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THOMAZ ANTÔNIO DA SILVA MEIRELLES NETTO DADOS PESSOAIS Filiação PDF

492 Pages·2014·14.5 MB·Portuguese
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THOMAZ ANTÔNIO DA SILVA MEIRELLES NETTO DADOS PESSOAIS Filiação: Maria Garcia Meirelles e Togo Meirelles Data e local de nascimento: 1/7/1937, Parintins (AM) Atuação profissional: jornalista e sociólogo Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN) Data e local de desaparecimento: 7/5/1974, Rio de Janeiro (RJ) BIOGRAFIA Nascido em Parintins, no Amazonas, Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto mudou-se para o Rio de Janeiro em 1958, onde iniciou sua militância política. Atuou na União Brasileira dos Estudantes Secundarista (UBES) e, posteriormente, na União Nacional dos Estudantes (UNE). Em 1961, envolveu-se na campanha em defesa da legalidade constitucional, em favor da posse do vice-presidente João Goulart diante da renúncia do presidente Jânio Quadros. Também participou de manifestações no campo político- cultural, por meio do Centro Popular de Cultura da UNE. Ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e, posteriormente, na Ação Libertadora Nacional (ALN). Era conhecido pelos codinomes “Luiz” e “Gilberto”. Depois de obter bolsa de estudos na União Soviética, país com o qual o Brasil mantinha relações diplomáticas, entre 1962 e 1969 cursou Filosofia na Universidade de Moscou Lomonosov. Em 13 de novembro de 1969, retornou ao Brasil. Poucos meses depois, passou a viver na clandestinidade. Foi preso no dia 18 de dezembro de 1970, na rua da Alfândega, no Rio de Janeiro, e levado para o Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) do I Exército, onde foi interrogado e torturado. Em 1972, a 2ª Auditoria da Aeronáutica da 1ª Circunscrição Judiciária Militar condenou- o a três anos e meio de reclusão. No Superior Tribunal Militar (STM) a pena foi reduzida para 1 ano de detenção. Em 17 de novembro de 1972, foi liberado pela 2ª Auditoria da Aeronáutica do presídio de Ilha Grande, no Rio de Janeiroi, onde cumpriu pena por suas atividades na ALN e por ter estado na União Soviética. Pouco tempo depois de solto, voltou a viver na clandestinidade. Foi preso aos 36 anos de idade, no dia 7 de maio de 1974, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro. Dessa data em diante nunca mais foi visto. Mesmo depois de desaparecido, foi julgado à revelia pela 2ª Auditoria Militar de São Paulo, que o condenou a dois anos de prisão. Thomaz Antônio foi casado com a jornalista Miriam Marreiro Meirelles, com quem teve dois filhos: Larissa, nascida em 1963, e Togo, em 1967. CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASO ATÉ A INSTITUIÇÃO DA CNV Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto é um dos desaparecidos listados no anexo I da Lei 9.140/95, sendo reconhecido pelo Estado brasileiro como um desaparecido político. Seu nome figura no Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964- 1985), organizado pela Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos Políticos. Em sua homenagem, a cidade do Rio de Janeiro deu seu nome a uma rua. Em 2000, foi homenageado com a Medalha Chico Mendes de Resistência, conferida pelo Grupo Tortura Nunca Mais do Rio de Janeiro. O caso foi deferido pela Comissão Estadual de Reparação do Rio de Janeiro por meio do processo no E-32/1092/0009/2004. CIRCUNSTÂNCIAS DE DESAPARECIMENTO E MORTE Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto foi preso por agentes do DOI do I Exército, no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro (RJ), no dia 7 de maio de 1974. Pouco depois de ter sido posto em liberdade, em 17 de novembro de 1972, Thomaz Antônio teve que voltar a viver na clandestinidade em razão das perseguições sofridas. Conforme relato da jornalista Míriam Marreiro Meirelles, com quem foi casado: Livre em 1973, dois meses foi o tempo que teve para tentar reestruturar-se. Mais uma vez, era obrigado, pela caça empreendida pelo aparelho repressivo, a entrar na clandestinidade. Ele pressentia a redução de sua pena como uma armadilha. Como consequência, eu e seus amigos fomos sequestrados e torturados: queriam- no outra vez, mas as investigações policiais foram infrutíferas quanto a qualquer outra incriminação política, apesar de o chamarem de guerrilheiro.ii Corroborando a declaração de Míriam Marreiro Meirelles, a documentação disponível dos órgãos de segurança e informações da Ditadura Militar confirma o monitoramento e perseguição de Thomaz em meados de 1973. Documento confidencial do Centro de Informações da Aeronáutica – CISA, de julho daquele ano, registra uma série de diligências empreendidas pelo DOI do I Exército, Rio de Janeiro, no intuito de obter a “localização do paradeiro do nominado”. O documento registra a libertação de seis pessoas, “por ter sido comprovado não estarem atuando em nenhuma Organização Subversiva”. Menciona ainda que: “permanecem detidos, em processo de apuração de implicações: Míriam da Silva Marreiro, Manoel Maurício de Albuquerque, Clair Montenegro dos Santos, Leda Montenegro Raimundo e Wilton Montenegro Santos”.iii Em relação a Wilton Montenegro Santos, documento também confidencial do CISA, de 12 de setembro de 1977, informa que, em julho de 1973, Wilton havia indicado, em interrogatório, a possibilidade de Jamil Reston ter contatos com Thomaz Antônio, “face a ambos serem amazonenses”iv. Nessa mesma época, mais precisamente em agosto de 1973, o ator Carlos Alberto Vereza de Almeida, amigo de Thomaz, foi detido pelo DOI/CODI do I Exército, “juntamente com Lúcio da Silva Marreiros, face às suas ligações com Thomaz Antônio da Silva Meirelles Neto”v. Na manhã de 7 de maio de 1974, Thomaz foi preso e, depois disso, nunca mais foi visto. Em frases telegráficas, o relatório da Marinha remetido ao ministro da Justiça em 1993 consignou apenas: “DEZ/72, preso anteriormente e liberado na primeira semana de dez/72, preso novamente no dia 07/mai/74, entre o Rio de Janeiro para São Paulo”vi. O mesmo dado sobre a prisão entre o Rio de Janeiro e São Paulo consta em documento localizado nos arquivos do DOPS/SP, conforme informações do processo de Thomaz perante a Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP). Em declaração escrita encaminhada à CEMDP, Maria do Amparo Almeida Araújo afirma que Thomaz Antônio desapareceu no bairro do Leblon, no Rio de Janeiro, entre 10h45 e 11h15 do dia 7 de maio de 1974. Na ocasião, ele ia encontrar-se com Beth e Flávio Leão Sales, militantes da ALN que intentavam sair do país. Ela contesta a versão de que a prisão teria se dado entre o Rio de Janeiro e São Paulo pois essas viagens teriam deixado de acontecer desde a morte de outros dirigentes da ALN em São Paulo, em novembro de 1973. Em 28 de janeiro de 1979, o jornal Folha de São Paulo publicou entrevista do general de Brigada Adyr Fiúza de Castro concedida ao jornalista Antônio Henrique Lago. Na reportagem, Adyr Fiúza de Castro reconheceu a morte de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto e de mais onze desaparecidos políticos. De acordo com as folhas de alterações de Adyr Fiúza de Castro, documento de pessoal que registra carreira e lotações de militares, o então coronel exercia à época a função de subchefia do Estado-Maior do I Exército, sob o qual se subordinavam hierarquicamente tanto a 2ª Seção (Informações) como o DOI/CODI. Notícia do jornal Correio da Manhã, do Rio de Janeiro, em 3 de agosto de 1979, informou que 14 desaparecidos políticos, inclusive Thomaz, teriam sido executados pelos órgãos de segurança e informação do regime militar. A revista IstoÉ, em 15 de abril de 1987, em matéria intitulada “Longo do Ponto Final”, revelou que o ex-médico militar Amílcar Lobo afirmou ter visto Thomaz no DOI-CODI do I Exército, embora não pudesse indicar com precisão a data. O depoimento de João Henrique de Carvalho, o Jota, agente infiltrado na Ação Libertadora Nacional, prestado à Comissão Nacional da Verdade em 1º de março de 2013, não trouxe novos elementos sobre o desaparecimento de Thomaz. Em 23 de julho de 2014, a Comissão Nacional da Verdade realizou audiência pública em Brasília (DF) para ouvir as declarações de Cláudio Antônio Guerra, ex-delegado do DOPS/ES. A Comissão já colhera anteriormente outros dois depoimentos de Cláudio Guerra, mas fez uma terceira oitiva com foco