UM GATO ENTRE OS POMBOS — Acho que realmente existe algo errado aqui — disse Eileen devagar. — É como se houvesse alguém entre nós que não pertencesse a este lugar. — um gato entre os pombos, é esta a espécie de sensação que eu tenho. Nós somos os pombos, todas, e o gato está entre nós. Mas não conseguimos ver o gato... COLEÇÃO AGATHA CHRISTIE AGATHA CHRISTIE UM GATO ENTRE OS POMBOS Tradução de ELIANE FONTENELLE 5.a edição Título original em inglês: CAT AMONG THE PIGEONS © Agulha Christie Limited, 1959 Direitos exclusivos no Brasil para EDITORA NOVA FRONTEIRA S.A. Rua Maria Angélica, 168 — Lagoa — CEP 22.461 — Tel.: 286-7822 Endereço Telegráfico NEOFRONT — Rio de Janeiro, RJ Proibida a exportação para Portugal e países africanos de língua portuguesa Capa STUDIO MSBB Revisão SYLVIO CLEMENTE DA MOTTA Diagramação ANTONIO HERRANZ FICHA CATALOGRÁFICA (Preparada pelo Centro de Catalogação-na-fonte do Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ) Christie, Agatha, 1891-1976. C479g Um gato entre os pombos; tradução de Eliane Fontenelle. 3.a ed. Rio de Janeiro, Nova Fronteira, 19S0. Do original em inglês: Cat among the pigeons. 1. Ficção policial e de mistério (Literatura inglesa) I. Título. 77-0498 CDD — 823.0872 CDU — 820.312.4 hhttttpp::////ggrroouuppss..ggooooggllee..ccoomm//ggrroouupp//ddiiggiittaallssoouurrccee OOOOOOOORRRRRRRREEEEEEEELLLLLLLLHHHHHHHHAAAAAAAA DDDDDDDDOOOOOOOO LLLLLLLLIIIIIIIIVVVVVVVVRRRRRRRROOOOOOOO UM GATO ENTRE OS POMBOS Um colégio só para moças na Inglaterra. Portanto, um colégio altamente sofisticado — o Colégio Meadowbank. E o misterioso ambiente do interior das ilhas Britânicas. Além disso, Um Gato entre os Pombos. E duas professoras que são admitidas no colégio, uma de língua francesa, outra de ginástica: quem são, de onde vêm? A ação se origina muito longe: em Ramat, no Oriente Médio. O regente desse país — que fora como de costume educado na Inglaterra e cujo melhor amigo, como também de costume, é cidadão britânico, piloto de carreira — entrega a este toda a riqueza da família em pedras preciosas a fim de que as leve para o estrangeiro, pois receia uma revolução iminente. É a partir daí que se desencadeia todo o mistério e a aventura, em que o distinto Colégio Meadowbank, na ainda mais distinta Inglaterra, desempenha papel importante. No colégio há um pavilhão de esportes onde, além destes, também se pode praticar assassinatos... Como chegar ao desfecho? Como percorrer o longo caminho de espionagem e sangue que leva da Ásia à Europa? Isso é segredo do gênio criador de Agatha Christie, que mais uma vez, de braços dados com Hercule Poirot, mantém o seu público num suspense que depois dela ninguém mais conseguiu atingir na literatura policial dos nossos dias. SSSSSSSSUUUUUUUUMMMMMMMMÁÁÁÁÁÁÁÁRRRRRRRRIIIIIIIIOOOOOOOO PRÓLOGO — Período de verão CAP. 1 — REVOLUÇÃO EM RAMAT CAP. 2 — A MULHER NA SACADA CAP. 3 — APRESENTANDO O SR. ROBINSON CAP. 4 — A VOLTA DE UMA VIAJANTE CAP. 5 — CARTAS DO COLÉGIO MEADOWBANK CAP. 6 — PRIMEIROS DIAS CAP. 7 — FOLHAS AO VENTO CAP 8 — ASSASSINATO CAP. 9 — UM GATO ENTRE OS POMBOS CAP. 10 — UMA HISTORIA FANTÁSTICA CAP. 11 — ENTREVISTA CAP. 12 — LÂMPADAS NOVAS POR VELHAS CAP. 13 — CATÁSTROFE CAP. 14 — A INSÔNIA DA SRTA. CHADWICK CAP. 15 — O CRIME SE REPETE CAP. 16 — O MISTÉRIO DO PAVILHÃO DE ESPORTES CAP. 17 — A CAVERNA DE ALADIM CAP. 18 — TROCA DE IDÉIAS CAP. 19 — A TROCA DE IDÉIAS CONTINUA CAP. 20 — CONVERSAÇÃO CAP. 21 — APERTANDO O PASSO CAP. 22 — INCIDENTE EM ANATÓLIA CAP. 23 — REVELAÇÕES CAP. 24 — POIROT EXPLICA CAP. 25 — LEGADO PPPPPPPPRRRRRRRRÓÓÓÓÓÓÓÓLLLLLLLLOOOOOOOOGGGGGGGGOOOOOOOO PPPPPPPPEEEEEEEERRRRRRRRÍÍÍÍÍÍÍÍOOOOOOOODDDDDDDDOOOOOOOO