~ : o g o A ORIGEM DOS DEUSES D O ESTUDO E TRADUÇÃO a a T orra no I c t H m íjn j£|>DÓ l F N Copyrighted mat;rial Hesíodo TEOGONIA Λ ORIGEM DOS DEUSES edição revisada e acrescida do original grego Estudo e tradução Jaa Torrano ILUMI/jllRAS Copyrighted material Biblioteca Pólen dirigida por Rubens Rodrigues Torres Filho e Márcio Suzuki Título original Theogonía Copyright © 1991 da tradução Jaa Torrano Copyright © desta edição Editora Iluminuras Ltda. Projeto gráfico da coleção e capa Fê Estúdio A Garatuja Amarela sobre estátua de Afrodite (c. 150 a.C.), mármore [2,04 m], Louvre, Paris. Revisão Jaa Torrano e Ariadne Escobar Branco DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP) (Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil) Hesíodo Teogonia : a origem dos deuses / Hesíodo ; estudo e tradução Jaa Torrano. — 7. ed. — São Paulo : Iluminuras, 2007. — (Biblioteca Pólen / dirigida por Rubens Rodrigues Torres Filho) Título original : Teogonia : a origem dos deuses “Ed. rev. e acrescida do original grego.” Bibliografia ISBN 85-7321-230-6 1. Hesíodo. Teogonia 2. Poesia grega — História e crítica I. Torrano, Jaa. II. Torres Filho, Rubens III. Título IV. Série 06-5848 CDD-881 índices para catálogo sistemático 1. Poesia grega clássica 881 2007 EDITORA ILUMINURAS LTDA. Rua Inácio Pereira da Rocha, 389 - 05432-011 - São Paulo - SP - Brasil Tel: (11)3031-6161 / Fax: (11)3031-4989 [email protected] www.iluminuras.com.br Copyrighted material SUMÁRIO Dedicatória... 9 O MUNDO COMO FUNÇÀO DE MUSAS I. Discurso sobre uma Canção Numinosa_________________ 13 II. Ouvir Ver Viver a Canção_____________________________ 15 III. Musas e Ser.................................................................................. 21 IV. Musas e Poder............................................................................. 29 V. A Quádrupla Origem da Totalidade___________________ 38 VI. Três fases e três linhagens........................................................ 47 VII. Memória e M oira..................................................................... 66 VIII. A temporalidade da Presença Absoluta............................ 79 IX. A presença do Nume-Nome................................................... 89 Epílogo.................................................................................................. 95 TEOGONIA - A ORIGEM DOS DEUSES Nota Editorial___________________________________________ 101 ΘΕΟΓΟΝΙΑ_____________________________________________ 102 TEOGONIA_____________________________________________103 [Proêmio: hino às Musas] ______________ _____.... ________ 103 [Os Deuses primordiais] __________________________________ 109 [.História do Céu e de Crono|........... 111 [05 filhos da Noite]_________ 113 [A linhagem do Mar] ...................... 115 [A linhagem do Céu]_____________ 121 [Hino a Hécate]__________________________________________ 123 [Q nascimento de Zeus]___________________________________127 História de Prometeu]____________________________________129 [A Titanomaquia]__________________________ _________— 135 [Descrição do Tártaro]______________ 141 [A luta contra Tifeu]______________________________________147 [Os Deuses Olímpios] ............................ 149 BIBLIOGRAFIA................................ 158 Copyrighted material Somente há chave que dê o sentido do símbolo para quem compreende a simbólica mítica. Somente há via que conduza ao sentido sagrado do símbolo para quem vive a simbólica iniciática. BERTEAUX, Raoul. La Voie symbolique. Paris: Lauzeray, 1978, p. 61. Copyrighted material TEOGONIA A ORIGEM DOS DEUSES Copyrighted material DEDICATÓRIA Quando Heráclito viu perfeito o seu livrinho, depositou-o no templo de Ártemis Senhora das Feras, a Deusa de muitos úberes. Agora que vejo concluído o meu, a Deusa não tem mais templos, nem as feras têm Senhora, nem as feras são mais ferozes, ainda que sejam piores: contagiosas, poluentes. Como Heráclito pôs em seu livrinho os aforismas de sua Sabedoria Arcaica, tentei pôr neste meu as dicas das visões que vi e da Senda que