ebook img

Solid waste materials found on the beach of Santos – SP PDF

2015·0.44 MB·
Save to my drive
Quick download
Download
Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.

Preview Solid waste materials found on the beach of Santos – SP

N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella Os resíduos sólidos encontrados na praia de Santos– SP N Orlandi.¹; V. Arantes¹; W. Barrella². ¹ Alunas do Mestrado em Ecologia pela Universidade Santa Cecília – Santos – SP. ² Professor Doutor do Mestrado em Ecologia. Resumo A cidade de Santos, no litoral de São Paulo, apresenta uma praia urbanizada onde apenas a face praial está bem preservada, com presença de edificações, atividade comercial e turística intensa. Considerando que a maior parte da população mundial vive em zonas costeiras e há previsão de aumento desse processo de litorização humana, o ambiente costeiro deve ser preservado para que mantenhamos um meio ambiente marinho saudável. O presente artigo pretende expor as características e quantidade de materiais sólidos depositados na linha d’água da praia de Santos. A maior parte do material encontrado estava localizado nas regiões entre canais, incluindo resíduos, como embalagens plásticas e canudos, mas, principalmente, sementes de mangue, crustáceos e bolachas do mar mortas trazidas pela maré. Através desta analise conclui-se que estes resíduos têm origem na região interna do sistema estuarino de Santos-São Vicente, local onde há manguezais e ocupação de palafitas e bairros sem estrutura adequada de coleta de lixo. Palavras-chave: lixo marinho, zonas costeiras, materiais sólidos na praia. ______________________________________________________________________ Solid waste materials found on the beach of Santos –SP Abstract The city of Santos, on the coast of São Paulo, has an urban beach well preserved, with the presence of buildings, commercial activity and intensive tourism. Whereas most of the world population lives in coastal areas, the coastal environment should be preserved for us to maintain a healthy marine environment. This article aims to explain the characteristics and quantity of solid materials deposited on the waterline Beach Santos. Most of the material found was located in the regions between channels, including waste such as plastic bags and straws, but mainly mangrove seeds, dead crustaceans and sea biscuits brought by the tide. Through this analysis it is concluded that these residues come from the inner region of the estuarine system of Santos and São Vicente, where there are mangroves and occupation of stilts and neighborhoods without adequate garbage collection structure. Keywords: marine litter, coastal areas, solid materials on the beach. UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 83 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella Introdução Os problemas causados pelo acúmulo no ambiente marinho de resíduos sólidos, em especial plásticos e outros derivados do petróleo, preocupam cientistas e grupos ambientalistas de todo o mundo. Esse tipo de poluição afeta a estética das praias e ameaça a saúde de seus frequentadores. A presença desses materiais na costa e no mar traz prejuízos econômicos (gastos com limpeza e redução do turismo), riscos para a fauna marinha (mortes por aprisionamento, asfixia ou infecções), além de danos à pesca e à navegação (LAIST, 1987; DE ARAUJO, 2003). De acordo com o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro (PNGC II), a maior parte da população mundial vive em Zonas Costeiras, e há uma tendência permanente ao aumento da concentração demográfica nessas regiões. Verifica-se que, atualmente, cerca de dois terços das maiores cidades mundiais (com mais de 6 milhões de habitantes) se localizam em zonas costeiras. Constata-se, assim, que nos últimos dois séculos se verificou um intenso processo de litoralização das sociedades humanas (DIAS, 2009). Em consequência a esse adensamento demográfico o volume de lixo e descarte inadequado cresce nas áreas litorâneas, devemos então prezar a sustentabilidade das atividades humanas nas Zonas Costeiras que depende de um meio marinho saudável e vice-versa (PNGC II). A cidade de Santos, no litoral do Estado de São Paulo, possui uma praia urbana com a presença de edificações, atividade comercial e turística intensa, além da alta concentração de usuários ao longo da orla. No ambiente praial há ausência de vegetação pós praia e apenas a face praial se apresenta preservada. