j e! • .Cj TEORIAS DO SÍMBOLO TZVETAN TODOROV 1111111111111111111111111111111111 57358911 l)'·~ Título original: Théories du symbole COLECCAO SIGNOS © Éditions du Seuil, 11177 Tradw;ao: Maria de Santa Cruz ~ Capa: Alceu' Saldanha Coutinho Reservados todos os direitos ro edi~cles Av. Duque de Avila, 69-r/c Esq. -1000 Lisboa Telefs.: 55 68 98/57 20 01 Distribuidor no Brasil: LIVRARIA MARTINS FONTES Rua Conselheiro Ramalho, 330/340-Sao Paulo r .. .,.,,.,,"'"''hii ·w;¡ ....... ·'""'"~ .• .,- '''"-~~ \0·ífC:A ,<(>~- '<'/ ' , . 'f\ ~~ ¡-':., ·' r:~-: ·r ::'. \ ; 2.. 'L' ;, i:'• ~ ... '.\~. ..J {¿ .. / .... i ....... ¡.. ~·?;J·} ... -'·· t ..· \:.:_, ··~1 --«~¡ !,;,,. Depois de muito reflectir sobre o assunto, parece-me que um his MH-00007" i0-3 toriador deve também e necessaria mente ser poeta, pois s6 os poetas podem entender esta arte que con siste em ligar os tactos com habi lidade. Noval is ~ EXPLICAc;AO DO TITULO O símbolo constituí o objecto deste livro: como coisa, nao como palavra. Nao encontrarao aquí urna história do termo csímbolo», mas estudos dedicados aqueles que reflectiram sobre certos factos a que, actualmente, chamamos, muitas vezes, «sim bólicos». Como, além disso, se trata, na maior parte dos casos, de teorías sobre o símbolo verbal, este será, geralmente, oposto ao signo. O estudo das diferentes maneiras de apreender e definir os factos «simbólicos» é o que constituí este livro; por tanto, seria descabido postular aqui urna definü;ao liminar; basta indicar que a evoca<;ao simbólica se vem inserir na significa<;ao directa, e que certas utilizac;6es da linguagem, como a poesía, a cultivam mais do que outras. Esta noc;ao nao pode ser estu dada isoladamente; e trataremos, nas páginas que se seguem, tanto do símbolo como de signo e de interpretac;ao, de utilizar e de fruir, de tropos e de figuras, de imitac;ao e de beleza, de arte e de mitología, de participac;ao e de semelhanc;a, de conden sac;ao e deslocamento, e ainda de outros termos. Se dermos a palavra «SignO>> um sentido genérico que englobe o de símbolo (que, desde logo, o especifica), poderemos dizer que os estudos sobre o símbolo dependem da teoria geral dos signos, ou semiótica; e o meu próprio estudo depende da história da semiótica. É preciso acres'centar imediatamente que também aqui se trata da coisa e nao da palavra. A reflexao sobre o signo realizou-se em várias tradic;oes distintas e até isoladas, tais como: filosofía da linguagem, lógica, linguística, semantica, hermeneutica, retórica, estética, poética. O isolamento das disciplinas e a variedade terminológica fizeram com que ignorássemos a unidade de urna tradi<;ao que é das mais ricas da história ocidental. Procuro revelar a continuidade dessa tra di<;ao, e só acidentalmente me ocupo de autores que empre- garam a palavra «Semiótica». 1 11 11;.. Teoria-é para ser tomada em sentido lato; a palavra aquilo que me parece ser o momento do meu desabrochar - o opoe-se, aqui, a «prática», mais do que a «reflexao nao teórica». romantismo alemao. As citac;:oes sao numerosas, tanto neste Na maior parte dos casos, as teorías consideradas nao se ins capítulo como no primeiro; achei que seria útil por ao critério creviam no ambito de urna ciencia (que, de resto, nao existia do Ieitor os mesmos textos que estudo, dado que nunca foram na época), e a sua formulac;:ao nao tem o carácter de urna reunidos, nem, na maior parte dos casos, traduzidos. Sem pre «teoria» no sentido restrito. tender compor urna antología, gostaria que este livro pudesse O s do plural, acrescentado a palavra «teoría» é essencial. também ser utilizado como recurso documental. Significa, em primeiro lugar, que se trata de várias descric;:oes Os quatro capítulos seguintes dedicam-se especialmente a convergentes dos factos simbólicos. Mas, conjugado com a ausen autores posteriores a crise romántica. Mas nao se trata de cia de artigo definido, indica sobretudo o carácter parcial desta outras instancias da mesma atitude. Escolhidos entre os mais pesquisa: nao se trata, evidentemente, de urna história completa influentes do nosso tempo, os autores aquí estudados apresen da semiótica ( ou mes m o de uma das suas partes) - nao nos taro, pelo contrário, novas variantes em relac;:iio a grande dicoto debruc;:amos sobre todas as teorias do símbolo, nem talvez sobre mia entre clássicos e romanticos, tomam posic;:oes que com as mais importantes. Esta escolha do parcial explica-se tanto plicam, mais do que esclarecem, a problemática. por urna inclina¡;:ao pessoal como por urna impossibilidade Em cada período preferí estudar o domínio que me pare física: a tradic;:ao que estudo é tao abundante que, mesmo redu cía mais revelador; daí, sem dúvida, a impressao de desconti zindo ao mínimo o seu desenvolvimento no Ocidente-em vez nuidade que se poderá notar na leitura destes capítulos. O prí de a limitar a um só país -, nao pode ser conhecida ao longo meiro fala de semiótica, os dois seguintes, de retórica; vem de toda urna vida humana. Escrevi, na melhor das hipótcses, em seguida tres capítulos dedicados a estética, tratando os alguns capítulos da história da semiótica ocidental. últimos quatro de disciplinas que pertencem hoje as ciencias Quaisquer capítulos? Afirmá-Io seria hipócrita ou ingénuo. humanas: antropología, psicanálise, Iinguística e poética. Mas ¡ ! De facto, este Iivro organiza-se a partir de um período de crise, revelar a unidade de urna problemática, dissimulada por tradi ! que é o final do século XVIII. Nessa época opera-se urna mu c;:oes e terminologías divergentes, é, precisamente, urna das tare 1 danc;:a radical na reflexao sobre o símbolo (embora essa mudanc;:a fas deste livro. -t ·se tivesse preparado progressivamente desde há muito), entre A pluralidade das teorías examinadas dá a este trabalho urna concepc;:ao que dominara o Ocidente durante séculos e urna um carácter histórico. De boa vontade o teria classificado como outra que, segundo creio, triunfou até aos nossos días. Assim, chistória-ficc;:ao», se nao suspeitasse que é o caso de toda a é possível, no espac;:o de cinquenta anos, apreender simultanea história, e que, sobre isso, o meu parecer coincide com a íntima 1 mente a antiga concepc;:ao (a que muitas vezes, e por comodi convicc;:ao de todos os historiadores. o facto histórico que, a 1 dade, chamo «clássica») e a nova, a qua! dou o nome de <<roman J?!:Ímeira vista, parece ser apenas um dado, revela-se como tica». Foi esta condensac;:ao da história num período relati sendo inteiramente construído. Duas ideias preconcebidas vieram vamente curto que me fez escolher o ponto de partida. Jlíntar-se, no decurso do trabalho, a esta primeira constatac;:ao Esta escolha inicial explica a composic;:ao do livro. O pri quase inevitável. Por um lado, pretendí descrever a história meiro capítulo situa-se fora da problemática que acabo de ·cto advento das ideias, e nao a da sua primeira formulac;:ao; expor; apresenta-se mais como urna série de páginas destinadas apreende-las no momento da sua recepr;ao, mais do que no a um manual e que resumiriam o conhecimento semiótico comum momento da sua produrao. Por outro lado, nao creio que as -tal como se encontra a dispos1c;:ao de qualquer pessoa. Com ideias sozinhas possam engendrar outras ideias; sem avanc;:ar esse objectivo, partí de um momento que julgo privilegiado muito em domínios que conhec;:o mal, pretendí indicar que a (urna outra crise): o nascimento da semiótica na obra de santo mutac;:ao das ideias podía ser posta em relac;:ao com a das Agostinho. ideologías e sociedades. Os quatro capítulos seguintes exploram diferentes aspec Devo acrescentar que nao me considero um historiador tos da doutrina «clássica>>, em dois domínios particulares: retó imparcial. Pus-me em contacto com as teorías antigas do sím rica e estética. Deixei de lado a história da hermenéutica, cujo bolo no decurso do meu trabalho sobre o simbolismo linguístico, estudo revela resultados semelhantes. O primeiro desses quatro e delas tomei conhecimento com o mais vivo interesse: pro capítulos contém, além disso, um resumo sobre a problemática curava nelas urna explicac;:ao para os factos que apercebia mas de todo o livro. nao conseguía compreender. Escolhi, portanto, nos autores do O sexto capítulo, o mais longo, apresenta, de novo, urna passado, o que de melhor encontrava, aquilo que aínda conti· perspectiva sintética do conjunto. Procura resumir e sistema nuava a ser eficaz. Atraic;:oei-os, sem dúvida; consolo-me com a 12 tizar a nova doutrina, aquela que engendra a crise; descrevo ideia de que só se atraic;:oam os vivos. 13 ,;J ..,._ __' F''""····'' ~~ "'@'j!''•' ·. 1. ORIGEM DA SEMióTICA OCIDENTAL Nao escrevi este livro para uso dos eruditos (daqueles que sao apenas eruditos), e por essa razao procurei simplificar ao máximo o conjunto de notas e referencias, que, no entanto, é inevitável numa obra deste género; apesar desta forma reduzida, permite, pelo menos, encontrar as fontes citadas ou ter acesso a outros estudos sobre o mesmo problema. Citei, tanto quanto possível, as trad~óes francesas existentes de textos escritos em línguas estrangeiras, modificando-as quer no sentido de urna maior literalidade, quer com o intuito de unificar a termino- logia. As tradifoes particulares. Semantica. Ló gica. Retórica. Hermeneutica. A síntese agos tiniana. Defini~ao e descr~ao do signo. Clas sifica~ao dos signos. l. Segundo o modo de transmissao. 2. Segundo a origem e o uso. 3. Segundo o estatuto social. 