GISCARD F. AGRA Quando a doença torna a vida um fardo : a trajetória de Humberto de Campos (1928-1934) Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, linha de pesquisa Cultura e Memória, como requisito à obtenção do título de Doutor em História Área de concentração: História do Norte e Nordeste do Brasil Orientador: Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior RECIFE – PE 2014 Autorizo a reprodução e divulgação total ou parcial deste trabalho, por qualquer meio convencional ou eletrônico, para fins de estudo e pesquisa, desde que citada a fonte. Catalogação na fonte Bibliotecária Divonete Tenório Ferraz Gominho, CRB-4 985 A277q Agra, Giscard Farias. Quando a doença torna a vida um fardo: a trajetória de Humberto de Campos (1928- 1934) / Giscard Farias Agra. – Recife: O autor, 2014. 336 f. : il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior. Tese (doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CFCH. Programa de Pós-Graduação em História, 2014. Inclui referência, anexos e apêndices. 1. História. 2. Historiografia. 3. Campos, Humberto de. (1928 – 1934) 4. Memória. 5. Maranhão. I. Albuquerque Júnior, Durval Muniz de. (Orientador). II. Título. 981 CDD (23.ed.) UFPE (BCFCH2014-11) ATA DA DEFESA DE TESE DO ALUNO GISCARD FARIAS AGRA Às 9h do dia 27 (vinte e sete) de fevereiro de 2014 (dois mil e quatorze), no Curso de Doutorado do Programa de Pós-graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco, reuniu-se a Comissão Examinadora para o julgamento da defesa de Tese para obtenção do grau de Doutor apresentada pelo aluno Giscard Farias Agra intitulada “Quando a doença torna a vida um fardo: a trajetória de Humberto de Campos (1928- 1934)”, em ato público, após argüição feita de acordo com o Regimento do referido Curso, decidiu conceder ao mesmo o conceito “APROVADO”, em resultado à atribuição dos conceitos dos professores doutores: Durval Muniz de Albuquerque Júnior (Orientador), Antonio Torres Montenegro, Lourival Holanda, José Henrique de Paula Borralho e Alarcon Agra do Ó. A validade deste grau de Doutor está condicionada à entrega da versão final da tese no prazo de até 90 (noventa) dias, a contar da presente data, conforme o parágrafo 2º (segundo) do artigo 44 (quarenta e quatro) da resolução Nº 10/2008, de 17 (dezessete) de julho de 2008 (dois mil e oito). Assinam a presente ata os professores supracitados, a Vice- coordenadora, Profª. Drª. Regina Beatriz Guimarães Neto, e a Secretária da Pós-graduação em História, Sandra Regina Albuquerque, para os devidos efeitos legais. Recife, 27 de fevereiro de 2014. Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior Prof. Dr. Antonio Torres Montenegro Prof. Dr. Lourival Holanda Prof. Dr. José Henrique de Paula Borralho Prof. Dr. Alarcon Agra do Ó Profª. Drª. Regina Beatriz Guimarães Neto Sandra Regina Albuquerque Dedicado a um José e a uma Maria AGRADECIMENTOS Ao final de mais uma etapa, que não foi de modo algum fácil, venho expressar meus agradecimentos a todos aqueles que, durante este longo percurso, para ajudar na construção do caminho que tomei, cederam-me seus tijolos, mas, principalmente, seus ouvidos e sua atenção. À minha família, antes de qualquer outra coisa, pelo apoio e pela sustentação moral proporcionada a fim de me possibilitar chegar até aqui. Tais agradecimentos, assim, vão a todos eles, mas o faço especialmente pela referência nominal a José Agra, meu pai, e a Maria de Lourdes, minha mãe, e Elvira, minha irmã, estas duas, inclusive, tendo exercido parte muito importante na pesquisa que ora se encerra. Aos responsáveis pelas Bibliotecas Rodolfo Garcia e Lúcio de Mendonça, da Academia Brasileira de Letras. À Biblioteca Nacional, pela excelente iniciativa de digitalização de seu acervo e disponibilização virtual. Aos professores e servidores do Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal de Pernambuco. Aos professores Antonio Torres Montenegro, Lourival Holanda, José Henrique de Paula Borralho, Antonio Paulo Rezende e Alcileide Cabral do Nascimento, por aceitarem compor a Comissão Julgadora do presente trabalho. A Alarcon Agra do Ó, cuja presença na Banca de Avaliação deste texto consiste na forma de expor a minha gratidão pela fagulha que ele lançou em meados de 2008 a partir da qual se desenvolveu o próprio projeto que ensejou o presente trabalho de tese. Fagulha, inclusive, alimentada sempre que me encontrava, já que, desde o primeiro mês de aulas no doutorado, ele passou a me cumprimentar com “E aí, já escreveu a tese?”