Um homem, uma obra, uma gesta –Homenagem das TFPs a Plinio Corrêa de Oliveira ÍNDICE Ao leitor Plinio Corrêa de Oliveira: Fé, coerência, liderança e valentia Entrevistando Plinio Corrêa de Oliveira PRIMEIRA PARTE: A TFP BRASILEIRA Capítulo I - 1960-1964: A confrontação entre "católicos esquerdistas" e católicos tradicionalistas se patenteia ante todo o País – A polêmica em torno do agro-reformismo Manhas e artimanhas do agro-socialismo O "bluff" agro-reformista da "esquerda católica" Reforma Agrária - Questão de Consciência": sulco de um livro na História A força avassaladora do "esquerdismo católico": um mito que se esvai O Episcopado paulista entra na liça em favor do agro-socialismo Na grande batalha do agro-reformismo, alguns combates singulares "RA-QC" atinge as capilaridades rurais – 27 mil agricultores recusam a "cubanização" de nossos campos A crise política de agosto de 1961: tem início a era Goulart Jango quer reformar a Constituição – A TFP defende o caráter sagrado da propriedade Governoinsiste na reforma da Constituição: os autores de "RA-QC" protestam Os moderados propõem uma capitulação– a TFP consegue vitória total O que é a "terceira posição"? O grupo de "Catolicismo" inaugura sistema de venda direta ao público O Congresso da CUTAL As "reformas de base": novos embates, nova interpelação sem resposta Nas vésperas da Revolução de 64, a questão de consciência Capítulo II - 1964-1970 A opinião pública do País se desmobiliza diante do perigo comunista, supostamente afastado para sempre – a TFP cresce e se afirma como um dos pólos de pensamento do panorama nacional Aparece o Janguismo sem Jango – a TFP o denuncia desde a primeira hora A TFP a favor do operariado rural Castello Branco faz o Estatuto da Terra – só a TFP protesta Uma luta a favor de locadores e locatários, contra demagógicas leis do inquilinato No Viaduto do Chá uma novidade: os estandartes da TFP "Não!" para o divórcio – A primeira campanha da TFP contra a liquidação da família brasileira Simpática atitude do Presidente Castello Branco A TFP propugna a revogação da Lei de Segurança Nacional No cinqüentenário da revolução comunista Pelas vítimas do comunismo, homenagem e oração A TFP e os Frades Dominicanos terroristas No local da bomba terrorista, o oratório da TFP Capítulo III- 1970-1979: A TFP enfrenta o anti-anticomunismo em contínua ascensão – E se torna assim, cada vez mais, a grande barreira ideológica à comunistização do Brasil Estratégia comunista para o Brasil nos anos 70: produção sistemática do anti-anti– comunismo À margem de uma grande campanha "Tive fome e me destes de comer; estive enfermo e me visitastes" Aborto: subversão e barbárie Mais uma vez em defesa da família e da propriedade A TFP alerta: infiltração nos "Cursilhos de Cristandade" A nobre epopéia das "caravanas" das TFPs Nova campanha vitoriosa contra o divórcio Conheceu o Brasil estrondo publicitário maior? "Não se iluda, Eminência": mensagem da TFP ao Cardeal Arns Anticomunismo-surpresa de altos Prelados A TFP e a escalada da ameaça comunista dentro da Igreja O "Imprevisto" dá finalmente a vitória aos divorcistas – Responsabilidade da CNBB Tribalismo indígena: ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI Mobiliza-se contra a TFP novo estrondo publicitário: o programa "Fantástico", da TV Globo Plinio Corrêa de Oliveira faz acurada análise da Conferência do CELAM em Puebla A TFP pede: arejamento, voz e vez França-Brasil: convergência entre tradicionalistas e esquerdistas para demolir a TFP Capítulo IV - 1980-1988: Da Abertura à Constituinte – o País no tobogã rumo ao caos e ao socialismo. A TFP intensifica sua luta pela preservação do que resta de civilização cristã no Brasil A TFP e a Abertura política Noite Sandinista na PUC de São Paulo – A TFP denuncia incitação à guerrilha comuno-"católica" CNBB apóia greves: a TFP toma atitude Na visita de João Paulo II ao Brasil, homenagens