UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARA´IBA CENTRO DE CIEˆNCIAS EXATAS E NATUREZA DEPARTAMENTO DE MATEMA´TICA ˜ UMA INTRODUC¸AO AO ESTUDO DO PROBLEMA DE DIRICHLET PARA A ˜ EQUAC¸AO DE LAPLACE ´ RELATORIO FINAL ´Icaro Lins Leita˜o da Cunha BOLSISTAPELOPROGRAMAINICIAC¸A˜OCIENT´IFICAMILEˆNIO Prof. Dr. Pedro A. Hinojosa Vera ORIENTADOR Jo˜ao Pessoa, 24 de mar¸co de 2004 Sum´ario Sum´ario . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ii Introdu¸c˜ao iii Objetivo iv Metodologia Utilizada iv 1 Equa¸c˜oes Diferencias 1 1.1 Conceitos Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 1 1.2 Equa¸co˜es Ordin´arias de Primeira Ordem . . . . . . . . . . . . 2 2 Preliminares 7 2.1 Nota¸co˜es e defini¸co˜es . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 2.2 Resultados de C´aculo Avan¸cado . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 3 Operador Laplaciano 14 3.1 Introdu¸ca˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 14 3.2 Propriedades B´asicas de Fun¸co˜es Harmˆonicas . . . . . . . . . . 15 4 Representa¸c˜ao de Green para o Problema de Dirichlet 21 4.1 Introdu¸ca˜o . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 4.2 C´alculo da Representa¸ca˜o de Green . . . . . . . . . . . . . . . 22 Informa¸c˜oes Adicionais 25 Aprecia¸c˜oes Finais 25 Referˆencias Bibliogr´aficas 26 ii Relat´orio Final de Atividades ˜ INTRODUC¸AO Aqui apresentaremos as atividades desenvolvidas pelo bolsista de Ini- cia¸ca˜o Cient´ıfica do Milˆenio ligado ao grupo “Projeto Integrado de Pesquisa ´ em An´alise” da UFPB coordenado pelo professor Jo˜ao Marcos Bezerra do O e orientado pelo professor Pedro Hinojosa. O per´ıodo ´e o primeiro semestre de 2004, e nesta apresenta¸ca˜o al´em dos aspectos t´ecnicos estudados expres- saremos os objetivos atingidos, a metodologia e a bibliografia. O “Projeto Integrado de Pesquisa em An´alise” estabelece algumas ativi- dades complementares para os bolsistas ligados a ele, al´em das convencionais requeridas pela Inicia¸ca˜o Cient´ıfica. A seguir listamos algumas destas ativi- dades que desenvolvemos neste per´ıodo e que consideramos de grande valor para a nossa forma¸ca˜o . 1. Participamos como palestrante do primeiro encontro envolvendo todos os integrantes do grupo que forma o “Projeto Integrado de Pesquisa em An´alise” na primeira semana de fevereiro de 2003 ainda como vol- unt´ario; 2. Participamos como palestrante do encontro envolvendo todos os in- tegrantes do grupo que forma o “Projeto Integrado de Pesquisa em An´alise” na primeira semana de outubro de 2003 proferindo a palestra de t´ıtulo “Introdu¸ca˜o `a o Operador de Laplaciano”; 3. Participamos como expositor de painel do XI Encontro de Inicia¸c˜ao Cient´ıfica da UFPB realizado na primeira semana de dezembro de 2003 exibindo um painel com o ttulo “Represeta¸ca˜o de Green para o Prob- lema de Dirichlet”. iii 4. Participamos do “III Encontro Regional de Matem´atica Aplicada e Computacional”realizadonaUFPBpeloDepartamentodeMatem´atica; ´ 5. Estudos semanais com o subgrupo formado por Icaro L. Leit˜ao da Cunha, Rodrigo A. de Oliveira Arruda e Sime˜ao Targino da Silva, e co- ordenadopelosprofessoresEveraldoSoutodeMedeiroseGilmarOt´avio Correia. OBJETIVO Duranteopercorrerdoprojetocuidamosdenosembasarcomalgunsestu- dos iniciais de Equa¸co˜es Diferenciais El´ıpticas para podermos compreender e desenvolver estudos mais profundos que requer o projeto. Essas ativi- dades foram vistas na seguinte cronologia: Alguns resultados de C´alculo Avan¸cado, Func¸˜oes Harmˆonicas e suas Propriedades, Solu¸ca˜o Fundamental para aEqua¸c˜aode Laplace, Problema