UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE EDUCAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO CURSO DE DOUTORADO ANGELA BEZERRA DE SOUZA LEITÃO RELAÇÕES DISCURSIVAS EM MUSEUS DE CIÊNCIAS E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: ANALISANDO INTERAÇÕES VERBAIS / NÃO VERBAIS ENTRE MONITOR E VISITANTES RECIFE 2017 ANGELA BEZERRA DE SOUZA LEITÃO RELAÇÕES DISCURSIVAS EM MUSEUS DE CIÊNCIAS E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: ANALISANDO INTERAÇÕES VERBAIS / NÃO VERBAIS ENTRE MONITOR E VISITANTE Tese apresentada à Universidade Federal de Pernambuco para obtenção do título de Doutora em Educação. Linha de Pesquisa: Didática de Conteúdos Específicos. Orientadora: Drª Francimar Martins Teixeira RECIFE 2017 Catalogação na fonte Bibliotecária Andréia Alcântara, CRB-4/1460 L533r Leitão, Angela Bezerra de Souza. Relações discursivas em museus de ciências e o processo de alfabetização científica: analisando interações verbais/não verbais entre monitor e visitantes / Angela Bezerra de Souza Leitão. – 2017. 252 f. ; 30 cm. Orientadora: Francimar Martins Teixeira. Tese (Doutorado) - Universidade Federal de Pernambuco, CE. Programa de Pós-graduação em Educação, 2017. Inclui Referências, Apêndices e Anexo. 1. Museus de ciências - Asp ectos educacionais. 2. Ciências - Estudo e ensino. 3. Alfabetização científica. I. Teixeira, Francimar Martins. II. Título. 507 CDD (22. ed.) UFPE (CE2017-98) ANGELA BEZERRA DE SOUZA LEITÃO RELAÇÕES DISCURSIVAS EM MUSEUS DE CIÊNCIAS E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO CIENTÍFICA: ANALISANDO INTERAÇÕES VERBAIS / NÃO VERBAIS ENTRE MONITOR E VISITANTE Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Educação da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para a obtenção do título de Doutor em Educação. Aprovada em: 10/11/2017 BANCA EXAMINADORA ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Francimar Martins Teixeira (Orientador) Universidade Federal de Pernambuco ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Ruth do Nascimento Firme (Examinadora Externa) Universidade Federal Rural de Pernambuco ________________________________________________________ Profa. Dra. Mirtes Ribeiro de Lira (Examinadora Externa) Universidade de Pernambuco ________________________________________________________ Profa. Dra Prof.ª Dr.ª Ana Cláudia Rodrigues Gonçalves Pessoa (Exam. Interna) Universidade Federal de Pernambuco ________________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Maria Lúcia Barbosa (Examinadora Interna) Universidade Federal de Pernambuco Ao meu Deus fiel, fonte de eterna misericórdia e amparo na minha existência; À minha amada família: marido, filhos, netos, nora e genros, por colorirem minha vida de sonhos e alegrias; Aos meus queridíssimos pais (em memória), exemplo eterno de dignidade, por terem plantado bondade e luz no meu caminho. AGRADECIMENTOS Agradeço a Deus pela minha vida e pela da minha família, pelas graças alcançadas, pela vida que se renova em nós; à Nossa Senhora, pela grande medianeira que é; À professora Dra. Francimar Martins Teixeira, por seu carinho e suas preces nos meus momentos de dor; por ter continuado a compartilhar comigo os seus preciosos saberes, e me instigado a perseguir as evidências. Ao Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Educação do Centro de Educação da UFPE, Prof. Dr. Edson Francisco de Andrade, pela solidariedade e orientação recebidas em momentos especiais da minha trajetória; Às funcionárias do Programa de Pós-Graduação em Educação, particularmente Morgana Marques, Karla Gouveia e Lucemar Costa, pela orientação e carinhos recebidos; À Profa. Dra. Maria Lúcia Ferreira de Figueiredo Barbosa, pelas horas de conforto e generoso apoio teórico; À Profa. Dra. Siane Gois Cavalcanti Rodrigues, pela sua ternura, pelas primeiras luzes lançadas sobre este estudo; À Profa. Dra. Dóris Arruda, por ter me acolhido no grupo de estudo sobre Bakhtin; À Direção do Espaço Ciência, e à toda sua equipe gestora, principalmente nas pessoas de Claudiane Santos, Eulália Almeida e Maria Remesal, pelos valorosos esclarecimentos