UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE ESTRUTURAS UM MODELO DE CONFIABILIDADE E OTIMIZAÇÃO APLICADO ÀS ESTRUTURAS DE BARRAS DE CONCRETO ARMADO Autor: Engo Caio Gorla Nogueira Dissertação apresentada ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Engenharia de Estruturas. Orientador: Prof. Tit. Wilson Sérgio Venturini São Carlos, Junho de 2005 Ao meu avô João Roberto Lemos Nogueira e minha bisavó Conceição de Gouveia Agradecimentos Ao Senhor Jesus Cristo por me conceder a graça da salvação e pelas forças e ensinamentos ao longo da vida e, principalmente, no decorrer deste trabalho; Ao meu orientador, professor Wilson Sérgio Venturini, que sempre esteve presente, foi paciente e jamais negou atenção para a realização do trabalho; Aos meus pais que sempre me ensinaram o caminho a seguir, me acolheram e mostraram o significado do amor e compaixão. Também aos meus irmãos que amo e sei que me amam; A todos os meus familiares, agradeço seu apoio, incentivo, confiança e carinho dispensados em toda a vida; Agradeço a minha querida namorada Camila, pelo amor, convivência, incentivo e grande paciência nos momentos mais difíceis; Aos meus amigos da Comunidade Leão de Judá, pelas orações e preocupações; Aos amigos e companheiros de sala no departamento, César Ataíde, Fernando Fontes e George Colares, porque sei que a amizade será para sempre. Aos demais colegas do departamento pela agradável convivência e companheirismo; Ao Departamento de Engenharia de Estruturas da EESC-USP, na pessoa dos professores e funcionários que me acolheram em São Carlos e contribuíram para a minha formação; À CAPES, pelo auxílio financeiro nos primeiros meses de mestrado; À FAPESP, pela bolsa concedida durante o mestrado. SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS........................................................................vii LISTA DE TABELAS........................................................................ ix RESUMO............................................................................................. x ABSTRACT........................................................................................ xi 1. INTRODUÇÃO.......................................................................... 12 1.1 GENERALIDADES.................................................................................................................................12 1.2 OBJETIVOS..........................................................................................................................................14 1.3 JUSTIFICATIVAS...................................................................................................................................15 1.4 METODOLOGIA....................................................................................................................................17 1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO.......................................................................................................18 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................. 20 2.1 GENERALIDADES.................................................................................................................................20 2.2 SOBRE MODELOS MECÂNICOS E DE MATERIAIS.................................................................................20 2.3 SOBRE CONFIABILIDADE E OTIMIZAÇÃO ESTRUTURAL.......................................................................24 2.4 COMENTÁRIOS SOBRE A REVISÃO BIBLIOGRÁFICA.............................................................................37 3. O MODELO MECÂNICO........................................................ 40 3.1 ASPECTOS GERAIS..............................................................................................................................40 3.2 FORMULAÇÃO PARA O CONCRETO......................................................................................................41 3.2.1 Generalidades................................................................................................................................41 3.2.2 Modelo Constitutivo de Dano proposto por Mazars.....................................................................44 3.2.3 Adaptação do Modelo de Dano para o Problema Probabilístico.................................................51 3.3 FORMULAÇÃO PARA O AÇO.................................................................................................................58 3.3.1 Generalidades................................................................................................................................58 3.3.2 Modelo Elastoplástico com Encruamento Misto...........................................................................60 3.4 NÃO-LINEARIDADE GEOMÉTRICA APLICADA A PÓRTICOS PLANOS.....................................................62 3.4.1 Generalidades................................................................................................................................62 3.4.2 Formulação Não-Linear Geométrica com Descrição Lagrangeana Atualizada...........................63 3.5 ANÁLISE NÃO-LINEAR DE PÓRTICOS PLANOS.....................................................................................69 3.5.1 