DDDDDDDDEEEEEEEE VVVVVVVVEEEEEEEERRRRRRRRÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOOOOO ERA O DIA DE ABERTURA do período escolar de verão no Colégio Meadowbank. O sol do final da tarde espalhava seu brilho sobre o pátio em frente à casa. A porta principal encontrava-se completamente aberta, de modo hospitaleiro, e, bem à sua entrada, combinando admiravelmente com as suas proporções georgianas, via-se a Srta. Vansittart, sem um fio de cabelo fora do lugar, vestindo um casaco e uma saia de corte impecável. Alguns pais mal informados haviam-na tomado pela Srta. Bulstrode, não sabendo que era costume da Srta. Bulstrode retirar-se para uma espécie de santuário, onde poucos e seletos privilegiados eram admitidos. Ao lado da Srta. Vansittart, operando num plano ligeiramente diferente, estava a Srta. Chadwick, agradável, inteligente e tão integrada a Meadowbank, que seria impossível imaginar aquele colégio sem a sua presença. Ela sempre estivera ali. A Srta. Bulstrode e a Srta. Chadwick, juntas, haviam fundado o Colégio Meadowbank. A Srta. Chadwick usava pincenê, vestia-se com deselegância, era amável, insegura na maneira de falar e, por acaso, uma brilhante matemática. Inúmeras palavras e frases de boas-vindas, proferidas graciosamente pela Srta. Vansittart, espalhavam-se pela casa. — Como vai, Sra. Arnald? Bem, Lydia, você gostou do cruzeiro helênico? Que oportunidade maravilhosa! Conseguiu tirar boas fotografias? — Sim, Lady Garnett, a Srta. Bulstrode recebeu sua carta a respeito das aulas de Artes e tudo já foi providenciado. — Como vai, Sra. Bird?... Bem? Não creio que a Srta. Bulstrode terá tempo hoje para discutir esta questão. A Srta. Rowan estará à sua disposição, caso a senhora deseje falar com ela sobre o assunto. — Mudamos você de quarto, Pamela. Você agora ficará na ala perto da macieira... — Sim, tem razão, Lady Violet, o tempo tem andado horrível esta primavera. Este é o seu filho mais novo? Qual o seu nome? Hector? Que avião bonito o seu, Hector! — Très heureuse de vous voir, Madame. Ah, je regrette, ce ne serait pas possible, cette après-midi. Mademoiselle Bulstrode est tellement occupée. — Boa tarde, professor. O senhor tem feito mais descobertas interessantes? IIIIIIIIIIIIIIII Numa pequena sala no primeiro andar, Ann Shapland, a secretária da Srta. Bulstrode, batia à máquina com rapidez e eficiência. Ann era uma bonita jovem de trinta e cinco anos, com cabelos pretos moldando sua cabeça como um gorro de cetim. Sabia ser atraente quando queria, porém a vida lhe ensinara que a eficiência e a competência muitas vezes traziam melhores resultados e evitavam penosas complicações. No momento ela se concentrava em ser tudo aquilo que a secretária da diretora de um famoso colégio de moças deveria ser. De tempos em tempos, quando parava para colocar uma nova folha de papel na máquina, olhava pela janela demonstrando interesse nas pessoas que chegavam. — Minha nossa! — disse Ann para si mesma, admirada. — Não sabia que ainda existiam tantos motoristas particulares na Inglaterra! Então sorriu, quase sem querer, quando um majestoso Rolls Royce se afastou e um Austin muito pequeno e antigo se aproximou. De dentro do carro saiu um pai de aparência preocupada, acompanhado da filha que parecia muito mais calma. Enquanto ele parava incerto, a Srta. Vansittart saiu da casa para recebê-lo. — Major Hargreaves? E esta é Alison? Entrem, por favor. Gostaria que o senhor visse pessoalmente o quarto de Alison. Eu... Ann sorriu e voltou a bater à máquina. — Grande Srta. Vansittart, a gloriosa atriz substituta. Ela consegue copiar todos os truques da Bulstrode. Na