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Teatro completo PDF

117 Pages·1996·30.139 MB·Portuguese
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Berto)! Brecht II TeatroCompleto Baal Tambores na noite O casamento do pequeno-burguês O mendigo ou o cachorro morto Ele expulsa um diabo Luz nas trevas A pescaria ffi PAZ ETERRA 2.3 Edição BERTOLT BRECHT Direção Fernando Peixoto TEATRO COMPLETO em 12 Volumes 2.8 Edição ffi PAZ ETERRA Copyrigbt by Suhrkamp Verlag, 1953 Baal / Tambores na Noite Stefan S. Brecht, 1966 Todos os direitos de O casamento do pequeno-burguês / ' O mendigo ou O cachorro morto / Ele expulsa um diabo / Luz nas trevas / A pescaria reservados para Suhrkamp Verlag BERTOLT BRECHT Título dos originais em alemão Baal, Trommeln in der Nacht, Die Kleinbürgerhochzeit, Der Bettler order TEATRO COMPLETO Der tote Hund, Er treibt einen Teufel aus, Lux in Tenebris e Der Fischzug, in: Gesammelte Werke in 20 Banden, Werkausgabe Edition Suhrkamp, em 12 Volumes Frankfurt am Main Coordenação geral WolfgangBader / Fernando Peixoto Revisão dos textos Lya Luft / Wolfgang Bader Capa Isabel Carbalho Revisão Jorge Ariovaldo de Jesus / Maria Luiza Simões CIP-Brasil. Catalogação-na-fonte. Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. Brecht, Bertolt, 1898-1956. B84lb Bertolt Brecht, teatro completo em 12 volumes / Bertolt 12V Brecht; tradução Fernando Peixoto,Willi Bolle,Geir Campos. - Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1986. 12v. (Teatro, v. 9) Tradução de: BertoIt Brecht: Gesammelte Werke in 20 BAAL(1918-1919) Banden. Tradução de Mareio Aurélio e Willi Bolle I. Teatro alemão - I. Peixoto, Fernando II. Bolle, Willi III. Campos, Geir IV. Título V. Série. TAMBORES NA NOITE (1919) 86-0691 COO-832 Tradução de Fernando Peixoto O CASAMENTO DO PEQUENO-BURGUÊS(1919) Direitos adquiridos pela Tradução de Luis Antônio Martinez Corrêa EDITORA PAZ E TERRA S/A com a colaboração de Wilma Rodrigues Rua do Triunfo, 177 O MENDIGO OU O CACHORRO MORTO (1919) Santa Efigênia, São Paulo, SP Te!.: 223-6522 Tradução de Fernando Peixoto ELEEXPULSA UM DIABO (1919) Tradução de ErlonJosé Paschoal LUZNAS TREVAS (1919) Tradução de Geir Campos 1996 A PESCARIA (1919) Tradução de ErlonJosé Paschoal Impresso no Brasil / Printed in Brazil . " Indice Prefácio ................................................. 9 Baal 11 >• • • • ••• •••• • • •• • • • • • • • • • • • • • • •• • •• • • • •• Tamboresna noite 75 Ocasamentodo pequeno-burguês........................... 129 Omendigoou Ocachorro morto _. 163 Eleexpulsaum diabo ,......... 173 Luznastrevas ................... 191 Apescaria .............................................. 213 7 r Prefácio Berrolt Brecht morreu no dia 14 de agosto de 1956, mas sua obra conti nua vivaem todasaspartes do mundo. Para comemorarostrintaanos da morte de um dos maiores autores teatrais do século XX, a Editora Paz eTerra, que neste mesmo ano de 1986comemora vinte anos de existên cia, lança o teatro completo de Brecht em 12 volumes, traduzido para o português. Brecht pertence aos autores estrangeiros mais encenados no país. Desde 1958,anoem que ogrupoTeatroPopularde Arte montou" AAlmaBoa de Setsuan" no Teatro Maria Della Costa em São Paulo, apresentando assim, pela primeira vez e com muito sucesso, uma peça do autor no Brasil, Brechtestá semprepresente nos palcos brasileiros. Alista dasdife rentes encenações registradas no Instituto Nacional de Artes Cênicas, (lNACEN,Rio deJaneiro), chega,sem sercompleta, aum número supe riora 120,abrangendo quase dois terços das cinqüenta peças,adaptações e