nos casos de desaparecidos políticos que o ex-delegado alegou publicamente ter levado, depois de mortos, para incineração em usina de açúcar em Campos dos Goytacazes (RJ), a usina Cambahyba. Perguntado sobre o caso de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto, Guerra, apesar de admitir que pode ter conduzido o corpo de Thomaz à usina, não demonstrou convicção em seu reconhecimento facial por meio de fotografias apresentadas. Nas buscas empreendidas pela CNV em livros de registro dos cemitérios de Petrópolis (RJ), para onde Thomaz Antônio Meirelles poderia ter sido levado após sua prisão, não foram encontrados registrados indicativos. Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto permanece desaparecido, após sua prisão dos agentes do DOI/CODI do I Exército, no Rio de Janeiro (RJ), em 7 de maio de 1974. LOCAL DE DESAPARECIMENTO E MORTE Leblon, Rio de Janeiro (RJ). IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA 1. Cadeia de comando do(s) órgão(s) envolvido(s) no desaparecimento e na morte 1.1. DOI-CODI do I Exército Presidente da República: general de Exército Ernesto Beckmann Geisel Ministro do Exército: general de Exército Vicente de Paulo Dale Coutinho Comandante do I Exército: general de Exército Reinaldo Melo de Almeida Chefe do Estado-Maior e do CODI do I Exército: general de Brigada Leônidas Pires Gonçalves Sub-chefe do Estado-Maior do I Exército: coronel Adyr Fiúza de Castro Chefia da 2ª seção (Informações) – BM/2: coronel Sérgio Mário Pasquali Chefe do DOI do I Exército: tenente-coronel Luiz Pereira Bruce FONTES PRINCIPAIS DE INVESTIGAÇÃO 1. Documentos que elucidam circunstâncias do desaparecimento e da morte Identificação da fonte Título e data do Órgão produtor Informações relevantes documental documento do documento Arquivo Nacional, CEMDP: “Thomaz Antônio Miriam Marreiro Relata as perseguições BR_DFANBSB_AT0_0077_0001 Meirelles: a Meirelles. sofridas por Thomaz , p. 111-114 armadilha da Antônio, que o obrigaram liberdade”, sem a viver na data. clandestinidade. Arquivo Nacional, CISA: Informação nº CISA. Registra diligências BR_AN_BSB_VAZ_112_0187, p. 0382/CISA – ESC (especialmente, 1-2 RCD, 16/07/1973. detenções) realizadas com vistas à localização de Thomaz Antônio. Arquivo Nacional, CEMDP: Depoimento CEMDP. Registra os últimos BR_DFANBSB_AT0_0077_0001 escrito de Maria contatos que teve com , p. 91-93 do Amparo Thomaz Antônio, no dia Almeida Araújo, do desaparecimento do encaminhado à militante. CEMDP, 2/2/1996. Arquivo Nacional, CISA: Resposta Pedido Centro de Registro, com base em BR_AN_BSB_VAZ_112_0149, p. de Busca nº Informações da declaração de militante 1; Arquivo Nacional, SNI: 0566/CISA-RJ, Aeronáutica. da ALN feita em julho de AC_ACE_105103_77, p. 3; 12/9/1977. 1973, de que Jamil Arquivo Nacional, DSI/MRE: Reston poderia ter BR_DFANBSB_Z4_DPN_PES_0 contatos com Thomaz 763, p. 99 Antônio, pelo fato de ambos serem amazonenses. Arquivo Nacional, SNI: Informação nº Centro de Declarações de Carlos AC_ACE_60778_73, p. 2-26 491/CISA-ESC Informações da Alberto Vereza de RCD, agosto de Aeronáutica Almeida, detido em 1973. agosto de 1973, junto com Lúcio da Silva Marreiros, por manter ligações com Thomaz Antônio. Arquivo Nacional, CISA: Informação nº Centro de Registra diligências BR_AN_BSB_VAZ_112_0187, 382/CISA-ESC Informações da (especialmente, pp. 1-2. RCD, 16/7/1973. Aeronáutica. detenções) realizadas com vistas à localização de Thomaz Antônio. Arquivo Nacional, CEMDP: Thomaz Antônio CEMDP. Informações em BR_DFANBSB_AT0_0077_0001 da Silva Meirelles periódicos referentes ao , pp. 10-16. Neto, sem data. desaparecimento de Thomaz reunidas pela família em relatório enviado à CEMDP. Arquivo CNV, Relatório da Ministério da Registros oficiais sobre 00092_000830_2012_05, p. 24. Marinha entregue Marinha. Thomaz Antônio nos ao ministro da órgãos se segurança e Justiça, de 1993. informações. 2. Testemunhos à CNV e às comissões estaduais, municipais e setoriais Identificação da Fonte Informações relevantes testemunha João Henrique Ferreira de Depoimento à CNV, de 1º de março de Revela a delação de Carvalho, codinome “Jota. 2013. Arquivo CNV: militantes da ALN, 00092.001520/2013-81. organização de Thomaz, em São Paulo. 