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Tese Alexandra Correia 1Out2013 PDF

89 Pages·2013·5.72 MB·Portuguese
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Balanço de carbono em ecossistemas mediterrânicos Alexandra Cristina Pires Correia Tese apresentada para obtenção do grau de doutor em Engenharia Florestal e dos Recursos Naturais Orientador: Doutor João Manuel Dias dos Santos Pereira Presidente: Reitor da Universidade Técnica de Lisboa Vogais : Doutora Helena Maria de Oliveira Freitas Professora Catedrática Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra Doutor João Manuel Dias dos Santos Pereira Professor Catedrático Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa Doutora Maria Margarida Branco de Brito Tavares Tomé Professora Catedrática Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa Doutora Otília da Conceição Alves Correia Vale de Gato Professora Associada Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa Doutora Maria da Conceição Brálio de Brito Caldeira Investigadora Auxiliar Instituto Superior de Agronomia da Universidade de Lisboa LISBOA 2013 Resumo As florestas desempenham um papel importante na mitigação das alterações climáticas porque sequestram e armazenam o dióxido de carbono (CO ), um dos principais gases com efeito de estufa. O 2 objectivo desta dissertação foi investigar o balanço de carbono nas florestas nas suas principais componentes: árvores, arbustos e solo. Apresentam-se métodos para estimar o reservatório de carbono nas árvores em povoamentos de pinheiro manso no sul de Portugal. Os modelos alométricos, factores de conversão e de expansão de biomassa apresentados permitem obter estimativas de carbono independentemente dos dados de inventário existentes sobre os povoamentos. O subcoberto arbustivo de um montado de sobro contribuiu 20% para a assimilação total de carbono do ecossistema durante o Verão/Outono 2011. Provou-se que as espécies arbustivas que colonizaram naturalmente o subcoberto utilizam estratégias diferentes para aproveitar os recursos ambientais limitantes como a água e a luz. O efluxo de CO dos solos, resultado da respiração dos microorganismos e das raízes, é semelhante 2 entre florestas, matagais e pastagens. A humidade do solo, mais do que a temperatura, é determinante neste processo. São apresentados modelos empíricos, calibrados e validados recorrendo à estatística Bayesiana, que permitem estimar mensalmente a respiração do solo em pastagens da região mediterrânica. Palavras chave: balanço de carbono, mediterrânico, Pinus pinea, modelos alométricos, respiração do solo, estatística Bayesiana, Cistus, Ulex, eddy-covariância, upscaling I Title: Carbon balance in Mediterranean ecosystems Abstract Forests play an important role in climate change mitigation as they sequester and store carbon dioxide (CO ) from the atmosphere. The aim of this thesis was to investigate forest carbon balance in its main 2 compartments: tress, understory and soils. We present methods to estimate carbon stock in biomass of stone pine stands in south Portugal. Allometric models, as well as conversion and expansion factors were presented allowing the quantification of stand carbon stocks irrespective of the inventory base information available for the site. The undercanopy vegetation of a cork oak montado represented 20% of the total carbon assimilated by the ecosystem during summer/autumn 2011. It was proven that the vegetation mosaic that naturally colonized the understory have contrasting strategies to efficiently use the limited environmental resources available like water and light. Soil CO efflux, resulted from plants and microorganisms respiration, is similar between forests, 2 shrublands and grasslands. Soil moisture, more than temperature, is determinant in this process. We present several empirical models, validated and calibrated using the Bayesian statistics, which allows estimating monthly soil respiration in grasslands for the Mediterranean region. Keywords: carbon balance, mediterranean, Pinus pinea, allometric models, soil respiration, Bayesian statistic, Cistus, Ulex, eddy-covariance, upscaling II Agradecimentos A realização deste trabalho foi possível com o apoio e contributo de pessoas e entidades, a quem desejo manifestar o meu agradecimento. Ao professor João Santos Pereira quero agradecer