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Superando o racismo na escola PDF

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Kabengele Munanga Organizador SUPERANDO O RACISMO NA ESCOLA Presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva Ministro da Educação Tarso Genro Secretário-Executivo Fernando Haddad Secretário de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade Ricardo Henriques Kabengele Munanga Organizador SUPERANDO O RACISMO NA ESCOLA Brasília 2005 Edições MEC/BID/UNESCO Primeira Edição1999 Segunda Impressão 2000 Terceira Impressão 2001 Segunda Edição 2005 Departamento de Educação para Diversidade e Cidadania (cid:2) Armênio Bello Schmidt Coordenação-Geral de Diversidade e Inclusão Educacional (cid:2) Eliane Cavalleiro Coordenação editorial (cid:2) Maria Lúcia de Santana Braga e Ana Flávia Magalhães Pinto Revisão (cid:2) Lunde Braghini Diagramação (cid:2) Thiago Gonçalves da Silva Capa (cid:2) Tânia Anaya Equipe Técnica (cid:2) Ana Flávia Magalhães Pinto Denise Botelho Edileuza Penha de Souza Maria Lúcia de Santana Braga Tiragem (cid:2) 8.000 exemplares Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Superando o Racismo na escola. 2ª edição revisada / Kabengele Munanga, organizador. – [Brasília]: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade, 2005. 204p.: il. 1. Discriminação Racial. 2. Ideologia dos livros didáticos I. Munanga Kabengele. CDU 323.12 371.671.1 Secad – Secretaria de Educação Continuada, Alfabetizada e Diversidade SAGS 607, Lote 50, Sala 205 Brasília – DF Telefone: (61) 2104-6583 SUM˘RIO Prefácio à 1º edição.............................................................................................. 07 Paulo Renato Souza Prefácio à 2º impressão....................................................................................... 09 Fernando Henrique Cardoso Prefácio à 2º edição.............................................................................................. 11 Ricardo Henriques / Eliane Cavalleiro Apresentação.......................................................................................................... 15 Kabengele Munanga A Desconstrução da Discriminação no Livro Didático................................ 21 Ana Célia da Silva História e Conceitos Básicos sobre o Racismo e seus Derivados................ 39 Antônio Olímpio de SantÊAna O Direito à Diferença.......................................................................................... 69 Glória Moura Buscando Caminhos nas Tradições.................................................................. 83 Helena Theodoro Personagens Negros: Um Breve Perfil na Literatura Infanto-Juvenil....... 101 Heloisa Pires Lima Construindo a Auto-Estima da Criança Negra............................................ 117 Inaldete Pinheiro de Andrade As Artes e a Diversidade Étnico-Cultural na Escola Básica....................... 125 Maria José Lopes da Silva Educação e Relações Raciais: Refletindo sobre Algumas Estratégias de Atuação....................................................................................... 143 Nilma Lino Gomes Aprendizagem e Ensino das Africanidades Brasileiras................................ 155 Petronilha Beatriz Gonçalves e Silva A Geografia, a África e os Negros Brasileiros............................................... 173 Rafael Sanzio Araújo dos Anjos Racismo, Preconceito e Discriminação.......................................................... 185 Véra Neusa Lopes PREF˘CIO ¤ 1À EDIÇ‹O (1999) Paulo Renato Souza Ministro de Estado da Educação A formação cultural do Brasil se caracteriza pela fusão de etnias e culturas, pela contínua ocupação de diferentes regiões geográficas, pela diversidade de fisionomias e paisagens e também pela multiplicidade de visões sobre a miscigenação em sentido amplo, algumas ainda presas à desinformação e ao preconceito. Esse caldo de cultura muitas vezes gera atritos e conflitos em casa, na rua, no trabalho e na escola. Para preencher o vazio da desinformação e corrigir a distorção de valores que encerra, o Ministro da Educação publica este Superando o Racismo na Escola. Catorze professores foram escolhidos para escrever os textos da obra, cuja leitura possibilita a professores e alunos debaterem amplamente o assunto. Claro que o tema não se esgota aqui. Mas junto com outras realizações do Ministério, como vídeos e publicações da TV Escola, a obra é outro passo importante para a implantação eficaz das políticas educacionais. A idéia da publicação e seu aproveitamento em sala de aula está perfeitamente adequada à outra realização do Ministério: os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), que objetivam a melhoria de qualidade da educação pública. Pode-se dizer que o livro deriva dos Parâmetros. Adotados deste 1997, os PCN foram preparados pelo Ministério para orientar os professores das redes estaduais e municipais na montagem de currículos adequados às peculiaridades regionais e culturais do Brasil. A partir dos PCN, os docentes podem desenvolver em sala de aula temas que permitem formar o cidadão consciente, possibilitando ao aluno ampliar seu horizonte existencial, cultural e crítico por meio das próprias matérias regulares do currículo. A esse recurso pedagógico deu-se o nome de temas transversais. Enquanto aprendem História ou Geografia ou Português, por exemplo, os alunos receberão informações que alargam sua compreensão sobre temas como: Ética, Meio Ambiente, Pluralidade Cultural, Saúde e Orientação Sexual. Os critérios de escolha desses assuntos levaram em