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo verificar a quantidade e o tipo de materiais sólidos lançados ao ambiente praial na cidade de Santos e analisar a dispersão e classificação do material encontrado. Material e Métodos Amostragem realizada no dia cinco de março de 2015, às 9h30, em horário de pico da maré baixa. Ao longo da praia, do Emissário ao Canal 4(totalizando 2590km), foram traçados 10 transectos lineares contendo 6 metros de largura, sendo 3 metros da faixa de água para dentro e 3 metros da faixa de água para fora. Os transectos foram localizados nas regiões “50m antes e após os canais” e nas regiões “entre canais”. Dentro de cada área foram registrados os tipos de materiais trazidos pelo mar na praia de Santos e em uma planilha foram quantificados e classificados como: sementes de mangue, sementes de árvores, galhos, matéria orgânica, bolachas do mar, peixes, crustáceos, moluscos e conchas, sacolas plásticas, embalagens de alimentos, embalagens plásticas (duras), metais, isopor, vidros, embalagens de cosméticos, preservativos, garrafas PET, tampas plásticas, vidros, tecidos, madeira, isopor, brinquedos, barbantes, copos plásticos, embalagens plásticas, canudos, luvas cirúrgicas, embalagens de alumínios, raízes, cigarros, curativos e restos de alimentos. UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 84 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella Resultados e Discussão A maior parte do material encontrado estava localizado nas regiões entre canais, incluindo resíduos como, embalagens plásticas e canudos, mas, principalmente, sementes de mangue, crustáceos e bolachas do mar mortas trazidas pela maré. Conforme apresentado na tabela 1, a região “entre o canal 1 e 2” foi a que apresentou maior quantidade de material trazido pelo mar, sendo que dos 115 itens identificados, 25% desse material foi classificado como sacolas plásticas, embalagens de alimentos, embalagens plásticas, pedaços de madeira, isopor, copos plásticos, canudos, restos de comida e garrafa PET, apresentada na figura 1. As regiões “50m após o canal 1” e “50m após o canal 3” foram as regiões consideradas mais limpas, com apenas 9 itens identificados em cada, sendo estes resíduos orgânicos como sementes de mangue, galhos, bolachas do mar, crustáceos, moluscos e conchas e apenas um resíduo humano, uma sacola plástica encontrada no transecto 50m após o canal 3. O resíduo sólido humano que aparece com maior frequência é o “canudo”, presente nas três áreas “entre canais”, entre o emissário e o canal 1 e em três áreas 50m próximos aos canais. Este resíduo pode ter a sua origem na própria praia, durante o consumo de bebidas por banhistas. Embalagens de alimentos foram registradas em seis diferentes áreas, totalizando 29 exemplares ao longo da amostra, sendo 10 apenas na área entre canal 2 e canal 3. No total, 78 crustáceos foram identificados e registrados, inteiros ou apenas parte deles. Acredita-se que esses animais mortos são resquícios de atividades de pesca na região que foram trazidos pelo mar. Figura 1: Garrafa PET encontrada na região entre o canal 1 e canal 2 UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 85 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella Tabela 1- Quantificação e localização dos resíduos sólidos encontrados na linha d'água da praia de Santos. Entre 50m 50m Entre 50m Entre 50 m Entre 50m 50m Emissário antes antes C3 e Após C1 e após C2 e após antes do e C1 do C2 do C3 C4 o C1 C2 o C2 C3 o C3 C4 (400m) (565m) (905m) (820m) Resíduos Orgânicos Sementes de Mangue 1 1 12 3 5 15 3 3 14 5 Sementes de árvores 1 1 1 3 1 Galhos 2 1 7 3 4 2 1 3 8 Matéria Orgânica 1 Bolachas do Mar 37 5 31 13 1 22 2 17 Peixes 2 1 Crustáceos 3 29 13 2 5 26 10 Moluscos e Conchas 5 2 6 1 Lixo Humano Sacolas Plásticas 2 1 5 1 6 Embalagens de Alimentos 2 4 10 5 6 2 Embalagens Plásticas (Duras) 1 1 1 1 2 Embalagens Cosméticos 1 Preservativos 1 2 1 Garrafas PET 2 1 1 1 Tampas plásticas 1 Vidros 1 Tecidos 1 1 Madeira 1 2 3 1 1 Isopor 2 1 5 1 Brinquedos 1 1 Barbantes 1 Copos Plásticos 3 1 1 Embalagens Plásticas 6 2 3 Canudos 4 8 1 3 1 2 3 Luva cirúrgica 1 Embal. Alumínio 1 Raízes 2 5 1 4 Curativos 1 4 Pão 1 1 Cigarros 2 UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 86 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella Figura 2: Análise de agrupamento, mostrando a formação de dois grandes conjuntos de locais (entre canais X próximos aos canais), segundo as composições e quantidades de resíduos sólidos lançadas pelo