The will to draw together with, the pleasure and the sense of self compensation I derive from this act also played a part in my choosing to enroll in this Academic course offered by the Faculdade de Belas Artes de Lisboa. I believe drawing is the simpler and most effective language for expression and communication that we can use. Many times, in different parts of the world and in situations where the spoken language had proved useless to convey the meaning that I intended, I was able to make a statement or to ask for something that I wanted by means of making a simple sketch. Academically, we prefer the word to other forms of expression. We then make an effort to make use of the word in such a way order that all doubts, mistakes and ambiguities are avoided in our communication. On the other hand, when we try to use the word for speaking about Art, (even in the cases where the word itself is the essence of the Art, like in poetry), we easily fall into paradox, contradiction and doubt. As I engaged in the process of drawing the human figure together with an academically oriented group, it became for me a ritual of meditation and contemplation. An experience that led me to the conclusion that it is an act of fundamental interest for all those who aspire to development in the fields of Art or human science, independently of the end results that may be achieved, either from the scientific or the aesthetic points of view. In fact, I believe the best way to observe the world in order to understand it is through drawing, for it is the most effective language the human being has developed in the course of history. The present work consists in a search for coincidences between forms in nature and their relationships to rational logics and Mathematics, as found in the drawing of the human figure. Art and science are disciplines that follow different paths. While the first is on the look for questions and hypothesis, and the second is a quest for answers and reliable results, both are tools that humanity uses with a common purpose: development. Philosophy links Myth and Logos. It is based in rational arguments, analysis of concepts and lateral thinking. This triangle - Science, Philosophy and Art, forms the basis of all civilizations, all cultures, and all World visions. The search and recognition of patterns was always the key to human development. To join the points is a mental process characteristic of our brains with the aim of discovering the truth of the universes that surround us. 6 I ntrodução Mãos do Apóstolo André na última ceia de Leonardo Da Vinci – Milão D ez, são os dedos que temos nas mãos. São as nossas ferramentas de contacto e interacção com o mundo físico. Podiam ser doze, ou quatro, mas não são, são dez. Essa é a nossa condição e esse é o ponto de partida para iniciar este trabalho. Ao observarmos a última ceia de Leonardo1, fazendo uma leitura da direita para a esquerda, característica sempre patente nas suas obras, verificamos que o apóstolo André é o décimo apóstolo à mesa. Posição que reafirma, elevando as mãos e mostrando os seus dez dedos, reforçando assim o conceito de que o número dez representa a condição humana, como se fosse um ábaco natural que, a contar pelos dedos, nos revelou o sistema decimal. 1 A Última Ceia foi um pretexto para representar uma ideia cosmológica e ao mesmo tempo humana que se perpetua nos conceitos de Ludovico e do próprio Leonardo. Com o contributo e o estudo dos Códices de Madrid , o número de livros da biblioteca de Leonardo, ascendia a cento e dezasseis volumes, seguramente utilizados, escritos ou copiados pelo artista. Por eles deduz-se que foi iniciado nas Ciências Ocultas, especialmente em Astrologia, Alquimia e magia práctica. Arnaldo de Villanova, Raimundo Lúlio Alberto Magno, Os Livros Mágicos do templo de Salomão, como o Grimório das chaves, textos sobre quiromancia, filósofos herméticos como Marcílio Ficino, tratados Astrológicos de Guido Bonatti, Miguel Escoto, Cecco DʼAscoli, Regiomontano, Govani Sacrobosco, do árabe Abumasar e de Cláudio Ptolomeu, foram identificados com toda a certeza. Pelos seus manuscritos sabe-se que frequentava um círculo secreto da Universidade de Pavia e que mantinha correspondência com vários ocultistas da sua época, consultando astrólogos como Cusano, Mariliani, Rosate e outros. Cfr. O simbolismo esotérico astrológico da Última Ceia e a mensagem viva do renascimento LIVRAGA Jorge Angel , GUZMAN Delia Steinberg , p.15 7 N os cinco livros, Astronómica2, de Marcus Manillus, poeta e astrólogo romano do Sec. I d.C. encontra-se uma passagem poética que descreve em Latim a relação das constelações com as partes do corpo humano. Aprende agora, as partes do homem distribuídas pelas constelações, e os membros, cada qual a obedecer a uma autoridade específica, sobre os quais, de todo o corpo os signos exercem influências. A Áries, primeiro antes de todos, coube por sorte a cabeça e ao Touro, como haver próprio seu, o belíssimo pescoço; e nos Gémeos, com igual sorte inscrevem-se os braços, unidos aos ombros; e o peito é colocado sob Câncer, do Leão é o domínio sobre os flancos e as espáduas, o ventre recai sobre a sorte particular da Virgem, Libra rege as nádegas, e o Escorpião regozija-se com a virilha, ao Centauro ajuntam-se as coxas, Capricónio tem autoridade sobre ambos os joelhos, de Aquário vertedor é o arbítrio sobre as pernas, e os Peixes reclamam para si o direito sobre os pés. A Última Ceia de Cristo, Leonardo da Vinci, pintura mural, Igreja de S. Maria delle Grazie, Milão, 1450 O bservando a figura, começando à direita, podemos constatar que Simão dá início à cena. Indica o começo com as mãos, impondo a cabeça (Aries) perfilada na direcção da leitura da acção que se desenrola. Em número dois está Judas Tadeu, mostrando e indicando o seu pescoço (Taurus). Mateus, o terceiro, devolve o olhar a Simão mas os seus braços (Gemini) manifestam- se indubitavelmente, entregando a acção ao segundo grupo de apóstolos. Felipe, o quarto, eleva as mãos ao peito (Cancer) inclinando-se sobre Tiago o Menor, o quinto apóstolo, que ao abrir os seus braços expõe o seu coração (Leo) na direcção de Jesus Cristo. Tomé, representando o signo Virgo, não dá continuação ao que se esperaria na sequência da interpretação do poema de Manillus. 