tor está frente a um livro ial encontrará o labor de :los maiores mestres da FLORESTAN FERNANDES logra crítica brasileira. Livro sociologia crítica e militante raz uma seleçãoc riteriosa mensóes da obra do mestre stan Fernandes, recortada seu melhor colaborador, o e discípulo, o também re Octavio lanni. ido no seio de família pobre, stan Fernandes começou )alhar muito cedo, em jades laborativas, tais como .tarias, sapatarias etc. .e cedo, também, iniciou tividade política, inicialmente ) ao trotskismo, atividade que depois viria a romper, do foi se dedicar plenamente abalho intelectual JSE tornou-se responsável lma verdadeira escolad e logià, sendo que seu trabalho :ia em profiindidade os rnes desaâos da teoria social. àecedor em profundidade )ra de Marx, beber e (heim, escreveu com validade sobre os indígenas, :gros e a questão racial no .l, o folclore, a dependência übdesenvolvimento, as es sociais e o capitalismo 1988 C) leitor está frente a um livro no qual encontrará o labor de dois dos maiores mestres da FLORESTAN FERNANDES sociologia crítica brasileira. Livro sociologia crítica e militante que traz uma seleção criteriosa de dimensões da obra do mestre Florestan Fernandes, recortada pelo seu melhor colaborador, amigo e discípulo, o também mestre Octavio lanni. Nascido no seio de família pobre, Florestan Fernandes começou a trabalhar muito cedo, em atividades laborativas, tais como alEaiatarias, sapatarias etc. [)esde cedo, também, iniciou sua atividade política, inicialmente junto ao trotskismo, atividade com que depoisv iria a romper, quando foi se dedicar plenamente ao trabalho intelectual. Na USR tornou-se responsável por uma verdadeira escolad e sociologia, sendo que seu trabalho refletia em profiindidade os enormes desafios da teoria social. Conhecedor em profiindidade da obra de Marx, beber e Durkheim, escreveuc om originalidade sobre os indígenas, os negros e a questão racial no Brasil, o folclore, a dependência ílM e o subdesenvolvimento, as Livros m classes sociais e o capitalismo 2018 brasileiro, a nossa revolução www.livroselivros.com.br burguesa, configurando-se numa livraria e Papelaria das mais abrangentes e instigantes Centrod e Cultura 8 Eventos - UFSC formulações sobre dimensões Ü Do mesmoa utor Octavio lanni (Org.) ,4 confesfaç'io necessária Clássicos sobre a Revolução Brasileira Da Guerrilha ao socialismo: a revolução ct4bana Mano, Ettgels, Lenin: a história em processo FLORESTAN FERNANDES Nós e o marxismo sociologia crítica e militante Poder e contrapoderK a América Latina Sign$cado do protesto negro ediçã. EDITORA EXPRESSÃO POLUI.AR São Paulo ~ aoxz Copyright © 2004, by Editora Expressão Popular Sumário Rew\sâo: Geraitb Ma ins de.AzeuedoF ilho Cana Cristina peixeira Projeto gráfico, capa e diagramação: 24P Z)enkn Bo\o d capa'. Florestal Femancks - 1971 - em sua bibliotecan a rua Nebraska. Brooklin - Márcio Arruch /Agência O Globo Impressão e acabamento: G?izpA/zzm DE VICENTE A FLORESTAN, SEMPRE AO LADO DO POVO 7 Dados intemacionais de Catalogação-na-Publicação(CIP) IBibliotecaC enüal - UEM, Maringá - PR., Brasíl) Vlaàimir Saccbewa F634 F].oresEaFne rnandess: ociologi.ac rítica e militante/ Octavi.o ]anni(org)--São Paul.o : Expressão Popu].ar, FLORESTAN FERNANDES E A FORMAÇÃO 2011 512 P DA SOCIOLOGIA BRASILEIRA 15 Livro indexado em GeoDados-http://www.geodados .uem.br ISBN 85 - 873 94 - 59 - 2 Octavio !anui 1. Sociologia brasileira. 2. Fernandes, F].orestan Sociólogo.l. lanni, Octavio, coord. 11. Título TEXTOS DE FLOREST:AN FERNANDES CDD 2]. . ed . 300 . 981 i. A SOC]OLOGIA: 0BJET0 E PRINC]])AIS PROBLEMAS 75 E].gane M. S. Jovanovi.ch CRB 9/1250 2. A RECONSTRUÇÃO DA REALIDADE NAS CIÊNCIAS SOCIAIS 121 Todos os direitos reservados. 3. A SOCIOLOGIA COMO AFIRMAÇÃO 173 Nenhuma parte deste livro pode ser utilizada 4. AS MUDANÇAS SOCIAIS NO BliASIL ............. 219 ou reproduzida sem a autorização da editora. 