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universidade de brasília instituto de relações internacionais programa de pós-graduação em ... PDF

514 Pages·2011·1.41 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA INSTITUTO DE RELAÇÕES INTERNACIONAIS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS A TRANSIÇÃO NA EUROPA ORIENTAL: ESTUDO COMPARATIVO DAS CRISES E TRANSFORMAÇÕES DESDE 1989 E SUA INFLUÊNCIA SOBRE AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS Tese de Doutorado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Universidade de Brasília como requisito parcial para a obtenção do grau de Doutor em Relações Internacionais. ABELARDO DA COSTA ARANTES JR. Orientador: Professor Dr. José Flávio Sombra Saraiva Brasília, janeiro de 2011 (Data da Defesa: 8 de abril de 2011) AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador, Professor Dr. José Flávio Sombra Saraiva, a orientação erudita e incansável ao longo da elaboração desta tese. Ao Professor Dr. Eiiti Sato e ao Professor Dr. Amado Luiz Cervo, que aconselharam o autor a respeito do trabalho no âmbito do acordo entre o Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília e o Instituto Rio Branco. Ao Professor Dr. Eddy Stols, meu orientador na Universidade de Louvain (Leuven), que desde então tem sido um amigo constante, que me aconselhou em todos os projetos acadêmicos. Ao Embaixador José Maurício Bustani, ao Embaixador Pedro Fernando Bretas Bastos e ao Embaixador Hildebrando Tadeu Valadares, com seu encorajamento e seu apoio. Ao Ministro José Antonio de Castello Branco de Macedo Soares, que me tem encaminhado amplo material sobre relações internacionais. Ao Segundo Secretário Rodrigo Meirelles Gaspar Coelho, ao Oficial de Chancelaria Umberto Frantz Grillo e à Oficial de Chancelaria Juliana Magalhães Stalliviere, por seu apoio amigo e paciente. Ao Dr. Marco Antônio Arantes, por suas ponderações sábias e cultas. A Helena Cristina Fontenelle Arantes, que acompanhou cada momento do preparo desta tese, e que muito contribuiu para este objetivo. A Afonso Henrique Fontenelle Arantes, Maria Inez Fontenelle Arantes, Beatriz Fontenelle Arantes e Isabel Fontenelle Arantes, que com seus conhecimentos técnicos e seu interesse pelas relações internacionais em muito ajudaram o autor. RESUMO A presente tese tem por objetivo demonstrar que a transição na Europa Oriental, de 1989 a 1991, foi conduzida pela elite neo-estalinista, como maneira de preservar seus privilégios, em uma situação de crise terminal, ainda que ao preço de repartir o poder político, de mudar radicalmente a organização do Estado e de subordinar-se à hegemonia das potências ocidentais, que eram os adversários da véspera. Procurou mostrar também que a atitude da elite da Europa Oriental teve raízes na contra-revolução conduzida por Stalin, que suprimiu o partido leninista, destruiu a oposição de esquerda que tinha Trotsky á sua frente, colocou o poder nas mãos da nova burocracia soviética e impediu a construção do socialismo. Como expressão de sua política conservadora, Stalin tentou impedir a revolução socialista em terceiros países e procurou a composição com as potências dominantes, que, no entanto, em razão de seus projetos hegemônicos conduziram a Guerra Fria contra a União Soviética. Em resposta, Stalin estendeu seu regime à Europa Oriental, que diante da persistência dos problemas econômicos e da recusa de Gorbachev de defender o sistema, terminou por juntar-se à sociedade liberal do Ocidente. Por fim, a presente tese examina o impacto da evolução dos regimes estalinista e neo-estalinistas, bem como de seu desaparecimento, sobre as relações internacionais. PALAVRAS-CHAVE: Transição – Estudo comparativo – Relações internacionais - Europa Oriental ABSTRACT This thesis intends to demonstrate that the transition in Eastern Europe, from 1989 to 1991, was led by the neo-stalinist elite, in order to maintain its privileges at the time of a terminal crisis, though at the price of sharing its political power, of allowing a radical change in State institutions and of submitting itself to the hegemonic power of the West, its erstwhile adversary. This thesis also intends to demonstrate that the policies of the Eastern European elite had their roots in the counter- revolution led by Stalin, which suppressed the Leninist party, destroyed the left opposition which had Trotsky at its head, put the power in the hands of the new Soviet bureaucracy, and prevented the construction of socialism. Along the lines of his conservative policies, Stalin tried to prevent the socialist revolution in other countries and did his utmost to reach a compromise with the ruling world powers, which, striving to secure their hegemonic projects, led the Cold War against the Soviet Union. As an answer, Stalin imposed his regime on the Eastern European countries. Plagued by chronic economic problems and faced with Gorbachev’s refusal to defend the neo-stalinist system, Eastern European leaders decided to let their regime collapse and joined ther Western liberal societies. Finally, this thesis analyzes the impact of the evolution of the stalinist and neo-stalinist regimes, as well as of their suppression, on international relations. KEYWORDS: Transition – Comparative study – International relations – Eastern Europe SUMÁRIO INTRODUÇÃO ............................................................................................................................ 