IIMM 5 brasiliana \mmm g a«» 1 Uma Outra Cidade O Mundo dos Excluídos no Final do Século XIX K- Sandra Jatahy Pesavento Coordenaçãoeditorial: Júlio Qiievedo&Marlenc Ordonez Editoraçãoeletrônica:ContemporâneaA.D. Capa:OsvaldoSeqiietin Revisão: EquipeIBEP Todos os direitos reservados CM) companhia editora nacional Caixa Postal 1784- CEP 03016-020 - São Paulo - Brasil Te.: 0800-175678 - e-mail: [email protected] Visite nosso site: www.ibep-nacional.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Pesavento, Sandra Jatahy Uma outra cidade : o mundo dos excluídos no i final do século XIX / Sandra Jatahy Pesavento. — São Paulo : Companhia Editora Nacional, I 2001. — (Brasiliana novos estudos ; 5) Bibliografia. 1. Brasil - História - Século 19 2. Cidadania Brasil 3. Marginalidade social - Brasil 4. Diferenciação (Sociologia) I. Titulo. II. Série. 01-6442 CDD-981.04 índices para catálogo sistemático; 1. Brasil : Exclusão social : Século 19 : História social 981.04 2. Século 19 : Exclusão social : Brasil : História social 981.04 EDITORAAPaiAOA brasilÍLina Uma Outra Cidade O IMundo dos Excluídos no Fina! do Século XIX Sandra Jatahy Pesavento 1"^ Edição São Paulo, 2001 companhia editora nacional SUMÁRIO 1- ACONSTRUÇÃO DADIFERENÇA: CIDADANIA E EXCLUSÃO SOCIAL 9 2 - A GEOGRAFIA DA EXCLUSÃO 27 2.1. Os lugaresde enclave: osbecos da cidade 27 2.2. Por dentrodos becos:opecadomora aolado 33 2.3. Oslugaresda alteridade: acidade dosoutros 67 2.3.1. Colônia Africana e Areai da Baronesa: territórios visíveis e invisíveis da cidade 68 2.3.2. Cortiços, casebres, porões: onde moram os excluídos 87 3 - O MALANDASOLTO 117 3.1. O mundo dos turbulentos 120 3.2. Nasmalhasda lei:de crimesecastigos 161 3.3. Dos crimes de amor e das tragédias sexuais: mulheresemcena 241 3.4. Nolimiteda vida:homicídios 289 3.5. Desistências da vida: ossuicidas 321 4 - ACABANDO, SEM ACABAR 345 5 - ANEXOS 347 I A CONSTRUÇÃO DA DIFERENÇA: CIDADANIA E EXCLUSÃO SOCIAL Cidadania e exclusão; identidade e alteridade; in e out; ordem e trans gressão - palavras que remetem a uma comunidade de sentido ou à partilha de determinados atributos que seconstituem em unidades de significadosrelacionais. Comorepresentaçõessociaisconstruídas na e a partir da urbs, a cidadania e a exclusãosão designações que devem serpensadas uma em relaçãoaoutra ou,atémesmo,sóexis tem como significado mediante essa relação. Assim, omundodós excluídosseconstituiem facedaquelesque partilham da inclusão numa ordem dada, e é ante a imposição e legitimaçãodesta que seconcebeadesordem, da mesmaformaque a noção de bárbaro ou selvagem tem por referência a concepção dos civilizados. Como construções imaginárias de ordenamento e parti lha do mundo, cidadania eexclusãosão conceitos que têm uma lon ga história e que se explicitam na construção da diferença. Depoisdo Gênesis,Deus eohomem nãocessaramde imaginar os ordenamentos, de construir categorias. Primeiro, o céu e a terra, depois odia ea noite,o homem ea mulher,e enfimos dias da semana para dispor o tempo. As distinções essenciais foram postas no Gênesis. As outras serão construídas pelos outros í.../.' Se, metaforicamente. Deus tomara a iniciativa de instaurara di ferença,como nos revela oAntigo Testamento,os homens foram de ' Arpin, Roland. Préface. In: Ladifférence. Quebec: Musée de IaCivilisation/Ed. Fides, 1997.p.VII. Uma Outra Cidade uma eficáciaextraordináriana perseguiçãode tal tarefa,sofisticando as partilhas, delimitando os espaços, dividindo os grupos, institu indo normas e conformando as práticas. Somos tentados a pensar essas partilhas e recortes do real, que instituem nossa problemática de análise- a cidadania e a exclusão- comoumparadigmasocietaF,oquevaleconsiderá-lascomorepresen tações da ordem social, relativamente legitimadas e estabilizadas e quedãosentidoecoerênciaaomundo, orientandooolhareaspráti cas dos homens. A idéia de paradigma societal nos remete não só a uma construção historicamente dada, como também a um consenso ea uma generalização de formas de pensare agir, o que, entretanto, não implica que se elimine a possibilidade de representações alter nativas.Mas,sendo orealum campode forças ede lutaspara defi nir o que é o irreaP, o paradigma instaurador da diferença - ou, em outras palavras, da definição da realidade - explicita o resultado deste enfrentamento de forças. Endossar tal postura nos remete a pensaraforça dasrepresentações naconstrução domundo,produ zindouma cadeiasimbólica de sentidosqueseorganizasegundoa lógicada diferença e que são dados a perceber como naturais. Taisformas de classificação, que instauram a percepção da di ferença e a legitimam, sãofruto de múltiplosfatores, que vãodes de a biologia à estratificação social, mas que se efetivam no domí niodo simbólico, quesacramenta ossignificados, funções, papéis e valores. Reafirma-se assim a construção contraditória da realida de, através de representações sociaisque se objetivam em classifi cações, recortes, exclusões, inclusões'*. Neste momento, toda e qualquer diferença passa a ser concebida no plano da cultura, ou seja,passa a fazer parte deste conjuntode significadospartilhados ^Paugan, Serge. La constitution d'un paradigme. In:Paugan, Serge (dir.). Uexclusion: 1'étatdessavoirs. Paris: Éd. daIa Découverte, 1996. p.l6. ' Bourdieu, Pierre. Cequeparlerveuldire. Paris: Fayard, 1982. p.l42. *(cid:127) Chartier, Roger.O mundo como representação. EstudosAvançados, v.5,n.ll, 1991. p.l83.