Generalidades................................................................................................................................69 3.5.2 Combinação da NLF com a NLG..................................................................................................71 3.5.3 Integração Numérica.....................................................................................................................73 3.5.4 Estratégia de Solução do Problema Não-Linear...........................................................................75 3.6 BUSCA DA CARGA ÚLTIMA DA ESTRUTURA........................................................................................76 3.6.1 Função de Estado Limite...............................................................................................................76 3.6.2 Algoritmo Proposto.......................................................................................................................78 4. CONFIABILIDADE ESTRUTURAL...................................... 80 4.1 GENERALIDADES.................................................................................................................................80 4.2 DISCUSSÃO SOBRE A SEGURANÇA ESTRUTURAL.................................................................................82 4.3 CARACTERÍSTICAS ESTATÍSTICAS DAS VARIÁVEIS DE PROJETO..........................................................85 4.3.1 Distribuições de Probabilidades...................................................................................................86 4.3.2 Variáveis Aleatórias Independentes..............................................................................................90 4.3.3 Variáveis Aleatórias Correlacionadas..........................................................................................91 4.4 ESTADOS LIMITES...............................................................................................................................93 4.5 PROBABILIDADE DE FALHA.................................................................................................................95 4.6 MÉTODOS DE SIMULAÇÃO...................................................................................................................96 4.6.1 Generalidades................................................................................................................................96 4.6.2 O Método de Monte Carlo.............................................................................................................97 4.7 O MÉTODO DE SUPERFÍCIE DE RESPOSTA (RSM)...............................................................................99 4.7.1 Generalidades................................................................................................................................99 4.7.2 Planos de Experiência (PE).........................................................................................................101 4.7.3 Reestruturação dos Planos de Experiência.................................................................................103 4.7.4 Espaço de Trabalho.....................................................................................................................105 4.7.5 Determinação da Superfície de Resposta Aproximada................................................................107 4.7.6 Cálculo do Índice de Confiabilidade...........................................................................................110 4.7.7 Cálculo da Probabilidade de Falha............................................................................................113 4.8 CONFIABILIDADE DE SISTEMAS ESTRUTURAIS..................................................................................115 4.8.1 Generalidades..............................................................................................................................115 4.8.2 Sistemas em Série........................................................................................................................117 4.8.3 Sistemas em Paralelo...................................................................................................................118 5. OTIMIZAÇÃO ESTRUTURAL............................................ 120 5.1 GENERALIDADES...............................................................................................................................120 5.2 FUNDAMENTAÇÃO DA OTIMIZAÇÃO MATEMÁTICA..........................................................................122 5.2.1 Formulação de um Problema de Otimização..............................................................................122 5.2.2 Modelo Clássico de RBDO..........................................................................................................124 5.3 O MODELO DESENVOLVIDO..............................................................................................................126 5.3.1 Considerações Iniciais................................................................................................................126 5.3.2 Formulação do Problema de Otimização Determinística...........................................................127 5.3.3 Formulação do Problema acoplando a Confiabilidade..............................................................130 6. EXEMPLOS NUMÉRICOS................................................... 