de Dirichlete Representa¸ca˜ode Green. Em suma o objetivo era desenvolver um estudo preliminar para que com de- streza possamos cumprir o plano proposto. Ainda salientamos que, como fazemos parte do “Projeto Integrado de Pesquisa em An´alise ”, muito destes estudos foram desenvolvidos em grupos, comcolegasquetamb´emfazemInicia¸c˜aoCient´ıficaepertencemaoprojetode pesquisa supra citado. Esta pr´atica foi bastante favor´avel para n´os, reduziu o tempo de compreens˜ao dos textos estudados e fez avan¸carmos de forma desej´avel. METODOLOGIA UTILIZADA Ametodologiautilizadafoiatradicionalaplicadanasinicia¸co˜escient´ıficas da ´area da matem´atica que tem tido sucesso ao longo dos anos, isto ´e: • Leitura criteriosa de texto da bibliografia; • Resolu¸c˜ao de lista de exerc´ıcio para a fixa¸ca˜o dos conceitos e com- preens˜ao dos resultados; e • Apresenta¸c˜ao semanais dos textos ao orientador. iv Cap´ıtulo 1 Equa¸co˜es Diferencias 1.1 Conceitos Gerais Muitos problemas, quando formulados matematicamente, requerem a de- termina¸ca˜o de uma fun¸c˜ao que satisfa¸ca uma equa¸ca˜o contendo derivadas da fun¸c˜ao inc´ognita. Tais equa¸co˜es s˜ao denominadas equa¸co˜es diferenciais. Quando a fun¸ca˜o inc´ognita depende de uma vari´avel independete, teremos apenas derivadas ordin´arias presentes, enta˜o a equa¸ca˜o diferencial ´e dita Equa¸ca˜oDiferencialOrdin´aria; quandoafun¸c˜aoinc´ognitadependerdev´arias vari´aveis indepentes teremos derivadas parciais e a equa¸ca˜o ´e chamada uma Equa¸ca˜o Diferencial Parcial. A ordem de uma equa¸ca˜o diferencial ordin´aria ´e a da derivada de maior ordem contida na equa¸ca˜o . Assim, a equa¸c˜ao d2u(t) du(t) m = F[t,u(t), ] dt2 dt (Lei de Newton), ´e uma equa¸ca˜o diferencial parcial de segunda ordem, e a equa¸ca˜o dR(t) = −kR(t) dt ´e uma equa¸ca˜o diferencial de primeira ordem. Generalizando F[x,u(x),u(cid:48)(x),...,u(n)(x)] = 0 1 ´e uma equa¸ca˜o diferencial ordin´aria de ordem n. As equa¸co˜es diferenciais ordin´arias tem uma classifica¸c˜ao utilizando-se o fato delas serem lineares ou n˜ao -lineares. A equa¸ca˜o diferencial F(x,y,y(cid:48),...,y(n)) ´e dita linear se F ´e uma fun¸ca˜o linear das varia´veis y,y(cid:48),...,y(n). Deste modo, a equa¸ca˜o diferencial ordin´aria linear geral de ordem n ´e a (x)y(n) +a (x)y(n−1) +...+a (x)y = g(x) o 1 n Uma equa¸ca˜o que n˜ao tem essa forma ´e uma equa¸ca˜o n˜ao linear. Exemplo 1.1. (i)a equa¸c˜ao de potencial ∂2u(x,y) ∂2u(x,y) + = 0 ∂x2 ∂y2 ´e linear. (ii)y(cid:48)(cid:48)(cid:48) +2exy(cid:48)(cid:48) +yy(cid:48) = x4 ´e n˜ao -linear. obs.: o ex. (ii) ´e n˜ao -linear em virtude do termo yy(cid:48). 1.2 Equa¸co˜es Ordin´arias de Primeira Ordem Teorema1.2.1(ExistˆeniaeUnicidade). Sejamasfun¸c˜oesfe ∂f cont´ınuas ∂y em algum retˆangulo α < x < β,γ < y < δ contendo o ponto (x ,y ). Ent˜ao, o o em algum intervalo x −h < x < x +h contido em α < x < β, existe uma o o u´nica solu¸c˜ao y = φ(x) do problema de valor inicial (cid:189) y(cid:48) = f(x,y) (1a) y(x ) = y . (1b) o o Paraprovaresteteorema,primeiramente,notamosque´esuficienteconsid- erar o problema em que o ponto inicial (x ,y )´e a origem; isto´e, o problema, o o (cid:189) y(cid:48) = f(x,y) y(0) = 0 (2) 2 Se for dado algum outro ponto inicial, poderemos sempre fazer uma mudac¸a preliminar de varia´veis, correspondendo a uma transla¸ca˜o do eixo de coordenadas, que levara´ o ponto dado (x ,y ) `a origem. Especialmente, o o introduzimos novas varia´veis dependentes e independentes, ω e s, respecti- vamente, definidas pelas equa¸c˜oes (cid:189) ω = y −y o s = x−x . (3) o Se pensarmos em ω como uma fun¸ca˜o de s, teremos, pela