ebook img

Texto da Tese em PDF disponível aqui PDF

321 Pages·2013·3.12 MB·Portuguese
by  
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Texto da Tese em PDF disponível aqui

JAQUES MARIO BRAND NÉVOAS CONTRA O SOL Justificação & Revolta na Historiografia de D. Francisco Manuel de Melo – com uma Leitura analítica das “Alterações de Évora” (1649) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História Social da Universidade Federal Fluminense, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Doutor em História. Área de concentração: História Social. Orientador: Prof. Dr. Ronaldo Vainfas Niterói, 2012 2 3 Às minhas netinhas Sofia e Tulasi, representantes cheias de graça da humanidade do século XXI, que há de ser mais sábia, mais livre, justa, valente, criativa. Ao meu irmão Raul, que herdou do nosso pai, além do nome honrado, a inteligência bondosa, a bondade inteligente – nos 132 anos do desembarque de Karl Brand, para fazer a vida nova, em São Francisco do Sul. À minha amiga Evelina, moradora do outro lado do mar, que comigo conspirou no deslinde dos enigmas de D. Francisco, trocando luzes, providenciando senhas, tão fascinada quanto, tão desconfiada quanto, em face dos ardilosos textos melianos. 4 Agradecimentos O primeiro nome no extenso rol das minhas gratidões só pode ser o do Prof. Dr. Ronaldo Vainfas. Desde os remotos dias de 2005, no inverno de Guarapuava, a partir de um mestrado inter-institucional UFF/Unicentro, o grande historiador me acompanhou com mão segura, orientando-me pelos mil meandros do tema Dom Francisco Manuel. Não fosse o seu permanente exercício de lucidez, precisão técnica e também de infinita paciência, que nos permitiu uma leitura a montante e nos deixou à vontade para navegar na contracorrente do senso-comum já secular em que flui a fortuna crítica do Escarmentado, dificilmente chegaríamos às decifrações aqui alcançadas. Em nenhum momento, por anos a fio de trabalhosa pesquisa, fui tratado burocraticamente ou tutelado. Com Ronaldo Vainfas, o frágil entusiasmo das descobertas, sujeito normalmente a tantas frustrações, é protegido por imenso respeito e, coisa rara, por inteira liberdade. A propósito, em conversa com colegas, tentando definir o seu estilo de orientação, que invariavelmente situa o orientando no plano das inteligências adultas, sem lamúrias, sem direito a transigências qualitativas, mas prestigiando a dúvida radical, resumi assim: É o estilo “Vai e faz!” É o estilo do engajamento imediato e dinâmico na prática da pesquisa, que ele supervisiona com o olho de lince do sábio. São as intervenções minimalistas, que se operam com bisturi exato, com bússola precisa, e traduzem aquele respeito, tanto para com os materiais como sobretudo para com o sujeito indagador que é afinal o simples estudante. A uma vasta agenda de pesquisa pessoal, que vem resultando pontualmente, a cada lustro, em monumentos historiográficos que vão dividindo águas na historiografia brasileira, o autor de “Trópico dos Pecados” consegue combinar os compromissos da orientação e a 5 presença física, diária, assídua, na sala de aula, a estimular as jovens inteligências, na construção da nova escrita da História, a enviar naus, emissários e adelantados para o horizonte ainda não alcançado, como um Infante Henrique da historiografia. E tudo isso com humor, leveza, exatidão e graça! No meu caso pessoal, a generosidade do Dr. Ronaldo Vainfas se extremou: tratava-se de um orientando já avançado na casa dos 50 e depois na dos 60, aprovado lá em 2005 nos exames de acesso a um Minter-Dinter, da UFF com a Unicentro, com base em precaríssimo projeto de investigação da obra meliana, na qual o Professor soube enxergar um vivo núcleo de possibilidades. Quase oito anos mais tarde, ao apresentar os resultados desta demorada investigação, sinto que deveria escrever, na rubrica do autor, ao lado do meu, o nome do extraordinário Orientador. Mas isto já seria querer para mim outro privilégio inestimável. Meus agradecimentos se estendem a todo o corpo de professores-historiadores da UFF. Nos seminários, nos cursos, no diálogo informal, na simples e ligeira conversa de corredor e até de elevador, cultiva-se ali um amor a Clio, ao debate das teorias e dos procedimentos, e um respeito ao contraditório, que bem explicam o lugar de primeiríssimo plano que, na historiografia brasileira, ocupa a Plêiade do Gragoatá com seus discípulos. Sempre ficarei devendo lições de ciência, de humildade metódica, de devotamento ao trabalho, de solidariedade afetiva e de desprendimento pessoal a Professores da estatura de Ismênia de Lima Martins, em cujo nome consigno, com carinho, por metonímia, os de