135 6.1 VIGA ISOSTÁTICA..............................................................................................................................135 6.2 VIGA HIPERESTÁTICA.......................................................................................................................142 6.3 PÓRTICO SIMPLES.............................................................................................................................149 7. CONCLUSÃO.......................................................................... 154 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................... 158 vii LISTA DE FIGURAS FIGURA 3.1 – DIAGRAMAS DE TENSÃO REFERENTES AOS ESTÁDIOS DO CONCRETO................................................42 FIGURA 3.2 – FENÔMENO DO “TENSION STIFFENING” NO CONCRETO ARMADO......................................................43 FIGURA 3.3 – DIAGRAMAS MOMENTO-CURVATURA PROPOSTOS PELA NBR 6118 E CEB-158...............................44 FIGURA 3.4 – I: COMPORTAMENTO EXPERIMENTAL DO CONCRETO, II: MODELO DE DANO DE MAZARS..............46 FIGURA 3.5 – PANORAMA DE FISSURAÇÃO NO CONCRETO À TRAÇÃO E À COMPRESSÃO RESPECTIVAMENTE..........48 FIGURA 3.6 – DIAGRAMAS TEÓRICOS DE TENSÃO-DEFORMAÇÃO PARA O CONCRETO.............................................50 FIGURA 3.7 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA PARA O CONCRETO COMPRIMIDO SEGUNDO A NBR 6118:2003................54 FIGURA 3.8 – RELAÇÃO CONSTITUTIVA DO MODELO DE DANO DE MAZARS NA COMPRESSÃO PARA N=100..........55 FIGURA 3.9 – CURVA ERRO RELATIVO X RESISTÊNCIA À COMPRESSÃO DO CONCRETO...........................................56 FIGURA 3.10 – EVOLUÇÃO DO PARÂMETRO AC......................................................................................................56 FIGURA 3.11 – EVOLUÇÃO DO PARÂMETRO BC......................................................................................................57 FIGURA 3.12 – EVOLUÇÃO DA VARIÁVEL DE DANO DC..........................................................................................57 FIGURA 3.13 – INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS AC E BC........................................................................................58 FIGURA 3.14 – LEIS CONSTITUTIVAS DOS MODELOS ELASTOPLÁSTICOS ISÓTROPO E CINEMÁTICO.........................60 FIGURA 3.15 – CONFIGURAÇÃO DESLOCADA DE UM ELEMENTO DE BARRA...........................................................64 FIGURA 3.16 – ELEMENTO FINITO DE PÓRTICO PLANO NOS SISTEMAS GLOBAL E LOCAL........................................67 FIGURA 3.17 – DISTRIBUIÇÃO DE TENSÕES E DISCRETIZAÇÃO DA SEÇÃO –(A) CONCRETO E (B) AÇO.....................74 FIGURA 3.18 – ESQUEMA DE SOLUÇÃO PARA 1 INCREMENTO DE CARGA...............................................................76 FIGURA 3.19 – ALGORITMO PARA O CÁLCULO DA CARGA CRÍTICA DE UM PÓRTICO...............................................79 FIGURA 4.1 – DISTRIBUIÇÕES DE PROBABILIDADE DE UMA VARIÁVEL NORMAL....................................................89 FIGURA 4.2 – FUNÇÃO DENSIDADE DE PROBABILIDADE DE UMA VARIÁVEL LOG-NORMAL....................................90 FIGURA 4.3 – CASO DE 2 VARIÁVEIS ALEATÓRIAS NÃO-CORRELACIONADAS.........................................................91 FIGURA 4.4 – REGIÕES DE DESEMPENHO NO ESPAÇO FÍSICO..................................................................................95 FIGURA 4.5 – SORTEIO DE PONTOS NA SIMULAÇÃO DE MONTE CARLO..................................................................99 FIGURA 4.6 – PLANOS DE EXPERIÊNCIA ADOTADOS.............................................................................................102 FIGURA 4.7 – RSM SEM PONTO DE ADAPTAÇÃO..................................................................................................103 FIGURA 4.8 – REDIVISÃO DO PE EM TORNO DO PONTO DE PROJETO.....................................................................104 FIGURA 4.9 – TRANSFORMAÇÃO DAS VARIÁVEIS DO ESPAÇO FÍSICO PARA O ESPAÇO NORMAL PADRÃO..............105 FIGURA 4.10 – CONVERGÊNCIA PARA O PONTO DE PROJETO P*............................................................................112 FIGURA 4.11 – INTERPRETAÇÃO DE P PARA O CASO DE UMA VARIÁVEL ALEATÓRIA..........................................114 F FIGURA 4.12 – APROXIMAÇÃO FORM A PARTIR DO ÍNDICE DE CONFIABILIDADE................................................114 FIGURA 4.13 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA EM SÉRIE.................................................................................117 FIGURA 4.14 – REPRESENTAÇÃO DE UM SISTEMA EM PARALELO.........................................................................118 FIGURA 5.1 – SEÇÃO TRANSVERSAL SUBMETIDA A MOMENTO FLETOR................................................................128 FIGURA 6.1 – ESQUEMA DA VIGA ISOSTÁTICA DO EXEMPLO................................................................................135 FIGURA 6.2 – SITUAÇÃO GERAL DA ESTRUTURA..................................................................................................136 FIGURA 6.3 – DISCRETIZAÇÃO