PATRICIA MARÍA INGRASIOTANO UMA ONTOLOGIA DO SAGRADO FEMININO NA PERSPECTIVA DA DIMENSÃO AMBIEN TAL NA EDUCAÇÃO IT AJAÍ 2017 U NIVALI UNIVERnoSmIDe AdDo Eac DadOê mViAcoL E DO ITAJAÍ Vice-Reitoria de Pós-Gradu ação, Pesquisa, Extensão e Cultura Programa de Pós-Grad uação em Educação - PPGE Curso de Mestrado Acadêmico em Educação PATRICIA MARÍA INGRASIOTANO UMA ONTOLOGIA DO SAGRADO FEMININO NA PERSPECTIVA DA DIMENSÃO AMBIENTALNA EDUCAÇÃO Dissertação apresentada ao Colegiado do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE) da Universidade do Vale do Itajaí (UNIVALI) como requisito parcial à obtenção do grau de Mestre em Educação – área de concentração: Educação– (Linha de Pesquisa – Práticas Docentes e Formação Profissional). Grupo de pesquisa: Educação, Estudos Ambientais e Sociedade (GEEAS) Orientador: Prof. Dr. Antonio Fernando Silveira Guerra Ori entador: Professor Doutor Antonio Fernando Itajaí 2017 2 3 UMA ONTOLOGIA DO SAGRADO FEMININO NA PERSPECTIVA DA DIMENSÃO AMBIENTAL NA EDUCAÇÃO Dedico esta produção Ao Sagrado Feminino das mulheres que me antecederam: Magdalena, minha avó; Demetria, minha madrinha e Elsa, minha mãe. Ao Sagrado Feminino da mulher que É comigo, Monica, minha companheira. Ao Sagrado Feminino da mulher do meu vir-a-Ser, Isabella, minha neta. Vocês vivem em mim, Eu vivo em vocês. Gratidão pela Oportunidade!1 1Fonte da imagem: http://mamainata.blogspot.com.br/2011/11/circulos-de-gravidas.html 4 Agradecimentos O estado de Gratidão, a meu ver, é uma dádiva que a vida nos oferece quando se passa um certo tempo andando nela. E a mim me deu! Nesse sentido, estou grata com a existência que toma forma em cada um dos seres que coabitam comigo na Casa da Terra. No entanto, os agradecimentos que destaco a seguir são para aquelas pessoas que, durante este processo criativo da dissertação, aproximaram-se de mim ao estilo da metáfora matricêntrica que tomei emprestada de Viky Noble. Referindo-se à metáfora, Vicky explica tratar-se de um tempo de grande movimento e expressão. Há uma mulher preparando-se para dar à luz. Neste momento a mulher grávida ocupa o centro de um círculo. Mulheres e homens da comunidade tomam seus lugares conformando um grande círculo rodeando mulher. Cada um dos presentes representa uma “tribo”, ou seja, eles/as “vêm de diferentes passados culturais, mas se unem sob o propósito de fazer desse nascimento uma ocasião gozosa e saudável”. Mulheres e homens “trazem suas cestas sagradas ao círculo e focalizam a energia através de eles apontando o centro, onde se produz o nascimento”. Honrando essa perspectiva e a força transformadora dessa metáfora, que traz à tona o poder da energia grupal, agradeço às tribos que vieram até o círculo e trouxeram em suas cestas as dádivas de amor para meu projeto. À tribo de Professoras/es, os primeiros em chegar ao círculo: Professora Doutora Maria do Carmo Galiazzi por instigar-me a recobrar a memória. Obrigada, você me ajudou a integrar minha identidade! Professor Doutor Antonio Fernando Silveira Guerra, orientador da dissertação, por acolher meu projeto e oferecer condições para levá-lo em frente. Obrigada, você arou o solo para que eu pudesse andar! Professora Doutora Regina Célia Linhares Hostins e Professor Doutor. Vilmar Alves Pereira, vocês conseguiram ver o que eu ainda não enxergava quando apresentei o projeto inicial. Obrigada pela generosidade com que qualificaram o piloto, fiquei empoderada para continuar! 5 Professora Doutora Maria Glória Dittrich, por encorajar-me a dar de mim o inusitado. Obrigada, você abriu o espaço para que o inusitado tivesse lugar onde ancorar! À tribo de colegas do GEEAS, essas/es que ficaram sempre em torno de mim, curiosos, colaboradores e animados com o projeto: Jaque Marcia, com quem compartilhei as emoções de cada um dos estágios do processo; Paulo, quem a cada material que encontrava de gênero feminino, enviava para mim; Ananda, Víctor, Diego e Gaby que acompanharam as apresentações emprestando ouvidos e interesse às discussões. A companhia de vocês foi reconfortante! Marcia e Junior, que a pesar das ocupações e a distância, disponibilizaram tempo e interesse para ajudar-me a repensar conceitos. O interesse de vocês deu-me confiança e seu conhecimento, segurança! Denise, Raquel, Eliane, Vanessa