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Sobre o valor PDF

212 Pages·1980·5.064 MB·Portuguese
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PIERRE SALAMA SOBRE O VALOR ELEMENTOS PARA UMA CRÍTICA LIVROS HORIZONTE Título: SUR LA VALEUR Elements pour une critique Autor: Pierre iSalama © Libriairie François Maspero, Paris, 1975 Livros ¡Horizonte, 1980 Tradutor: Rui Junqueira Lopes iColecção: Movimento n.° 29 Capa : Soares Rocha 33 6. 5 \6â h[p iPPUR - UFRJ b i b l i o t e c a Oata: fà .J o A -J 2 0 .0 ^ N.° Regjstro:„.43M.l__ ca , - Ç M Q om Reservados todos os direitos de publicação total ou parcial para a língua portuguesa (Portugal) por LIVROS HORIZONTE, LDA. Rua d'as Chagas, 17, 1.°, Dt.° — 1200 LISBOA Impresso em Portugal No fim do séc. xix, o centro de gravidade dos conflitos sociais passara do antagonismo entre capitalistas e proprietá­ rios fundiários para a oposição entre trabalhadores e capita­ listas. O medo e até o horror, suscitados pelas obras de Marx, foram exacerbados em toda a Europa pela Comuna de Paris (1871). As doutrinas, que afirmavam a existência de conflitos, foram, desde então, consideradas indesejáveis. Pelo contrário, as teorias, que afastavam as atenções do antagonismo entre classes sociais, eram muito bem acolhidas. J. Eatwell e J. Robinson L’Economique moãerne fidisciense, 1974, • p. 46 O marxismo é talvez demasiado válido para que o deixe­ mos apenas aos marxistas. iFornece um prisma crítico através do qual os 'economistas da -corrente dominante terão toda a vantagem em examinar as suas análises. P. A. Samuelson, E-conom-ics: Winds of Change. Evolution of EconomAc Doctrine, McGraw Hill, New York, 1973, p. 866 INTRODUÇÃO GERAL «Marx... num curso de análise económica, mesmo que lhe custe a crer, é um filósofo...» «Marx... em filosofia, não é possível, é um economista... e a prova é que escreveu «O CAPITAL.» Sempre entre duas esferas, Marx não estava inserido em nenhuma, excepto quando algum obstinado — apontado a dedo — tentava fazê-lo penetrar numa. Quando, por vezes, lhe concediam algumas referências, era em geral para dizer: «A teoria do valor-trabalho está morta e enterrada... a prova? Foi Schumpeter que o disse», ou então: «Marx? Pois tome-se um pouco de Ricardo, um pouco de Hegel e aí está!» Abrindo um manual do primeiro ou do segundo ano * verifica-se que, na maior parte deles, a análise marxista está ausente e, no entanto, fala-se aí de valor, de preços, de moeda, de desemprego, etc. De Marx, nem uma palavra. Trata-se de Ciência, forja-se o homo economicus, são abolidas as clas­ ses sociais, procuram-se condições de equilíbrio, algumas vezes deduzem-se mesmo as do equilíbrio' geral. Em resumo tudo é mecânico, soberbo, mas... onde está a exploração? Em parte alguma ! O que é normal, porque isso é político, e é evidente que a Ciência, afectando' neutralidade, deve ele­ var-se acima desses interesses contingentes ou até mesqui- * O autor refere-se aos programas franceses, mas encon­ tramos um bom paralelo nos nossos (antes de 25 de Abril), das cadeiras básicas de Teoria -Económica, Análise Económica ou simplesmente «Economia» do 1.° e 2.° ano das Faculdades de Economia. (N. do T.). 10 SOBRE O VALOR— ELEMENTOS PARA UMA CRÍTICA nhos, embora fonte de tantos desequilibrios. Cria-se artifi­ cialmente uma sociedade ideal, em que os indivíduos, quer sejam trabalhadores ou empreendedores, são iguais, senhores das suas opções e do seu destino. A partir daqui, deduz-se uma política económica capaz de vergar a realidade rebelde, de a fazer corresponder a esta sociedade ideal em que cada um maximiza a sua satisfação... Isto pode ter como consequência concreta que se preconize a limitação dos direitos sindicais (J. Ruelf nos anos 1920- -1930) ou que se deseje que os sindicatos se tornem parcei­ ros responsáveis (discurso de Jacques Chirac). Em qualquer dos casos, trata-se de simples dedução lógica. Tentar descor­ tinar aí traços de política corresponderia a sermos mal inten­ cionados. Mas eis que Marx, expulso pela porta, reentra pela janela. Será que alguns espíritos esclarecidos compreenderam que as teorias que ensinavam não eram coerentes, que o sistema reynesiano tinha as suas limitações ? Ou será antes que o marxismo se impõe do exterior, a partir das lutas e das fábricas ocupadas, da crise do capitalismo e dos seus valores ? O perigo é grande ! As duas citações que destacamos de início provam-no. Uma vez que Marx se impõe, aceitámo-lo mas desenraízemo-lo. Despojemo-lo do seu aspecto «ideoló­ gico», façamos dele um homem de ciência «puro», superior às paixões... O objecto deste trabalho é fornecer alguns elementos de crítica sobre aquilo que constitui a pedra angular de qual­ quer teoria económica: o valor. A primeira parte será consagrada às teorias neoclássicas. Apresentaremos integralmente as teorias deste economista, não por prazer, mas porque elas são muitas vezes apresentadas de forma fragmentada, parcelar. Mostraremos assim que um ra­ ciocínio aparentemente anódino — como a determinação do preço por um mercado— conduz à negação da exploração. Se bem que em crise, esta teoria é hoje dominante. Por isso, iremos expor a sua crítica interma. Depois de termos entrado no «jogo», mostraremos que a incoerência interna destas teo­

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