acerca da estruturação e funcionamento do Espaço Ciência; Ao monitor Giovanni Rodrigues, por sua inestimável generosidade em atender minhas solicitações: seja me dando suporte na análise do corpus empírico, esclarecendo minhas dúvidas sobre as questões da Física, seja disponibilizando os textos que apoiam a fala do monitor durante as visitas monitoradas. Aos professores Sérgio Ramos, Eleta Freire, Marlon Freire e Daniel Rodrigues, pelas reflexões compartilhadas, pela solidariedade no caminho; Às minhas colegas de trabalho, Kátia Telles e Maria das Neves Maranhão, por sua solidariedade nos momentos difíceis desse percurso; Aos queridos amigos Kênio, Magadã, Leandra, Thaís, Ceça e Gélson, pelos momentos de estudos compartilhados, pelas alegrias jamais esquecidas; À queridíssima bibliotecária Kátia Tavares, por sua assistência competente, por seu carinho e amizade. Tecendo a Manhã. ele precisará sempre de outros galos. Um galo sozinho não tece a manhã: De um que apanhe esse grito que ele e o lance a outro: de outro galo que apanhe o grito que um galo antes e o lance a outro; e de outros galos que com muitos outros galos se cruzam os fios de sol de seus gritos de galo para que a manhã, desde uma tela tênue, se vá tecendo, entre todos os galos. E se encorpando em tela, entre todos, se erguendo tenda, onde entrem todos, se entretendendo para todos, no toldo (a manhã) que plana livre de armação. A manhã, toldo de um tecido tão aéreo que, tecido, se eleva por si: luz balão.” JOÃO CABRAL DE MELO NETO RESUMO Nosso objetivo geral nesta pesquisa consistiu em compreender como as especificidades dos enunciados, que emergem da interação discursiva monitor/visitante no Espaço Ciência, promovem a Alfabetização Científica. Participaram do estudo um monitor e 27 estudantes de 7ª série de uma escola pública estadual, no Recife, durante visita monitorada. Consideramos a Alfabetização Científica como o processo através do qual o indivíduo adquire habilidades próprias do fazer científico, pelas quais se torna capaz de construir relações entre os conhecimentos científicos e as tecnologias a eles associadas, compreendendo os impactos que produzem para a sociedade e o meio ambiente (SASSERON, 2008; SASSERON; CARVALHO, 2011). Para elaboração do corpus empírico da pesquisa, utilizamos prioritariamente a videogravação de ‘banco de dados’ que havíamos construído em 2009 (LEITÃO, 2009), e entrevistamos a equipe gestora do museu, com o objetivo de atualizar informações sobre o mesmo. Para análise do corpus, nos apoiamos nos eixos estruturantes da Alfabetização Científica e seus indicadores (SASSERON, 2008), e no indicador de Alfabetização Científica estético/afetivo (CERATI, 2014). Recorremos também aos estudos de linguagem de Bakhtin e seu Círculo, tendo como referência a teoria da enunciação, considerados os conceitos de vozes, polifonia, dialogismo, gêneros do discurso, interação verbal, discurso autoritário e discurso interiormente persuasivo, que nos possibilitaram interpretar os enunciados gerados na interlocução monitor/visitantes. Com a pesquisa pudemos constatar que as enunciações no museu foram notadamente marcadas pelo gênero cotidiano, estruturado por meio da linguagem coloquial, com alguns momentos marcados por vocábulos da linguagem científica. Constatamos que o discurso assumido pelo monitor foi determinante por restringir ou ampliar os espaços de negociação de significados pelos estudantes; ora pelo uso que fez da palavra autoritária, ora pela palavra interiormente persuasiva que assumiu. O uso da palavra interiormente persuasiva pelo monitor favoreceu o contexto dialógico, possibilitando aos estudantes fazerem uso de vários indicadores de Alfabetização Científica (SASSERON, 2008). Constatamos que os mesmos também fizeram uso de indicadores estéticos/afetivos (CERATI, 2014). Estes se evidenciaram pela ação estimuladora do monitor, e, acreditamos, porque o museu de ciências, além de ser uma instância do conhecimento, é espaço das emoções, do inusitado, espaço privilegiado para surpreender o visitante através dos aparatos, objetos, imagens, o que amplia as possibilidades