Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas

2009·1.1 MB·Portuguese

by  SciELO - EDUFBA

Toxicomanias
incidências clínicas e socioantropológicas

Antônio Nery Filho
Edward MacRae
Luiz Alberto Tavares
Marlize Rêgo
(orgs.)
SciELO Books / SciELO Livros / SciELO Libros

NERY FILHO, A., et al. orgs. Toxicomanias: incidências clínicas e socioantropológicas. Salvador:
EDUFBA; Salvador: CETAD, 2009, 308 p. Drogas: clínica e cultura collection. ISBN 978-85-232-
0882-0. Available from SciELO Books <http://books.scielo.org>.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
Reitor
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EDITORA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
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Dante Eustachio Lucchesi Ramacciotti
José Teixeira Cavalcante Filho
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Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico-CNPq
Com o apoio do CADCT/Seplantec, Governo do Estado da Bahia
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Organizadores
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SSSSSaaaaalllllvvvvvaaaaadddddooooorrrrr,,,,, 22222000000000099999
'2009 by Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas - CETAD/UFBA
Direitos para essa edi(cid:231)ªo, cedidos (cid:224) Editora da Universidade Federal da Bahia.
Feito o dep(cid:243)sito legal.
Projeto GrÆfico da Cole(cid:231)ªo e Capa
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Prepara(cid:231)ªo e Revisªo de Textos
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Cataloga(cid:231)ªo na Publica(cid:231)ªo
Ana Rita Cordeiro de Andrade CRB / 1049
T755 Toxicomanias : incidŒncias cl(cid:237)nicas e socioantropol(cid:243)gicas / Antonio Nery Filho,
organizadores ... [et al.]. - Salvador : EDUFBA : CETAD, 2009.
308 p. - (Cole(cid:231)ªo drogas : cl(cid:237)nica e cultura)
ISBN 978-85-232-0566-9
1. Toxicomania. 2. Drogas - Abuso - Preven(cid:231)ªo. 3. Drogas - Abuso -
Aspectos psicol(cid:243)gicos. 4. Drogas - Aspectos sociais. I. Nery Filho, Antonio.
II. Centro de Estudos e Terapia de Abuso de Drogas.
CDD - 616.863
CDU - 615.099
Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (cid:150) CETAD/UFBA
Extensªo Permanente da Faculdade de Medicina da UFBA
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SSSSSuuuuummmmmÆÆÆÆÆrrrrriiiiiooooo
Apresenta(cid:231)ªo ........................................................................................... 7
PrefÆcio .................................................................................................. 9
PARTE I
INCID˚NCIAS SOCIOANTROPOL(cid:211)GICAS
O uso ritual de subst(cid:226)ncias psicoativas na religiªo do Santo Daime como
um exemplo de redu(cid:231)ªo de danos
Edward MacRae ..................................................................................... 23
O uso da Ayahuasca e a experiŒncia de al(cid:237)vio, transforma(cid:231)ªo e cura na
uniªo do vegetal (cid:150) UDV
Gabriela Santos Ricciardi ........................................................................ 37
A regulamenta(cid:231)ªo do porte, cultivo e distribui(cid:231)ªo nªo(cid:150)comercial de
cannabis sativa: um paradigma legal de redu(cid:231)ªo de danos
SØrgio Vidal ........................................................................................... 61
Controle do uso de drogas e preven(cid:231)ªo no Brasil: revisitando sua
trajet(cid:243)ria para entender os desafios atuais
SØrgio Trad ........................................................................................... 97
Uso do crack nas Metr(cid:243)poles modernas: Observa(cid:231)ıes preliminares sobre
o fen(cid:244)meno em Salvador
Esdras Cabus ........................................................................................ 113