tenho trilhado c pela qual penso alcançar o télos de meu Destino. Outros já passaram por esta Senda; por isso a novidade de tudo o que eu digo de novo está na força da repetição. A força do Sábio está em saber dizer o já dito com o mesmo vigor com que foi dito pela primeira vez. Evocada ou não, contemplada ou sem templo, a Deusa Mãe está presente e nos nutre. As feras, ainda que tenham perdido a inocência e a natural crueldade, são sempre as suas crias. Tão perverso como as ex-feras minhas contemporâneas, de cujo convívio não poderei me apartar senão quando me sentir próximo do fim de meus dias, vivo nos últimos anos desta Idade de Ferro preditos por Hesíodo - e confio este meu livrinho aos que tiverem prazer em falar e ouvir falar dos Deuses sempre vivos, e aos que com Eles vivem. Copyrighted material O MUNDO COMO FUNÇÃO DE MUSAS Jaa Torrano Copyrighted material I. DISCURSO SOBRE UMA CANÇÃO NUMINOSA O que se lerá neste livro é um discurso sobre o nefando e sobre o inefável, i.e., um discurso sobre a experiência do Sagrado, um discurso sobre o que não deve e não pode ser dito, quer por ser motivo do mais desgraçoso horror (o Nefando), quer por ser motivo e objeto da mais sublime vivência (o Inefável). Portanto, o trabalho aqui apresentado (con)centra-se num problema metodológico insolúvel, já que este trabalho se propõe a executar o inexeqüível, ou seja: se propõe como um discurso sobre a experiência do Sagrado. Se essa experiência for apreendida e compreendida (talvez fosse mais adequado dizer não com-preendida, mas con-vivida) em seu mais próprio sentido e vigor, — então este discurso que se propõe apresentá-la deve necessariamente frustrar-se enquanto discurso. Um discurso que se propõe dizer com rigor a essência do que em seu vigor é indizível (nefando e/ou inefável) não pode cumprir-se a rigor. Se ele se fizer como um discurso rigoroso, ele deverá para isso falsificar a apresentação de seu objeto e, portanto, ele deverá, para ser rigoroso, ser também falso. Este discurso, portanto, mais do que se resignar a seu próprio fracasso — já que tem por escopo realizar a impossibilidade enquanto ela vigora como impossibilidade — deverá programar o seu próprio fracasso e deverá, na avaliação que fizer de sua própria eficiência e efetividade, estar atento a que só pode computar como êxito e consecução do objeto perseguido os seus momentos de fracasso, momentos nos quais não atingiu o objeto ao qual perseguia. Mas o Sagrado (ou melhor: o Numinoso), sobre o qual este trabalho propõe-se constituir um discurso, é uma qualificação especial a que podem servir de suporte determinados objetos. Se esta qualificação especial constituída pelo Numinoso é que é indizível (e, por conseqüência, a especial qualidade da experiência humana desta qualificação constituída pelo Numinoso), — não é absolutamente indizível o objeto que suporta a qualificação de numinoso; esse objeto pode ser dito, descrito e definido. — Por conseguinte, além de se propor a consecução do que não se deve (porque não se pode) conseguir (i.e., dizer o indizível), este trabalho 13 Copyrighted material se propõe apresentar, por meio de uma descrição, determinados objetos enquanto suportes desta inexprimível qualificação que é o numinoso. Assim, este trabalho se propõe descrever a linguagem enquanto objeto de uma experiência numinosa arcaica. Esta experiência da linguagem está profunda e inextricavelmente ligada a uma certa concepção arcaica da linguagem, a uma certa concepção arcaica de tempo, a uma certa concepção arcaica de Ser e de Verdade. O objetivo a que se programa este trabalho é, além de seu próprio fracasso (entendido como a mais adequada medida para o seu êxito), descrever como foi vivida e apresentada na Teogonia hesiódica a complexão das concepções arcaicas de linguagem, de tempo, de Ser e de Verdade. A linguagem é, neste caso, a linguagem do aedo, i.e., a canção — uma canção que ao mesmo tempo é veículo de uma concepção do mundo e suporte de uma experiência numinosa. 14 Copyrighted material
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