5. UNIVERSIDADE E DESENVOl:CIMENTO 271 2' edição: outubro de 201 1 6. O FOLCLORE DE UMA CIDADE EM MUDANÇA 315 2: reimpressão: junho de 2017 7. A SOCIEDADE ESCRAVISTA NO BRASIL 357 EDITORA EXPRESSÃO POPULAR 8. A CONCRETIZAÇÃO DA REVOLUÇÃO BURGUESA .423 Rua Abolição, 201 -- Bela Vista CEP 01319-010 São Paulo- - SP 9. NO\U SOCIEDADE E NOVO HOMEM 449 Tel:(11) 3112-0941/ 3105-9500 [email protected] www.facebook.com/ed.expressaopopular www.expressaopopular.com.br DE 'VICENTE A FLORESTAN, SEMPREA O LADO DO POVO VLADIMIR SACCHETTA Este livro constitui uma dupla homenagem a dois grandes pensadores do Brasil contemporâneo. Florestan Fernandes e Octavio lanni, intelectuais militantes que contribuíram de for- ma decisiva para a compreensão dos problemas do nosso país, fundem-se nesta obra voltada para todos aqueles que dependem uma sociedadem aisjusta e solidária. Os textos aqui apresentadoss ão fruto das reflexões de um homem quejamais negou a extração de classe, desenvolvendo um trabalho voltado para as lutas do seu povo Foram organiza- dos originalmente, em 1986, por Octavio lanni, o discípulo que mais se identiâcava ideologicamente com Florestan Fernandes, para a coleção "Grandes Cientistas Sociais", da Editora Anca. De origem humilde, Hllhod e uma lavadeirap ortuguesa anaEabeta, Florestan abriu sozinho as trilhas que o levariam aos bancos da universidade e, posteriormente, ao Congresso Nacional. Durante todo o percurso, esteve ligadoa os movimentos populares dos quais se aproximaria sobremaneira na última Cased a vida. FLORESTAN FERNANDES: SOCIOLOGIA CRÍTICA E MILITANTE DE VICENTE A FLORESTAN, SEMPRE AO LADO DO POVO A trajetória de batalhas de Florestan Fernandes iniciou-se ca, dessa vez no Partido dos Trabalhadores. E o político que ainda na infância, quando ajudavan o sustento de casa e não ti- emergiu aí não era mais ojovem dividido entre duas corças não nha direito sequer ao nome de batismo, tido como extravagante antagónicas, mas igualmente absorventes, representadasp elo demais para um menino pobre como ele. Foi então renomeado PSR e pela Universidade. Tornara-se um homem-sínteseq ue, Vicente, mais apropriado a um engraxate que ganhava trocados aliando teoria à prática, personificava a ciência como instru- lustrando sapatos pelas ruas do centro de São Paulo. SÓ que Vi- mento transformador. cente não se conformava com o destino de exclusão e, decidido a converter-se em sujeito da própria história, conseguiu a duras Florestan em quatro tempos penas ingressar na Faculdade de Filosoâla da Universidade de Companheiro dejornada acadêmica e política de Flores- São Paulo. Não demorou para recuperar o nome que o tornaria tan, quase um irmão, o crítico Antonio Candido distingue conhecido dentro e cora do Brasil. três momentos predominantes em sua trajetória. O primeiro, Aluno brilhante do curso de Ciências Sociais, em 1943F lo- que se situa nos anos de 1940, é o do conhecimento, da cons- restan entrou em contadoc om ojornalista Hermínio Sacchetta, trução do saber, quando constrói seu arcabouço intelectual e passando daí a âequentar a redução da Fo//za dcz Man;zã. Além a possibilidade de saber dos outros. O segundo, nos anos de de torna-lo colaborador regular dojornal, Florestan Fernandes 1950, centra-se na pesquisa aplicada.J á o terceiro período, âoi cooptado por Sacchetta para -am ilitância no Partido Socia- a partir dos anos de 1960, é aquele do combate, do saber lista Revolucionário. Na pequena e clandestina organização transformado em arma. Refletindo, hoje, em retrospectiva, trotskista abriram-se outros horizontes, novas responsabilidades a essas três etapas podemos acrescentar uma quarta, que e esperanças. Se num primeiro momento a ditadura de Getú- se resume na radicalização plena de Florestan. É quando o lio Vergas impunha-se como um alvo imediato, a revolução cientista social, educador e pensador assume a identidade de proletária começava a se delinear como um objetivo essencial tribuno e publicista. e permanente para ojovem Florestan. De fato, desde os anos de 1940, Florestan esteve ligado aos Foi acumulando encargos acadêmicos que exigiam uma movimentos sociais e reivindicatórios, legais ou ilegais, e às dedicação cada vez maior. Diminuía a disponibilidade para a organizações políticas de esquerda, clandestinas ou não. Cerrou ação política, o que criava problemas de consciência no militante âleiras ao lado de portugueses e espanhóis antifascistas,â ez devotado e leal. Nessa Case, segundo recordava com carinho, agitaçãoe propaganda em campanhas memoráveis, como a da a orientação de Sacchetta teve papel fundamental. A conselho Escola Pública, além de apoiar o Movimento Negro. Pagou do amigo, optou pela universidade, onde poderia ser mais útil um alto preço por isso. Foi preso após o golpe militar em 1964 ao movimento socialista. SÓ que, embora de longa duração, e acabou afastado da Universidade cinco anos depois. Partiu essa escolha não seria deânitiva. Nos anos de 1980, Florestan para o exílio, mas continuou a fustigar a ditadura em protestos trilharia o caminho inverso, retornando à militância orgâni- ou por meio de conferências e artigos. 