ViolŒncia, contemporaneidade e infra(cid:231)ªo juvenil
Karla Melo
............................................................................................................ 123
PARTE II
INCID˚NCIAS CL˝NICAS
O uso de subst(cid:226)ncias psicoativas por crian(cid:231)as e adolescentes em situa(cid:231)ªo
de rua: uma leitura Winnicottiana
Luiz Felipe C. Monteiro ............................................................................ 141
Entre o adolescente e a droga, o pai (cid:150) tanto nos amores como nos
chinelos
Caio Rodrigues de M. Filho ..................................................................... 161
O sonho e o despertar
Jane Alves Cohim Silva ......................................................................... 189
O adolescente e a droga: manifesta(cid:231)ıes do agir
Luiz Alberto Tavares .............................................................................. 195
Toxicomania: Movimentos de uma cl(cid:237)nica
Marlize RŒgo ......................................................................................... 207
EstratØgias cl(cid:237)nicas numa institui(cid:231)ªo para toxic(cid:244)mano
Marlize RŒgo
Maria Luiza Mota Miranda
Maria EugŒnia Nuæez
AndrØa Queiroz ..................................................................................... 221
Eu sou Borderline, Doutora
Maria Luiza Mota Miranda ...................................................................... 231
COMENT`RIOS SOBRE A NOVA LEI
A nova Lei de Drogas (Lei no 11.343/2006) e o usuÆrio. A emergŒncia de
uma pol(cid:237)tica pautada na preven(cid:231)ªo, na redu(cid:231)ªo de danos, na assistŒncia e
na reinser(cid:231)ªo social
Emmanuela Vilar Lins ............................................................................. 243
PARTE III
ENTREVISTAS
Claude Olievenstein ................................................................................. 271
Ant(cid:244)nio Nery Filho .................................................................................. 283
7
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AAAAAppppprrrrreeeeessssseeeeennnnntttttaaaaa(cid:231)(cid:231)(cid:231)(cid:231)(cid:231)ªªªªªooooo
O Centro de Estudos e Terapia do Abuso de Drogas (CETAD),
em parceria com a Editora da UFBA (EDUFBA), apresenta mais
um nœmero da cole(cid:231)ªo Cl(cid:237)nica e Cultura, que tem como t(cid:237)tulo
Toxicomanias: incidŒncias cl(cid:237)nicas e socioantropol(cid:243)gicas.
Construir essa publica(cid:231)ªo foi, sem dœvida, viver o desafio de
abordar um tema amplo, complexo, que pode ser traduzido se-
gundo vÆrios olhares, vÆrios saberes que se interligam, dialogam
entre si, sem, contudo, perder, cada um, a sua particularidade.
Nesse sentido, as reflexıes e os debates em torno do uso e
abuso de drogas traduzem as diversas formas que o humano
utiliza para lidar com a dor da sua pr(cid:243)pria existŒncia. Por vezes,
a droga se inscreve na dimensªo da perten(cid:231)a, do la(cid:231)o social, do
encontro com o divino, da celebra(cid:231)ªo da vida; outras tantas, tra-
duz a face do sofrimento, da dor, da dependŒncia. (cid:201) o que os
gregos nos revelam com o termo phÆrmakon, que significa, si-
multaneamente, veneno e remØdio, po(cid:231)ªo mÆgica; aquilo que
traz a cura e a morte, o bem e o mal.
Nesses encontros e desencontros com a droga, portanto, nªo
hÆ uma inten(cid:231)ªo definitiva, conclusiva; eles sªo apenas
reveladores da nossa condi(cid:231)ªo humana e, por isso, a anÆlise
dessa temÆtica deve escapar de qualquer abordagem
normatizadora.
Nªo hÆ sociedades sem drogas. A distin(cid:231)ªo entre drogas l(cid:237)ci-
tas e il(cid:237)citas coloca o indiv(cid:237)duo em uma linha muito tŒnue, na
8
TTTTToooooxxxxxiiiiicccccooooommmmmaaaaannnnniiiiiaaaaasssss