fragmentos que Brecht escreveu ao longo de sua vida - um balanço impressionante que inclui também um grande número de traduções. Apresenteediçãodo teatrocompletode Brecht, cujos volumesvãoapare cersucessivamente em breve, nasceu de uma revisão crítica das traduções existentes. Elaaproveitaosvaliosos trabalhos jáfeitos,eoscompletacom novas traduções. O principal objetivo é o de fornecer, aos interessados, um texto confiável de todas as peças de Brecht em língua portuguesa, mantendo sempre os seguintes princípios: 1)Todasaspeças vão sertraduzidas fielmente do originalalemãoapartir da edição padrão das obras completas de Brecht, publicada em vinte volumes pela EditoraSuhrkamp,sem nenhumatentativade seadaptar ou nacionalizaro texto, mantendo-seaté mesmo osnomes alemães na forma original. 9 2) Contráriosàorganização da ediçãooriginal da EditoraSuhrkamp,que apresenta asobras de Brechtsegundo os diferentes gêneros aosquais pertencem (primeiro as peças originais, depois as adaptações, depois as peças de um ato, e finalmente os fragmentos), optamos por uma ordem rigorosamente cronológica, apresentando as peçasconforme a seqüência em que foram escritas. Só os fragmentos ficam fora dessa ordem e vão ser incluídos no último volume. 3)Notas do tradutor, esclarecimentos adicionais relativos a lugares, pessoas, contextos históricos,etc. que aparecem no texto, assimcomo outros elementos de acompanhamento editorial, serão reduzidos ao máximo, para não sobrecarregara fluidez da leitura, e para deixarao leitor ou, no casode uma encenação, ao diretor,o campo livrepara a própria criatividade. Baal 4) Quanto à tradução dasnumerosas poesiasecançõesincluídas notexto, tornar-se-á difícil chegar,emcadacaso,a um bom compromisso entre tradução fiel e representabilidade teatral. Portanto, o tradutorprivile giará, em alguns casos, a fidelidade ao texto original e em outros as exigências da representação teatral em língua portuguesa. Apresente edição é resultado de um trabalho coletivo,masque conserva o perfil individual de cada tradução. Rio deJaneiro, julho de 1986 Wolfgang Bader/Fernando Peixoto Baal Escritoem 1918/1919 Estréia: 8.12.1923em Leipzig Tradução: MareioAurélio e Willi Bolle 10 ao meu amigo George Pflanzelt PERSONAGENS: BAAL, poeta MECH, negociante por atacado e editor EMIUE, sua mulher DR.PILLER, crítico ]OHANNESSCHMIDT PSCHIERER, diretor de águas e esgotos UMMOÇO UMAJOVEM SENHORA ]OHANNA EKART LVISE, garçonete AsDUAS IRMÃS A DONADEPENSÃO SOPHIEBARGER O VAGABUNDO LupO MJURK A CANÇONETISTA UMPIANISTA O PASTOR BOLLEBOLL GoUGOU O VELHO MENDIGO MAJA, a mendiga AJOVEM WATZMANN UMACRIADA DOIS GUARDAS CARROCEIROS CAMPONESES LENHADORES 15 ... CORALDO GRANDEBAAL Quando do seio materno veio Baal, O céu já era grande e pálido e calmo, Jovem, belo, nu; um monstro-estranho céu, Como Baal o amou quando nasceu. Eo céu em gozo e dor permanecia Masdormia Baal beato, não o via Violeta noite, Baal de porre, bêbedo, de manhã, Baal sóbrio; o céu, pêssego. Pelos bares, hospitaise catedrais, Trota indiferente às coisassociais. Vejam só: mesmo cansado andando ao léu, Baal recolhe-se e, com ele, o céu. Eem meio ao turbilhão dos pecadores Deitava e rolava Baal tranqüilo e nu Eo céu, somente o céu, com suas cores, Poderoso a lhe cobrir o cu. Ea Grande Puta-Mundo, às gargalhadas, Como fazia com todos que esmagava Seentregava dando-lhe algum orgasmo Mas Baal não morria: observava. Quando Baal em volta via só defuntos Seu prazer se redobrava, era melhor Hâlugar, diz Baal, os homens não são muitos Há lugar no ventre da mulher. Quando uma mulher, diz Baal, se entrega toda Então nada mais tem; que ela se foda! Os homens que a cercam não são de nada .Já os filhos, Baal quer evitar. Cada vício tem a sua serventia E também, diz Baal, o homem que se vicia. Todo aquele que sabe o que quer os faz. Vícios, melhor dois, um édemais. 