8 9 FLORESTAN FERNANDES: SOCIOLOGIA CRÍTICA E MILITANTE DE VICENTE A FLOIIESTAN, SEMPREA O LADO DO POVO Retornando ao país, recusou-se a solicitar reintegração à Referência para todo o campo da esquerda petista, não se USP, de onde não pedira para sair. Voltou àquele ca naus pela ligou a qualquer tendência interna do partido, dialogando com porta do Diretório Central dos Estudantes com um curso sobre todas aquelasc omprometidas com o socialismo. Colaborava, ao a Revolução Cubana. Percorrendo sua obra é possível perceber mesmo tempo, e de forma generosa, com outras organizações no livro Napa Repz3b/iccezd?i, tado em 1986, o último trabalho de esquerda, no país e cora dele. Militante fiel e disciplinado, de cunho ensaístico. A partir dali, uma série de coletâneas de aceitava as tarefas conferidas pela bancada de forma crítica, sem textos publicados na imprensa revelam um articulista vigoroso, jamais deixar de manifestar suas convicções. Preocupava-se agudo, implacável e coerente. SÓ na Fo//zcdz e S.Rali/o coram mais com a ausência de conteúdos programáticos de caráter socialista de 300 colunas, entre 1989e 1995, cumprindo uma pauta de e apontava os perigos da "política pro6lssional", do excesso de questões candentes e assuntos variados. Aperfeiçoou o estilo institucionalização e de burocratização. e, com a humildade dos grandes homens, o velho professor Apesar da saúde seriamente debilitada, Florestan Fernan- despiu-se da linguagem da academia para assumir um discurso des prosseguiu nas tarefas de intelectual comprometido com a mais próximo dos "de baixo", como ele costumava dizer. classe trabalhadora. Após um discutível transplante de fígado, Filiado ao Partido dos Trabalhadores, tornou-se depu- faleceu no Hlospital das Clínicas, em São Paulo, na madrugada tado federal em 1986, reeleito em 1990. Nas campanhas de de 10 de agosto de 1995. Sua morte, aos 75 anos, vinha coinci- escassosr ecursos financeiros, reuniam-se, sob sua inspiração dir com o massacre de Corumbiara, ocorrido no dia anterior. aglutinadora, as mais diversas tendências do arco ideológico Em uma homenagem carregada de simbolismo, a bandeira do de esquerda. Todas elas irmanadas em torno de um mesmo MST cobriu seu caixão durante o velório na Universidade de sonho: o da construção de uma sociedade nova, com igualdade São Paulo. A mesma que iria tremular, como um emblema da e, principalmente, felicidade, como frisava Florestan. "Contra as síntese do cientista e do militante, no caminho para o crematório ideias da corça, a corça das ideias", âoi o mote da campanha para da Vila Alpina, onde, na voz de seus companheiros e amigos, a constituinte em 1986. "Sem medo de ser socialista", a palavra /nfermczcíoneac/o ou como o derradeiro tributo. de ordem em 1990. Dependeu posições socialistas durante seus dois mandatos. Sociólogo militante, nunca perdeu de vista a busca de trans- formações profundas para o país. Na Comissão de Educação logrou fazer o máximo em favor do prometod e expandir, modernizar e, em especial, fortalecer a Escola Pública, causa pela qual sempre se bateu. Teve participação avivan a elabo- ração do prometod a Lei de Diretrizes e Bases, ao qual deu o melhor de si. 10 11 INTRODt l('An OCTAV]O IANNI Professor de Sociologh no curso de Pós-graduação em Ciências Sociais PUC-SP FLORESTAN FERNANDES E A FORMAÇÃO DA SOCIOLOGIA BRASILEIRAS l OCTAVIO IANNI A sociologia de Florestan Fernandes inaugura um novo estilo de pensar a realidade social. Esse estilo passa a Cozerp arte dessa ciência social, como uma das suas correntes principais, constituindo-se em um dos seus paradigmas mais importantes. Sob vários aspectos, a sociologia brasileira está marcada pela obra de Florestan Fernandes. Essa obra compreende