sua rela(cid:231)ªo com a lei. Equivocadamente, o usuÆrio Ø
criminalizado, marginalizado. Definitivamente, Ø preciso dar um
novo tratamento a esse equ(cid:237)voco.
Os textos apresentados neste livro, ainda que articulados,
nªo seguem um desenvolvimento seq(cid:252)encial, podendo ser li-
dos, separadamente. Trata-se da abordagem do mesmo tema por
campos disciplinares diversos.
Dividido em dois blocos, o primeiro trata da elabora(cid:231)ªo te(cid:243)-
rica, no campo da pesquisa socioantropol(cid:243)gica; o segundo traz
textos que versam sobre a investiga(cid:231)ªo psicanal(cid:237)tica, alØm da
articula(cid:231)ªo dessa teoria com a prÆtica institucional de atendi-
mento a usuÆrios de drogas.
Foi, ainda, acrescido um importante debate sobre a nova lei
de drogas, vigente no Brasil.
Para finalizar, duas entrevistas, realizadas com Claude
Olievenstein (1994) e Ant(cid:244)nio Nery Filho (2008) que, respectiva-
mente, em Paris e na Bahia, trouxeram uma significativa e ino-
vadora contribui(cid:231)ªo para a abordagem do usuÆrio de drogas. Ao
retirÆ-lo das amarras do hospital psiquiÆtrico e da prisªo, as
abordagens propostas apontam para o questionamento radical
a que a figura do toxic(cid:244)mano nos convoca, a nossa rela(cid:231)ªo com
o desejo e a morte, reveladora da nossa face mais humana.
Os leitores oriundos de diversas Æreas do conhecimento,
como a educa(cid:231)ªo, a psicologia, a comunica(cid:231)ªo, a saœde, as ciŒn-
cias sociais, bem como as pessoas interessadas no tema, terªo a
possibilidade de percorrer textos que apontam questıes, trazendo
(cid:224) tona impasses e perspectivas para a constru(cid:231)ªo de mœltiplas
possibilidades de trabalho.
Luiz Alberto Tavares
Marlize RŒgo
9
NNNNNeeeeerrrrryyyyy FFFFFiiiiilllllhhhhhooooo,,,,, MMMMMaaaaacccccRRRRRaaaaaeeeee,,,,, TTTTTaaaaavvvvvaaaaarrrrreeeeesssss eeeee RRRRRŒŒŒŒŒgggggooooo
GGGGGeeeeeooooommmmmeeeeetttttrrrrriiiiiaaaaasssss dddddooooo mmmmmooooovvvvviiiiimmmmmeeeeennnnntttttooooo11111::::: PPPPPrrrrreeeeefffffÆÆÆÆÆccccciiiiiooooo
Gey Espinheira2
Eis que o CETAD nos traz uma nova e importante contribui-
(cid:231)ªo para a compreensªo da dif(cid:237)cil condi(cid:231)ªo humana quando se
toma a rela(cid:231)ªo das pessoas com as subst(cid:226)ncias psicoativas. Em
trŒs blocos, o livro aborda os usos de subst(cid:226)ncias psicoativas, a
a(cid:231)ªo da cl(cid:237)nica e a trajet(cid:243)ria dos estudos e da abordagem da ques-
tªo das drogas, na vida social, vencendo obstÆculos de toda natu-
reza, dentre os quais, a hipocrisia e os preconceitos das pessoas e
de institui(cid:231)ıes oficiais. (cid:201) um livro que pode ser lido de trÆs para a
frente, a partir dos depoimentos de Ant(cid:244)nio Nery Filho e de Claude
Olievenstein, ponte Brasil-Fran(cid:231)a na pesquisa, discussªo e apri-
moramento de servi(cid:231)os de atendimento a usuÆrios de drogas.
Dos estudos cient(cid:237)ficos das drogas e de seus usos, como o
minucioso ensaio do pesquisador SØrgio Vidal sobre a Cannabis
sativa como um paradigma legal da redu(cid:231)ªo de danos, aos cami-
nhos que ligam (cid:224) religiªo e rituais com subst(cid:226)ncias psicoativas,
de Edward MacRae, passando pelo exame detido da nova lei (n”
11.343/06) e de tantos outros olhares dos diversos autores, como
a anÆlise de Esdras Cabus dos espa(cid:231)os das drogas nas pessoas e
na cidade, esta, vista como um organismo com subjetividade pr(cid:243)-
pria, como um ser existencial, com suas Æreas de sofrimento, seus
espa(cid:231)os cinzentos e aqueles outros iluminados e coloridos. Na
cidade do Salvador, os lugares das drogas e os tempos desses
lugares, considerando que um mesmo espa(cid:231)o, com seus movi-
mentos, se modifica nos diversos instantes do dia ou da noite,