UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO – UFPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA CURSO DE MESTRADO BRUNO ROBSON DE BARROS CARVALHO “TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?” REPERTÓRIOS SOBRE TRAVESTILIDADE, EM CONTEXTOS DE CRIMINALIDADE, POR JORNAIS DE PERNAMBUCO. Programa de Pós-graduação em Psicologia - UFPE Centro de Filosofia e Ciências Humanas, 9º andar - Recife/PE RECIFE/PE CEP 50670-901 Fone: (81) 2126 8730 2014 www.ufpe.br/ pospsicologia Bruno Robson de Barros Carvalho “TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?” Repertórios sobre travestilidade, em contextos de criminalidade, por jornais de Pernambuco. Dissertação apresentada pelo mestrando Bruno Robson de Barros Carvalho ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-Graduação em Psicologia da Universidade Federal de Pernambuco, como requisito parcial para obtenção do Grau de Mestre em Psicologia. Orientador: Prof. Dr. Benedito Medrado RECIFE/PE 2014 Catalogação na fonte Bibliotecária Divonete Tenório Ferraz Gominho, CRB4-985 C331t Carvalho, Bruno Robson de Barros. “Tá pensando que travesti é bagunça?”: repertórios sobre travestilidade, em contextos de criminalidade, por jornais de Pernambuco / Bruno Robson de Barros Carvalho. – Recife: O autor, 2014. 126 f. il. ; 30 cm. Orientador: Prof. Dr. Benedito Medrado. Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de Pernambuco. CFCH. Pós-Graduação em Psicologia, 2014. Inclui referência e anexos. 1. Psicologia. 2. Travestis. 3. Travestismo. 4. Mídia - Jornais. (Orientador). II. Título. 150 CDD (23.ed.) UFPE (BCFCH2014-16) UNIVERSIDADE FEDERAL DE PERNAMBUCO CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA CURSO DE MESTRADO “TÁ PENSANDO QUE TRAVESTI É BAGUNÇA?” Repertórios sobre travestilidade, em contextos de criminalidade, por jornais de Pernambuco. Aprovada em 26/02/2014 Comissão Examinadora: Prof. Dr. Benedito Medrado Dantas 1° Examinador/Presidente Profª. Drª. Luciana Maria Ribeiro de Oliveira 2° Examinador Prof. Dr. Jorge Luiz Cardoso Lyra da Fonseca 3° Examinador RECIFE/PE 2014 Dedicatória A todos e todas, que subvertem normas que tornam a vida mais pesada. AGRADECIMENTOS O momento de finalizar o mestrado é permeado de sentimentos. Medos e desejos coexistem em mim. Poucas certezas e muitas vontades. Por isso mesmo, é que se mostra tão importante agradecer. Foi Vinicius de Moraes quem disse que devemos agradecer aqueles que conferem beleza, presença, ajuda, sorrisos e, inclusive, aqueles que nos viram ao avesso. Contudo, salienta o poeta, todas estas ações não possuem preço. É pensando nisso que agradeço a estas pessoas. Agradeço... À minha mãe, Maricélia, pela vida, pelos ensinamentos e pela disponibilidade em estar junto, mesmo quando distantes. Agradeço por nunca me deixar acreditar que eu estava sozinho, que não tinha um lugar, que não conseguiria. Agradeço pelo investimento afetivo e contínuo. Ao Benedito, pelo encontro. Reconheço aqui sua habilidade em me virar ao avesso, em me realizar convites, a princípio, assustadores. Reconheço também sua paciência para lidar comigo, um orientando irônico e ansioso por demais. Mais ainda, agradeço por estar comigo durante estes dois anos, apontando falhas e caminhos, mas sem nunca desacreditar que eu conseguiria. À Ana Valéria, pela irmandade. Foi um contato pelo Facebook, que resultou num encontro para comer cachorro-quente e que ecoa até hoje. Sem este encontro teria sido mais difícil realizar este mestrado. Foi com Val que chorei, ri, xinguei. Foi com ela que vivi alguns dos melhores e piores momentos dos últimos dois anos. À Fernanda Sattva, por ter sido a primeira. Por mesmo dando o truque da galinha morta, ser sempre viva! Estando perto, abrindo as portas de sua casa, de sua vida. Por ter ido me conhecer, quando ninguém conhecia. Ao Rafael, pelos momentos de felicidade e amor. Por, em nosso encontro, ter me mostrado sentimentos que eu nem sabia que tinha. É preciso reconhecer o que houve de belo, visto que na vida tendemos a só nos lembrar dos maus momentos. O doce e o amargo de nosso encontro, tão distintos e tão misturados ao mesmo tempo. À Pagu, pela riqueza. À primeira vista me assustou, à segunda aterrorizou. Mas, me presenteou com um dos maiores aprendizados que tive até hoje: é pelos defeitos que escolhemos quem amamos e queremos compartilhar a vida. À Maríllia Torres, pelas risadas. Pessoa mais engraçada e com conversas descontraídas não há. Tornou nossos encontros sempre