da TFP Bombas, "estrondos" e Abertura transviada Desfazendo um falso boato da esquerda católica: o católico pode ser contra a Reforma Agrária Começam as invasões– Plinio Corrêa de Oliveira denuncia a insuflação eclesiástica Espantosa acusação contra a TFP veiculada, e depois não mais sustentada, por revista carioca CEBs, o grande instrumento da "esquerda católica" para promover a revolução social "Intermezzo": o caso de "O São Paulo" "Catolicismo" denuncia: "Esquerda católica incendeia o País" A irradiação das TFPs no mundo através de seus ardorosos correspondentes e simpatizantes Depois do fracasso de dez estrondos publicitários, singular tentativa de "implodir" a TFP A Nova República quer reviver o Estatuto da Terra promulgado pelo regime militar – a TFP entra imediatamente na liça Plinio Corrêa de Oliveira analisa e reprova, em livro, o "Plano Nacional de Reforma Agrária" Guerreiros da Virgem nós nos honramos de ser! Coincidências... pontuais! "Catolicismo" revela as mazelas do regime soviético, com base no "Pravda" e no "Izvestia" A TFP divulga pareceres de eminentes juristas: é legítima a reação à mão armada contra as invasões de terras Campanha da TFP alerta contra a desinformação e inércia nos meios rurais Esquerdistas brasileiros residentes nos EUA iniciam propaganda a favor da Reforma Agrária– a TFP norte-americana lança importante livro em Washington Plinio Corrêa de Oliveira resume, em livro, a controvérsia Solerte atuação da TFP contra a estatização da Medicina A Reforma Agrária leva as favelas ao campo – a TFP o demonstra, em novo livro Constituição de 88: fruto infeliz de um "consenso" em circuito fechado Capítulo V - À margem das grandes campanhas: fatos grandes e pequenos da vida quotidiana da TFP SEGUNDA PARTE: QUANDO TFPs SOMAM SEUS ESFORÇOS Primeira seção- Livros publicados por várias TFPs "Revolução e Contra-Revolução", fonte de inspiração, programa de vida e denominador comum das atividades das 15 TFPs Acordo com o regime comunista: para a Igreja, esperança ou autodemolição? "Diálogo, diálogo, diálogo": palavra mágica para embair as multidões Obras publicadas por várias TFPs, objeto de campanhas descritas com detalhes em outros lugares do presente livro Segunda seção- TFPs: ações conjuntas em âmbito internacional 1. A Paulo VI, dois milhões de sul-americanos pedem medidas contra a infiltração comunista na Igreja 2. As TFPs denunciam: órgãos semi-clandestinos propagam a subversão na Igreja 3. De Frei a Allende: a TFP chilena e suas coirmãs ante o crepúsculo artificial do Chile 4. Face à "Ostpolitik" vaticana: omitir-se, não! resistir, sim! 5. Nossa Senhora de Fátima alertando o mundo para o perigo comunista: Imagem Peregrina percorre nove nações 6. Ameaça vermelha no Caribe: as TFPs em ação 7. As TFPs protestam por ocasião da queda do Cambodge e do Vietnã 8. "A Igreja do Silêncio no Chile", uma denúncia que sensibiliza o País e transpõe os Andes 9. O drama do Vietnã e o de Cuba: as TFPs colocam os pingos nos "ii" a respeito da chamada "política dos direitos humanos" 10. Por ocasião do Conclave, repercutem amplamente pronunciamentos do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira 11. As TFPs e o “modelo polonês” de socialismo 12. Socialismo autogestionário: denúncia da TFP atinge 33,5 milhões de exemplares e é publicada em 69 países 13. Guerra das Malvinas: a batalha das TFPs contra a interferência de Moscou 14. TFPs telegrafam a Reagan sobre Kissinger, homem símbolo de todas as vergonhas que o Mundo Livre sofreu no Vietnã 15. Jumbo sul-coreano: raio que mata, mas esclarece! 