mar. Observa-se na análise de agrupamento na figura 2, que há dois grandes grupos de locais amostrados. O primeiro com uma similaridade entre as características dos itens encontrados nas regiões “entre canais” e o segundo com as regiões 50m próximas aos canais. Isso pode significar que há uma intervenção do fluxo de água que é lançado pelo canal na região praial e que a água lançada pelos canais pode não trazer grandes quantidades de resíduos. Como nestas regiões a incidência de material encontrado foi menor, conforme a tabela 1, podemos concluir que o canal evita o acúmulo de materiais na região de faixa d’agua próxima a ele, levando os resíduos que chegam através do próprio canal e através da maré para as regiões entre canais. Os resíduos chegam facilmente à rede hidrográfica e aos canais, levados por ventos e enxurradas ou lançados diretamente nela, e em seguida, ao ambiente costeiro. Neste caso, observa-se isso graças à quantificação dos propágulos de mangue-vermelho (Rhizophora mangle) na praia de Santos. Os manguezais mais próximos estão localizados na região interna do sistema estuarino de Santos-São Vicente (Rodrigues et al., 1995) e os seus propágulos são trazidos pelo mar, juntamente com os resíduos, conforme mostra a figura 3. Isto corrobora com a hipótese de que a maior parte dos resíduos é originada na região UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 87 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella interna do estuário, onde há grande quantidade de palafitas e bairros sem estrutura adequada de coleta de lixo, demonstrados na figura 4. Figura 3: Resíduos do sistema estuarino em direção à praia de Santos Figura 4: Áreas com ocupação de palafitas na região estuarina de Santos De acordo com Marchesani et al (2010), através das análises da poluição por resíduos sólidos flutuantes, pode-se dizer que há um maior acúmulo de madeiras em locais com presença de palafitas. Seguida deste, o plástico é encontrado como o maior poluente do Canal de São Vicente e do Jardim São Manoel. Esses resíduos, despejados nos canais do estuário, são levados até a região das praias pela maré. Referências DE ARAÚJO, Maria Christina B.; DA COSTA, Mônica Ferreira. Lixo no ambiente marinho. Ciência Hoje, v. 32, n. 191, 2003. UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 88 N. Orlandi; V. Arantes; W. Barrella DIAS, J. Alveirinho; CARMO, JA do; POLETTE, M. As Zonas Costeiras no contexto dos Recursos Marinhos. Revista de Gestão Costeira Integrada/Journal of Integrated Coastal Zone Management, v. 9, n. 1, p. 3-5, 2009. IVAR DO SUL, J. A. (2005). Lixo marinho na área de desova de tartarugas marinhas do Litoral Norte da Bahia: consequências para o meio ambiente e moradores locais. 62p., Monografia de graduação, Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. LAIST, D.W. 1987. Overview of the biological effects of lost and discarded plastic debris in the marine environment. Marine Pollution Bulletin 18: 319–326. MARCHESANI, D. S. et al. Avaliação dos resíduos sólidos no estuário de Santos e São Vicente, baixada Santista, SP, Brasil. In: III Congresso Brasileiro de Oceanografia, Rio Grande. 2010. NEVES, R. C.. Análise qualitativa da distribuição de lixo na praia da Barrinha (Vila Velha-ES). Revista da Gestão Costeira Integrada, v. 11, n. 1, p. 57-64, 2011. PIANOWSKI, F. (1997). Resíduos sólidos e esférulas plásticas nas praias do Rio Grande do Sul – Brasil. (Monografia de graduação) 76 p. Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. PNGC II- PLANO NACIONAL DE GERENCIAMENTO COSTEIRO - Programa de Ação Mundial para a Proteção do Meio Ambiente Marinho das Atividades Baseadas em Terra: http://www.mma.gov.br/estruturas/sqa_sigercom/_arquivos/pngc2_78.pdf RODRIGUES et. al; Os Manguezais da Baixada Santista. Ecologia Brasiliensis, v1, p.421-437, 1995. SANTANA-NETO, SP de; SILVA, I. R.; LIVRAMENTO, F. C. Padrões de deposição e origens do lixo marinho em praias da ilha de Itaparica–Bahia.SIMPÓSIO BRASILEIRO DE OCEANOGRAFIA, V, p. 1-5, 2011. TOURINHO, P. S. (2007). Ingestão de resíduos sólidos por juvenis de tartaruga-verde (Chelonia mydas) na costa do Rio Grande do Sul, Brasil. (Monografia de Graduação). 44 p. Fundação Universidade Federal do Rio Grande, Rio Grande do Sul, Brasil. UNISANTA BioScience – p. 83 – 89 ; Vol. 4 nº 2, (2015) Página 89

See more

The list of books you might like

Most books are stored in the elastic cloud where traffic is expensive. For this reason, we have a limit on daily download.