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TÁRCIO VANCIM DE AZEVEDO REINALDO ARENAS E HEBERTO PADILLA: memórias PDF

208 Pages·2015·0.62 MB·Portuguese
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TÁRCIO VANCIM DE AZEVEDO REINALDO ARENAS E HEBERTO PADILLA: memórias dissidentes à Revolução Cubana no ocaso do Socialismo Soviético FRANCA 2014 Tárcio Vancim de Azevedo (cid:2) (cid:2) REINALDO ARENAS E HEBERTO PADILLA: memórias dissidentes à Revolução Cubana no ocaso do Socialismo Soviético Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós- Graduação em História e Cultura Política do Departamento de História – Câmpus de Franca – da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”. Orientador: Prof. Dr. Marcos Sorrilha Pinheiro Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Câmpus de Franca Mestrado 2014 (cid:2) (cid:2) Azevedo, Tárcio Vancim de Reinaldo Arenas e Heberto Padilla : memórias dissidentes à Revolução Cubana no ocaso do Socialismo Soviético / Tárcio Vancim de Azevedo. – Franca : [s.n.], 2014 200 f. Dissertação (Mestrado em História). Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências Humanas e Sociais. Orientador: Marcos Sorrilha Pinheiro 1. Cuba – História – Revolução – 1959 – Narrativas pessoais . 2. Autoritarismo. 3. Memória autobiográfica. I. Título. CDD – 972.91064(cid:2) (cid:2) (cid:2) Agradecimentos Dedico este primeiro e mais longo parágrafo a meu amigo e orientador Prof. Dr. Marcos Sorrilha Pinheiro, pois foi ele que tornou possível a realização desta pesquisa. Sua inexplicável confiança de que eu daria conta de chegar a algum lugar em meio às minhas confusas primeiras ideias esboçadas na fase de elaboração do projeto foram o suporte que precisava para manter-me seguro mesmo diante dos percalços. Seus apontamentos ajustaram o texto e indicaram atalhos, fazendo que sua capacidade de síntese balanceasse minha enorme dificuldade em ser sucinto. Agradeço-o, também, por ser este grande proseador com quem tive a honra de dialogar em tantas ocasiões. À sua família, à sua esposa Claudinha e aos filhos (ao Nico e ao filhote que chega logo logo), deixo todo meu afeto. A meus baguás amigos Ribeirão-Pretanos, pois foi junto deles que comecei a aguçar meu gosto por estudar História e a interessar-me por política. Lá atrás, na Feira de Ciências de 1997, no começo do nosso Ensino Médio, dedicamo-nos como adolescentes curiosos a pensar nos malefícios das ditaduras para a História da América Latina e, ali, aprendemos o valor da fraternidade e da democracia para convivermos em tantas comemorações. Estarmos distantes é apenas um outro modo de estarmos juntos, e vocês também estão aqui comigo neste meu trabalho. A todos que moraram no apê da Deputado Lacerda Franco, em especial ao Digão, ao Cássio e ao Áureo. Fizemos dali o cafofo mais lúdico e aconchegante da cidade. A meus amigos de graduação, estes irmãos que Sampa me deu, Fernando Seliprandy, Renato Prelorentzou, Guilherme de Paula Costa Santos, João Paulo Marão e este querido novo agregado Fábio de Souza. Devo-lhes grande parte de minha formação intelectual, mas muito mais importante do que isto, a agradável companhia de vocês vem sempre para agraciar e deixar confortável a aridez da concretude paulistana. Agradeço ao Fernando e ao Renato, outra vez, pelas indicações bibliográficas. À trupe do vinil, pelas festas, pela cantoria e pela dança desajeitada que arejaram os momentos corridos do dia a dia. A todos os meus amigos professores da Fundação Bradesco, com quem divido uma sala de professores onde a solidariedade nos abraça e contribui para que nosso dever de (cid:2) (cid:2) educar seja realizado com maior coesão e leveza. A todos aqueles que são ou já foram meus alunos, por serem um dos significados mais bonitos de minha existência. A minha querida amiga Renata Perche Menezes, esta pessoa doce e sensível que sabe melhor que ninguém apreciar o samba do Paulinho da Viola. Agradeço-a por ter me ajudado a escrever o Abstract desta Dissertação e por ser amiga