3. Depoimentos de militares e servidores públicos à CNV e às comissões estaduais, municipais e setoriais Identificação do Fonte Informações relevantes Depoente Cláudio Guerra, ex- Testemunho prestado perante a Afirma ter reconhecido Thomaz delegado do DOPS/ES. Comissão Nacional da Verdade em em uma foto, identificando-o audiência pública. Brasília, 23 de como um dos presos políticos julho de 2014. Arquivo CNV que teria levado à Usina de 00092.001686/2014-88. Cambahyba, em Campos dos Goytacazes (RJ). CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Diante das investigações realizadas, conclui-se que Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto foi morto e desapareceu por ação de agentes do Estado brasileiro, contexto de sistemáticas violações de direitos humanos promovidas pela ditadura militar, implantada no país a partir de abril 1964. Recomenda-se a retificação da certidão de óbito de Thomaz Antônio da Silva Meirelles Netto, assim como a continuidade das investigações sobre as circunstâncias do caso, para a identificação e responsabilização dos demais agentes envolvidos. i Resposta a Pedido de Busca SP/SAS nº 240, s/d, da Divisão de Informações do Departamento de Ordem Política e Social da Guanabara – DOPS/GB. Ver: Arquivo Nacional, SNI: AC_ACE_81213_75, p. 5. ii Cf. a seção “Thomaz segundo Miriam” no artigo “Thomaz Antônio Meirelles: a armadilha da liberdade”. Não foi possível obter as referências completas desse artigo. Ele consta no processo de Thomaz Antônio na CEMDP. Ver: Arquivo Nacional, CEMDP: BR_DFANBSB_AT0_0077_0001, p. 111-114. O excerto citado foi retirado da p. 114. iii Informação nº 0382/CISA – ESC RCD, de 16/07/1973. Ver: Arquivo Nacional, CISA: BR_AN_BSB_VAZ_112_0187, p. 1-2. iv Resposta Pedido de Busca nº 0566/CISA-RJ, de 12/09/1977. Ver: Arquivo Nacional, SNI: AC_ACE_105103_77, p. 3; Arquivo Nacional, CISA: BR_AN_BSB_VAZ_112_0149, p. 1; Arquivo Nacional, DSI/MRE: BR_DFANBSB_Z4_DPN_PES_0763, p. 99. v Cf. Informação nº 0491/CISA – ESC RCD, de ??/08/1973. Ver: Arquivo Nacional, SNI: AC_ACE_60778_73, p. 2-26. vi Arquivo CNV, 00092_000830_2012_05, p. 24. ISSAMI NAKAMURA OKANO DADOS PESSOAIS Filiação: Sadae Nakamura Okano e Hideo Okano Data e local de nascimento: 25/11/1945, Cravinhos (SP) Atuação profissional: estudante Organização política: Ação Libertadora Nacional (ALN) Data e local de desaparecimento: 14/5/1974, São Paulo (SP) BIOGRAFIA Issami iniciou sua militância política em 1968, quando aluno da Faculdade de Química da Universidade de São Paulo (USP), onde também se tornou assistente de laboratório no Departamento de Engenharia Química e no Instituto de Física. Um documento do Serviço Nacional de Informações (SNI), originário do Centro de Informações do Exército (CIE), apresenta um breve histórico sobre Issami, no qual é identificado como integrante da Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR- Palmares), usando o codinome “Sérgio”.1 Já um documento encontrado no Departamento Estadual de Ordem Política e Social de São Paulo (DEOPS/SP), cujo título leva seu codinome “Sérgio”, afirma que Issami foi identificado em 29 de outubro de 1969, quando foi preso pela primeira vez, após o decreto do Ato Institucional nº 5. 2 De acordo com o documento do SNI, foi liberado em 26 de outubro de 1971, com alvará de soltura da 2ª Auditoria da Segunda Região Militar (São Paulo). 3 Em 24 de março de 1971, Issami foi condenado a dois anos de reclusão pela 2ª Auditoria de Guerra da 2ª Circunscrição Judiciária Militar (CJM) de São Paulo, pena cumprida no presídio Tiradentes até outubro de 1972.Posteriormente, Issami foi julgado em outro processo, do qual foi absolvido em 11 de fevereiro de 1974. 