DA VIGA DO EXEMPLO..........................................................................................137 viii FIGURA 6.4 – ISOCURVAS DO PROBLEMA DE OTIMIZAÇÃO E PONTO ÓTIMO..........................................................140 FIGURA 6.5 – RESPOSTA MECÂNICA DA ESTRUTURA DIMENSIONADA..................................................................141 FIGURA 6.6 – EVOLUÇÃO DAS DEFORMAÇÕES NOS MATERIAIS............................................................................141 FIGURA 6.7 – DISCRETIZAÇÃO E DETALHAMENTO DA VIGA DO EXEMPLO............................................................143 FIGURA 6.8 – CONVERGÊNCIA DA FUNÇÃO-OBJETIVO.........................................................................................146 FIGURA 6.9 – CARGA ÚLTIMA DA ESTRUTURA AO LONGO DO PROCESSO DE OTIMIZAÇÃO....................................146 FIGURA 6.10 – DEFORMAÇÕES NOS MATERIAIS NAS SEÇÕES DO ENGASTE E DO VÃO DA ESTRUTURA..................147 FIGURA 6.11 – REDISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS NA ITERAÇÃO 1...........................................................................148 FIGURA 6.12 – REDISTRIBUIÇÃO DE ESFORÇOS NA ITERAÇÃO 4...........................................................................149 FIGURA 6.13 – ESQUEMA DOS PÓRTICOS E DISCRETIZAÇÃO DA MALHA...............................................................150 FIGURA 6.14 – TRAJETÓRIA DE EQUILÍBRIO DO TOPO DA ESTRUTURA..................................................................151 ix LISTA DE TABELAS TABELA 6.1 – CARACTERÍSTICAS ESTATÍSTICAS DAS VARIÁVEIS ALEATÓRIAS....................................................137 TABELA 6.2 – PARÂMETROS USADOS NO MODELO DE OTIMIZAÇÃO.....................................................................138 TABELA 6.3 – INFORMAÇÕES SOBRE O PONTO ÓTIMO..........................................................................................138 TABELA 6.4 – CONFIGURAÇÕES DA ESTRUTURA E ÍNDICES DE CONFIABILIDADE.................................................139 TABELA 6.5 – SOLUÇÃO FINAL DO PROBLEMA.....................................................................................................139 TABELA 6.6 – DIMENSÕES ÓTIMAS DA VIGA HIPERESTÁTICA NA ITERAÇÃO 1......................................................144 TABELA 6.7 – DIMENSÕES ÓTIMAS DA VIGA HIPERESTÁTICA E RESPECTIVOS ÍNDICES DE CONFIABILIDADE........144 TABELA 6.8 – PONTO DE PROJETO E SENSIBILIDADES DAS SOLUÇÕES ÓTIMAS.....................................................145 TABELA 6.9 – DESLOCAMENTOS DO NÓ 5 DA ESTRUTURA NA ITERAÇÃO 1 E 4....................................................148 TABELA 6.10 – RESPOSTA ESTRUTURAL DOS PÓRTICOS NA SITUAÇÃO ÚLTIMA....................................................151 TABELA 6.11 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE PARA O PÓRTICO A............................................152 TABELA 6.12 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE PARA O PÓRTICO B............................................152 TABELA 6.13 – RESULTADOS DA ANÁLISE DE CONFIABILIDADE PARA O PÓRTICO C............................................152 TABELA 6.14 – PROBABILIDADES DE FALHA........................................................................................................153 x RESUMO NOGUEIRA, C.G. (2005). Um modelo de confiabilidade e otimização aplicado às estruturas de barras de concreto armado. Dissertação (Mestrado) – Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo, São Carlos, 2005. Neste trabalho, é apresentado um modelo de otimização acoplado à confiabilidade para a análise de estruturas de barras de concreto armado, de modo que a confiabilidade é adicionada ao processo de otimização como uma restrição. O modelo mecânico permite a consideração da não-linearidade física para o concreto e para o aço, além de levar em conta os efeitos não-lineares geométricos. Esse modelo é utilizado para gerar as respostas mecânicas da estrutura, traduzidas em forma de cargas últimas para os estados limites. Os cenários de falha, na análise probabilística, são descritos pelo esmagamento do concreto e deformação excessiva da armadura para o estado limite último. O estado limite de utilização é verificado para o caso de deslocamentos excessivos dos pontos da estrutura. A função de estado limite é construída com o emprego do Método das Superfícies de Respostas para a determinação do índice de confiabilidade e probabilidade de falha considerando somente o modo mais provável ou primeiro modo de falha. Os processos de otimização e confiabilidade são acoplados de maneira independente gerando um sistema de equações aproximadas resolvido analiticamente. A metodologia de otimização empregada é a minimização da função de custo da estrutura. O modelo acoplado de otimização e confiabilidade é empregado para análise de vigas de concreto armado. As técnicas desenvolvidas, no âmbito da modelagem de estruturas e confiabilidade, também permitem a análise mecânico-probabilística de pórticos planos de concreto armado. Palavras-Chave: Estruturas de Barras de Concreto Armado, Confiabilidade Estrutural, Otimização Estrutural, Elementos Finitos, Análise Não-Linear, Superfícies de Resposta.
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