16. Desmascarando movimento guerrilheiro africano amparado pela ONU e pela “esquerda católica” 17. TFPs levantam barreira de indignação contra filme blasfemo 18. Plinio Corrêa de Oliveira, as TFPs e os camaleônicos “modelos” revolucionários TERCEIRA PARTE: AS TFPs EM AÇÃO EM SEUS RESPECTIVOS PAÍSES Argentina - “Vuelven los ideales que nunca murieron”, uma nobre esperança em animosa via de realização Chile - TFP: Uma legenda histórica caminha garbosamente para o futuro Uruguai- Uma força jovem empolga nação de grande porvir Colômbia- Duas décadas de intrepidez anticomunista Venezuela - Na frustrada perseguição à TFP, cai a máscara liberal da ditadura socialista Equador- TFP: tonificando as fibras cristãs da vida pública de uma nação relicário Peru - No berço da "Teologia da Libertação" avançam os estandartes da Tradição Bolívia - "Jóvenes bolivianos Pro-Civilización Cristiana": sangue novo no coração do Continente Estados Unidos - Expansão e êxito crescentes na superpotência do século XX Canadá- TFP: uma sentinela avançada em País vital para o Ocidente Espanha - O brado e o programa de TFP-Covadonga: continue a Espanha a ser espanhola! Portugal - "Passado esplêndido, futuro ainda mais belo" França - Para que França e História continuem a ser termos correlatos África do Sul - Para que o "caminho das Índias" não se transforme numa rota de servidão A atuação da Tradição, Família e Propriedade nos cinco continentes * * * A narração histórica feita neste livro focaliza especialmente as várias atividades das TFPs. E, em conseqüência, põe em realce o alcance delas sobre diversos acontecimentos contemporâneos. Extravasaria dos limites do trabalho enumerar e analisar os fatores de outra natureza que se somaram para a produção dos referidos acontecimentos. O silêncio do livro sobre eles não importa, pois, na subestima, e menos ainda na exclusão, de tais fatores. As notas marcadas com (*) são explicativas do texto. As notas numeradas indicam as fontes utilizadas ou as referências documentais feitas no texto. EDIÇÕES BRASIL DE AMANHÃ Rua Javaés 681 – São Paulo Impressão e acabamento Artpress – Papéis e Artes Gráficas Ltda. Rua Javaés 681 – São Paulo Ao Leitor O respeito cheio de veneração pela tradição, pela família e pela propriedade sempre constituiu condição fundamental da vida normal dos povos. Em torno de tais princípios, o consenso universal se fez desde a noite dos tempos, e se vinha mantendo inalterável através de todas as vicissitudes da História, em todas as culturas e em todos os lugares da Terra. Ainda ontem, admitia-se esta maneira de ver as coisas em largas camadas da população européia e americana. Como que de repente, tudo começou a mudar, sob a ação de fatores profundos. E hoje esses valores já são considerados de modo bastante diverso. Se, de um lado, são objeto de campanhas sistemáticas de menoscabo, de indiferença e mesmo de hostilidade, por outro, em defesa deles, vozes novas se levantam. É que a derrocada da civilização cristã se tornou iminente. E – como por vezes acontece em momentos cruciais da História da humanidade – apareceu quem empunhasse a bandeira que ameaçava cair, e com amor a fizesse drapejar ao vento, na resolução de dar a vida por ela. * * * "Dar a vida por..." Estas quatro palavras, mesmo em nossos dias pouco voltados para a admiração, ainda suscitam pelo menos o respeito. Como recusá-lo a quem, desde seus verdes anos, tendo um futuro sorridente diante de si, preferiu consagrar sua existência aos princípios que, então, muitos começavam a impugnar com ênfase? Com efeito, a Plinio Corrêa de Oliveira – pois dele se está falando – não faltavam dotes para êxito invejável na vida intelectual, política ou profissional. Pertencendo, pelo lado materno, a família de relevo no patriciado paulista, pelo lado paterno herdava o senhorio de velha e ilustre cepa de Pernambuco. Berço e posição social se abraçavam em um harmonioso conjunto dos melhores dons da inteligência e do espírito. Caso ele se conformasse com as brisas mornas da acomodação que sopravam – e que procuravam impor-se –, todas as portas para uma brilhante carreira lhe estariam abertas. Cheio de Fé e coragem, deliberou ele dar outro rumo à sua vida. O que se passou, resumiu-o ele mesmo em algumas palavras