unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA “JÚLIO DE MESQUITA FILHO” Faculdade de Ciências e Letras Campus de Araraquara - SP GABRIELE CRISTINA BORGES DE MORAIS TOPOFILIA E TOPOFOBIA NA LONDRES DE NEIL GAIMAN ARARAQUARA – S.P. 2016 GABRIELE CRISTINA BORGES DE MORAIS TOPOFILIA E TOPOFOBIA NA LONDRES DE NEIL GAIMAN Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras de Araraquara – Unesp/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Estudos Literários. Linha de Pesquisa: História Literária e Crítica Orientador: Profa. Dra. Karin Volobuef Bolsa: CAPES Araraquara – S.P. 2016 Morais, Gabriele Topofilia e topofobia na Londres de Neil Gaiman / Gabriele Morais — 2016 84 f. Dissertação (Mestrado em Estudos Literários) — Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquista Filho", Faculdade de Ciências e Letras (Campus Araraquara) Orientador: Karin Volobuef 1. Topoanálise. 2. Londres. 3. Gaiman, Neil. 4. Neverwhere. I. Título. Ficha catalográfica elaborada pelo sistema automatizado com os dados fornecidos pelo(a) autor(a). GABRIELE CRISTINA BORGES DE MORAIS Dissertação de Mestrado, apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Estudos Literários da Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara, como requisito para obtenção do título de Mestre em Estudos Literários. Linha de pesquisa: História Literária e Crítica Orientador: Karin Volobuef Bolsa: CAPES Data da defesa: 31/05/2016 MEMBROS COMPONENTES DA BANCA EXAMINADORA: Presidente e Orientador: Professora Doutora Karin Volobuef Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara. Membro Titular: Professor Doutor Aparecido Donizete Rossi Faculdade de Ciências e Letras – UNESP/Araraquara Membro Titular: Professora Doutora Renata Philippov Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas – UNIFESP/Guarulhos Local: Universidade Estadual Paulista Faculdade de Ciências e Letras UNESP – Campus de Araraquara À dona Vera, guerreira. Agradecimentos Agradeço, em primeiro lugar, a meus pais, Cristina e Mauro, pelo apoio e amor incondicional ao longo de toda minha vida, me incentivando a seguir meus sonhos e minha paixão pela literatura. A minha irmã, Caroline, por ser minha melhor amiga e sempre me tomar como exemplo: isto, com certeza, fez de mim uma pessoa mais responsável e sábia na tomada de decisões. A meus avós, Vanda e João Batista, que foram meus segundos pais e grande suporte ao longo de minha criação e da graduação. Ao tio Cristian, meu exemplo de intelectual na família e provedor de excelentes leituras desde minha infância. À vó Vera, que infelizmente não pode ver este trabalho concluído, mas que sempre esteve na torcida e, onde quer que esteja agora, certamente está orgulhosa desta conquista. A todos meus familiares que, direta ou indiretamente, contribuíram e torceram por meu sucesso. Ao Otávio, meu melhor amigo, parceiro, companheiro e namorado, que me tirou de vários momentos de insegurança e vontade de desistir através de suas palavras de incentivo, sua torcida e sua fé em minha capacidade. Aos meus amigos que são minha segunda família: à Ana Carolina, a melhor amiga que eu poderia pedir ao universo, ao meu lado há quase dezoito anos; ao Junin, que veio de brinde com a Carol e com o tempo tornou-se tão indispensável quanto ela; ao Gabriel, meu irmão mais novo de coração e grande confidente; ao Danilo, Grequinho e Thais, essenciais em meu dia-a-dia e com quem posso sempre contar. À Eveline, Kadu, Ana Paula, Dona Maria, Seu Abel, Camila e Eric, por me acolherem como parte da família. Aos amigos de faculdade que, mesmo à distância, estiveram torcendo e me ajudando através das conversas, além de serem parte da minha formação: Guilhermo, Mariane, Marilya, Mayara, Aline, Mariana Sauka, Adir, Leticia, Thatiana, Lays, Jackeline, Karine, Thais, e muitos mais que não acrescentarei por medo do esquecimento, mas que estão em meu coração. Aos colegas de pós-graduação, grandes presentes proporcionados por esses dois anos em Araraquara: Stéfano Stainle, Marco Aurélio Rodrigues, Lucas Zaffani dos Santos, Marcela Magalhães, Mariana Bravo, Isabella Capelli, Jéssica Fradusco, Aline Orlandi, Evelyn Mello, Nathalia Scotuzzi, Sérgio Perassoli, Carolina Piovam, Aline Magalhães. Aos amigos de Araraquara: Lique, Luigi, Charlie, e muitos mais. A minhas companheiras de república, de pesquisas e de vários momentos agradáveis, Nicole e Rosângela. Aos docentes que participaram de minha formação como pesquisadora, como professora e, principalmente, como ser humano, desde meu jardim de infância até a graduação. Agradecimento especial ao meu primeiro orientador, Paulo Eduardo Ramos, que me fez uma pesquisadora completa; a Mariana Teixeira, que me fez ter a coragem de largar a pesquisa em linguística textual e abraçar minha paixão pela literatura; e a Renata Philippov, que manteve viva em mim a chama do fantástico e me encaminhou a este mestrado, participando de minha banca de defesa com suas valiosas contribuições. Aos professores da pós-graduação que me auxiliaram em suas disciplinas: Maria Célia Leonel, Maria de Lourdes Baldan, Wilma Patricia Maas e Aparecido Donizete Rossi. Ao Cido, principalmente, por tanto contribuir em meus estudos sobre o fantástico e o gótico e em minhas bancas de qualificação e defesa, um exemplo de pesquisador. Aos membros do conselho de Pós-Graduação em Estudos Literários, do qual tive a honra de fazer parte e contribuir no papel de representante discente, em especial agradeço aos professores Juliana Santini e Brunno Vieira, pela grande experiência adquirida. Por último, mas não menos importante, a minha orientadora, Karin Volobuef, pela liberdade de pesquisa, as conversas, os conselhos e a excelente orientação ao longo desses dois anos de trabalho. À CAPES pela bolsa que tornou esta pesquisa possível. E ao Neil Gaiman, que há muitos anos me traz sonhos através de palavras e imagens sobre as quais refletir, esmiuçar, interpretar e repassar ao máximo de pessoas possível. Trabalhar com o que amamos jamais é um trabalho. Resumo Na dissertação de mestrado “Topofilia e topofobia na Londres de Neil Gaiman”, pretendemos analisar a construção do espaço no romance Lugar Nenhum e a relação que o protagonista