4. Segundo a natureza da rela~ao simbólica. S. Segundo a natureza do designado, signo ou coisa: a) as letras; b) o uso metalinguístico. Algumas con clusoes. O título ambicioso em epígrafe obriga-me a com~ar por íun restri~ao. Partí de urna no9ao sumária do que é a semiótica. Importam aqui dois dos seus componentes: o facto de a anali Ulrmos utilizando um discurso cujo objectivo é o conhecimento (e nao a beleza poética ou a pura especul~ao) e o facto de o seu objecto ser constituído por signos de espécies diferentes (e nao unicamente por palavras, por exemplo). Parece-me ser Santo Agostinho o primeiro a satisfazer plenamente estes dois requisitos. Mas Agostinho nao inventou a semiótica; pelo con trário, poderíamos dizer até que ele nao inventou quase nada e que se limitou a combinar ideias e no96es vindas de horizontes diferentes. Era imperioso, portanto, procurar a origem das suas •fontes»-que encontramos na teoría gramatical e retórica, ou na lógica, etc. Nao se trata, no entanto, de fazer a resenha a histórica completa de cada urna dessas disciplinas até época de Agostinho - mesmo se, noutras épocas da semiótica, elas tivessem podido inspirar a esta novos desenvolvimentos. A tra di~ao anterior a Agostinho nao é considerada aqui senao na Inedida em que parece reencontrar-se nas suas teorías; daí a bnpressao (ilusória) que podem dar estas páginas de que toda • Antiguidade conduz a Agostinho. Isto é, evidentemente, falso, e, para nao citar mais que um exemplo, se a filosofía epicurista 1 15 14 b. ,. ' "· da linguagem náo"vai ser analisada aqui é simplesmente porque Somos assim conduzidos a antiga controvérsia sobre 0 a sua rela~áo com a semiótica de Agostinho é pouco signifi poder cognitivo dos nomes e, correlativamente, sobre a origem cativa. . da linguagem, natural ou convencional, sendo a exposi~ao mais Estas considera~6es explicam o plano adoptado na exposi .. célebre sobre o assunto a que se encontra em Crátilo, de Platao. ~ao: urna destas partes é dedicada aos precursores de Agos Este debate foca sobretudo os problemas de conhecimento ou tinho, reagrupados em rubricas que se devem mais a coerencia de origem, de que nao nos ocuparemos aquí, e só diz respeito de um discurso do que a tradi~6es realmente isoladas; a outra, as palavras e nao a qualquer outra espécie de signo; no entanto, ao estudo da semiótica agostiniana propriamente dita. devemos reter a articula.;:ao, pois pode dizer-se (e nao faltará quem o diga) que os signos sao: ou naturais ou convencionais. Será já o caso de Aristóteles, que adere, nesta controvérsia, a hipótese convencionalista. A afirma~ao repete-se muitas vezes AS TRADIQ6ES PARTICULARES nas suas teorías; é ela, especialmente, que permite distinguir a linguagem dos gritos dos animais, que sao também vocais e interpretáveis. «Significa9ao convencional, escreve Aristóteles, SEMANTICA porque nada é, por natureza, um nome, só o é quando se torna símbolo, pois mesmo quando os sons inarticulados, como os Que me perdoem o come¡;ar com urna exposi~ao sobre dos animais, significam alguma coisa, nenhum deles constituí, Aristóteles; encontrá-lo-ao, aliás, em várias rubricas. De mo no entanto, um nome>> (ibid.). Os símbolos subdividem-se, por mento, ocupar-me-ei da sua teoria da linguagem, tal como apa tanto, em <<nomes» (convencionais) e «signos» (naturais). Obser rece, sobretudo, nos primeiros capítulos do tratado Sobre a varemos, a propósito, que na Poética, em H56 b, Aristóteles baseia hterpreta9ao. A passagem-chave é a seguinte: de outra forma a distin~ao sons humanos-sons naturais: é que estes últimos nao podem combinar-se em unidades significa Os sons emitidos pela voz sáo os símbolos dos estados de tivas maiores; mas esta sugestao parece náo ter tido conse espírito, e as palavras escritas, os símbolos das palavras emitidas quencias no pensamento dos Antigos (em contrapartida, aponta pela voz. E assim como todos os homens. escrevem de maneira para a teoria da dupla articula~áo). diferente, também as palavras pronunciadas nao sao as mesmas, embora os estados de espírito cujas express6es sao os signos Acrescentemos que, partidário da rela<;ao imotivada entre imediatos sejam identicos em todos os homens, como também sons e sentido, Aristóteles é sensível aos problemas de polis sáo identicas as coisas de que esses estados sáo a imagem (16 a). semia e de sinonimia, que a ilustram; fala deles várias vezes, como, por exemplo, nas Refuta98es Sofísticas, em 165 a, ou na Neste breve parágrafo, se o compararmos a outros desen Retórica, III, em 1405 b. Estas discuss6es evidenciam a nao volvimentos paralelos, podemos distinguir várias afirma~6es. -coincidencia entre sentido e referente. «Nao é exacto, como 1. Aristóteles fala de símbolos, de que as palavras sao um pretendía Bryson, que nao existam palavras obscenas, pois dizer caso particular. ~ um termo a reter; o termo <<signo, é utilizado isto em vez de aquilo significa sempre a mesma coisa; isso é na segunda frase como um sinónimo; no entanto, é importante um erro; porque urna palavra pode ser mais precisa, mais seme o facto de nao figurar na defini~ao inicial; como em seguida lhante, mais própria para nos pór a coisa sob os olhos>> (1405 b; se verá, «Signo>> tem para Aristóteles um outro sentido técnico. cf. um outro exemplo em Física, 263 b). Muito mais vezes, mas 2. A espécie de símbolos, que se emprega imediatamente l também de forma mais complexa, o termo lagos designa, em como exemplo, é formada pelas palavras; estas sao definidas 1 certos textos, aquilo que a palavra significa, por oposi~ao as como urna rela~ao a tres termos: os sons; os estados de espí próprias coisas, cf., por exemplo, Metafísica, 1012 a: «A no~ao, rito; e as coisas. O segundo termo serve de intermediário entre significada pelo nome, é a própria defini~ao da coisa.