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Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para PDF

199 Pages·2017·3.18 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO LISANDRA CORTES PINGO Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro- brasileira na escola SÃO PAULO 2018 UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE EDUCAÇÃO Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro- brasileira na escola Versão Corrigida Lisandra Cortes Pingo Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Educação Área de concentração: Psicologia e Educação Orientadora: Profa. Dra. Maria Cecília Cortez Christiano de Souza São Paulo 2018 AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE. Catalogação na Publicação Serviço de Biblioteca e Documentação Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo 371.98 Pingo, Lisandra Cortes P653a Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro- brasileira na escola / Lisandra Cortes Pingo; orientação Maria Cecília Cortez Christiano de Souza. São Paulo: s.n., 2018. 197 p. ils.; tabs.; anexos; apêndices Dissertação (Mestrado – Programa de Pós-Graduação em Educação. Área de Concentração: Psicologia e Educação) - - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. 1. Exu 2. Cultura Afro-brasileira 3. Canção 4. Educação antirracista I. Souza, Maria Cecília Cortez Christiano de, orient. Elaborado por Nicolly Leite – CRB-8/8204 FOLHA DE APROVAÇÃO Nome: PINGO, Lisandra Cortes Título: Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro-brasileira na escola Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo - FEUSP, como parte das exigências para obtenção do título de Mestre em Educação Área de Concentração: Psicologia da Educação Data da defesa: ___/___/____ Banca Examinadora Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: ________________________________Assinatura: ________________________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: ________________________________Assinatura: ________________________ Prof. Dr. ___________________________________________________________________ Instituição: ________________________________Assinatura: ________________________ DEDICATÓRIA Às figuras exúlicas de minha vida... ...minha mãe, Sônia Maria Côrtes Pingo, princípio, mulher dona da vida e do mundo. Determinada, sentinela da minha existência, iluminou meus caminhos e me encaminhou nas encruzilhadas da vida. Obrigada, mãe, você me fez quem sou! ...meu pai (in memorian), Ariovaldo Pingo, grande apreciador de marafo e farofa, mas também senhor da comunicação e sábio das palavras. Você me ensinou inquietude frente ao conhecimento! ...meu filho, Thales Biancolino, símbolo da fertilidade, das possibilidades, da flexibilidade, do acolhimento. Você ressignifica diariamente o meu viver! ... meu irmão, Ary Yuri Pingo, mil personas em uma, complexidade e simplicidade no mesmo ser, autenticidade em pessoa. Em você espelho minha alma! ... meu marido, Valdenor Silva dos Santos, ginga, circularidade, musicalidade, energia vital, corporeidade, memória e ancestralidade: Mestre Valdenor. Espiralou o meu fazer. Sem você essa dissertação não existiria! A todas e todas que sofreram e ainda sofrem com e pela demonização de Exu e seus reflexos sociais. AGRADECIMENTOS Cheguei à conclusão desse sonho, enfim! Mas não chego aqui sozinha. Essa conquista é minha e de muitos e muitas que colaboraram ao longo de minha vida e do mestrado com acolhimento, ensinamentos e apoio de diferentes formas. Assim, agradeço... ... em minha trajetória acadêmica... particularmente e especialmente, à minha orientadora Dra. Maria Cecília Cortez Christiano de Souza, professora Cecília, que aceitou orientar essa temática, acreditou no meu potencial e contribuiu para meu aprendizado acadêmico com acolhimento, paciência e carinho, pelas leituras e intervenções assertivas e engrandecedoras no meu texto, mesmo quando estava do outro lado do atlântico. Muito obrigada! ao Dr. Patrício Carneiro Araújo, quem primeiro me conduziu nos caminhos de Exu, que muito acrescentou a esse trabalho com suas contribuições no Exame de Qualificação e por compor a Banca Examinadora. à Dra. Virgínia de Almeida Bessa, pela leitura atenta e ricas contribuições no Exame de Qualificação e por compor a Banca Examinadora. à Dra. Ronilda Iyakemi Ribeiro e aos Drs. Alessandro de Oliveira Santos, Luiz Tatit e Walter Garcia por seus ensinamentos nas disciplinas cursadas ao longo do mestrado. às funcionárias e funcionário da secretaria e da comissão de pós-graduação e demais departamentos da USP, sem os quais não seria possível a concretização desse trabalho. à Dra. Mônica Guimarães Teixeira do Amaral, por todas as contribuições nesse processo. ao Ms. Raimundo Nonato da Silva Filho, por acreditar na minha pesquisa e ajudar à apresenta- la aos professores e professoras das redes públicas na abertura do 13º Encontro USP -ESCOLA. às Dras. Maria da Glória Calado e Janaína de Figueiredo pelas contribuições na construção desse trabalho. à Dra. Vera Bohomoletz Henriques, do