de grande ressonância: Quando ainda muito jovem, Considerei enlevado as ruínas da Cristandade, A elas entreguei meu coração. Voltei as costas ao meu futuro, E fiz daquele passado carregado de bênçãos O meu Porvir... Alguns anos se escoaram. Em 1928, aos 19 anos, Plinio Corrêa de Oliveira ingressa no movimento católico e inicia sua atuação pública: um único e longo ato de coerência, que perdura até hoje. Num turbilhão confuso, daquele tempo até os presentes dias mudaram não apenas os cenários e os atores, os ventos e as situações, mas a própria medula do que geralmente se entende por viver. Mais ainda. Até as colunas do firmamento, ou seja, os princípios da Santa Igreja Católica, Apostólica, Romana, dir-se-ia que vêm variando, segundo a opinião de tantas pessoas. Plinio Corrêa de Oliveira, entretanto, se mantém fiel a seus ideais primevos. E é precisamente por essa coerência que o respeitam até mesmo muitos de seus adversários: vencendo ou experimentando reveses, voltando à carga ou recuando, mas, em qualquer caso, mantendo bem alto o estandarte de suas convicções, e proclamando-as com galhardia, ele continua idêntico a si mesmo. Essa coerência granítica e ao mesmo tempo dinâmica de Plinio Corrêa de Oliveira, a qual não se verga ao sopro das mais furiosas tempestades, ganhou fama em numerosos países. E hoje ela se apresenta como mais atual e moderna do que nunca. Pois o homem contemporâneo, cansado, estonteado e sem rumo diante de tantas e tão vertiginosas transformações, começa a se perguntar: a Tradição, por que não? Família e Propriedade, por que não? Em suma, por que não a TFP? * * * É grato olhar para o caminho percorrido por alguém, quando é luminoso e aponta para soluções verdadeiras. Diante desses 60 anos de luta, as 15 TFPs, em articulação com as Edições Brasil de Amanhã, desejam exprimir sua admiração e sua gratidão, patenteando sobretudo um dos aspectos do longo ato de coerência que tem sido a vida pública de Plinio Corrêa de Oliveira: sua espantosa fecundidade. Fecundidade como pensador e como escritor. Fecundidade como líder católico. Fecundidade como fundador e mentor da TFP brasileira. Fecundidade como inspirador das demais TFPs e entidades coirmãs. Para demonstrá-lo, nada melhor do que a linguagem dos fatos. Muitos fatos, fatos autênticos, fatos expressivos. Este livro, no qual esta homenagem se consubstancia, é essencialmente um livro de fatos. Em sua simplicidade forte, eles falam para o homem contemporâneo mais alto e com mais eloqüência do que muitas e muitas considerações. Em uníssono com o que há de mais profundo na alma do insigne homenageado, as TFPs dedicam a Nossa Senhora do Bom Conselho esta obra, bem como a edição em castelhano sobre análogo tema, ora em preparação. A Maria Santíssima, aliás, em mais alta instância, cabem esta homenagem e esta gratidão. Pois é Ela quem dá força aos heróis e os leva à vitória. Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade Pelo Conselho Nacional: Paulo Corrêa de Brito Filho Secretário American Society for the Defense of Tradition, Family and Property Asociación Civil Resistencia (*) (Venezuela) Association Française pour la Défense de la Tradition, de la Famille et de la Propriété Centro Cultural Reconquista (Portugal) Jóvenes Bolivianas pro Civilización Cristiana Núcleo Peruano Tradición, Familia, Propiedad Sociedad Argentina de Defensa de la Tradición, Farnilia y Propiedad Sociedad Chilena de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Colombiana de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Sociedad Ecuatoriana de Defensa de la Tradición, Família y Propieclad Sociedad Espanola de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad–Covadonga Sociedad Uruguaya de Defensa de la Tradición, Familia y Propiedad Société Canadienne pour la Défense de la Tradition, de la Famille et de la Propriété Young South Africans for a Christian Civilization (*) No