>> o primeiro e o terceiro, que nao comunicam directamente. Assim, 3. Por ser citado imediatamente como exemplo privilegiado ele estabelece duas rela~6es de natureza diferente, como os pró de símbolo, as palavras nao sao o único caso ( é nisso, precisa prios termos. As coisas sao identicas a si próprias, sempre· e mente, que o texto de Aristóteles ultrapassa o quadro de urna em toda a parte; os estados de espírito também sao identicos semfmtica estritamente linguística); o segundo exemplo citado em todos os indivíduos: estao, portanto, unidos por urna rela~áo sao as letras. Nao insistiremos aqui no papel secundário atri motivada em que, como diz Aristóteles, um é a imagem do buído as letras em rela~ao aos sons; é um tema muito conhecido outro. Os sons, pelo contrário, nao sao os mesmos nas dife depois dos trabalhos de J. Derrida. Observemos, antes, como rentes na<;6es; a sua rela~ao com os estados de espírito é imoti- '' seria difícil imaginar a subdivisao tripartida do símbolo (sons 16 1 -vada: um significa o -o-utro, sem ser a sua imagem. -·estado de espírito - coisas) aplicada a esses símbolos parti- 17 .. ._ ....... ... ·-~~· 2 ...... _..... .. " ' , , ' _,, '' •.. -.... culares que sáo as letras; fala-se aqui apenas de dois elementos, mas náo o termo sisp.o. Esta ausencia, como veremos em breve, as palavras escritas e as palavras pronunciadas. Dio se deve ao acaso. O exemplo dado é urna palavra, mais 4. Mais urna observac;áo sobre o conceito central desta exactamente, urn nome próprio, e nada indica que se admita a descric;áo: os estados de espírito. Notamos, primeiramente, que existencia de outras espécies de símbolos. se trata de urna entidade psíquica, algo que náo está na palavra 2. Tanto aqui como em Aristóteles sao consideradas simul mas no espírito dos utentes da linguagem. Em segundo lugar, taneamente tres categorias; notaremos que, nos dois textos, o a a por ser um estado psíquico, esse estado de espírito nao é, de objecto, embora exterior linguagem, é necessário definic;ao. forma alguma, individual: é idéntico em todos os homens. Esta Nenhurna diferenc;a notória separa, nestas duas exposic;óes, os entidade depende, portanto, de urna «psicología» social ou até primeiros e os terceiros elementos, som e objecto. mesmo universal, e nao de urna «psicología» individual. 3. Se há diferenc;a, está no lekton, dizível ou significado. Resta somente um problema que aqui será apenas formu Na literatura moderna fizeram-se muitas extrapolac;óes sobre a lado, pois nao podemos estudá-lo: é o da relac;ao entre os natureza desta entidade; como nesses debates nao se chegou a «estados de espírito» e a significac;ao tal como aparece, por nenhurna conclusao, achamos melhor conservar o termo grego. :e exemplo, !!2-.le.1CJ:9 da Poética, em que Q 11QID~é definido com.g conveniente lembrarmos primeiro que o seu estatuto de '!'Wll.-~oroposto....cJ.e.,sons,,_sigiJifi~antc;~.!' (1457 a). Parecerla (mas cincorpóreo» é excepcional na filosofía resolutamente materia abstenho-me de fazer qualquer afirmac;ao categórica) poder falar Usta dos Estóicos. O que significa que é impossível concebe-lo -se de dois estados da linguagem: em potencia, como é encarada ,. como urna impressao no espírito, mesmo convencional: tais na Poética, em que está ausente qualquer perspectiva psicoló impressóes {ou «estados de espirito») sao, para os Estóicos, gica; e em acto, como no texto da Interpreta{:iío, em que o corpóreas; os «objectos», pelo contrário, nao tém de pertencer sentido se torna urn sentido vivido. Seja como for, a existencia neéessariamente ao mundo observável pelos sentidos; eles tanto da significancia limita a natureza psíquica do sentido em geral. podem ser físicos como psíquicos. O lekton nao se situa no Sao estes os primeiros resultados de que dispomos. Pode espirito dos locutores, mas na própria linguagem. A referencia mos apenas falar de urna concepc;ao semiótica: o símbolo é aos Bárbaros é reveladora. Estes ouvem o som e vée!ll o hornero, definido como sendo mais lato que a palavra, mas nao nos mas i_gnoram .o lektan.. ou sefa, o próprio factor de esse som parece que Aristóteles tenha encarado seriamente a questao ~ar esse objecto. O lekton é a capacidade do primeiro ele dos símbolos nao linguísticos, nem que tenha procurado des mento designar o terceiro; neste sentido, o facto de ter como crever a variedade dos símbolos linguísticos. exemplo um nome próprio é altamente significativo, poi!