toda a equipe. Muito da grandeza do PPGH da UFF, muito da superlativa produção historiográfica que dele fazem um centro de excelência singular, na rara companhia dos mais avançados e produtivos centros nacionais ou estrangeiros, se deve, sem dúvida, à pertinácia e ao espírito de equipe de seus funcionários. A estes trabalhadores também quero agradecer, na pessoa de Silvana Damasceno, Secretária Geral do Programa, em quem se combinam a cativante gentileza com a decisão e a eficácia, alguém de quem saímos do curso já sentindo saudades, e que nos faz refletir sobre a importância dos corpos de auxiliares acadêmicos. Sem este esplêndido time de operadores de bastidor, as pesquisas mais geniais, os trabalhos de maior conseqüência científica, não viriam a cabo. A ocasião de apresentar junto ao Congresso Internacional “D. Francisco Manuel de Melo – Mundo é Comédia”, realizado em março de 2009 junto à Universidade Nova de Lisboa, a breve comunicação que vai adiante reproduzida no Anexo II, devo-a, além de meu Orientador, às Professoras Maria do Rosário Monteiro e Maria do Rosário Pimentel, que facilitaram-me a permanência na capital portuguesa. Ao Professor Pedro Cardim, grande 6 nome da nova historiografia portuguesa, a cujos préstimos devo a extensão de uma licença para instalar-me na Residência do Paço do Lumiar por dois inteiros meses, minha dívida inclui preciosas senhas de pesquisa, em conversas rápidas mas produtivas, assim como a apresentação a insignes historiadores de sua geração, tais como Antonio Camões Gouvêa e Mafalda Soares da Cunha. A Professora Mafalda deu-me carona a Évora, ocasião para conhecer e ao menos suspeitar a riqueza de acervos da sua lendária Biblioteca Municipal, cujas ruelas antigas percorri um dia inteiro, a evocar os dias tumultuosos de 1637. Em Coimbra, fui acolhido com todas as honras da casa pelos Professores Telmo e Evelina Verdelho, verdadeiros amigos, que me conquistaram para sempre com a sua amabilidade e me apresentaram, em sua residência à Rua da Quinta de São Miguel, endereço bem conhecido da inteligência lingüística e historiográfica dos dois lados do Atlântico, a edição mais autêntica da proverbial hospitalidade portuguesa. Ali provei, na convivência com todo o belo e brioso clã dos Verdelho, com seus filhos e netos, e também com o velho pai de Evelina, que já avança para a glória do centenário, do vinho da perfeita amizade e de muitas horas de conversa sobre os escritos do Escarmentado, do Prisioneiro das Torres do Tejo. Telmo Verdelho, um dos nomes que honram a ciência portuguesa, levou-me por toda Coimbra, explicando-me os seus desvãos, as suas histórias, os seus caminhos íngremes, tão marcados pela presença dos nossos estudantes nos tempos coloniais. Evoquei nessas andanças as sombras de José Bonifácio e de José Vieira Couto, a pensarem o Brasil independente, e imaginei as risadas que saiam pelas janelas da velha república universitária outrora habitada por Eça e Ramalho Ortigão. Tudo isto nasceu de uma troca de mensagens pela Internet, já nos tempos do mestrado, quando cobrei com irritante insistência a atenção da Professora Evelina Verdelho para um „email‟ anterior que ficara sem resposta. Desde então, dela tenho recebido, além de inestimáveis indicações de textos raros, senhas fundamentais para a compreensão da fascinante problemática meliana. Trata-se de uma das mais importantes pesquisadoras da obra de D. Francisco Manuel, a quem, ademais de edições estabelecidas com rigor beneditino, a comunidade de língua portuguesa tem a agradecer o pioneirismo no tratamento cibernético dos textos de DFM, através do CELGA, instituição de vanguarda ligada à Universidade de Coimbra. Os agradecimentos não devem parar aí, mas cumpre-me resumi-los. Entre tantos amigos que, indiretamente, às vezes até à sua revelia, contribuíram para o esclarecimento de uma dúvida ou para a busca de um texto ou de uma pista, citarei apenas, por metonímia, os 7 nomes de meu bom amigo Luiz Henrique Bona Turra, uma das expressões de maior brilho da ciência jurídica brasileira atual, a quem fico devedor de bons conselhos procedimentais, e de Tatiane Martins, querida amiga, então comissária de vôo da TAM, que fez em meu favor um pequeno milagre cronogrâmico. Tatiane concordou em aproveitar brevíssima escala em Buenos Aires, para aventurar- se numa vertiginosa corrida de táxi pelos bairros da capital argentina, até encontrar no velho sebo de curioso nome em Palermo ou na Recoleta – creio que Los Gatos – um exemplar da “Política Militar en Avisos de Generales”. O pequeno tratado contendo instruções para o comando da guerra naval e terrestre que Dom Francisco fez publicar em