momento, com as atividades suspensas e seus membros dispersos pelo mundo, em conseqüência de atroz perseguição movida pelo Governo Lusinchi. Perseguição esta que a Justiça venezuelana, em sentença definitiva proferida em 15 de maio de 1986, mostrou ser carente de qualquer fundamento. * * * Plinio Corrêa de Oliveira fé, coerência, liderança e valentia Uma grande e luminosa realidade: o movimento católico TUDO PARECIA PROSPERAR na Igreja de Deus entre 1928 e 1935. Transcorriam normalmente os anos do pontificado de Pio XI. Naqueles anos crescia no Brasil uma grande e luminosa realidade, que se chamava correntemente omovimento católico. Movimento católico. A expressão designava o conjunto formado pelas diversas associações religiosas e de apostolado, inertes umas, extraordinariamente pujantes outras. Estendiam-se de norte a sul do País, compreendendo várias dezenas de milhares de pessoas, de ambos os sexos e de todas as classes sociais. Dentre as de maior vitalidade, sobressaíam as Congregações Marianas, que constituíam, no seu conjunto, o movimento mariano. O movimento mariano, cuja expansão começara por volta de 1925 entre os jovens brasileiros, principalmente da média e pequena burguesia, tivera no Congresso da Mocidade Católica, em setembro de 1928, uma de suas primeiras afirmações triunfais. A partir de então estendeu-se de São Paulo a todo o Brasil o grande surto das Congregações Marianas que, em 1933, demonstrariam ser– como se verá – uma grande força nacional. Elas prestaram à Igreja o incomparável serviço de – num país em que a prática da Religião era tida em geral como própria apenas para mulheres e velhos – atrair para ela, e para as atividades apostólicas, legiões inteiras de moços de todas as classes sociais. Essa transformação abria novo capítulo na vida religiosa do Brasil. Todo o movimento católico, que pela amplitude e variedade constituía um verdadeiro mundo, progredia unido filialmente a um Clero no qual eram numerosas as personalidades de valor e de prestígio, e a um Episcopado de não menor valor, coeso e profundamente venerado. A grande figura da Hierarquia católica do Brasil de então era D. Sebastião Leme da Silveira Cintra, Arcebispo do Rio de Janeiro, o único Purpurado brasileiro. No Estado de São Paulo, cujo território formava uma só Província Eclesiástica, era figura exponencial, com merecida repercussão em todo o País, o Arcebispo Metropolitano, D. Duarte Leopoldo e Silva. Foi nas fileiras do movimento católico de São Paulo que se formou o primeiro núcleo de batalhadores que daria origem, mais tarde, à TFP (1). (1) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”,15-2-69. “O movimento mariano havia crescido extraordinariamente no Estado de São Paulo: faziam-se concentrações que eram movimentos de massa nunca vistos”. D. Clemente José Carlos Isnard, O.S.B., Bispo de Nova Friburgo (2). (2) Apud Bernard Botte, O.S.B., O movimento litúrgico, Ed. Paulinas, São Paulo, 1978, p. 217. “Quando menos se espera, um magnífico sopro suscitou no Brasil inteiro, no Centro como no Norte, no Norte como no Sul, falanges inteiras de moços que, resolvidos a instaurar no Brasil a paz de Cristo no Reino de Cristo, proclamam bem alto sua resolução de morrer pela Igreja”. “Legionário”, 1937 (3). (3) Nº 242, 2-5-37. “Que Deus te preserve e te dê o posto de Chefe da geração, que te está destinado”. Alceu Amoroso Lima (4) em carta a Plinio Corrêa de Oliveira (4) Alceu Amoroso Lima, que exerceu a crítica literária sob o pseudônimo de Tristão de Athayde, foi líder católico, professor universitário e membro da Academia Brasileira de Letras. Na Faculdade de Direito, o início da luta de Plinio Corrêa de Oliveira NO LARGO DE SANTA CECÍLIA, em São Paulo, localiza-se a Matriz do mesmo nome. Ali se reunia, aos domingos, a Congregação Mariana, em cujas fileiras, a partir de 1928, um jovem estudante de Direito, Plinio Corrêa de Oliveira, iniciava com um