11 1 AS LIMITAÇÕES DO LIBERALISMO E OS MOVIMENTOS SOCIALISTAS ........................ 34 1.1 DEFICIÊNCIAS DO LIBERALISMO NO OCIDENTE E O SURGIMENTO DO MARXISMO COMO TEORIA REVOLUCIONÁRIA ...................................................................................................................... 37 1.1.1 A influência da Europa Ocidental sobre a Revolução Russa ................................... 39 1.1.2 O triunfo do liberalismo inglês e o declínio dos projetos socialistas ......................... 41 1.1.3 A derrota dos movimentos revolucionários e ascensão do liberalismo na França: sua influência sobre Marx ................................................................................................... 51 1.1.4 A experiência alemã ................................................................................................. 59 1.2 O FRACASSO DO LIBERALISMO RUSSO E O MOVIMENTO SOCIALISTA ....................................... 61 1.2.1 A questão nacional e a questão social: da paralisia do tsarismo ao liberalismo russo ............................................................................................................................................ 64 1.2.2 Do liberalismo radical aos primórdios do socialismo ................................................ 69 1.2.3 Radicalismo, desenvolvimento capitalista e marxismo revolucionário: o papel de Lênin ................................................................................................................................... 73 1.2.4 A estratégia revolucionária na Rússia ...................................................................... 83 1.2.5 A convergência fundamental de Lênin e Trotsky ..................................................... 93 1.2.6 A Primeira Guerra Mundial e a crise revolucionária na Rússia ............................... 100 2 REVOLUÇÃO LENINISTA E CONTRA-REVOLUÇÃO ESTALINISTA ............................... 105 2.1 AS DUAS REVOLUÇÕES DE 1917 ......................................................................................... 108 2.1.1 A vitória da revolução na Rússia e da contra-revolução no exterior ....................... 110 2.1.2 A aliança entre Lênin e Trotsky contra a nascente burocracia estalinista .............. 141 2.1.3 Stalin empolga o poder ............................................................................................ 151 2.1.4 Trotsky e os conceitos de reação termidoriana e de degeneração do Estado operário .......................................................................................................................................... 173 2.2 A NATUREZA DA SOCIEDADE ESTALINISTA ........................................................................... 182 2.2.1 O conceito de degeneração do Estado operário ..................................................... 183 2.2.2 A tese da sobrevivência do capitalismo na URSS ................................................. 188 2.2.3 A articulação de instâncias e a determinação nos sistemas econômicos .............. 194 2.2.4 Outras concepções sobre o abandono do “socialismo” pela anterior elite da Europa Oriental ............................................................................................................................. 198 3 RELAÇÕES INTERNACIONAIS, EXPANSÃO E CRISES DO ESTALINISMO ................... 201 3.1 AS RELAÇÕES EXTERIORES DA URSS SOB STALIN ............................................................. 205 3.1.1. O Acordo Anglo-Soviético ...................................................................................... 206 3.1.2 A política de Stalin diante da Revolução Chinesa ................................................... 209 3.1.3 A política estalinista diante da República Espanhola ............................................. 230 3.1.4 As tentativas de entendimento de Stalin com as potências ocidentais ao tempo da Segunda Guerra Mundial.................................................................................................. 236 3.2 AS CRISES DO ESTALINISMO E DO NEO-ESTALINISMO ........................................................... 246 3.2.1 A expansão do estalinismo na Europa Oriental ..................................................... 248 3.2.2 Kruchev e a desestalinização .................................................................................. 255 3.2.3 As crises terminais do neo-estalinismo .................................................................. 256 4 A TRANSIÇÃO NA URSS E NA EUROPA ORIENTAL........................................................ 258 4.1 O PONTO DE PARTIDA DA TRANSIÇÃO: GLASNOST E PERESTROIKA ........................................ 258 4.1.1 O papel pessoal de Gorbachev .............................................................................. 259 4.1.2 A evolução da atitude de Gorbachev ...................................................................... 