Instituto de Física da USP, professoras Katia Regina Varela Roa, Miriam A. Dias Santana, Ms. Luciane Hiromi Akahoshi, professor Danilo Prado Ramos e demais membros da Associação dos professores de escola pública e sem fins lucrativos – APEP – pela oportunidade de compartilhar o conhecimento construído nessa trajetória nos cursos de história e cultura africana e afro-brasileira oferecidos nos Encontros USP-ESCOLA, desde 2017. ao Fernando dos Santos, pela interlocução nas análises musicais. ao Dr. Luiz Rufino, que com muita disposição me deu acesso a sua tese Exu e a pedagogia das encruzilhadas em tempo hábil para que eu pudesse fundamentar essa pesquisa. à Nicolly Leite, bibliotecária, que confeccinou a ficha catalógrafica desse trabalho. à Luciana Paes Scarin, pela tradução do resumo com atenção e cuidado. ao Dr. Ticiano Biancolino, pela revisão atenta, cuidadosa e indispensável para a finalização desse trabalho. Sua contribuição foi indispensável. Muito obrigada! de maneira muito especial ao Kiko Dinucci e ao Edgar, por concederem a entrevista sobre a composição da canção Exu nas escolas com prontidão, atenção e carinho. ao professor Atílio Osvaldo Marsiglia, por intermediar o contato com o Kiko Dinucci. ... em minha história profissional... à professora Lívia Maria Antongiovanni, pela oportunidade de vivenciar a coordenação da formação dos professores e professoras do Programa ProJovem Urbano, integrando a equipe da Divisão de Educação de Jovens e Adultos – DIEJA, da Secretaria Municipal de Educação – SME, entre 2015 e 2016. O mesmo estende-se à sua equipe e do Núcleo de Educação para as Relações Étnico Raciais, bem como a do Núcleo do ProJovem Urbano e de todos(as) os(as) envolvidos(as) no Programa – formadores(as), educadores(as), equipes das escolas, estudantes e crianças, os(as) quais, de alguma maneira, colaboraram com muitas reflexões aqui contidas. às(aos) cursistas e profissionais parceiros do USP-Escola e do Grupo de Estudos e Trabalho sobre Educação Étnico Racial e História e Cultura Africana e Afro-brasileira Ecos Ancestrais, com os(as) quais tenho aprendido e construído muito conhecimento sobre essa temática, em especial às(aos) professoras(es) Vanessa dos Santos Araújo, Cláudia Maria dos Santos Silva, Suzana Gonçalves dos Santos, Dirce Thomaz, Ana Cristina Souza Borges do Santos, Valdir Pereira Nunes, Telma Franco de Souza, Maria de Sousa Bamonte, Lidiane Pereira da Silva Lima, Roberta Faria da Silva Feitosa, Mestre DaBahia (Hipólito Roberto da Silva), Mayara Polizer, Nunes, Cristiane Correia Dias (BGirl Cris), Gizela Castro, Gislaine Miranda e Viviane Paiva. aos mestres e grupos de capoeira que acolheram essa temática para debatermos conjuntamente. à equipe gestora, às professoras e professores, equipe de apoio, alunos e alunas da EMEF Irineu Marinho, com quem tenho construído novos conhecimentos na educação. às(aos) profissionais parceiros e às(aos) minhas(meus) mestras e mestres da educação para as relações étnico raciais e da história e cultura africana e afro-brasileira com quem tanto aprendi (e aprendo) sobre essa temática. ... à família e às(aos) amigas(os)... a todos e todas que compreenderam minha ausência, acolheram minhas inseguranças e incentivaram o enfrentamento das adversidades. às minhas avós Dejanira de Souza Côrtes (in memorian), que inspirou a música e a educação na minha vida, e Lúcia Paiva Pingo (in memorian), que sempre foi o porto seguro de nossas vidas. Ao lado delas, meus avôs Walter Bastos Cortes (in memorian) e Oswaldo Pingo (in memorian), ancestralidade da minha existência. à minha tia Dra. Maria Bernadete de Souza Côrtes, primeira doutora da família, que é inspiração e incentivo para o meu caminho, e todas minhas tias e tios que tanto me ensinam sobre a vida sempre. Sou um pouco de cada um de vocês! à amiga-irmã Malu, Maria Lúcia Simões Valentim, referência de educadora, parceira de muitos anos, com quem tenho orgulho de partilhar a história da minha vida! à amiga-irmã Tânia Gonçalves, pela leitura atenta desse texto e às contribuições valiosas, pela alegria de sua companhia, pelos momentos que vivemos juntos e pelos pensamentos que partilhamos à distância! ao meu primo Wagner de Paula, que participou imensamente e intensamente no início da minha formação musical, pela contribuição também nesse trabalho. ... particularmente e especialmente... aos que conviveram diariamente com a artesania dessa dissertação, minha mãe Sônia, meu irmão Yuri, meu filho Thales e meu marido Valdenor: obrigada por me compreenderem nesse processo, por me apoiarem, por me ampararem, por me ajudarem nas pequenas e grandes coisas, por se privarem de tantos momentos para que eu pudesse concretizar esse trabalho, pelas reflexões conjuntas, pela torcida. Essa conquista é minha e de vocês, certamente! Sem cada um de vocês essa pesquisa não existiria. E mais... Mãe, obrigada por toda a colaboração cotidiana que deu suporte ao meu trabalho e pelo investimento e incentivo permanente nos meus sonhos. Filho, obrigada por ser esse menino tão especial, capaz