conta a urgência social, a abrangência nacional, a possibilidade de melhorar o 7 Paulo Renato Souza ensino e a aprendizagem e a contribuição que os estudos oferecem para o entendimento da realidade, de forma a encorajar a participação social. Editados e distribuídos às escolas pelo Ministério, os documentos que compõem os PCN foram preparados com a colaboração de inúmeros especialistas, instituições e entidades que desenvolvem estudos e pesquisas em Educação. E tiveram reconhecimento do Conselho Nacional de Educação, tornando-se em seguida objetivo de análise e debate em seminários e reuniões de professores e de dirigentes dos sistemas educacionais. Neste momento esses agentes trabalham para adequar os currículos à nova proposta. Através dos Parâmetros, os alunos são levados a compreender a cidadania enquanto participação social e política; a posicionar-se de modo crítico e construtivo; a conhecer características sociais, materiais e culturais do país; a identificar e valorizar a pluralidade cultural; a posicionar-se contra a discriminação cultural, social, religiosa, de gênero, de etnia, dentre outras. Os PCN permitem também ao estudante se perceber integrante e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e interações possíveis, contribuindo para melhorá-lo. Possibilitam ao aluno desenvolver a percepção de si, a confiança nas próprias capacidades e o sentido de preservação física e mental; a utilizar diferentes linguagens; a consultar diversas fontes de informação e a questionar a realidade, formulando problemas e soluções. Os temas transversais não são uma preocupação inédita do Brasil. A questão vinha sendo pensada e incorporada progressivamente ao ensino das ciências. Sua adoção era anunciada e se justifica plenamente porque, além dos benefícios evidentes à formação integral dos estudantes, dá flexibilidade ao currículo, algo vital na relação ensino-aprendizagem. 8 PREF˘CIO ¤ 2À IMPRESS‹O (2000) Fernando Henrique Cardoso Presidente da República Racismo e ignorância caminham sempre de mãos dadas. Os estereótipos e as idéias pré-concebidas vicejam se está ausente a informação, se falta o diálogo aberto, arejado, transparente. Não há preconceito racial que resista à luz do conhecimento e do estudo objetivo. Neste, como em tantos outros assuntos, o saber é o melhor remédio. Não era por acaso que o nazi-facismo queimava livros. Mas não é só por isso que o tema do racismo e da discriminação racial é importante para quem se preocupa coma a educação. É fundamental, também, que a elaboração dos currículos e materiais de ensino tenha em conta a diversidade de culturas e de memórias coletivas dos vários grupos étnicos que integram nossa sociedade. É obrigação do Estado a proteção das manifestações culturais das culturas populares, indígenas e afro-brasileiras, bem como dos demais grupos participantes de nosso processo civilizatório. Essa obrigação deve refletir-se também na educação. A educação é um direito de todos, e o Brasil de hoje, graças aos esforços realizados nos últimos anos, já está muito próximo de ter todas as suas crianças na escola. Isso é essencial para a construção de um Brasil mais justo. Mas não é suficiente. É preciso, ainda, que a educação tenha qualidade, que sirva para abrir os espíritos, não para fechá-los, que respeite e promova o respeito às diferenças culturais, que ajude a fortalecer nos corações e mentes de todos os brasileiros o ideal da igualdade de oportunidades. A linguagem é uma das manifestações mais próprias de uma cultura. Longe de ser apenas um veículo de comunicação objetiva, ela dá testemunho das experiências acumuladas por um povo, de sua memória coletiva, seus valores. A linguagem não é só denotação, é também conotação. Nos meandros das palavras, das formas usuais de expressão, até mesmo nas figuras de 9 Fernando Henrique Cardoso linguagem, freqüentemente alojam-se, insidiosos, o preconceito e a atitude discriminatória. Há palavras que fazem sofrer, porque se transformaram em códigos do ódio e da intolerância. A atenção a esse tipo de problema é necessariamente parte do programa de educação de qualquer povo que tenha, para si próprio, um projeto de justiça e de desenvolvimento social. A sociedade brasileira tem razões de sobra para se preocupar com essas questões. Nossa formação nacional tem, como característica peculiar, a convivência e a mescla de diversas etnias e diferenças culturais. Temos, em nossa história, a ignomínia da escravidão de africanos, que tantas marcas deixou em nossa memória e cuja herança é visível, ainda hoje, em uma situação na qual não somente se manifestam profundas desigualdades, mas o fazem, em larga medida, segundo linhas raciais – e eu próprio, como sociólogo, dediquei-me a estudar aspectos dessa herança social do regime escravocrata. Temos, ainda, em nosso passado, episódios graves de violações dos direitos das comunidades indígenas. É indispensável que os currículos e livros escolares estejam isentos de qualquer conteúdo racista ou de intolerância. Mais do que isso. É indispensável que reflitam, em sua plenitude, as contribuições dos diversos grupos étnicos para a formação da nação e da cultura brasileiras. Ignorar essas contribuições – ou não lhes dar o devido reconhecimento – é também uma forma de discriminação racial. A superação do racismo ainda presente em nossa sociedade é um imperativo. É uma necessidade moral e uma tarefa política de primeira grandeza. E a educação é um dos terrenos decisivos para que sejamos vitoriosos nesse esforço. 10

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