os valiosos conhecimentos que me transmititu ao longo de 12 anos, pelo despertar da curiosidade pelo tema do carbono e das florestas, e pela liberdade com que me deixou decidir o meu percurso científico. Quero manifestar o meu especial agradecimento às seguintes pessoas que, não constando na co- autoria, contribuiram para que o artigo: Biomass allometry and carbon factors for a Mediterranean pine (Pinus pinea L.) in Portugal se concretizasse. Agradeço à Engª Mafalda Evangelista, à Engª Marta Bastos e ao Engº Manuel Tuna da Herdade de Monte Novo de Palma pelo apoio no trabalho de campo assim como às equipas de campo da AFLOPS pelo trabalho profissional prestado durante o abate das árvores. Quero agradecer ao Engº Luís Unas pelo apoio na elaboração da candidatura do projecto AGRO – acção 8.1 com o título O sequestro de carbono e a gestão florestal sustentável no sul de Portugal, sem o qual este trabalho não teria sido possível. Quero agradecer aos meus colegas do departamento por quem tenho a maior admiração. Ao Filipe Costa e Silva, à Helena Santos, à Ana Rodrigues, ao António Correia, ao Alexandre Correia, à Marta Carneiro, à Carla Faria, à Sofia Cerasoli, à Teresa Sampaio, à Márcia Santos, à Raquel Lobo do Vale, à Marjan Jongen, ao Stephan Unger e ao Francesco Minnuno pelo óptimo ambiente de trabalho, pela troca de ideias, pelo apoio nas fases mais complicadas e por me acompanharem nesta árdua tarefa de concluir um doutoramento. Um agradecimento especial à professora Helena Almeida, à dona Lurdes e à dona Madalena por todo o apoio e amizade. Agradeço à minha família, em especial ao meu marido Jorge, aos meus pais Armindo e Luisa e à minha irmã Rita por toda a ajuda. Dedico este trabalho aos meus filhos Natália e Artur e à minha avó Nela. III ÍNDICE Resumo I Abstract II Agradecimentos III CAPÍTULO I Introdução 1. Ciclo global de carbono e importância dos ecossistemas terrestres 1 1.1. Ecossistemas florestais da região mediterrânica 5 1.2. O clima e impactes na fisiologia das plantas da região mediterrânica 9 2. Alterações recentes do clima em Portugal e cenários futuros 11 3. Importância das florestas nas emissões de gases com efeito de estufa em Portugal 13 4. Objectivo geral e interesse do estudo 15 5. Referências 18 CAPÍTULO II Biomass allometry and carbon factors for a Mediterranean pine (Pinus pinea L.) in Portugal Resumo 24 Abreviaturas 25 (cid:1) Artigo publicado Abstract 26 Introduction 27 Methods to assess carbon stock at stand level 27 Pinus pinea overview 27 Material and methods 28 Stand description, climate and vegetation 28 Sample tree selection 28 Aboveground biomass sampling 29 Biomass and volume equations 30 Expansion factors - biomass aboveground and root-to-shoot ratio 31 Conversion factors - Wood basic density (WBD) and Carbon fraction in biomass 32 Stand carbon stock comparisons 32 Results 32 Allometric relationships 32 Expansion factors and root-to-shoot ratio 34 Conversion factors 35 Stand carbon stock comparisons 35 Discussion 36 Biomass equations 36 Comparison with independente biomass equations 37 Stand development and biomass partitioning 37 Expansion factors and root-to-shoot ratio 38 Conversion factors 39 Conclusion 39 References 40 Fotografias 42 CAPÍTULO III Carbon sink strength of a Mediterranean cork oak understory: how do semi-deciduous and evergreen shrubs face summer drought? Resumo 43 Abreviaturas 44 (cid:1) Artigo publicado Abstract 45 Introduction 46 Methods 47 Site description 47 Ecosystem flux measurements 47 Understory measurements 48 Water, light and carbon use efficiencies 49 Up-scaling to stand level 49 Statistical analysis and model performance 50 Results 50 Climate 50 Shrub and soil gas fluxes 51 Shrub morphology and physiology 52 Water, light and carbon use efficiencies 53 Up-scaling to stand level 53 Discussion 54 Leaf traits, root lenght and its relation with summer resource exploitation 54 Response to a summer rain pulse: when opportunistic strategies do not compensate 55 Shrub contribution to ecosystem CO uptake 56 2 Conclusions 57 References 57 Fotografias 61 CAPÍTULO IV Soil water availability strongly modulates soil CO efflux in different Mediterranean ecosystems: models 2 calibration using the Bayesian approach Resumo 62 Abreviaturas 63 (cid:1) Artigo publicado Abstract 64 Introduction 64 Material and Methods 65 