263 4.2 A PRESENÇA DA NOMENCLATURA: PERSONALIDADES DA TRANSIÇÃO NA URSS ..................... 273 4.3 SEPARATISTAS, CENTRALISMO E REFORMADORES: A ATITUDE DA NOMENCLATURA DIANTE DA OPOSIÇÃO LITUANA .................................................................................................................. 285 4.4 A TRANSIÇÃO NA POLÔNIA ................................................................................................. 288 4.4.1 Etapas da evolução da Polônia estalinizada ........................................................... 289 4.4.2 Personalidades da transição ................................................................................... 292 4.5 A TRANSIÇÃO NA RDA ....................................................................................................... 299 4.5.1 Os processos da transição e suas raízes ............................................................... 300 4.5.2 As personalidades da transição na RDA ................................................................. 306 4.6 A TRANSIÇÃO NA HUNGRIA ................................................................................................ 311 4.6.1 Personalidades da transição ................................................................................... 314 4.6.2 Os mecanismos da transição .................................................................................. 318 4.7 A TRANSIÇÃO NA TCHECO-ESLOVÁQUIA .............................................................................. 330 4.7.1 Evolução dos eventos ............................................................................................. 330 4.7.2 Personalidades da transição ................................................................................... 333 4.7.3 Papel da oposição liberal ........................................................................................ 337 4.8 A TRANSIÇÃO NA ROMÊNIA ................................................................................................. 340 4.8.1 A crise econômica e a deterioração do poder ......................................................... 341 4.8.2 Personalidades da nomenclatura e da oposição .................................................... 345 4.8.3 A conversão em uma nova elite .............................................................................. 353 4.9 A TRANSIÇÃO NA IUGOSLÁVIA ............................................................................................ 357 4.9.1 Evolução dos eventos na Iugoslávia ....................................................................... 357 4.9.2 A nova sociedade: a visão dos vencedores ........................................................... 365 5 A CONVERSÃO DA ELITE NEO-ESTALINISTA EM UMA NOVA ELITE LIBERAL E SUAS CONSEQÜÊNCIAS PARA AS RELAÇÕES INTERNACIONAIS ............................................ 373 5.1 AS POLÍTICAS DA CONVERSÃO ........................................................................................... 374 5.1.1 As estratégias do retorno ao capitalismo ................................................................ 376 5.1.2 O modelo adotado na Europa Oriental ................................................................... 380 5.1.3 Comparação entre o modelo da Europa Oriental e o da China .............................. 383 5.2 A PRIVATIZAÇÃO COMO ELEMENTO DE FORMAÇÃO DA NOVA ELITE ........................................ 389 5.2.1 A transferência de propriedade sob o esquema de vouchers ................................ 391 5.3 TEORIAS SOBRE A FORMAÇÃO DA UMA NOVA ELITE .............................................................. 392 5.3.1 A elite estalinista ...................................................................................................... 393 5.3.2 Teorias sobre a formação das elites ...................................................................... 396 5.3.3 Discussão da transformação da elite neo-estalinista ............................................. 408 5.4 CONSEQÜÊNCIAS DA FORMAÇÃO DA NOVA ELITE PARA A RELAÇÕES INTERNACIONAIS APÓS 1989 .............................................................................................................................................. 412 5.4.1 Características da hegemonia ocidental ................................................................ 415 5.4.2 Os EUA à frente do sistema hegemônico ............................................................... 416 5.4.3 A cooperação internacional e os direitos humanos: o caso do Tribunal Penal Internacional ..................................................................................................................... 424 5.4.4 A não-proliferação .................................................................................................. 428 5.5 OS ACORDOS DE DAYTON E RAMBOUILLET A RESPEITO DA ANTIGA IUGOSLÁVIA ................... 431 5.5.1 Os Acordos de Dayton ............................................................................................ 432 5.5.2 O projetado acordo de Rambouillet ........................................................................ 433 5.6 CONTRADIÇÕES ENTRE A IDEOLOGIA DOS DIREITOS HUMANOS E A REALPOLITIK .................... 