regra de cadeia, dω dωdx d dx dy = = (y −y ) = . o ds dx ds dx ds dx Denotando f(x,y) = f(s+x ,ω +y ) por F(s,w), o problema de valor o o inicial (1) converte-se em (cid:189) ω(cid:48)(s) = F[s,ω(s)], (4a) ω(0) = 0. (4b) As equa¸co˜es (2) e equa¸c˜oes (4) s˜ao as mesmas. Daqui em diante, con- sideremos o problema (2), ligeiramente mais simples, preferencialmennnte ao problema original (1). O teorema de existˆencia e unicidade pode agora ser enunciado na forma seguinte. Teorema 1.2.2. Se f e ∂f s˜ao cont´ınuas num retˆangulo R : |x| ≤ a, |y| ≤ b, ∂y ent˜ao, am algum intervalo |x| ≤ h ≤ a, existe uma solu¸c˜ao u´nica y = φ(x) do problema de valor inicial (cid:189) y(cid:48) = f(x,y) y(0) = 0. Exemplo 1.2. Considere o problema de valor inicial (cid:189) y(cid:48) = 2x(1+y), y(0) = 0. (5) Para resolver este problema pelo m´etodo de aproxima¸c˜oes sucessivas, ob- servamos primeiramente que se y = φ(x), ent˜ao a equa¸c˜ao integral corre- spondente ´e 3 (cid:90) x φ(x) = 2t[1+φ(t)]dt. (6) 0 Se a aproxima¸c˜ao inicial ´e φ (x) = 0, temos que 0 (cid:90) x φ (x) = 2t[1+φ (t)]dt = x2. (7) 1 0 0 Analogamente, (cid:90) x x4 φ (x) = 2t[1+φ (t)]dt = x2 + , (8) 2 1 2 0 e (cid:90) x x4 x6 φ (x) = 2t[1+φ (t)]dt = x2 + + . (9) 3 2 2 2.3 0 As eqs.(7), (8) e (9) sugerem que x4 x6 x2n φ (x) = x2 + + +...+ . (10) n 2! 3! n! para cada n ≥ 1. ´ E evidente, Eq.(10), que φ (x) ´e a n-´esima soma parcial da s´erie infinita n (cid:88)∞ x2k ; (11) k! k=1 assim, lim φ (x) existe se, e somente se, a s´erie (11) converge. Apli- x→∞ n cando o teste da raz˜ao, vemos que, para cada x, (cid:175) (cid:175) (cid:175) x2k+2 k! (cid:175) x2 (cid:175) (cid:175) = → ∞; (cid:175) (cid:175) (k +1)!x2k k +1 portanto a s´erie (11) converge para todo x, e sua soma φ(x) ´e o limite da sequˆencia φ (x). Mais ainda, como a s´erie (11) ´e a s´erie de Taylor podemos n 4 diferenci´a-la e integr´a-la termo a termo. Podemos, portanto, verificar por (cid:80) c´alculo direto que φ(x) n = x2k/k! ´e uma solu¸c˜ao da equa¸c˜ao (6). Alter- k=1 nativamente, podemos verificar que esta fun¸ca˜o tamb´em satisfaz o problema de valor inicial, substituindo y por φ(x) na equa¸ca˜o (5). Finalmente, para tratarmos da quest˜ao de unicidade, suponhamos que o problema de valor inicial tenha outra solu¸c˜ao ψ, diferente de φ. Mostreremos que isto leva a uma contradi¸ca˜o. Como φ e ψ satisfazem a equa¸c˜ao integral (6), temos por subtra¸ca˜o que (cid:90) x φ(x)−ψ(x) = 2t[φ(x)−ψ(x)]dt 0 Tomando valores absolutos de ambos os membros, temos que, se x > 0 (cid:90) x |φ(x)−ψ(x)| = 2t|φ(x)−ψ(x)|dt 0 para 0 ≤ x ≤ A, onde A ´e arbitr´ario, enta˜o 2t ≤ A, e 2 (cid:90) x |φ(x)−ψ(x)| = A|φ(x)−ψ(x)|dt. (12) 0 ´ E conviniente, neste ponto, introduzir a fun¸ca˜o U definida por (cid:90) x U(x) = A|φ(x)−ψ(x)|dt. (13) 0 Vˆe-se enta˜o imediatamente que (cid:189) U(0) = 0, (14) U(x) ≤ 0, para x ≤ 0. (15) Al´em disso, U ´e diferenci´avel, e U(cid:48)(x) = |φ(x) − ψ(x)|. Assim, pela Eq.(12), U(cid:48)(x)−AU(x) ≤ 0. (16) Multiplicando a equa¸ca˜o (16) pela quantidade positiva e−Ax, temos 5 [e−AxU(x)](cid:48) ≤ 0. (17) Ent˜ao, integrando a equa¸c˜ao ( 17) de zero a x e utilizando a equa¸ca˜o (14), obtemos e−AxU(x) ≤ 0 para x ≥ 0 Logo, U(x) ≤ 0 para x ≥ 0 e juntamente com a equa¸c˜ao (15), isto requer que U(x) = 0 para cada x ≥ 0. Assim, U(cid:48)(x) ≡ 0, e portanto, ψ ≡ φ, o que contradiz a hip´otese original. Consequentemente, n˜ao pode haver duas solu¸co˜es diferentes do problema de valor inicial para x ≥ 0. Uma pequena modifica¸ca˜o deste argumento leva `a mesma conclus˜ao para x ≤ 0. 6
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