¡_ o ¡! ..!!ºJ:Ile próprio, ao contrário das ()utras _pruª:vr_as, p.ao _t~rn. sen: Encontra-se um segundo momento de reflexáo sobre o ....tido. mas, como as outras palavras,. tem um.a capacidade de o signo, no pensamento dos Estóicos. Sabe-se que o conhecimento ~-~nac;ao. lekton depende do pensamento, mas ñiose-con- deste pensamento é extremamente difícil, pois apenas dispomos funde coin ele; nao é urn conceito, e ainda menos, como se de fragmentos, tirados, além disso, de autores que, em geral, pretendeu poder afirmar, urna ideia platónica; é aquilo sobre consideravam os Estóicos com hostiiidade. Teremos, por isso, o que opera o pensamento. Ao mesmo tempo, a articulac;ao de nos contentar com algumas indicac;óes sucintas. O fragmento interna desses tres termos nao é a mesma que aparece em mais importante encontra-se em Contra os Matemáticos, VIII, Aristóteles-já nao existem duas relac;óes radicalmente dis 11-12, de Sextus Empiricus: tintas (de significac;ao e de imagem}; o lekton é aquilo que permite aos sons relacionarem-se com as coisas. Os Estóicos dizem que há tres coisas ligadas: o significado, 4. As últimas palavras de Sextus, segundo as quais o lekton o significante e o objecto. Destas coisas, o significante é o som, pode ser verdadeiro ou falso, levam-nos a atribuir-lhe as dimen por exemplo «Dion»; o significado é a própria coisa que é reve- soes de urna proposic;ao; no entanto, o exemplo citado, que é ~ lada e que nós entendemos como subsistindo em dependencia urna palavra isolada, aponta para um sentido diferente. Para do nosso pensamento, mas que os Bárbaros náo compreendem, embora sejam capazes de ouvir a palavra pronunciada; enquanto este caso, outros fragmentos citados, quer por Sextus, quer por que o objecto é o que existe no exterior: por exemplo, Dion em Diógenes Laerce, permiteni-nos urna visao mais clara do assunto. pessoa. Duas destas coisas sao corpóreas: o som e o objecto, Por um lado, o le k ton pode ser completo (proposic;ao) ou e a outra é incorpórea, é a entidade que é significada, o dizível incompleto (palavra). Eis o texto de Diógenes: «Os Estóicos (lekton), que é verdadeiro ou falso. distinguem os lekta completos dos incompletos. Os segundos Destaquemos, de novo, alguns pontos importantes. sao aqueles cuja expressao é incompleta, por exemplo «escreve». l. Notar-se-á que aparecem aqui os termos significante e Nós perguntamos: quem? Os completos sao os que tem Ull\ 18 significado (urn sentido que Saussure, note-se, náo vai manter) Mntido completo: «Sócrates escreve» (Vía, VII, 63). Esta defi- 19 ~ mc;:ao existia já nos textos de Aristóteles, e conduz a teoria nao linguístico. Além disso, como já vimos, a defini<;ao de gramatical das partes do discurso; nao nos ocuparemos aqui Aristóteles falava de coisas e nao de proposic;:6es (noutros deste assunto. textos a presenta-se o caso inverso). Por conseguinte, nao nos Por outro lado, as proposi~óes nao sao necessariamente surpreende constatar que Aristóteles encara explicitamente os\ J verdadeiras ou falsas: isso só se aplica as afirmac;:óes, mas tam signos nao Iinguísticos, mais precisamente, os signos visuais bém há o imperativo, o interrogativo, o juramento, a imprecac;:ao, (70 b); o exemplo imaginado é: as grandes extremidades podem a hipótese, o vocativo, etc. (ibid., 65); isto era, na época, outro ser um signo de coragem, nos le6es. Aqui, a perspectiva de lugar comum. Aristóteles é mais epistemológica do que semiótica: interroga-se Como nos textos de Aristóteles, também aqui nao podemos sobre a possibilidade de obter um conhecimento a partir de falar de urna teoria semiótica explícita; apenas o signo linguís tais signos; deste ponto de vista, Aristóteles distinguirá o signo tico está em jogo, neste momento. necessário (tekmerion) do signo apenas provável. Também dei xaremos de lado esta perspectiva de reflexao. Urna outra classificac;:áo trata do conteúdo dos atributos LóGICA em cada proposic;:ao. <<Entre os signos, um apresenta a relac;:ao do individual com o universal; o outro, do universal com o par a Há algo de arbitrário ao considerar rubricas independentes ticular» (Retórica, 1, 13:57 b). O exemplo da mulher que deu como: «semiintica», <<lógica», quando a distin~ao nao foi feita luz ilustra este último caso; um exemplo do primeiro tipo é: pelos autores antigos. Mas vemos assim mais claramente a <<Um signo de que os doutos sao justos, é que Sócrates era autonomia dos textos que, de um ponto de vista posterior, douto e justo.» Vemos aqui, mais urna vez, as consequencias tratam problemas semelhantes. Analisaremos os mesmos autores. nefastas da confusao