grupo de amigos sua militância católica. Nascido em 13 de dezembro de 1908, seus pais – o advogado João Paulo Corrêa de Oliveira e Dona Lucilia Ribeiro Corrêa de Oliveira – pertenciam a velhas famílias da aristocracia rural, respectivamente dos Estados de Pernambuco e de São Paulo. Por exemplo, seu tio-avô, o Conselheiro João Alfredo Corrêa de Oliveira, foi senador do Império, Conselheiro de Estado, Presidente da Província de São Paulo, várias vezes membro do Conselho de Ministros e, por fim, Primeiro-Ministro. Foi no exercício desse cargo que, com a Princesa Isabel, ele assinou a Lei Áurea. O período inicial da atividade de Plinio Corrêa de Oliveira caracterizou-se pelo apostolado individual constante: reuniões, conferências, discursos. De início na Congregação Mariana de Santa Cecília, mais tarde em toda a Capital e, por fim, no vasto interior de São Paulo, bem como no Rio de Janeiro e em outros Estados. Tal atividade não se circunscrevia entretanto aos confins dos ambientes especificamente católicos. Quando quartanista da tradicional Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo (tida na época como baluarte do laicismo), coordenando de início alguns congregados marianos, Plinio Corrêa de Oliveira fundou em 1929 aAção Universitária Católica (AUC), a qual se tornou em breve uma realidade vitoriosa da vida acadêmica de então. A Ação Universitária Católica, ao mesmo tempo que ia crescendo em número e influência no Largo de São Francisco, se estendeu rapidamente, da Faculdade de Direito para as demais escolas superiores de São Paulo (*). (*) A AUC foi absorvida em 1938, por decisão da autoridade eclesiástica, pelo setor correspondente da Ação Católica, isto é, a Juventude Universitária Católica (JUC). Esta tomou itinerário ideológico próprio, e veio a se tornar mais tarde tristemente célebre na história do catolicismo brasileiro. Constituiu indício expressivo desse progresso a ocorrência de um fato do qual até se perdera a memória naquela célebre Faculdade: na formatura de 1930, ano em que Plinio Corrêa de Oliveira colou grau, o Santo Sacrifício da Missa foi celebrado dentro do próprio pátio interno das Arcadas, com a prestigiosa presença de quase todo o corpo docente em trajes talares. Elevado número de universitários comungou. Ao Evangelho pregou o célebre Pe. Leonel Franca, S.J. “Realmente – pensavam os que participavam do ato – algo de profundo mudou na atmosfera da juventude paulista. E para melhor!” Era o fruto do movimento mariano. “Se os católicos não se tivessem congregado para interferir nas eleições de 1933, o Brasil estaria hoje definitivamente desviado para a esquerda”. Oswaldo Aranha (5). (5) Cfr. “Legionário”, nº 223, 20-12-36. Oswaldo Euclides de Souza Aranha foi um dos mais importantes articuladores da revolução getulista de 1930, tendo sido Ministro da Justiça e da Fazenda no governo Getúlio Vargas. Em 1947, presidiu a Assembléia Geral da ONU. Plinio Corrêa de Oliveira, deputado mais votado na Constituinte de 1934 TAL MUDANÇA no ambiente haveria de produzir seus efeitos, de modo sensível, nos acontecimentos que se desdobravam paralelamente, na vida do País. No mesmo ano de 1930 estourou a Revolução que encerrava o ciclo da “República Velha” e implantava a ditadura Vargas. O comunismo procurava tirar vantagem da situação. O Arcebispo de São Paulo, D. Duarte Leopoldo e Silva, em célebre mensagem ao Episcopado brasileiro em 1934, asseverou que “a erva daninha do comunismo, trouxe-a .... a mochila de certos próceres de 1930”(6). Luís Carlos Prestes se incorporava então à corrente comunista. (6) D. Duarte Leopoldo, Illuminuras, Empreza Graphica da “Revista dos Tribunaes”, São Paulo, 1937, p. 126. Vários fatores (entre os quais o mais importante foi a Revolução paulista de 1932) levaram Getúlio Vargas a convocar uma Assembléia Constituinte. Entrementes, criou-se em 1932 a Liga Eleitoral Católica (LEC). A LEC era uma instituição