de compreender as horas que não pude estar com você, por me ajudar sempre nos momentos de exaustão, por iluminar minha vida. Meu irmão, obrigada pelas reflexões conjuntas, pelos momentos de análise pessoal e textual, pelas inspirações, pelo apoio e suporte e por não ter me deixado desistir de ingressar nesse mestrado. Meu companheiro Valdenor, que para mim é Val, obrigada por insistir no meu ingresso nesse programa, por refletir sobre essa temática permanentemente comigo, pelas vivências culturais e educacionais que partilhamos e muito me possibilitou de aprendizagem, por sorrir e chorar comigo em cada momento dessa conquista. POEMA DE EXU Poema de Mario Cravo Jr. dedicado a Jorge Amado Não sou preto, branco ou vermelho; Tenho as cores e formas que quiser. Não sou diabo nem santo, sou Exu! Mando e desmando, traço e risco, faço e desfaço. Estou e não vou. Tiro e não dou. Sou Exu! Passo e cruzo. Traço, misturo e arrasto o pé. Sou reboliço e alegria. Rodo, tiro e boto; jogo e faço fé. Sou nuvem, vento e poeira. Quando quero, homem e mulher. Sou das praias e da maré. Ocupo todos os cantos; Sou menino, avô, maluco até. Posso ser João, Maria ou José. Sou o ponto do cruzamento. Durmo acordado e ronco falando. Corro, grito e pulo. Faço filho assobiando. Sou argamassa, de sonho, carne e areia. Sou a gente sem bandeira. O espeto, meu bastão. O assento? O vento! … Sou do mundo, nem do campo, nem da cidade. Não tenho idade. Recebo e respondo pelas pontas, pelos chifres da Nação. Sou Exu. Sou agito, vida, ação. Sou os cornos da lua nova; a barriga da lua cheia!… Quer mais? Não dou, não tô mais aqui . RESUMO PINGO, Lisandra Cortes. Uma análise das múltiplas faces de Exu por meio de canções brasileiras: contribuições para reflexões sobre o ensino da cultura e da história africana e afro-brasileira na escola. 2018. 197 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2018. O presente estudo visa contribuir para o ensino da cultura e da história africana e afro-brasileira tendo como centro de sua reflexão e problematização a figura emblemática de Exu e suas representações em canções brasileiras. O estudo procura desconstruir a associação desse orixá/mediador com o demônio cristão, associação primeiro realizada pela Igreja Católica e hoje reapropriada por algumas Igrejas Neopentecostais ao tornar o Exu alvo preferencial de abjeção, valendo-se de sua figura para difundir intolerância e perseguição às religiões de matriz africana, manifestação do que hoje é conceituado como racismo religioso. Tornar acessível a todos a riqueza das culturas afro-brasileiras mediante as canções populares que falam do Exu, afastando dele a demonização e o preconceito, nos parece pedagogia estratégica para cumprir e estar de acordo com as Leis 10.639/03 e 11.645/08 e com o Parecer CNE nº 03/2004, que tratam das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Étnico Racial e o Ensino da História e da Cultura Afro-brasileira e Africana. Por meio de pesquisa bibliográfica, investigamos os entrelaçamentos da trajetória do símbolo de Exu e suas múltiplas representações com a trajetória histórica e sócio cultural do negro no Brasil. Partindo do levantamento realizado por Reginaldo Prandi (2005) e ampliando-o, elencamos canções brasileiras que tratam de Exu, compostas entre os anos de 1912 e 2018. Destacamos, entre elas, uma para cada representação de Exu que consideramos significativas, capazes de serem desenvolvidas em projetos pedagógicos, tais como Exu e o poder feminino ou Exu e a representação do malandro, realizando observações sobre aspectos textuais e musicais das mesmas. A escolha das canções como núcleos de reflexões sobre Exu se deu pelo reconhecimento da força mobilizadora da canção e por representar, cada uma delas, um aspecto diferente desse orixá no imaginário social. Os estudos de Silva (2000; 2007; 2012; 2015), Ortiz (1999), Pordeus Jr. (1993; 2000) e Lagos (2007) foram essenciais para o entendimento do símbolo Exu e suas interpretações no Brasil, bem como para as análises dos conteúdos dos textos das canções, produtos artísticos que espelham os contextos históricos e culturais em que surgiram, assim como os interesses mercadológicos enquanto produtos fonográficos. Tais análises foram feitas buscando identificar os indícios sociais e históricos capazes de detectar, na estrutura poética e musical das canções, as múltiplas faces assumidas por Exu. Dessa forma, apontamos Exu como elemento essencial na construção de uma efetiva educação antirracista, intercultural e decolonial e as canções como instrumento facilitador de sua concretização. Palavras-chave: Exu. Cultura Afro-brasileira. Canção brasileira. Educação antirracista. Lei 10.639/03. Educação decolonial.

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brasileira na escola / Lisandra Cortes Pingo; orientação Maria Cecília Cortez . às minhas avós Dejanira de Souza Côrtes (in memorian), que inspirou a . neopentecostal churches making Exu a particular target of abjection, using
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