divertidos, musicais, coreografados e travestilizados. Ao Marcio, pelos ensinamentos. Não existiria a ligação Bruno-mestrado-Recife se não fosse por esse amigo tão especial. Aprendi muito sobre amor, amizade e vida em nossas conversas e o observando. À Ju Mazza, pela solicitude. Cheguei como hóspede, continuei como temporário, fiquei como amigo Bruno e fui ficando e ficando, e vivendo, e dividindo, e vivendo mais e mais. Com Ju aprendi algo que pensei ser irreal ou mesmo impossível: a vida pode ser lúdica! A Bruno, Luiz e Ivaldo, “The Pretty Little Liars”. Amigos que ultrapassam limitações geográficas e mostram que quando existe sentimento, há presença onde quer que estejamos. E quando estamos juntos... RÁ! À Wellita, pela desconfiguração. Fomos nos chegando, nos chegando, e nos chegamos e em conversas rápidas, algumas trocas de ideias, escutas e falas certeiras. Com uma experiência que não é visível (mas a de ninguém é) me ensinou a saúde que existe em sair do sistema, em me desconfigurar para então me reconfigurar. À Suely Emília, por sua presença marcante ao longo de minha vida. Sempre com palavras de afeto e acolhimento. À Liza e Claudia, pela amizade duradoura. Mesmo após nos distanciarmos geograficamente, o afeto e amor continua nos unindo. Ao Lucas Sobreira, pela disponibilidade na produção do abstract. Ao GEMA, por possibilitar um crescimento acadêmico. Contudo, principalmente, pelas pessoas que dele fazem parte. Aida, Diego, Josimar, Lis, Luiz, Marianna, pelas trocas no grupo de Diversidade. Em especial a Fernanda Ximenes, por seu acolhimento, sua amizade e por amá-la fortemente; a Laís, por ser meu anjo no percurso dissertativo; e a Thaíssa, por sua ajuda em diversos momentos ao longo da dissertação e por momento inesquecíveis de descontração. À turma do mestrado, pelas trocas ao longo destes dois anos. À Nathália Diórgenes, por seu comprometimento. Vê-la militando e acreditando que a ciência é um caminho, foi belo e inspirador. Além disso, agradeço pelas longas partidas de uno, sempre divertidas e necessárias para não enlouquecermos. À Luciene e Rocio, pela morada afetuosa. Dividir casa com estas duas me serviu para confirmar que sou mais feliz em bando. Ter casa, tarefas, problemas, sonhos, desejos, se torna mais leve quando temos amigos para partilhá-los. Ao Jorge Lyra e a Luciana Ribeiro, pelo cuidado. Desde a qualificação me senti agraciado pela banca. Cuidadosos na fala e nas considerações. Obrigado! À FACEPE, pelo financiamento da pesquisa. “No silêncio profundo da certeza, ouso promover a bagunça barulhenta da contestação!” Edson Milton Ribeiro Paes RESUMO A presente pesquisa objetivou analisar a produção de modos de ser travestis, em contextos de criminalidade, pela mídia jornalística pernambucana. Os objetivos específicos foram: 1) identificar nomeações e posicionamentos de travestis nos jornais de Pernambuco e 2) refletir sobre como este tipo de produção discursiva constrói e reitera a travestilidade em zonas de abjeção. Visando dar conta dos objetivos, tomamos por base princípios e conceitos norteadores da Teoria Queer, especialmente no que se refere à “abjeção”. Do ponto de vista da psicologia social, nos baseamos nas contribuições do Construcionismo Social para o estudo das práticas discursivas e produção de sentidos no cotidiano. Este referencial teórico- metodológico orientou as análises produzidas sobre as notícias veiculadas em jornais. Como material empírico, trabalhamos com 33 notícias publicadas on-line pelos jornais de maior circulação na cidade do Recife, entre os anos de 1998 e 2012. Por meio da construção de mapas analíticos, agrupamos informações referentes a crimes, posições e nomeações sobre as travestis, veiculadas no material discursivo. Deparamo-nos com um escasso número de matérias sobre casos que envolvem travestis e pouca repercussão dos mesmos. Percebemos, ainda, nos textos um desconhecimento/desrespeito em relação ao debate e reivindicações do movimento de Travestis sobre a adoção da identidade de gênero feminina para se referir às travestis, uma vez que, os jornais recorrentemente informam os nomes de registro civil, masculinos. Como também, ao noticiarem casos de travestis assassinadas, essas matérias apresentam informações que efetivam um afastamento entre o leitor e a vítima e uma reafirmação da condição marginal das travestis, a partir de construções discursivas que tendem à culpabilização da vítima. Palavras-chave: Travestilidade; mídia; abjeção.
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