Madri, em 1638, estava escondido num dos corredores da livraria, na estante de Política Latino-Americana... Curitiba, 19 de fevereiro de 2013 8 Névoas contra o Sol Justificação & Revolta na Historiografia de D. Francisco Manuel de Melo – com uma leitura analítica das “Alterações de Évora” (1649) “... o requereu para amigo, oferecendo-lhe sua valia, porque seguisse seus interesses: com promessa, ou pacto, de que seria em os próprios ajudado, para que reciprocamente se defendessem das cavilações, que como névoas contra o Sol, se levantam continuamente, contra os Validos, do mais ínfimo vapor da Terra.” “Alterações de Évora”, Parágrafo 95 ÍNDICE GERAL INTRODUÇÃO 1. Apresentação .............................................................................. 10 2. Considerações preliminares .......................................................... 24 3. Recepção e fortuna crítica ........................................................... 31 3.1 Avaliação da fortuna crítica .......................................................... 42 3.2 Lugar que se espera para a tese no contexto da fortuna crítica .......... 44 4. Hipótese, objeto e recorte ............................................................. 45 5. Considerações metodológicas ....................................................... 47 6. Tratamento dos textos e convenções adotadas na tese ...................... 53 CAPÍTULO PRIMEIRO A busca por uma visão unitária e a construção de uma hipótese totalizadora 1.1 A busca por uma visão unitária da obra meliana ............................ 56 9 1.2 A construção de uma hipótese totalizadora ................................... 71 CAPÍTULO SEGUNDO Os grandes abalos de 1637-40 e a perspectiva revoltada ............................. 100 2.1 1660: Publicação das “Epanáforas de Vária História Portuguesa ...... 100 2.2 1637-1640: Os três abalos da Monarquia ....................................... 108 2.3 A rápida ascensão e a abrupta queda ........................................... 110 2.4 A revolta em „estado puro‟ na “Guerra de Cataluña” ....................... 118 2.5 A “Cataluña” como projeto pessoal ............................................. 124 CAPÍTULO TERCEIRO A transição entre dois campos e a perspectiva da auto-justificação 3.1 A transição entre dois campos e a perspectiva da auto-justificação .... 126 3.2 Uma historiografia de revisão da experiência pessoal ....................... 129 3.3 O „Argumento do Correio‟, núcleo do discurso de auto-justificação ... 134 ANEXO I Perspectiva e escritura nas “Alterações de Évora” ....................................... 157 1. As “Alterações de Évora” lidas „de perto‟ (em „close reading‟) .......... 158 2. Reconhecimento da estrutura e construção de um índice ................... 171 3. Um „aparelho de leitura‟ para a análise de textos históricos ............... 176 4. Desmontagem e análise dos módulos ............................................... 183 ANEXO II DFM: Vida e obra no contexto da Monarquia compósita ............................... 279 BIBLIOGRAFIA .................................................................................... 294 ILUSTRAÇÕES & DIAGRAMA DA “ALTERAÇÕES DE ÉVORA” ........... 313 10 INTRODUÇÃO “Sair inteiro das batalhas, donde os melhores foram feridos, também parece desgraça.” “Alterações de Évora”, Parágrafo 2 1. Apresentação 2. Considerações preliminares 3. Recepção e fortuna crítica 3.1 Avaliação da fortuna crítica 3.2 Lugar do projeto na fortuna crítica 4. Hipóteses, objeto, recorte 5. Considerações metodológicas 6. Convenções adotadas na tese 1. Apresentação A Fortuna pregou uma peça no grande escritor seiscentista Francisco Manuel de Melo, ao repartir sua vida em duas metades, separadas pela notícia da Restauração portuguesa, que lhe chegou por um correio urgente de Madri quando andava guerreando na Catalunha, em dezembro de 1640. Meses mais tarde, ao desembarcar em Lisboa à frente de uma frota que trazia mercenários, armas e alimentos da Holanda, para ajudar na defesa do novo regime português, ele daria um passo decisivo para completar a confusão de sua vida. Veremos como ele acabou gastando boa parte da segunda metade tentando livrar-se da confusão em que se meteu, e como esse esforço para livrar-se dela implicou na tentativa de explicar a primeira metade.

Description:
Aprendiz” (1665) e as “Cartas Familiares” (1664), além dos poemas reunidos nas “Segundas. Três Musas” (1648 e . encontrados nos anexos da recente edição crítica de “O Fidalgo Aprendiz”, com introdução, notas e índice de formas de Jurisdiction comme Exercice de la Politique. M
See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.