de toda hora. A meu amigo Rodolfo Moi de Oliveira, pessoa que me ajudou em inúmeras situações distintas a pensar esta pesquisa. Agradeço-o por ser esta pessoa indispensável, interlocutor para todos os assuntos. The answer, my friend, is blowin’in the wind. A meu irmão Túlio, com quem aprendi a amar na diferença, ou melhor, com quem aprendi a amar nossas diferenças. A minha cunhada Gislaine, a Gi, a parte mais sensata e terna da família. A meus sobrinhos, Lucas e Diego, estas luzes que irradiam felicidade para nós. A minha mãe Helena, minha primeira pessoa, com quem aprendi o poder do abraço. A meu pai Nelson, minha maior inspiração. Com ele aprendi a gostar de livros e dele herdei a curiosidade em desbravar o mundo. A Mariane Graciano, pelo tempo sublime passado juntos e por tudo o que há de vir. Querer estar contigo é uma das poucas certezas que carrego na vida. (cid:2) (cid:2) Resumo: Os intelectuais cubanos Reinaldo Arenas e Heberto Padilla engajaram-se na defesa da Revolução Cubana em 1959, mas a desilusão com o autoritarismo do governo revolucionário de Fidel Castro fez com que ambos gradualmente abandonassem o apoio ao regime até se tornarem dissidentes. Exilados em 1980, escreveram seus relatos autobiográficos como denúncia contra a violência revolucionária e como manifesto pela redemocratização cubana. Neste sentido, as obras analisadas Antes que Anochezca de Arenas e La Mala Memoria de Padilla oferecem pistas para se pensar sobre a existência de uma crítica de esquerda ao Castrismo neste contexto marcado pelo ocaso do socialismo soviético. Palavras-Chave: Revolução Cubana, Revolta, memória, intelectuais, esquerda, dissidência, política, Castrismo. Abstract: The Cuban intellectuals Reinaldo Arenas and Hebert Padilla engaged in the Cuban Revolution defense in 1959, however, disillusioned with the authoritarianism of the revolutionary government established by Fidel Castro, both of them gradually abandoned the support to the regime, becoming dissidents. Exiled in 1980, they wrote their autobiographical narratives as a way to denounce the violence used by the revolucionaries and as a manifesto for the redemocratization of Cuba. In this sense, the works analysed, Antes que Anochezca by Arenas and La Mala Memoria by Padilla, provide clues to reflect upon the existence of a left- wing critique to Castroism in a context marked by the sunset of the Soviet socialism. Keywords: Cuban Revolution, Insurgency, memory, intellectuals, left-wing politics, dissidence, politics, Castroism. (cid:2) (cid:2) SUMÁRIO 1. Introdução – Aporte teórico-metodológico para uma leitura comparada entre as autobiografias de Arenas e Padilla................................................................. 1 2. Capítulo 1 – Arenas, a memória rebelde …………………………………… 23 1.1 - Arenas em seu tempo ............................................................................... 30 1.2 - A formação de literato ............................................................................. 43 1.3 - A liberdade sexual contra a ditadura ou Sobre como a homossexualidade teria incomodado o regime ............................................. 52 1.4 - O Anti-Castrismo de Arenas: a anti-história e o anticomunismo autobiografados ............................................................................................... 63 1.5 - Nem de esquerda, nem de direita .......................................................... 84 1.6 - À guisa de conclusão ............................................................................... 87 3. Capítulo 2 - La Mala Memoria de Heberto Padilla: memória cifrada ......... 89 2.1 As rememorações de Padilla acerca de Fidel Castro antes de 1959 ...... 96 2.2 O ingresso de Padilla na Revolução ........................................................ 114 2.2.1 Heberto Padilla a caminho de Cuba ................................................. 114 2.2.2 Dissensos no governo revolucionário: as críticas de Marinello, Franqui e Mora ......................................................................................................... 