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travestilidade e devir minoritário alexandre fleming câmara vale PDF

308 Pages·2009·0.92 MB·Portuguese
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E FILOSOFIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM SOCIOLOGIA O VÔO DA BELEZA: TRAVESTILIDADE E DEVIR MINORITÁRIO ALEXANDRE FLEMING CÂMARA VALE FORTALEZA, JUNHO, 2005 Tese defendida em ___ de ___________ de 2005 e ____________ pela Banca Examinadora constituída pelos (as) professores (as): ______________________________________ Prof(a). Dra. Júlia MIRANDA (Orientadora) ______________________________________ Prof(a). Dra.Beatriz HERÉDIA (UFRJ) _____________________________________ Prof(a). Dra. Simone MALDONATO (UFPB) __________________________________ Prof. Dr. Gilmar de CARVALHO (UFC) __________________________________ Prof. Dr. Daniel LINS (UFC) 2 Para Maria Olímpia Câmara Vale, minha mãe. Antônio Luis de Almeida Vale, meu pai. À memória de meu avô, Plínio Câmara, À memória de Janaina Dutra e a Laéria Fontenele. 3 AGRADECIMENTOS Ao pessoal da associação GRAB e ATRAC, pessoas tão especiais quanto Tina, Chico, Ferreira, Orlaneudo, Paula, Druza, Renata, Darlete, Flávia, Alessandra... corre-se sempre o risco de esquecer de alguém. A Camille Cabral e a equipe do PASTT que acompanhei nas noitadas de prevenção no Bois de Boulogne, dentro do mini-ônibus da associação. A Claudia, Estela, Germana, Sabrina, Vera, Deni, Gaby, Tuca, Jacinta, Cris e todas as outras que um dia fizeram o “vôo da beleza”. A Prof. Dra. Júlia Miranda pelo diálogo, o carinho e lealdade em ter permanecido no processo de orientação deste trabalho. À Prof. Dra. Irlys Barreira, coordenadora do Programa de Doutoramento da Universidade Federal do Ceará, que sempre estimulou meus esforços. À Daniele Câmara Vale e Lyncia Panciatici pelo apoio irrestrito que me deram em Paris. Ao Prof. Ricardo Lincoln Barrocas, pelas preciosas leituras do trabalho e pelo apoio amigo e solidário. A Prof. Ilana Amaral, pela acolhida, a discussão das “Teses...” e a sugestão da “trans- criação”. 4 Ao Prof. Cristian Paiva, pelos diálogos e intensidades. Ao Prof. Custódio Luis, pela força na organização do sumário. À Prof. Dra. Marie-Elisabeth Handman, por viabilizar o intercâmbio com o Laboratório de Antropologia Social da Escola de Altos Estudos em Paris. A El Deseo, produtora dos filmes de Almodóvar, pela gentileza em enviar alguns roteiros dos filmes do diretor. A Reginaldo Dias pelo trabalho nas “Oficinas de Almodóvar”, realizadas na associação Grab e pelo que de bom existiu na breve folia das “fadas ignorantes”. Ao Prof. Dr. Daniel Lins, pela contribuição na qualificação deste trabalho e tantas outras que vem dando ao longo de meu percurso. A Liana Amaral, pela escuta e encorajamento. Ao José Carneiro pelo trabalho de transcrição de algumas das entrevistas. A Isabel Freire e Amélia Aragão, pelo afeto e amizade com que me recebem em Sobral. Aos alunos dos cursos de Ciências Sociais e Enfermagem da Universidade Estadual Vale do Acaraú. Ao Reitor da Universidade Estadual Vale do Acaraú, Prof. Teodoro Soares, pela inestimável colaboração. Ao Professor Mafrense de Souza e a e o Prof. Benedito Benevides, pelo apóio no momento das negociações da liberação e da saída para o “doutorado-sanduíche”. 5 A Prof. Regina Raick, pelo afeto, pelas “aulas substitutas” e por emprestar seu olhar “fotográfico” para algumas tomadas dessa pesquisa. A Tibico Brasil, pelas fotos da Parada de 2003. À Capes, pelo financiamento da bolsa de doutorado-sanduíche e a Profa. Dra. Miriam Grossi, então representante da área de antropologia da Capes. . A Louis-Georgs Tin, pelo convite para escrever o verbete “Antropologia” do Dicionário de Homofobia. Aos colegas do Seminário de Antropologia Social da Europa do Sul: Paul e Catherine Deschamps, Bruno Proth e Christelle Hamel. À Sra. Risoleta Córdula, responsável pelo setor cultural do Consulado do Brasil em Paris, por sua generosa atenção quanto às publicações brasileiras. A Tomyres Andreiollo, Silvain Hernik e Ana Carolina Silveira, pelos encontros felizes na “cidade-luz”. Aos Drs. Gilson Holanda e Guilherme Colares. A Heriberto Rebouças e Dilma Schimitt pela força nos momentos das “dores nas costas”... A Leônidas Adolpho, Peregrina Capelo e Terezinha Alencar, pela eficácia encorajadora de suas palavras. A Clodomiro Gomes, pela revisão da tese. 6 RESUMO Este trabalho tem por objeto as narrativas contadas por travestis e transgêneros brasileiros, dos caminhos que os conduziram a se tornar o que são e dos motivos que os levam a migrar. As trajetórias aqui analisadas indicam um processo no qual o feminilização e sua classificação no registro do estigma têm um lugar central. Indicam ainda que a busca por lugares mais clementes supõe deslocamentos, seja para grandes cidades, seja para outros países. Partindo de uma experiência antropológica de campo com travestis e transgêneros brasileiros, desenvolvida no Nordeste do Brasil (Fortaleza) e em Paris, busco discutir alguns dos elementos suscetíveis de desempenhar um lugar significativo na experiência transgênero: a injúria e a violência, o “processo de feminilização”, a prostituição e os efeitos de liberdade e de miséria dos processos migratórios. Pergunta-se ainda pelo alcance de algo que pudesse ser chamado de movimento transgênero como forma de resposta às diversas modalidades de violência vivenciadas por essas pessoas. 