de âmbito nacional, bafejada pelo Episcopado. Seu modo de atuar consistia em dirigir aos candidatos formulários sobre a posição destes em face das chamadas “reivindicações mínimas”, desviando daqueles que fossem infensos a essas reivindicações os votos católicos. Em novembro de 1932 instalou-se a Junta Estadual da LEC em São Paulo. Para o cargo de Secretário, o Arcebispo D. Duarte nomeou Plinio Corrêa de Oliveira. Na realidade, fora este que, inspirado em análoga instituição existente na Europa, fizera chegar ao Arcebispo, bem como ao Cardeal D. Leme, a idéia de criar tal organização no Brasil. A 3 de maio de 1933 realizaram-se as eleições em todo o País, para a escolha dos deputados à Constituinte. Em muitos Estados, figuras expressivas indicadas pela Liga Eleitoral Católica foram então eleitas. Surpresa e alegria geral no eleitorado católico: o candidato mais votado em todo o Brasil foi um jovem congregado mariano de 24 anos, que há pouco deixara os bancos universitários (*). Indicado pela Liga Eleitoral Católica na Chapa Única por São Paulo Unido(**), obteve 24.017 votos. No mesmo Estado, o segundo candidato, merecidamente célebre como jurista, literato e político, elegeu-se com 12.483 votos. (*) O jovem líder mariano recebera 9,5% do total dos 260.262 votos apurados. Desde a criação da Justiça Eleitoral até os dias de hoje, há registro de apenas dois candidatos a deputado federal por São Paulo que obtiveram mais de 9% dos votos: Plinio Corrêa de Oliveira, em 1933, e Pedro Ventura Pomar, em 1947, este último com 11,8% do total dos votos apurados. Abaixo destes, foram os mais votados até hoje Paulo Salim Maluf, com 5,8% dos votos apurados (1982); Carlos Cirilo, com 5,0% (1945); e Luís Inacio Lula da Silva (1986), com 4,2% (cfr. Dados Estatísticos do Superior Tribunal Eleitoral; Diário Oficial, 28-3-79; Apostilas do Tribunal Regional Eleitoral – Resumo oficial das apurações no Estado de São Paulo em 1982 e 1986). (**) As seguintes organizações formaram a chapa única: Partido Republicano Paulista (PRP), Partido Democrático (PD), Federação dos Voluntários da Revolução de 32, Liga Eleitoral Católica e Associação Comercial. “A LEC foi a organização extrapartidária que na história do Brasil exerceu a maior influência política eleitoral”. Paulo Brossard (8), Ministro da Justiça (8) “Jornal de Minas”, Belo Horizonte, 3-7-86. Essas cinco associações se reuniram lançando a Chapa Única por São Paulo Unido, à qual competia fazer prevalecer, na Constituição que ia ser votada, os ideais que inspiraram em São Paulo a epopéia de 1932. O jovem era Plinio Corrêa de Oliveira. Sua votação se devera quase inteiramente ao apoio das entidades católicas de São Paulo. O teste surpreendeu e impressionou de tal maneira que, depois deste episódio, a Liga Eleitoral Católica passou a ser geralmente reconhecida como uma das grandes forças políticas do País (7). (7) Cfr. Plinio Corrêa de Oliveira, Kamikaze, “Folha de S. Paulo”, 15-2-69. * * * Instalada a Constituinte em novembro de 1933, formou-se nela uma corrente de parlamentares católicos de grande influência, que levou a cabo a aprovação, pela Assembléia, não só das “reivindicações mínimas” da Liga Eleitoral Católica – a indissolubilidade do vínculo conjugal, o ensino religioso livre nas escolas públicas e a assistência religiosa facultativa às Forças Armadas – como também de outros pontos constantes do programa máximo da LEC: o direito de voto aos religiosos, o reconhecimento dos efeitos civis do casamento religioso, o direito ao descanso dominical, a faculdade de os sacerdotes prestarem o serviço militar obrigatório na condição de capelães das tropas. Além disso, invocava-se o Nome de Deus no preâmbulo da Constituição, pela primeira vez desde a proclamação da republica Tão assinalado êxito atenuou em considerável medida a fisionomia laica do Estado brasileiro.
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