deste se envolver com a exposição. Essas evidências nos levam a afirmar que os museus de ciências têm um potencial muito grande para contribuir com a Alfabetização Científica dos seus diversos públicos. Importante é que os seus profissionais instaurem um processo contínuo de avaliação das suas ações educativas, reavaliem os fundamentos que norteiam a divulgação científica, que são determinantes dos discursos que a instituição veicula, para que o público, dentro do museu, se reconheça como sujeito para explorar suas próprias ideias e compreender o papel da ciência na sociedade. Palavras-chave: Alfabetização científica. Museu de Ciências. Interações discursivas. Contexto dialógico. Indicadores de alfabetização científica. ABSTRACT Our general objective in this research was to understand how specificities of the enunciation, which emerge from the discursive interaction monitor/ visitor at the Science Space (Recife, Brazil), promote Scientific Literacy. A monitor and 27 seventh grade students from a state school in Recife participated in the study during a monitored visit. We consider Scientific Literacy to be the process through which the individual acquires his/her own skills through scientific praxis, through which he becomes able to build relationships between scientific knowledge and the technologies associated with them, understanding the impacts they produce for society and the environment (SASSERON, 2008; SASSERON and CARVALHO, 2011). In order to elaborate the empirical corpus of the research, we primarily used the video recordings from the database we had built in 2009 (LEITÃO, 2009), and interviewed the museum's management team, aiming to update information about it. For the analysis of the corpus we depended on the structural axes of Scientific Literacy and its indicators (SASSERON, 2008), coupled with the Aesthetic / Emotional Scientific Literacy Indicator (CERATI, 2014). We also went back to Bakhtin's language studies and his Circle, adhering to the theory of enunciation and considering the concepts of voices, polyphony, dialogism, genres of speech, verbal interaction, authoritarian discourse and interiorly persuasive discourse, which enabled us to interpret the statements generated in the interlocution monitor / visitors. With the research we could verify that the enunciations in the museum were notably marked by the day-to-day genre of communication, structured through colloquial language, with some moments marked by words from scientific language. We found that the discourse led by the monitor was crucial for restricting or broadening the spaces of negotiation of meanings by the students; sometimes because of the use they made of the authoritarian word, or it could have been because of the inwardly persuasive voicing assumed by them. The use of the persuasive word by the monitor favored the dialogical context, allowing the students to make use of many words to indicate Scientific Literacy (SASSERON, 2008). We found that they also made use of aesthetic / affective indicators (CERATI, 2014). These are evidenced by the stimulating action of the monitor, and, we believe, because the science museum, besides being a center for knowledge, is a space for emotions, for the unusual, a privileged space to surprise the visitor through apparatuses, objects and images which amplify the possibilities for he/she to be involved with the exhibition. This evidence leads us to state that science museums have a great potential to contribute to the Scientific Literacy of their various audiences. It is important that its professionals establish a continuous process of evaluation for their educational actions and reassess the foundations that guide scientific dissemination. These foundations generate discourses that the institution publishes so that the public, within the museum, recognizes itself as a subject to explore people’s own ideas and understand the role of science in society. Keywords: Scientific Literacy. Science Museum. Discursive Interactions. Dialogic Context. Indicators of Scientific Literacy.
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