um notável acervo de contribuições teóricas e históricas. Estabelece um horizonte novo, a partir do qual problematiza, equaciona, articula e descortina muito do que se ensina e pesquisa em universidades, institutos e centros. Cria um padrão de pensar a realidade social por meio do qual se torna possível reinter- pretar a sociedade e a história, bem como a sociologia anterior produzidano Brasil. Ela entra de modo decisivo na construção da sociologia brasileira. Se admitimos que esta pode ser vista Ensaio apresentado na ':Jornada de Estudos Florestal Fernandes na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas de Marília [SP], maio de 1986 FLORESTAN FERNANI)ES: SOCIOLOGIA CI{ÍTICA E MILITANTE INTKOOUÇÃO r como um sistemad e pensamentoq ue se forma no largo do 1969.E steve, como professor-visitante, na Columbia Univer- tempo, compreendendo autores, obras, temas, ideias, teorias, sity, NovaYork, em 1965-1966, e como professor-residente e titular na Universidade de Toronto, em 1969- 1972. Deu cursos explicações e público, é inegável que essa obra é constitutiva no Sedes Sapientiae em 1976-1977.F oi professor na Pontifícia dessa sociologia. Passa a fazer parte intrínseca dela, tanto pelas inovações que traz quanto pelas controvérsias que provoca. Universidade Católica de São Paulo (PUC) a partir de 1977. A.lém disso, cria um paradigma sociológico, um novo estilo Em 1979d eu um curso sobre a Revolução Cubana na USP e na PUC. Em 1986 dá um curso na Faculdade de Filosofia, de pensar a realidade social. As relações, os processos e as es- Letras e Ciências Humanas da USP truturas sociais adquirem outras conotações. Os movimentos da sociedade e da história ganham outro andamento. Hlá di- Seria difícil sintetizar a biografia intelectual de Florestan mensões da história da sociedade que somente se desvendam Fernandes, dando conta dos seus escritos, pesquisas, cursos, conferências, debates. A sua influência estende-se por todo quando se descobre o estilo de pensar. Em certa medida, o o meio intelectualb rasileiro, espalha-sep ela América Latina estilo de pensar a realidade social pode ser um modo de iniciar e Caribe e ressoa na Europa e nos Estados Unidos. Formou a sua transformação. escola. As controvérsias sobre o seu pensamento também re- 1. Nota biográfica fletem sua influência. Florestal Fernandesv ive na cidade de São Paulo, onde Mas é possível apresentara qui um traço marcante da nasceu no dia 22 dejulho de 1920. Desde muito cedo precisou formação de Florestan Fernandes, em suas próprias palavras: trabalhar para viver. Teve de enfrentar muitas dificuldades Eu nunca teria sido o sociólogo em que me converti sem o meu pas- para estudar. Não completou o curso primário. Fez o curso de sado e sem a socialização pré e extraescolar que recebi, através das madureza, como alternativa do secundário. Nos anos de 1941 duras lições da vida (...). Iniciei a minha aprendizagem 'sociológica' a 1944 üezo bacharelado e a licenciatura em Ciências .Sociais, aos seis anos, quando precisei ganhar a vida como se fosse um adulto, na Faculdade de Filosoúla, Ciências e Letras da Universidade e penetrei, pelas vias da experiência concreta, no conhecimento do que de São Paulo (USP). Em 1946-1947c ompletou o curso de é a convivência humana e a sociedade (...). A criança estava perdida pós-graduação em Sociologia e Antropologia, na Escola Livre nesse mundo hostil e tinha de voltar-se para dentro de si mesma para de Sociologia e Política. Tornou-se mestre em 1947, com a procurar, nas 'técnicas do corpo' e nos 'ardis dos fracos', os meios de tese "A organização social dos Tupinambá"; doutor em 1951, autodefesap ara a sobrevivência.E u não estavas ozinho. Havia a minha com "A função social da guerra na sociedadet upinambá"; mãe. Porém, a soma de duas fraquezas não compõe uma corça. Éra- livre-docente em 1953, com "Ensaio sobre o método de mos varridos pela 'tempestade da vida' e o que nos salvou üoi o nosso interpretação funcionalista na sociologia"; e catedrático em orgulho selvagem (...). A formação acadêmica, o estilo de pensamento e o 1964, com "A integração do negro na sociedade de classes". Foi aposentado compulsoriamente, pela ditadura militar, em compromisso com os problemas do povo têm raízes na 16 17