2 FERNANDES, Marcelo Vieira, Tradução do Latim para Português, Universidade de São Paulo 8 D o seu corpo só vemos a cara e a mão que aponta para cima, atitude representada em outras obras e de significado controverso entre historiadores e investigadores. Se Leonardo decidisse continuar a ordem do poema, Tomé apresentar-se-ia fazendo referência ao abdómen mas isso não acontece. Leonardo, conhecendo a obra do arquitecto romano Vitruvius, sabia que o desenho do homem inscrito no pentagrama lhe conferia o número cinco, limitando-o enquanto ser mortal, mas elevando-o enquanto ser prefeito. Concluímos assim que o indicador de Tomé, o sexto apóstolo, representa o número um. (5+1 = 6). Para o sete, o oito e o nove, Leonardo, também não representa as características físicas do corpo referidas no poema, que seriam a região lombar para João (Libra), Os genitais para Judas Escariotes (Scorpio) e as coxas para Pedro (Sagitarius). Para eles, Leonardo reservou o papel, do que se pode chamar em linguagem literária, de chave do soneto. João, por ter um aspecto feminino, induz o raciocínio lógico a levantar hipóteses. De facto, Pedro, passa-lhe uma mão pela garganta e segura com a outra uma faca atrás da costas criando um cenário de tensão, enquanto Judas, no mesmo grupo de três, se vira para eles, sabendo o que eles ainda não sabem naquele momento, o que demonstra através do saco de moedas que segura com a mão sobre a mesa e a troco do qual havia traído o Mestre. Retomando o poema, Leonardo representa André, recorrendo às palmas das mãos viradas para o espectador. Segundo Marcus Manillus, Capricórnio, o décimo signo do Zodíaco, é regido astrologicamente pelos ossos. Não revelando o óbvio, Leonardo, em vez de, por exemplo, representar uma figura magra deixando adivinhar a sua estrutura óssea, prefere representar André, o número dez à mesa, recorrendo aos ossos do já referido ábaco natural com que a natureza nos dotou. Cada mão tem 27 ossos, as duas têm portanto 54. Tirando os noves, fica zero. O dez, através dos algarismos 1 e 0 encerram em si a chave de todo o pensamento pitagórico e Leonardo sabia disso. Tiago Maior, o décimo primeiro apóstolo à mesa, apesar de representar o primeiro número mestre, o 11 de Pitágoras, não lhe é dada, à primeira vista, a mesma carga simbólica que aos outros personagens da ceia. Não fosse pela sua mão misteriosa que toca no ombro de Pedro, passaria desapercebido no terceiro grupo, pois representando o signo de Aquarius deveriam estar em evidência as coxas e as pernas e não estão. Provavelmente, esta figura contém outro tipo de conhecimento que Leonardo quis demonstrar, até talvez por ausência de simbolismo. 9 P ara terminar, o signo Pisces, é regido pelos pés. Bartolomeo, o décimo segundo apóstolo, na outra cabeceira da mesa perfila a cabeça em direcção ao centro da acção, apoiando-se com as mãos e mostrando os pés. O ponto fulcral da obra encontra-se geometricamente encontrado para coincidir com o olho direito de Jesus Cristo, no ponto PHI duma pirâmide implícita à sua volta. Figura central, representa o Sol à volta do qual giram as constelações do Zodiaco3. O facto de estarem representadas treze pessoas à mesa, pois assim o dizem as escrituras, fez nascer, na civilização ocidental o mito do número 13, embora no poema de Manillus, esse número não seja atribuído especificamente a ninguém. São muitas as abordagens e teses sobre a Última Ceia. Desde as mais académicas às mais especulativas, esta obra continua a cativar admiradores e a inspirar artistas até aos dias de hoje. Ela representa o culto da mesa, o momento em que os homens estão em harmonia uns com os outros e também com a ordem cósmica que os criou. Um momento de luz, suspenso no tempo que precede o regresso das trevas. Desenho do autor a grafite sobre papel, 50cm x 22cm, Lisboa, 2012 Última Ceia de Leonardo da Vinci desenho em ordem inversa. I nspirados na ideia de atribuir as partes do corpo ao Cosmos, a nossa proposta consta de uma anatomia de carácter abstracto, procurando no corpo humano, sinais de evidência que possam estar relacionados com a geometria sagrada e com a lógica racional da natureza. Dividimos assim o corpo humano em dez partes. Do 1 ao 0 , do ponto ao círculo, observando-o através da arte de o representar, pela mão dos grandes mestres. 3 Leonardo começou a obra em 1495 e terminou-a em 1507 - 12 anos. Cfr. CLARK Kenneth, Leonardo da Vinci. Londres, pp.181,182,183,184,185,186 10

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Resumo. 4. Abstract. 5. Palavras chave : Anatomia artística, geometria sagrada, desenho anatómico, antropografia, corpo humano. Introdução. 7. 1 - O PONTO. 11. 2 - A RECTA. 17 com que o artista se defronta. 35. Cfr. JAVANE Faith and BUNKER Dusty,Numerology and the Divine Triangle, p.19
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