17 Jamais sejam preguiçosos, jamais frágeis, rio abaixo no Brasil. Sópara mim. Mas também posso editar seus Pois trepar, por Deus, é para as pessoas ágeis! poemas. Membros fortes e experiência que valha, EMILIE - O senhor mora num sótão? E a barriga, se é mole, atrapalha. BAAL comendo e bebendo - Klauckestrasse64. Baal espia os urubus sobrevoando MECH- Eu, na verdade, sou grosso demais par~ a poesia. Mas?.senhor Aguardando Baal-cadãverpara atacar tem um crânio igual a um homem do arquipélago da Malásia, que Quieto Baal simula a morte vez em quando tinhao hábitode sefazer chicotearparairparaotrabalho. Sótraba Urubus devora no jantar. lhava com os dentes à mostra. PSCHIERER - Senhoras e senhores. Confesso com franqueza que me Quando Baal no vale de lágrimas pasta comoveu e abalou encontrar tal homem em condições de vida tão Sob estrelas triturandoseucapim modestas. Os senhores sabem que descobri o nosso querido mes Se escasseia o pasto, Baal canta eseafasta tre em meu escritório como simples escriturário. Digo sem receio Para o bosque eterno, para dormir. que acho vergonhoso para a riossa cidade tê-lo deixado trabalhar por uns trocados. Uma personalidade desse quilate! Congratulo-.o, Quando o ventre escuro traz para baixo Baal, Sr. Mech, porquesua casaserá chamada de berço da fama mundial Nada importa mais, porque Baal está farto deste gênio. Sim, senhor, deste gênio. Asua saúde, Sr. Baal! E inda guarda nos seus olhos tanto céu BAAL faz um gesto de recusa; estácomendo. Que lhe sobra céu depois de morto. PILLER - Vou escrever um artigo a seu respeito. O Sr. me emprestaria Quando no ventre-terra apodreceu Baal seus manuscritos? Eu tenho a imprensa nas mãos. O céu inda era grande e calmo e pálido UMMOÇO - Como consegue essamalditaingenuidade, querido mestre? Jovem, belo, nu; um monstro-estranho céu, É uma ingenuidade homérica. Para mim, Homero é um autor ou Como Baal o amou quando era Baal. um grupo de autores muito cultos que trabalham com profundo prazer com a ingenuidade da epopêia popular. UMAJOVEM SENHORA - A mim lembra-me mais Walt Whitman. Maso SALA DEJANTAR senhor é muito mais importante. Éo que eu acho. Mech, Emilie Mech, Pscbierer, [obannes Schmidt, Dr. Pilier, Baal e OUTRO HOMEM - Na minha opinião, tem alguma coisa de Verhaeren. outrosconvidados vãoentrando por uma porta de dois batentes. PIllER - De Verlaine! De Verlaine! Até na fisionomia. Enão seesqueça do nosso Lombroso. MECH para Baal- Quer um pouco de vinho, Sr. Baal? Todos sesen BAAL - Um pouco mais de enguia, por favor. tam, Baalno lugarde honra. MECH - Gosta de comercaranguejos? Isto é cadáver de enguia. AJOVEM SENHORA - Mas o senhor tem a vantagem de ser muito mais indecente. PIllER para Mech - Alegra-me que os imortais poemas do Sr. Baal, que tive a honra de ler para vocês, sejam dignos do seu aplauso. JOHANNES - O senhor Baal canta seus poemas aos carroceiros, numa ParaBaal: O senhorprecisa publicarseus poemas. O Sr. Mechéum taberna perto do rio. verdadeiro mecenas.Aí o senhor poderá até abandonar o sótão em O MOÇO - Meu Deus, o senhor ultrapassa a todos. Os poetas existentes que vive. não chegam nem a seus pés. MECH - Compro madeirasde canela. Florestasinteirasde canelaflutuam OUTRO HOMEM - De qualquer modo, ele é uma esperança. 19 18

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