Site description 65 Soil respiration measurements 65 Soil temperature measurements and Q calculation 65 10 Soil moisture measurements 66 Plant biomass, litterfall and productivity 66 Carbon and nitrogen content in soils 67 Statistical analyses 67 Modelling approach 67 Results 68 Soil respiration 68 Soil moisture and soil temperature 68 Soil respiration explained by soil temperature and soil moisture: exploratory analysis 69 Model performances 69 Discussion 71 Rates and seasonality of soil respiration 71 The effect of vegetation cover on soil microclimate 73 Sensitivity of soil respiration to soil temperature and moisture 74 Bayesian Modelling 74 Conclusions 75 References 75 Fotografias 77 CAPÍTULO V 5. Conclusões 78 1. Ciclo global de carbono e importância dos ecossistemas terrestres O objectivo desta dissertação foi estudar o balanço de carbono em ecossistemas florestais através de três estudos independentes, centrados nos principais reservatórios de carbono das florestas: árvores, arbustos e solo. O estudo engloba metodologias de avaliação específicas para cada reservatório mas com um fio condutor comum que é produzir informação que permite uma avaliação mais rigorosa do balanço de carbono nas florestas mediterrânicas nestes três reservatórios. O ciclo de carbono consiste na transferência do dióxido de carbono (CO ), via combustão, respiração ou 2 reacções químicas para a atmosfera ou para o mar e a sua reintegração na matéria orgânica, via assimilação fotossintética. O ciclo global do carbono tem sido alterado pelas emissões antropogénicas de CO 2 resultantes de alterações de uso do solo, nomeadamente desflorestação, e da queima de combustíveis fósseis, que só são parcialmente compensadas pela absorção pelos oceanos e pela vegetação terrestre, levando à acumulação de CO na atmosfera. 2 Esta acumulação de gases com efeito de estufa (GEE) na atmosfera está na origem de uma alteração do balanço radiativo terrestre. A consequência é um aumento das temperaturas médias à superfície. Note-se que sem a protecção oferecida pelos GEE, a temperatura média da atmosfera seria próxima dos -18ºC em lugar dos actuais 15ºC. O que há de verdadeiramente inédito na situação presente é a elevada taxa de variação da concentração de CO na atmosfera. Nas últimas décadas, a taxa média anual de aumento foi 2 cem vezes superior aquela que se registou nas transições recentes dos períodos glaciares para os períodos interglaciares (IPCC, 2001). Tudo indica que a concentração deste gás deverá continuar a aumentar durante as próximas décadas devido à forte dependência da economia mundial dos combustíveis fósseis. Por outro lado, mesmo que ocorresse agora uma redução drástica das emissões, por exemplo através da revisão das políticas energéticas, os efeitos continuariam a fazer-se sentir por muitas décadas devido ao elevado tempo de residência do CO na atmosfera (cerca de 100 anos). Esta interferência no clima do planeta fragiliza o 2 equilíbrio natural dos ecossistemas. É fundamentalmente a rapidez com que este fenómeno tem vindo a ocorrer, que não é compatível com a velocidade de ajustamento natural dos ecossistemas. O oceano constitui não só o maior reservatório mas também um dos principais sumidouros de CO da 2 atmosfera absorvendo cerca de 30% do carbono de origem antropogénica emitido anualmente para a atmosfera (Sabine et al., 2004). Este sequestro resulta não só da actividade de sequestro biológico pelas plantas aquáticas, mas também da solubilização do CO na água que depende da concentração de CO na 2 2 atmosfera e da temperatura da água. Um dos feedbacks negativos do aumento das temperaturas é 1 precisamente uma diminuição da solubilização deste gás nos oceanos. Interferências no sistema de circulação da atmosfera afectam também as correntes marítimas, deslocando camadas profundas de água carregadas de carbono fóssil para a superfície (Schuster e Watson, 2007). Os oceanos, outrora assumidamente sumidouros de carbono, nem sempre funcionam como tal. Um estudo desenvolvido por Le Quere et al. (2007) refere por exemplo, que alterações observadas da circulação dos ventos no hemisfério sul ocasionaram uma redução significativa da capacidade de sumidouro dos oceanos entre 1981 e 2004. A dinâmica do ciclo de carbono é muito variável, quer no espaço quer no tempo, sendo controlada fundamentalmente