4 CONSIDERAÇÕES SOBRE O CASO ATÉ INSTITUIÇÃO DA CNV O nome de Issami consta da lista de desaparecidos políticos do anexo I da Lei no 9.140/1995. Seu caso foi registrado na Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos (CEMDP), protocolado sob o nº 155/96. Por semelhante modo, o nome de Issami integra o Dossiê ditadura: mortos e desaparecidos políticos no Brasil (1964-1985), publicação organizada pela Comissão de Familiares e Mortos e Desaparecidos Políticos. Em sua homenagem, foi dado o seu nome a rua situada no Jardim Nova América, em São Paulo (SP). CIRCUNSTÂNCIAS DE DESAPARECIMENTO E MORTE Em 14 de maio de 1974, Issami foi preso por agentes do Destacamento de Operações e Informações – Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI) no trajeto para sua casa, no bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP), em decorrência de sua militância política.5 De acordo com documento do SNI, datado de 27 de fevereiro de 1975, com origem no CIE, Issami “pertencia a um grupo que estava se estruturando, não tendo chegado a realizar nenhuma ação”.6 Em resposta à interpelação apresentada na faculdade de direito da USP, quando, conforme depoimento do advogado Idibal Piveta prestado à Comissão Estadual da Verdade de São Paulo, no dia 10 de abril de 2013, “pela primeira vez foi denunciada uma relação de vinte cinco pessoas torturadas, lista encaminhada ao ministro da justiça, ao presidente da república e distribuído por meio de papeis mimeografados”,7 o então ministro da justiça Armando Falcão, afirmou, por meio de anúncio à imprensa, datado de 7 de fevereiro de 1975, que Issami havia sido preso, teria sido processado e estava foragido. Tal declaração foi contestada por Piveta, que alegou que Issami jamais esteve foragido, uma vez que, após o cumprimento de sua pena, foi solto e retornou às suas atividades laborais e acadêmicas.8 Corroborando com o argumentado por Piveta, relatório do Ministério da Marinha, encaminhado ao ministro da Justiça, Maurício Corrêa, em 1993, indica que Issami havia “desaparecido em 14/5/74 quando se dirigia de casa para o trabalho”. Nesse contexto, o ex-agente Marival Chaves Dias do Canto, em depoimento prestado à CNV no dia 21 de novembro de 2012, afirma que tal expediente somente foi possível em razão da infiltração na Ação Libertadora Nacional (ALN) a partir de 1973, de João Henrique Ferreira de Carvalho, hoje médico pediatra, que vive em Brasília, então conhecido no DOI-CODI de São Paulo como “Jota”.9 Ainda, conforme depoimento de Marival Chaves ratificado por Idibal Piveta,10 Issami, após sequestro e prisão capitaneada pelos agentes do DOI–CODI de São Paulo, foi levado para o estado do Rio de Janeiro, mais especificamente para a Casa da Morte de Petrópolis, onde teria sido torturado e morto.11 Ao ser confrontado com a fotografia de Issami Nakamura Okano durante depoimento prestado à CNV em 25 de março de 2014, o agente do CIE coronel Paulo Malhães deixou transparecer conhecimento sobre o caso: José Carlos Dias (Comissão Nacional da Verdade) – Certo. Posso fazer umas perguntas de algumas pessoas que passaram pela casa de Petrópolis? Para ver se o senhor se lembra? (...) Issami Nakamura Okano? O Sr. Paulo Malhães – Um momento, por favor. Como é o nome de japonês? Eu estou aqui pensando que já escutei o nome japonês, certo? Se é Otami ou se é Sujiaki. Mas existe um nome japonês isso eu me lembro. (...) LOCAL DE DESAPARECIMENTO E MORTE Bairro de Pinheiros, em São Paulo (SP). IDENTIFICAÇÃO DA AUTORIA 1. Cadeia de comando do(s) órgão(s) envolvido(s) no desaparecimento e na morte 1.1. DOI-CODI do II Exército Presidente da República: general de Exército Ernesto Beckmann Geisel Ministro do Exército: general de Exército Vicente de Paulo Dale Coutinho Comandante do II Exército: general de Exército Ednardo D´Ávila Mello Chefe do Estado-Maior do II Exército: general de Brigada Gentil Marcondes Filho Comandante do DOI-CODI do II Exército: major Carlos Alberto Brilhante Ustra 1.2. Centro de Informações do Exército (CIE)/Casa da Morte de Petrópolis Presidente da República: general de Exército Ernesto Beckmann Geisel Ministro do Exército: general de Exército Vicente de Paulo Dale Coutinho Chefe do CIE: general de Brigada Confúcio Danton de Paula Avelino Chefe da seção de contrainformações do CIE: coronel Cyro Guedes Etchegoyen 2. Autoria de graves violações de direitos humanos

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depois traíram o comunismo entregando Marighella: são os novos Judas". Como resposta, foi agredido com uma bofetada pelo soldado Ezy.
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