entre lógica dos atributos e lógica das Para Aristóteles, a teoria lógica do signo é apresentada nos proposic;:óes: se Sócrates é, com efeito, o individual em relac;:ao Princípios Analíticos e na Retórica. Primeiramente, a defini~ao: ao universal (douto, justo), em contrapartida, que essa mulher <<0 ser cuja existencia ou produc;:ao causa a existencia ou a tenha leite e que tenha dado a luz sao dois factos do mesmo a produc;:áo de urna outra coisa, quer anterior, quer posterior, nÍvel lógico: SáO dois <<particulares» em relac;:ao lei geral-«Se a é um signo da produc;:ao e da existencia de outra coisa» (An. urna mulher tem leite é porque deu lUZ>>. pr., 70 a). Exemplo que ilustra esta noc;:ao e que será muito No plano da Iinguagem os signos sáo proposic;:6es suben repetido: esta mulher tem leite-é o signo de que ela deu ~ndidas; mas nem toda a proposic;:ao subentendida, previne-nos a -e luz. Aristóteles, evocada por <<signo>>. Existem, com efeito, pro Primeiro é preciso situar esta noc;:ao de signo no seu con posic;:óes implícitas que vem, quer da memória colectiva, quer texto. Para Aristóteles, o signo é um silogismo truncado: aquela da lógica do léxico (<<por exemplo, quando se diz: é um homem, a que falta a conclusao. Urna das premissas (a outra pode dizemos também que é um animal, que é animado, que é bípede estar igualmente ausente, como veremos) serve de signo; o e que é susceptível de possuir razao e ciencia»: Tópicos, 112 a); designado é a conclusao (ausente). lmp6e-se aqui urna primeira por outras palavras, existem proposic;:6es sintéticas e proposic;:óes correoc;:ao: para Aristóteles, o silogismo ilustrado pelo exemplo analíticas. Para que exista um signo é necessário algo mais do precedente em nada se distingue do silogismo habitual (do tipo que esse sentido implícito; mas Aristóteles nao refere o que. <<Se todos os homens sao mortais ... ») . Sabemos boje que isso Em nenhum momento a teoria do signo lógico se articulou nao é assim; o silogismo tradicional descreve a relac;:ao dos com a do símbolo linguístico (nem com a do tropo retórico, atributos no interior da proposic;:ao (ou a dos atributos que como veremos mais tarde). Até os termos técnicos sáo diferen aparecem nas proposic;:6es vizinhas), ao passo que o exemplo tes: emprega-se signo, num caso, e símbolo, no outro. citado pertence a lógica proposicional e nao atributiva ou predi cativa; as relac;:6es entre atributos deixam de ser pertinentes; Assim acontecerá nos textos dos Estóicos. Eis urna das para essa lógica só contam as relac;:6es interproposicionais. transcric;:óes de Sextus Empiricus: É aquilo que a lógica antiga dissimulava sob o vocábulo <<Silo Os Estóicos, ao quererem apresentar a noc;:áo de signo, gismo hipotético», destinado a descrever casos como este. dizem que é urna proposi~ao que é o antecedente da premissa Que se passe de urna proposic;:ao (<<esta mulher tem leite») maior e que descobre o consequente. ( ... ) Chamam anterior a a outra (<<esta mulher deu a luz»), e nao de um atributo a primeira proposic;:ao de um silogismo que comec;:a pelo verda outro (de <<mortais» a <<homens» ), é essencial, pois passa-se deiro para acabar no verdadeiro. Ela faz descobrir o conse quente porque a proposic;:ao <<urna mulher tem leite>> parece logo da substancia para o acontecimento; o que vai conseguir a 20 mais facilmente que se tome em considerac;:ao o simbolismo itnemdi claeri tee,s tae:l a <<deelau dae ul uz lu(zE>>s.b oN~oess seP isrirlóongiicsomso, : 11s,e XuIr)n.a mulher 21 ti,, Encontramos aqui muitos dos elementos da análise aristo 3. A passagem do antecedente ao consequente é urna ope télica e até o exemplo-chave. A teoría do signo tero muitas ra<;:ao lógica; ora, qualquer pessoa pode interpretar os tactos semelhan<;:as coro a teoría da demonstra<;:áo; e, urna vez mais, o que observa; até os animais o podem fazer. que interessa a estes autores é a natureza do conhecimento que delas se obtém. A única diferen<;:a-mas que é muito impor Se o signo é um raciocínio e uro antecedente de urna pre missa maior válida, aqueles que náo tero nenhuma ideia sobre tante-é que os Estóicos, que usam a lógica das proposi<;:óes o raciocínio e nunca estudaram as técnicas lógicas, deveriam e náo a das classes, estáo conscientes das propriedades lógicas ser completamente incapazes de interpretar os signos. Mas náo desse tipo de raciocínio. As consequencias desta aten<;:áo que é o que acontece; muitas vezes, os pescadores analfabetos e os é dada, de preferencia, a proposi<;:áo, sáo surpreendentes: é por camponeses, que náo conhecem teoremas lógicos, interpretam muito bem os signos: uns, os signos do mar, prevendo as rajadas causa dela, como já o notámos a propósito de Aristóteles, que e as calmarías, a tempestade e a bonan<;:a; os outros, os signos se come<;:a a prestar urna aten~áo duradoira aquilo a que cha do campo, prevendo