e Jaqueline que a partir das suas Teses e Dissertações apontaram um caminho para localizar-me. Obrigada, o carinho de vocês me acolheu e a qualidade dos seus trabalhos me desafiou! A Margarete pela delicadeza com que fez as revisões finais. Obrigada pelo respeito e a confiança! Á tribo dos que cuidam do progresso da minha alma: Marcos Soares da Silveira por abrir caminho para meus mergulhos profundos. Obrigada por ajudar-me a Despertar! Silvester Schmith por tirar as pedras pesadas do meu caminho. Obrigada por ajudar-me a caminhar! Noemia Kestering Medeiros por intermediar nas conexões cósmicas e a Nivea Maria do Espírito Santo Medeiros por oportunizar os encontros. Obrigada por ajudar- me a voar! A tribo de amigas/os da alma, Norma, Irene, Magda, Alejandra, Laura e Ricardo, vocês respeitam minha voz e meu silêncio, sem pedir, nem medir, nem comparar, nem julgar, com vocês posso falar no silêncio e também me manter em silencio. Obrigada por me acompanhar! 6 A tribo dos filhos, Santiago e Juan Pablo, meus amores, meus motivadores, meus inspiradores. Obrigada pela originalidade da ética que os sustenta e por não acomodar- se! A Monica com a que partilho da mesma tribo, por aparar as arestas de toda e qualquer interferência, por ser guardiã do meu processo criativo. Obrigada, você me emociona, teu amor me fortalece! A Sophie, nossa filha cachorra, por manter-me conectada aos ritmos da vida. Obrigada, você me alegra e torna minha humanidade mais humana! 7 RESUMO Frente aos modos de vida insustentáveis da contemporaneidade, este estudo se propôs compreender a matriz ontológica do sagrado feminino na perspectiva da dimensão ambiental na Educação, a fim de reconhecer uma ontologia do cuidado que possa vir a contribuir com esta dimensão da educação, e com o campo de discussões da Educação Ambiental. A pesquisa foi desenvolvida no contexto do Grupo de Pesquisa Educação, Estudos Ambientais e Sociedade do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica (SANTOS, 2000; SALVADOR, 1986, de cunho teórico (FOUCAULT, 1998, 2000, 2001, 2008, 2011; BOFF, 2000, 2004, 2009; 2013; SAUVÉ; 1996, 2005, 2016; GUERRA, 2004, 2001, 2006; SATO, 2005, 2016; PEREIRA, 2016; DITTRICH, 2001, 2010; MATURANA, 1997; CAPRA, 2006), de caráter transdisciplinar (NICOLESCU; MORIN; FREITAS, 1994), compreendida no horizonte de uma abordagem hermenêutica (GADAMER, 2002; 2007). No percurso investigativo, dados arqueológicos da pré- história que comportam iconografia sagrada feminina, arte e ritual foram explorados (LEROI-GOURHAN, 1968; 2007; GIMBUTAS, 2001; MELLAART, 2000), assim como as sistematizações teóricas a respeito dos mesmos (EISLER, 1997; 1998; 2014). Movimentos feministas, e seus desdobramentos, tais como o Ecofeminismo e a Teologia feminista, também foram revisados (RESS, 2012; KOLBENSCHLAG, 2000; WARREM, 2000; RUETHER, 1993, 1996; GEBARA,1999). Aproximações entre a ética do matricentralismo, a Carta da Terra (UNESCO, 2003), a Ecologia Profunda de Arne Naess (DIEGUES, 1998) e Teoria Ecológica Cosmocena (PEREIRA, 2016) foram balizadas. Os dados apontam que na perspectiva de uma ontologia do sagrado feminino na dimensão ambiental da Educação, o Corpo adquire um estatuto sagrado, e se reconhece a si próprio em diálogo com o Mistério, mediado pela história dos acontecimentos. Essa percepção de si é transferida às relações das quais faz parte, assim como da Terra em que habita, considerada esta, o Grande Corpo da Mãe, tal como aparece nas manifestações artísticas e celebratórias ancestrais, revelando com isso uma apropriação vital da Casa da Terra, por parte dos antigos, que pode entender-se como um saber habitar. Um saber que se mostra nas reivindicações da mulher através dos tempos, nos movimentos contraculturais feministas e ambientalistas, cujos apelos e conquistas mostram-se permeados por uma ética de re-apropriação da Vida, em Si, na Terra e na Divindade. Com efeito, a matriz ontológica do sagrado feminino que se revela na ressignificação dos sentidos do cuidado na dimensão ambiental da Educação pode considerar-se como um dispositivo capaz de acalentar o acontecimento no campo educacional, pois nos convoca, como educadores e educadoras, a reinventar a cultura a partir do redimensionamento do Ser, assim como no redimensionamento dos seus territórios de existência, de apropriação de si, de diálogo e de atuação. Assim sendo, mostra-se como uma contribuição fundamental na inversão axiológica apontada por Pereira (2016) como o grande desafio da Educação Ambiental. Palavras-chave: Educação Ambiental. Sagrado Feminino. Ontologia do cuidado. Ecologia Cosmocena. 