118 2.3 A passagem de Padilla pela URSS: de revolucionário desiludido a Homem Revoltado ......................................................................................................... 130 2.3.1 Heberto Padilla na União Soviética: das contradições entre o degelo da era Kruschev e a censura, as (in)apropriadas comparações entre a História da Revolução Russa e a História da Revolução Cubana ................................ 130 2.3.2 Outros modelos: os exemplos da socialdemocracia nórdica e do governo de Ben Bella na Argélia .............................................................................. 136 2.3.3 Padilla lê Camus: a formação do poeta cubano revoltado ............ 140 2.4 Escritor revoltado: das contendas literárias ao encarceramento ....... 149 2.4.1 Um pouco burocrata, um pouco escritor .......................................... 149 2.4.2 Conflito aberto: a crítica literária de Padilla a Pasión de Urbino ... 153 2.4.3 Segunda etapa de uma mesma contenda: Fuera del juego ............... 161 2.4.4 Entre 1968 e 1971: Padilla vigiado .................................................. 164 2.5 O encarceramento e a autoconfissão de Heberto Padilla .................... 168 2.5.1 Lembranças dos interrogatórios e da tortura ................................... 168 (cid:2) (cid:2) 2.5.2 Padilla encena seu espetáculo de autoconfissão .............................. 173 2.6 A reclusão, o monólogo e a partida ..................................................... 183 2.7 Atando as pontas: conclusões sobre o anti-dogmatismo de Heberto Padilla ............................................................................................................ 178 3. Conclusão: O que há de (dis)semelhante nas memórias dissidentes de Reinaldo Arenas e Heberto Padilla? .................................................................. 187 4. Bibliografia …………………………………………………………………… 195 (cid:2) (cid:2) Introdução – Aporte teórico-metodológico para uma leitura comparada entre as autobiografias de Arenas e Padilla “(...) para formular corretamente os problemas, para até mesmo fazer uma ideia deles, uma primeira condição teve que ser cumprida: observar, analisar a paisagem de hoje”1. Dado o uso recorrente, algumas proposições teórico-metodológicas formuladas em especial pela 1ª geração da Revista dos Annales são usadas na atualidade como uma espécie de caixa de axiomas, à qual o historiador recorre para fundamentar e legitimar sua escrita. É de fato possível afirmar que algumas das teses anti-positivistas elaboradas e divulgadas por Bloch e Febvre a partir da passagem dos anos 1920 aos anos 1930 estão incorporadas ao linguajar da historiografia de agora. A convicção da escola metódica de Langlois e Seignobos de que é possível executar um estudo absolutamente objetivo toda vez que a documentação manejada pelo historiador estiver submetida a um rígido escopo metodológico caiu em desuso, substituída pela afirmação de que traços de subjetividade inevitavelmente aparecem em toda e qualquer pesquisa, sendo que a descrença na construção de verdades absolutas deslocou as aspirações do pesquisador pela busca das verdades possíveis dentro de cada processo investigativo2. Como desenvolvimento destas ideias, Bloch elaborou a ideia de História regressiva no ano de 1941 em meio ao cárcere nazista, já que para o autor desta Apologia da História, as problemáticas sugeridas pelos historiadores ou o modo de inquirir o passado estão inevitavelmente vinculados a questões de seu tempo: o historiador posiciona-se da perspectiva do presente (ou do passado recente) para observar o passado. A citação que inicia este texto serve ao intuito de inserir este trabalho entre as discussões atuais acerca do socialismo cubano como modo de refletir sobre o papel do intelectual na atuação política. A atualidade de uma História que persegue uma compreensão ampliada do socialismo cubano não decorre exclusivamente da permanência do Castrismo no poder do país, mas também pela importância que os rumos do regime continuam tendo na reformulação das culturas políticas latino-americanas, em especial entre aqueles grupos cujo discurso e práxis (cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2) 1 BLOCH, Marc Leopold Benjamin. Apologia da história, ou, O ofício do historiador. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. 2001 – pg. 67. 2 As divergências entre a Escola Metódica e a Revista dos Annales são analisadas em DOSSE, François. A História em Migalhas. São Paulo: Edusc, 2003.(cid:2) (cid:2) (cid:3) (cid:2) (cid:2) (cid:2) sejam pautados por paradigmas socioeconômicos alternativos ao capitalismo e que aliem a defesa por uma melhor distribuição de renda com democracia. Florestan Fernandes notara que os choques sísmicos gerados a partir da Revolução de 1959 se fizeram sentir por todo o continente americano desde o seu triunfo, mobilizando de um lado o estreitamento dos laços de colaboração entre a política oficial dos Estados Unidos e as camadas dominantes conservadoras nos países ibero-americanos e de outro lado implicou em revisões estratégicas dentre os grupos de esquerda e na disseminação de movimentos guerrilheiros em vários pontos da América ao sul do Rio Grande. Ao abalar “o equilíbrio do sistema transnacional de poder nas Américas”3, a Revolução alterava os ânimos dos sujeitos de ação política mais engajada, pois o medo tornara-se um espectro a rondar o imaginário dos contrarrevolucionários, empurrando-os a uma posição defensiva, enquanto a esperança de que novas Cubas irromperiam encorajava “opções inconformistas diante da mudança social de cunho especificamente revolucionário”4. Como se pode perceber, ainda em seus primórdios o Castrismo deixava de ser um fenômeno circunscrito aos limites territoriais do arquipélago de Cuba para ganhar dimensões continentais. Esta amplitude macrorregional não se perdeu com o passar dos anos, contudo o debate sobre os (des)caminhos do governo dos irmãos Castro, despido das exaltações características de outrora, parece encontrar mais vozes de esquerda5 dispostas a veicular críticas pontuais às manifestações autoritárias6 do regime que teimam em aparecer. Para estas vozes, o envelhecimento dos líderes revolucionários traz consigo o envelhecimento do regime, restando após a degenerescência dos ideais originários um autoritarismo que trata como inimigos àqueles que descreem da infalibilidade do chefe, estratégia que tem até aqui se mostrado eficiente para minimizar a importância da crítica direcionada ao governo. Este cenário de hoje, menos afeito às clivagens dicotômicas, tem também implicado numa ampliação das possíveis abordagens da História da Revolução Cubana pela pesquisa acadêmica brasileira. Dentre as indagações postas de modo mais recorrente na atualidade, são significativos os trabalhos que intentam explicitar as razões para a crescente concentração de poderes nas (cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2)(cid:2) 3 FERNANDES, Florestan. Da guerrilha ao socialismo: a revolução cubana. São Paulo: T. A. Queiroz, 1979 – pg. 4. 4 Idem, pg. 5. 5 O jornalista Eugênio Bucci e o filósofo Vladimir Safatle, dois nomes ligados à esquerda brasileira, produziram artigos com avaliação negativa sobre o atual estado do socialismo cubano. SAFATLE, Vladimir. E Cuba? Folha de São Paulo, São Paulo, p-A2, 08 fev. 2011 e BUCCI, Eugenio. O fundamentalismo do Estado cubano. O Estado de São Paulo, São Paulo, 21 abr. 2011. 6 As recorrentes negativas do governo cubano à concessão de visto para a bloggeira Yoani Sanches e a detenção do dissidente Guillermo Farinas são exemplos de medidas autoritárias que continuam sendo tomadas.(cid:2) (cid:2) (cid:4) (cid:2) (cid:2) (cid:2)

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Berlitz de Nova York poderia falar das nebulosidades políticas que .. colaboradores do governo Batista e funcionava como intercessor de Fidel para
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