as boas e as más colheitas, a seca e a chuva. maríamos signos náo linguísticos. A lógica das classes, de Aris De resto, para que falar de homens, quando alguns Estóicos tóteles, «é própria de urna filosofía da substancia e da essencia» consideraram até que certos animais compreendem os signos? Porque, coro efeito, o cáo quando segue a ca<;:a pelo rasto, (Blanchet); a lógica proposicional entende os factos na sua interpreta signos; mas ele náo tira essa conclusáo do raciocínio transforma~ao, como acontecimentos. Ora acontece que sáo ese há rasto, há ca<;:a». O mesmo se passa coro o cavalo que, ao precisamente os acontecimentos (e náo as substancias) que iráo sentir a espora ou o chicote, se lan<;:a para diante e come<;:a a ser tratados como signos. A mudan<;:a no objecto de conhe correr; mas náo forma uro raciocínio lógico coro urna premissa, algo como «se bateram coro o chicote, devo correr». Portanto, cimento ( classes-proposi<;:óes) implica, portanto, um alarga o signo nao é uro raciocínio ero que o antecedente seria a pre mento no plano da matéria considerada (ao linguístico vem missa maior verdadeira (ibid., 269-271). juntar-se o náo-linguístico). A falta de articula<;:ao entre esta teoría e a precedente (a :e. preciso confessar que, se muitas vezes as críticas de da linguagem) é, aqui, ainda mais notória, por causa da seme Sextus sáo puras querelas sobre a forma, aqui elas náo deixam lhan<;:a dos termos utilizados. Verificámos que, na sua teoría de ter razao. A assimila<;:áo das duas espécies de signos levanta semantica, os Estóicos náo falavam de signo, mas unicamente realmente muitos problemas. Imaginemos que Sextus tenha de significante e de significado; o parentesco é, no entanto, evi procurado nao a inconsistencia da doutrina dos Estóicos, mas dente, e o céptico Sextus Empiricus nao deixou de o notar. a articula~ao das duas teorías. As suas objec<;:óes tornam-se :e. nesta crítica, que explica a necessidade de juntar as diversas outras tantas críticas construtivas, que podem ser reformuladas teorias do signo, que reside um novo e importante passo para assim: a constitui~ao da semiótica. Sextus parece acreditar que se l. A simultaneidade e a sucessao sáo consequencias de urna trata, em ambos os casos, de uro único e mesmo «signo»; ora, diferen<;:a mais fundamental: é que, no caso do signo linguístico ao comparar o par significante-significado coro o de antece (palavra ou proposi<;:ao), o significante evoca directamente o cedente e consequente, ele observa várias diferem;as; o que o seu significado; no caso do signo lógico, o antecedente, na qua leva a formular as seguintes obj~óes: lidade de segmento linguístico, tero o seu sentido, que será l. O significante e o significado sao simultaneos, enquanto mantido; só em segundo lugar é que ele evoca também outra que o antecedente e o consequente sáo sucessivos: corno pode coisa: o consequente. :e. a diferen~a entre signos directos e indi remos dar as duas rela<;:óes o mesmo nome? rectos, ou, numa terminología oposta a de Aristóteles, entre signos e símbolos. 2. Os signos directos sao compostos de elementos hete O antecedente náo pode descobrir o consequente porque é, em rela<;:áo ao signo, a coisa significada e porque, por conse rogéneos: sons, lekton incorpóreo, objecto; os símbolos indi guinte, é entendido ao mesmo tempo. ( ... ) Se o signo náo é rectos sáo compostos de entidades da mesma natureza: uro entendido antes da coisa significada, nao pode descobrir o que é lekton, por exemplo, evoca outro lekton. entendido coro ele e nao depois dele ... (Esbo~os, II, XI, 117-118). 3. Esses símbolos indirectos tanto podem ser linguísticos como náo-linguísticos. No primeiro caso, tomam a forma de 2. O significante é «corpóreo» ao passo que o antecedente, duas proposi.<;:óes; no segundo, de dois acontecimentos; sob esta sendo urna proposi<;:áo, é ·«incorpóreo». última forma, sao acessíveis nao só aos lógicos, mas também as pessoas incultas e até aos animais. A substancia do símbolo Os significantes sao distintos dos significados. Os sons signi nao decide da sua estrutura. Nao se confundirá, por outro ficam, mas os lekta sao significados, incluindo-se neles as pro lado, urna capacidade '(a indu<;:ao) coro a possibilidade de falar 22 posi~óes. E como as proposi~óes sao significadas e nao signifi dela (o discurso do lógico). 