435 CONCLUSÕES ......................................................................................................................... 438 ANEXO I .................................................................................................................................... 470 ANEXO II ................................................................................................................................... 482 ANEXO III .................................................................................................................................. 485 ANEXO IV ................................................................................................................................. 487 ANEXO V .................................................................................................................................. 489 ANEXO VI ................................................................................................................................. 492 BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................................... 497 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS AIEA – Agência Internacional de Energia Atômica COMECON – Conselho Econômico para Assistência Mútua COMKFOR – Comandante da Força (da OTAN) do Kosovo COMINTERN – III Internacional EUA – Estados Unidos da América KD – Partido Constitucional Democrata (Kadets) KFOR – Força (da OTAN) do Kosovo KGB – Comitê de Segurança do Estado KMT – Kuomintang (Partido Nacionalista Chinês) KONSOMOL – União da Juventude Comunista (PCUS) KOR – Comitê de Defesa dos Trabalhadores NEP – Nova Política Econômica NKVD – Comissariado do Povo para Assuntos Internos NSS – National Security Strategy ONU – Organização das Nações Unidas OSCE – Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa OTAN – Organização do Tratado do Atlântico Norte POUM – Partido Obreiro de Unificação Marxista PCC – Partido Comunista Chinês PCR – Partido Comunista Romeno PCUS – Partido Comunista da União Soviética POPU – Partido Operário Polonês Unificado 9 POSDR – Partido Operário Social-Democrata Russo POSDR (b) – Partido Operário Social-Democrata Russo, bolchevista PSHT – Partido Socialista Húngaro dos Trabalhadores PSI – Proliferation Security Initiative RDA – República Democrática Alemã RFA – República Federal da Alemanha RFI – República Federal da Iugoslávia RPDC – República Popular Democrática da Coréia SED – Partido Socialista Unificado Alemão (RDA) SPD – Partido Social-Democrata (da Alemanha) SR – Partido Social-Revolucionário TNP – Tratado de Não-Proliferação TPI – Tribunal Penal Internacional TPII – Tribunal Penal Internacional para a ex-Iugoslávia URSS – União das Repúblicas Socialistas Soviéticas 10 INTRODUÇÃO Os três acontecimentos mais importantes do século XX, estreitamente ligados entre si, são a formação de um sistema global de economia e poder, com base na exportação de capitais; o triunfo inicial da revolução socialista; e sua subseqüente derrota (que pode não ter sido definitiva; é possível que os movimentos revolucionários de cunho socialista venham a ser retomados). Esses dois últimos aspectos da evolução histórica no século XX estão associados a dois eventos grandiosos, à maneira dos “dez dias que abalaram o mundo”, na expressão de John Reed1: a tomada do poder pelos bolchevistas, em 1917, e o colapso dos regimes da Europa Oriental, em 1989. Entretanto, a história não é determinada por eventos isolados, e sim por processos. Deste ponto de vista, pode-se dizer de maneira mais apropriada que dos três elementos fundamentais acima mencionados, os dois últimos são a evolução e a culminação da Revolução Russa, em 1898-1917, e a paralisia e por fim a supressão dos últimos vestígios do movimento revolucionário entre 1923 e 1991. Ambos os processos tiveram imensa importância para as relações internacionais. A Revolução Russa rompeu o monopólio do poder pelas potências ocidentais e, sob sua forma degenerada, sob Stalin, foi capaz de se estender a toda a Europa, além de ver surgir regimes 1No texto de John Reed pode ser encontrada mais que a memória de um evento capital - “history as I saw it”, em suas próprias palavras. Talvez o futuro venha a mostrar que ele também continha um elemento de profecia: “Among the worker, soldier, and peasant masses, however, there was a stubborn feeling that the ‘first act’ was not yet played out.” Reed referia-se ao ensaio de revolução que precedeu os dias de outubro, mas também podemos ler suas palavras no contexto dos eventos após 1989. Neste caso, ganha importância o prefácio ao livro de John Reed, firmado por Lênin: “With the greatest interest and with never-slackening attention I read John Reed’s book… Unreservedly do I recommend it to the workers of the world.” 1 In John Reed, Ten Days That Shook the World, pp. ix, 2 e “Introduction”. New York: Bantam Books, 1992. 11

Description:
du Soviet de Moscou, des Comités d'Usines et de Fabriques et des Syndicats de. Moscou », in Lenin, Oeuvres Choisies, Vol. 3, pp. 26-27. Moscou : Éditions du transferiram o controle do país de uma “cabala” (sic) altamente centralizada e ditatorial para uma cabala menos ditatorial e muito ma
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