. A Durval Muniz, a quem eu não poderia jamais deixar de expressar a minha grande gratidão agora ao final desta etapa, ao mesmo tempo em que me retrato publicamente. Agradeço por tudo o que fez na orientação deste trabalho, mas minha gratidão é ainda maior pela grande paciência que ele teve ao longo desses cinco anos com alguém que jamais deixou de reconhecer as próprias falhas e limitações, que cresceram nesse período em virtude da distância que tomei da área por questões de trabalho. Meu agradecimento, portanto, à confiança depositada, ainda que nos momentos mais tensos desse percurso. A todos aqueles que se fizeram presentes na minha própria construção e desconstrução durante este doutorado, contribuindo em maior ou menor medida para que este trabalho pudesse vir a ser concluído. Aos velhos e aos novos amigos. Àqueles que ajudaram por meio de ações específicas, inclusive participando da própria pesquisa (com grande destaque, portanto, Fernanda Karoline em sua saga pela mansão carioca dos mortos), e àqueles que ajudaram por meio de palavras de incentivo, ouvidos ou ombros concedidos. A todos os que, durante esses cinco anos, deitaram sementes ao solo e possibilitaram que delas germinasse algo, desde uma pequena muda a, quem sabe, um frondoso cajueiro. “Vantagem da doença – aquele que frequentemente está doente não tem apenas um contentamento muito maior em estar são, por causa de seu frequente tornar-se saudável, senão que tem também um senso supremamente aguçado para o saudável e o doentio em obras e ações, próprias e alheias: de tal maneira que, por exemplo, precisamente os escritores doentios – e, entre eles, infelizmente estão quase todos os grandes – costumam ter, em seus escritos, um tom de saúde mais seguro e simétrico, porque eles, mais do que os corporalmente robustos, entendem melhor de filosofia da saúde e da convalescença anímica e daquilo que são os seus mestres: meio-dia, brilho de sol, floresta e fonte de água”. Friedrich Nietzsche Humano, demasiado humano, aforisma 356, II “Quanto mais eu vivo, e sofro, mais ardentemente amo a vida” Humberto de Campos Diário Secreto, 19 de junho de 1929, vol. I, p. 346 AGRA, Giscard Farias. Quando a doença torna a vida um fardo: a trajetória de Humberto de Campos (1928-1934). Tese de doutorado. Recife: Universidade Federal de Pernambuco, PPGH, 2014. Autor: Giscard Farias Agra – Doutorado em História – PPGH/UFPE Orientador: Prof. Dr. Durval Muniz de Albuquerque Júnior – UFRN/UFPE Examinadores: Prof. Dr. Antonio Torres Montenegro – UFPE (avaliador interno) Prof. Dr. Lourival Holanda – UFPE (avaliador interno) Prof. Dr. José Henrique de Paula Borralho – UEMA (avaliador externo) Prof. Dr. Alarcon Agra do Ó – UFCG (avaliador externo) Prof. Dr. Antonio Paulo de M. Rezende – UFPE (suplente interno) Prof. Dr. Alcileide Cabral do Nascimento – UFRPE (suplente externo) RESUMO Este texto tem por objetivo investigar o papel da doença na reelaboração dos valores de Humberto de Campos, levando-o a produzir novas imagens de si e do mundo ao seu redor, e agir socialmente informado por elas. Analisa-se como o elemento patogênico aparece na escrita do autor tendo papel central na modificação de seu comportamento e de sua imagem social, sendo compreendido como o ponto de virada da trajetória de constituição de sua auto-imagem. Maranhense, membro da Academia Brasileira de Letras, deputado federal, cronista, contista, crítico literário e memorialista, Humberto de Campos (1886-1934) tornou-se muito conhecido no Brasil na década de 1920, em virtude das polêmicas geradas especialmente pelos textos humorísticos e galantes que publicava sob o pseudônimo de Conselheiro X.X., sendo alvo de inúmeras críticas de intelectuais e dos grupos conservadores, que o acusavam de imoralidade. Na década de 1930, entretanto, a sua imagem de imoral e obsceno foi dando lugar a uma nova imagem que o representava como um jornalista espiritualizado, preocupado em oferecer palavras de conforto para todos aqueles que sofriam, tornando-se, nesse momento, o autor mais lido do Brasil, posição que ainda continuaria ocupando por anos, mesmo depois da sua morte. A doença, a hipertrofia da hipófise, diagnosticada em 1928, é compreendida como tendo sido o elemento que proporcionou essa modificação, levando o autor a produzir uma nova sensibilidade a partir da qual se relacionou com o mundo e consigo mesmo, e que fez circular socialmente por meio de seus escritos, nos quais expunha a sua condição patológica. A doença, portanto, aparece em seus textos – suas crônicas diárias e seus livros memorialísticos, Memórias, 1886-1900 (1933), Memórias inacabadas (1935, póstumo) e Diário Secreto (1954, póstumo) –, como o motor da transformação das imagens pública e privada de Humberto, levando-o a reelaborar tanto o seu presente, quanto o seu próprio passado. Palavras-chave: historiografia das doenças; memórias; Maranhão.
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