23 cantes, o signo náo pode ser urna proposi~ao (Contra, 264). r ,_ Se voltarmos a pensar na classifica<;ao dos lekta ero com epistemológico. No entanto, na sua crítica da distin<;áo, Sextus pletos e incompletos, apercebemo-nos de que é possível recons conduz o debate para uro terreno que nos é mais familiar. tituir uro quadro coro urna casa vazm: Porque ele náo acredita na existencia de signos reveladores. Assim, vai modificar, primeiro, a rela<;áo destas duas classes, elevando urna-a dos signos comemorativos-a categoría de PALAVRA 1 PROPOSI<;AO género, e relegando a outra-a dos signos reveladores-para 1-----1--------¡ 1 a categoría de espécie, na existencia da qual, aliás, ele náo directo lekton incompleto lekton completo acredita (Contra, 143). A partir daí, a sua discussáo vai pór em jogo duas outras oposi<;6es: signos polissémicos e monossé indirecto ? signo micos; signos naturais e convencionais. O debate pode ser assim resumido: Sextus contesta a existencia de signos revela dores afirmando que estes náo permitem obter nenhum conhe cimento certo, pelo facto de urna coisa poder simbolizar, poten Esta ausencia é muito mais estranha (talv ez a culpa sej a, cialmente, urna infinidade de outras coisas; portanto, náo é simplesmente, do estado fragmentário dos escritos dos Estóicos um signo. Ao que os Estóicos replicam: mas os signos come- que chegaram até nós) se pensarmos que os Estóicos sao os .morativos (cuja existencia foi admitida por Sextus) podem, fundadores de urna tradi<;ao hermeneutica que se baseia no ~igualmente, ser polissémicos, e evocar várias coisas ao mesmo sentido indirecto das palavras-na alegoria. Mas isso leva-nos já para o ambito de urna outra disciplina. =tempo. Sextus admite de facto esse estado, mas mostra que ~ele Antes de deixarmos a teoria lógica dos Estóicos, devemos tero outra base: os signos comemorativos só podem ser ~ mencionar uro outro problema. Sextus diz que eles dividem polissémicos por for<;a de urna conven<;áo. Ora os signos reve- os signos ero duas classes: comemorativos e reveladores. Esta ae~~ ladores sáo, pela sua própria defini<;áo, naturais (existem como subdivisáo resulta de urna categoriza<;áo prévia das coisas, se· coisas, antes de serem interpretados). Os signos comemorativos gundo a qual estas sáo ou evidentes ou obscuras, e, neste último ca sáo: ou naturais (como o fumo é signo do fogo), sendo, nesse ~caso, caso, completamente obscuras, ou obscuras ero determinado monossémicos; ou entáo sáo convencionais, e neste caso momento, ou, ainda, obscuras por natureza. As duas primeiras &:e podem ser ou monossémicos (como as palavras) ou polissémicos cJ classes que daí resultam, a das coisas evidentes e a das coisas (como o archote aceso, que tanto pode anunciar a chegada dos completamente obscuras, nao fazem coro que o signo intervenha amigos como a dos inimigos). De resto, aqui está o texto de sáo as duas últimas que fazem intervir o signo, estando assim JfSextus: na base de duas espécies de signos: tl Ero resposta aqueles que tiram conclusóes sobre o signo As que sao obscuras por uro momento e as que sáo incertas ~ comemorativo e citam o caso do archote ou o dos sons do sino por natureza, podem entender-se pelos signos, mas náo pelos """' [que podem anunciar o início do mercado da carne ou a neces mesmos signos: as primeiras, por signos comemorativos (ou de sidade de regar os caminhos J, ternos de declarar que náo é lembran<;a), as segundas por signos reveladores (ou de indi paradoxal serem tais signos capazes de anunciar várias coisas ca<;áo). Chama-se signo comemorativo ao signo que, tendo sido ao mesmo tempo. Porque esses signos sáo determinados pelos observado manifestamente ao mesmo tempo que a coisa signi legisladores, e ternos o poder de os fazer revelar urna ou várias ficada, logo que o sentimos, por mais obscura que seja a coisa, coisas. Mas como o signo revelador é considerado como o que f¡¡.z_ coro ql,le nos lembremos daquilo que foi observado ao mesmo sugere sobretudo a coisa significada, ele deve necessariamente tempo que ele, mesmo que náo o sintamos manifestamente, como indicar urna única coisa (Contra, 200-210). acontece coro o fumo e o fogo. O signo revelador, segundo o que eles dizem, é aquele que náo foi observado manifesta mente ao mesmo tempo que a coisa significada, _mas que pela Esta crítica de Sextus náo é apenas interessante por teste sua própria natureza e constitui<;ao indica aquilo de que é signo, munhar a ideia de que o signo perfeito deve ter apenas um como os movimentos do carpo sáo o signo da alma (Esb01;os, sentido, ou a preferencia de Sextus pelos signos convencionais. II, X, 99-101). Vimos que a oposi<;áo natural-convencional se aplicava, até aí, a origem das palavras, e que era preciso optar por urna ou por Outros exemplos destas espécies de signos: comemorativos: outra solu~áo (ou por uro compromisso entre as duas). Sextus a cicatriz é signo da ferida, a pum;áo do cora<;áo é signo da aplica-a aos signos em geral (de que as palavras sáo apenas morte; reveladores: os suores sáo signo dos póros da pele. uro caso particular) e, além disso, concebe a existencia simul Esta distin~áo náo parece pór ero jogo a estrutura pro tanea de urna e de outra espécie de signos, naturais e con priamente semiótica dos signos e apenas levanta uro problema vencionais; a difere~a é capital. Por tudo isto, tero os requisitos 25 ~ ~ ---