verdade, é perfeita! Um Cadillac enorme e exageradamente vistoso, pintado em duas cores, vermelho vivo e azul celeste, moveu-se (com dificuldade, devido ao seu tamanho) pela alameda e estacionou atrás do velho Austin. O motorista apressou-se em abrir a porta. Um homem escuro, com imensa barba, vestindo uma túnica, desceu seguido de alguém parecendo saída de uma página de figurino e, por último, uma garota morena e magra. — Aquela provavelmente é a Princesa Qualoseunome — pensou Ann. — Não consigo imaginá-la de uniforme de colégio, mas suponho que amanhã o milagre se tornará visível. Desta vez, tanto a Srta. Vansittart quanto a Srta. Chadwick apareceram. — Serão levados à Presença — concluiu Ann. Então percebeu que, muito estranhamente, ninguém gostava de fazer piadas a respeito da Srta. Bulstrode. A Srta. Bulstrode era Alguém. — Você deve ficar atenta ao Ps e Qs, minha garota — disse para si mesma — e acabar estas cartas sem cometer nenhum erro. Não que Ann costumasse errar. Ela poderia escolher à vontade onde trabalhar como secretária. Tinha trabalhado para o diretor executivo de uma companhia de petróleo, fora secretária particular de Sir Marvyn Todhunter, famoso tanto pela sua erudição, quanto por sua irritabilidade e ilegibilidade de sua caligrafia. Podia contar entre seus empregadores dois Ministros de Estado e um importante funcionário do Governo. No todo, seu trabalho havia sido sempre entre homens. Ficava imaginando como iria sentir-se, como ela colocara para si mesma, afogada em mulheres. Bem... era mais uma experiência. E sempre havia o Dennis. O fiel Dennis chegando da Malaia, da Birmânia, de várias partes do mundo, sempre o mesmo, devotado, pedindo mais uma vez para que ela se casasse com ele. Querido Dennis. Mas seria muito monótono estar casada com Dennis. Logo ela iria sentir falta da companhia masculina. Todas aquelas professoras... nenhum homem por perto, exceto o jardineiro de quase oitenta anos. Entretanto, neste ponto, Ann teve uma surpresa. Olhando pela janela, viu, além da passagem dos carros, um homem aparando a cerca viva... evidentemente um jardineiro, mas muito aquém dos oitenta anos. Jovem, moreno, bonitão. Ann ficou pensando... houvera falatórios sobre conseguir-se trabalho extra... mas aquele ali não era nenhum camponês. Oh, bem, hoje em dia as pessoas faziam lodo tipo de serviço. Era apenas um jovem tentando arrumar algum dinheiro para um projeto ou outro, ou, então, realmente para sobreviver. Entretanto, estava cortando a cerca de modo muito profissional. — É, provavelmente seja mesmo um jardineiro de verdade... — Tenho a impressão — disse Ann para si mesma — de que ele talvez possa ser interessante... Apenas mais uma carta por fazer, ficou contente em observar, e em seguida poderia passear pelo jardim... IIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII No andar superior, a Srta. Johnson, a Superintendente, estava ocupada designando os quartos, cumprimentando os recém-chegados e recebendo as alunas antigas. Estava contente que as aulas tivessem recomeçado. Nunca soubera direito o que fazer consigo mesma durante as férias. Tinha duas irmãs casadas que naturalmente estavam mais interessadas em seus próprios afazeres e família do que em Meadowbank. A Srta. Johnson, apesar de gostar imensamente de suas irmãs, estava somente interessada em Meadowbank. Sim, era bom que o período escolar tivesse recomeçado. — Srta. Johnson? — Sim, Pamela? — Acho que quebrou alguma coisa na minha valise. Melou tudo! Acho que foi o óleo de cabelo. — Ora, ora — disse a Srta. Johnson, apressando-se para ajudar.
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