estabelece com ele. Na narrativa, Richard Mayhew, um escocês residente em Londres, torna-se invisível não apenas para as pessoas, mas também para os objetos que fazem parte da rotina da cidade, após ajudar uma estranha moradora de rua, que estava ferida. A única pessoa a notar sua presença é um mendigo que lhe apresenta uma alternativa para seu estado desesperador: passar a viver nos túneis e esgotos que formam uma cidade escondida sob Londres. Nesta cidade subterrânea, que seus moradores chamam de Londres de Baixo – em oposição à Londres de Cima, a Londres por nós conhecida – ele consegue reencontrar a moça que resgatara e que fora o estopim para esse novo modo de vida. Richard embarca em uma jornada em busca do responsável pelo assassinato de toda a família da moça, que se chama Door, juntamente com o marquês de Carabas e Hunter, seus protetores. Na Londres de Baixo, embora muitos locais preservem os mesmos nomes a que Richard estava habituado na Londres de Cima, ele descobre que nem tudo é o que parece e que o tempo e o espaço se configuram de forma muito diferente do que ele tinha como certo. Richard tem que se familiarizar com a nova cidade e com os hábitos de seus moradores. E ao estudo dessa espécie de conexão ou “relação de afeto” que se cria entre protagonista e espaço chamamos de topofilia. Além disso, para que se crie a conexão pautada no afeto e a sensação de segurança e pertencimento ao espaço, é preciso que Richard enfrente os medos que nele se escondem: a esta relação com os medos do espaço chamamos topofobia. Pretendemos discutir como topofobia e topofilia se interconectam no romance para criar a familiarização do protagonista – e, consequentemente, do leitor – com o espaço ficcional e como essa familiarização é essencial para a transformação de Richard de um simples trabalhador da Londres de Cima em um herói consagrado da Londres de Baixo. Palavras-chave: Topofilia. Topofobia. Londres. Neil Gaiman. Lugar Nenhum. Abstract In this Master’s thesis “Topophilia and topophobia in Neil Gaiman’s London”, we intend to analyse the creation of space in the novel Neverwhere and the relation established between its main character and space. In this novel, Richard Mayhew is a Scottish man living in London, who suddenly becomes invisible not only to the people, but also to the objects that are part of the city’s routine, after helping a strange homeless girl whom he found wounded on the sidewalk. The only person who sees Richard is a homeless man, who gives him an alternative solution to his despairing state: to live in a city hidden in the tunnels and sewers under London. In that city, called by its inhabitants London Below – in opposition to London Above, the London we know as “real” – he manages to meet once again the girl he rescued, whose name is Door. Accompanied by her and her protectors, the marquis de Carabas and Hunter, Richard starts a journey to find the responsible for the murder of the girl’s entire family. In London Below, though many places carry the same names to which Richard was used in London Above, he finds out that not all is what it seems and that time and space occur in very different ways. Richard has to familiarize himself with the new city and its inhabitants’ habits:we call the study of this relation of affection between character and space topophilia. Also, to create the affection and the sense of security and belonging to space, it is necessary that Richard face the fears hidden there: we call this relation with those fears in space topophobia. We intend to demonstrate, through the analysis of passages of the novel, how topophobia and topophilia relate to create the familiarization of the main character – and, consequently, the reader’s – with the fictional space, and how this familiarization is essential to turn Richard from an ordinary London worker into a London Below hero. Keywords: Topophilia. Topophobia. London. Neil Gaiman. Neverwhere. Sumário Introdução .............................................................................................................................................. 1 1 Adentrando o universo gaimaniano .................................................................................................. 3 2 Conhecendo a Londres de Lugar Nenhum ..................................................................................... 11 2.1. A sinopse de Lugar Nenhum ............................................................................................... 11 2.2. A Londres “real” ou Londres de Cima ............................................................................. 23 2.3. A importância dos órgãos dos sentidos para a apreensão do mundo ............................. 25 2.4. Toponímia e história na criação da Londres de Baixo ..................................................... 29 2.5. A importância dos nomes em Lugar Nenhum ................................................................... 33 3 Os espaços do medo na Londres de Baixo ...................................................................................... 40 3.1. A travessia da Ponte da Noite e o medo da escuridão ...................................................... 41 3.2. A provação da chave dos Monges Negros ......................................................................... 45 3.3. A luta contra a Grande Besta de Londres ......................................................................... 51 4 Richard Mayhew e as personae liminares ...................................................................................... 55 4.1. A liminaridade e a “communitas” .......................................................................................... 55 4.2. A Londres de Baixo enquanto “communitas” ....................................................................... 58 4.3. Aproximações entre os ritos de passagem e o Bildungsroman ............................................. 64 5 Conclusão .......................................................................................................................................... 70 REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 73
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