pelos sistemas que têm capacidade de o trocar activamente com a atmosfera, como é o caso da vegetação e do solo. Estima-se que cerca de 2100 Gt de carbono se encontre armazenado nos ecossistemas terrestres, valor quase três vezes superior ao que existe actualmente na atmosfera (Trumper et al., 2009). Estes ecossistemas, dos quais se destacam as florestas, assumem assim um papel de relevo na mitigação dos impactos das alterações climáticas, não só por trocarem activamente carbono com a atmosfera, mas também pela capacidade de reterem carbono na biomassa perene e no solo tal como veremos a seguir. A fotossíntese que ocorre nas plantas é responsável pela retenção de carbono atmosférico no material vegetal e na matéria orgânica no solo. Por esse motivo, ecossistemas com grande biomassa e com o solo pouco perturbado, como as florestas, retêm o carbono numa escala temporal muito maior, na ordem de décadas e séculos. O balanço de carbono nas florestas corresponde à diferença entre os ganhos pela fotossíntese e as perdas pela actividade respiratória de toda a cadeia trófica do ecossistema. A assimilação fotossintética do carbono corresponde à quantidade de CO que é fixado pela vegetação (produtividade 2 primária bruta, PPB) e que pode ser acumulado a longo prazo no ecossistema (biomassa perene e matéria orgânica do solo). Durante este processo ocorrem perdas de CO resultantes da respiração das plantas 2 (Respiração autotrófica, Ra) e dos animais e microorganismos do solo (Respiração heterotrófica, Rh) (Figura 1). O balanço anual de carbono de um ecossistema florestal é, quase sempre, positivo porque descontando as perdas resultantes da respiração e mortalidade natural, o carbono é acumulado nos tecidos vegetais de longa duração e no solo (Produtividade líquida do ecossistema, PLE). Importa ainda referir que, numa avaliação do balanço de carbono à escola regional, há que considerar as perdas devido aos cortes e exploração de produtos florestais e ainda e as emissões decorrentes dos incêndios florestais. Obtém-se assim a produtividade líquida do bioma, PLB. 2 Figura 1 – Principais fluxos de carbono na floresta, entre a biomassa e o solo. As folhas, raízes finas, frutos e outros órgãos sésseis, contribuem para incrementar o carbono nos solos. Porém, parte deste carbono é perdido por respiração devido à actividade microbiana. É fundamentalmente no horizonte orgânico que ocorrem os principais efluxos de CO anuais para a atmosfera (Ver Capítulo IV), 2 enquanto nas camadas mais profundas do horizonte mineral, ocorre a acumulação de formas químicas de carbono recalcitrante. Esta libertação de carbono depende não só de variáveis climáticas, que determinam a actividade dos microorganismos e as taxas de produção e decomposição de matéria orgânica, mas também das propriedades dos solos, que afectam a mineralização das componentes orgânicas pelas interacções físicas e químicas com os minerais do solo. Janssens et al. (2001) estimou, através de um estudo comparativo em 18 ecossistemas europeus, que aproximadamente 80% do carbono assimilado pela vegetação viva é perdido através de respiração. Desta fracção, cerca de 70% corresponde a respiração do solo. Em resumo, para uma melhor compreensão dos processos associados à dinâmica do balanço de carbono nas florestas é fundamental que esta componente da respiração seja levada em consideração. Há que distinguir o conceito de reservatório do de sequestro de carbono. O reservatório de carbono corresponde à quantidade de biomassa (em carbono) que uma floresta armazena, quer nas suas componentes perenes (tronco, raízes, ramos), quer no solo e traduz um valor por unidade de área. O sequestro de carbono é uma variável dinâmica e corresponde a um armazenamento líquido por unidade de tempo. Com efeito, uma floresta pode ser um grande reservatório de carbono mas contribuir pouco enquanto sequestradora de carbono. A mais recente estimativa do reservatório de carbono nas florestas é de 861 ± 66 Pg de carbono sendo que aproximadamente 42% (363 ± 28 Pg C) se encontra na biomassa viva (Pan et al., 2011). É nos solos das 3

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O efluxo de CO2 dos solos, resultado da respiração dos microorganismos e das raízes, L.: a multilevel random components approach. Invest.
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