8 ABSTRACT In view of the unsustainable lifestyles of the contemporary world, this study aims to understand the ontological matrix of the feminine sacred from the perspective of the environmental dimension in Education, in order to recognize an ontology of care that can contribute to this dimension of education, and to the field of Environmental Education discussions. The research was developed in the context of the Education, Environmental Studies and Society Research Group of the Postgraduate Program in Education of the Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI. It is a bibliographic study (SANTOS, 2000; SALVADOR, 1986), based on a theoretical perspective (FOUCAULT, 1998, 2000, 2001, 2008, 2011; BOFF, 2000, 2004, 2009, 2013; SAUVÉ, 1996, 2005, 2016; GUERRA, 2004, 2001, 2006; SATO, 2005, 2016; PEREIRA, 2016; DITTRICH, 2001, 2010; MATURANA, 1997; CAPRA, 2006), with transdisciplinary characteristics (NICOLESCU; MORIN; FREITAS, 1994), within the horizon of a hermeneutic approach (GADAMER, 2002, 2007). As part of the research, archaeological data from prehistory that include feminine sacred iconography, art and ritual were explored (LEROI- GOURHAN, 1968, 2007; GIMBUTAS, 2001; MELLAART, 2000), as well as the theoretical systematizations relating to them (EISLER, 1997, 1998; 2014). Feminist movements, and their developments, such as Ecofeminism and feminist Theology, were also reviewed (RESS, 2012; KOLBENSCHLAG, 2000; WARREM, 2000; RUETHER 1993, 1996; GEBARA, 1999). Approaches including the ethics of matricentralism, the Earth Charter (UNESCO, 2003), the Deep Ecology of Arne Naess (DIEGUES, 1998) and Cosmocene Ecological Theory (PEREIRA, 2016) were used as support. The data indicate that from the perspective of a feminine sacred ontology in the environmental dimension of Education, the Body acquires a sacred status, and recognizes itself in dialogue with the Mystery, mediated by the history of events. This perception of self is transferred to the relations of which it forms a part, as well as with the Earth in which one dwells, and the Earth considered here as the Great Mother Body, as it appears in the artistic and celebratory manifestations of the ancestors, thus revealing a vital appropriation of the Earth House, by the ancients, which can be understood as knowing how to inhabit. This is a knowledge that is manifested in the claims of women through the ages, in the feminist counter-cultural and environmentalist movements whose appeals and conquests are permeated by an ethic of re-appropriation of Life, in Itself, on the Earth and in the Divinity. In effect, the feminine sacred ontological matrix that reveals itself in the re- signification of the senses of care in the environmental dimension of Education can be considered as a device capable of cherishing the event in the educational field, since it calls us, as educators, to reinvent the culture from the resizing of the Being, as well as in the resizing of its territories of existence, of self-appropriation, dialogue and action. Thus, it is shown as a fundamental contribution in the axiological inversion pointed out by Pereira (2016) as the great challenge of Environmental Education. Keywords: Environmental Education. Feminine Sacred. Care ontology. Cosmocene Ecology. 9 LISTA DE ABREVIATURAS BDTD - Biblioteca Digital de Teses e Dissertações CAPES - Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior EA - Educação Ambiental EAarte - Estado da Arte da Pesquisa em Educação Ambiental no Brasil FIOCRUZ - Fundação Osvaldo Cruz GEEAS - Grupo de pesquisa: Educação, Estudos Ambientais e Sociedade OMS - Organização Mundial da Saúde PCDT - Protocolo Clínico de Diretrizes Terapêuticas para Gestantes PPGE - Programa de Pós-Graduação em Educação SciELO - Scientific Eletronic Library Online UNIVALI - Universidade do Vale do Itajaí 10
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