7 RÉSUMÉ Cette étude a pour objet des récits que font des travestis et transgenres brésiliens du cheminement qui les a conduits à devenir ce qu’ils sont et les motifs que les ont incités à migrer. Les trajectoires ici analysées indiquent un processus dans lequel la féminisation et sa classification dans le registre du stigmate tiennent une place centrale. Elles indiquent aussi que la recherche de lieux plus cléments suppose un déplacement, soit vers des grandes villes, soit vers d’autres pays. Il s’agit de découvrir, á partir d’une recherche de terrain realiser à Fortaleza et à Paris, quelques-uns des elements susceptibles de dessiner un portrait significatif de l’expérience travesti et transgenre: l’insulte, la violence, la prostitution, les libertés et les souffrances des processus migratoires. Cette étude concerne, également, une discussion à propos des limites et possibilités du mouvement transgenre. 8 SUMÁRIO INTRODUÇÃO……….......................................................................................................13 CAPÍTULO I – CIÊNCIAS SOCIAIS E SEXUALIDADE………………………….…21 1.1. Por um Descentramento da Enunciação Científica…………………………….22 1.2. A Pastoral Feminista………………………………………................................26 1.3. Antropologia: Ciência e Devir……………………………………………….....33 1.4. Masculino e Feminino na Cultura……………………………………………....52 CAPÍTULO II – SUBJETIVIDADE QUEER E A CONSTRUÇÃO CULTURAL DA DIFERENÇA DOS SEXOS…………………………………………………………….....61 2.1. Gênero e Identidade…………………………………………………………….62 2.2. Repensar a Identidade, “Queerezer” o Feminismo …………………………….68 2.3. Sexualidade, Poder e Subjetividade…………………………………………….81 2.4. “Cheguei a Encontrar Travestis Felizes...”……………………………………..85 CAPÍTULO III – TRAJETÓRIAS, ENCONTROS E TERRITORIALIDADES…....91 3.1. Visibilidade e Trans-fobia……………………………………………………...92 3.2.. As trilhas do Campo e suas Territorialidades……………………………...…103 3.3. Encontro com Janaina Dutra e Camille Cabral: o Fazer Antropológico como Atividade Coletiva…………………………………………………………….117 3.4. Roteiros Sexuais e Territorialidades do Além-Mar. ………………………….128 Célia……………………………………….……………… .136 Lis………………...................................................................139 Karina…………………………………………………….....142 Mara……………....................................................................145 Estrela…………………………………………………….....149 CAPÍTULO IV– O VÔO DA BELEZA………………………………………………..153 9 4.1. “Fora do Carnaval, Continua o Carnaval”: Injúria, Violência e Trans-fobia na Experiência de Travestis e Transgêneros……………………………………154 4.2. O “Processo de Feminilidade”: Efeitos de Paródia, Atos e Práticas Corporais Subversivas…………………………………………………………………...169 4.3. Descer no Bois: “Filhas”, “Filhinhas”, “Clientes” e “Cafetinas” ………….…187 4.4. Aqui e Acolá: O Contexto Parisiense Pós Lei Sarkosy.....................................197 A Última Visita………………………………………….199 ACT UP………………………………………………… 201 Devir-Imperceptível, Devir-Nativo……………………...202 Adeus a Clignancourt……………………………………205 CAPÍTULO V – VISIBILIDADE E PRODUTIVIDADE POLÍTICA DO SEXUAL.................................................................................................207 5.1. Novos lugares do Político……………………………………………………..208 5.2. Aids: Suas Simbólicas e Reverberações……………………………………....211 5.3. Entrada nas Ongs: Uma Imagem mais Positiva de si?......................................220 R.S……………………………………………………….222 P.C……………………………………………………….225 S.O……………………………………………………….227 N.K……………………………………………………....229 5.4. Transcriação: Colagem a partir de Algumas Entrevistas Realizadas com Janaina Dutra…………………………………………………………………236 Estrelas e Modelitos……………………………………………………….237 A Prova do Maiô…………………………………………………………..238 Travestilidade……………………………………………………………...239 Visibilidade………………………………………………………………..240 Vôos e Exalações………………………………………………………….241 Trans, Uni-vos!............................................................................................242 As Identidades são Próteses……………………………………………….245 Oficina Almodóvar………………………………………………………..246 Silicone na Agulha………………………………………………………...247 Diálogo com as Bombadeiras……………………………………………..248 As Lapadas da Papapum: violência nos pontos de prostituição…………..249 Oficina Almodóvar II: Personagens Manchadas…...……………………. 250 Vulnerabilidade, Assujeitamento e As Mazelas do social………………..251 10

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experiência da travestilidade uma elaboração mais sofisticada do conceito de transmissão da tradição cultural. Não apenas o de transmissão de.
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