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Sobre a China PDF

377 Pages·2012·9.53 MB·portuguese
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Henry Kissinger Sobre a China Tradução Cássio de Arantes Leite Copyright © 2011, Henry A. Kissinger Todos os direitos reservados Todos os direitos desta edição reservados à Editora Objetiva Ltda. Rua Cosme Velho, 103 Rio de Janeiro — RJ — Cep: 22241-090 Tel.: (21) 2199-7824 — Fax: (21) 2199-7825 www.objetiva.com.br Título original On China Capa Adaptação de Pronto Design sobre design original de Darren Haggar Revisão técnica Dani Nedal Revisão Tamara Sender Lilia Zanetti Raquel Correa Coordenação de e-book Marcelo Xavier Conversão para e-book Abreu’s System Ltda. CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO-NA-FONTE SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ K66s Kissinger, Henry Sobre a China [recurso eletrônico] / Henry Kissinger ; tradução Cássio de Arantes Leite. - Rio de Janeiro : Objetiva, 2012. recurso digital Tradução de: On China Formato: ePub Requisitos do sistema: Adobe Digital Editions Modo de acesso: World Wide Web 494 p. ISBN 978-85-390-0424-9 (recurso eletrônico) 1. Política internacional - Séc. XXI. 2. China - Relações exteriores - Séc. XXI 3. Livros eletrônicos. I. Título. 12-6870. CDD: 327.51 CDU: 327(510) Para Annette e Oscar de la Renta Prefácio HÁ CERCA DE QUARENTA ANOS, o presidente Richard Nixon concedeu-me a honra de me enviar a Pequim para restabelecer a ligação com um país de suma importância na história da Ásia, com o qual os Estados Unidos ficaram sem manter contato nas altas esferas de governo durante mais de vinte anos. A motivação americana para a abertura era exibir diante de nosso povo uma visão de paz que transcendesse o sofrimento da Guerra do Vietnã e o panorama ominoso da Guerra Fria. A China, embora em teoria um aliado da União Soviética, buscava encontrar espaço de manobra para resistir à ameaça de um ataque vindo de Moscou. Desde então, estive na China mais de cinquenta vezes. Como tantos visitantes ao longo dos séculos, passei a admirar o povo chinês, sua resistência, sua sutileza, seu apego à família, bem como a cultura que os chineses representam. Ao mesmo tempo, minha vida toda tenho refletido sobre a construção da paz basicamente de uma perspectiva americana. Tive a boa sorte de ser capaz de seguir essas duas linhas de pensamento simultaneamente como alto funcionário, como portador de recados e como acadêmico. Este livro é um esforço, baseado parcialmente em conversas com líderes chineses, de explicar o modo conceitual como os chineses pensam sobre os problemas de paz e guerra e da ordem internacional, e sua relação com a abordagem americana, mais pragmática e pontual. Diferentes histórias e culturas produzem conclusões ocasionalmente divergentes. Nem sempre concordei com a perspectiva chinesa, assim como nem todo leitor vai concordar. Mas é necessário compreendê-la, uma vez que a China vai desempenhar esse papel tão importante no mundo que está emergindo no século XXI. Desde minha primeira visita, a China se tornou uma superpotência econômica e um agente fundamental na formação da ordem política global. Os Estados Unidos saíram vitoriosos da Guerra Fria. A relação entre China e Estados Unidos tornou-se um elemento central na busca pela paz mundial e pelo bem-estar global. Oito presidentes americanos e quatro gerações de líderes chineses conduziram essa relação delicada de um modo surpreendentemente consistente, considerando as diferenças do ponto em que cada um começou. Os dois lados recusaram-se a permitir que os legados históricos ou as diferentes concepções de ordem doméstica interrompessem sua relação essencialmente cooperativa. Tem sido uma jornada complexa, pois ambas as sociedades acreditam representar valores únicos. O excepcionalismo americano é missionário. Segundo sua doutrina, os Estados Unidos têm obrigação de disseminar seus valores por toda parte do mundo. O excepcionalismo chinês é cultural. A China não faz proselitismo; ela não alega que suas instituições contemporâneas sejam relevantes fora da China. Mas o país é herdeiro da tradição do Império do Meio, que classificava formalmente todos os demais Estados como tributários em níveis variados, baseado na proximidade deles com os modos políticos e culturais chineses; em outras palavras, uma espécie de universalidade cultural. Um foco principal deste livro é a interação entre os líderes chineses e americanos desde a fundação da República Popular da China em 1949. Tanto dentro como fora do governo, mantive registros de minhas conversas com quatro gerações de líderes chineses e recorri a eles como fonte primária para escrever este livro. Este livro não poderia ter sido feito sem a ajuda capaz e dedicada de parceiros e amigos que me permitiram abusar de sua boa vontade. Schuyler Schouten foi indispensável. Eu o conheci há oito anos, quando o professor John Gaddis, da Universidade de Yale, o recomendou como um de seus alunos mais capazes. Quando comecei este projeto, pedi-lhe que se licenciasse por dois meses de seu escritório de advocacia. Ele atendeu ao meu pedido e, no processo, ficou tão envolvido que sua cooperação só chegou ao fim um ano depois. Schuyler empreendeu grande parte da pesquisa básica. Ajudou na tradução de textos chineses e mais ainda na tarefa de penetrar nas implicações de alguns dos textos mais sutis. Foi infatigável na fase de edição e leitura de provas. Nunca tive um parceiro de pesquisa melhor e muito raramente um tão bom. Tive a sorte de contar com o trabalho de Stephanie Junger-Moat me auxiliando por uma década em toda a gama de minhas atividades. Ela é o que nos esportes costumamos chamar de jogador polivalente. Pesquisou, copidescou e foi minha principal ligação com o editor. Verificou todas as notas do texto. Ajudou a coordenar a digitação e nunca hesitou em contribuir quando os prazos estavam apertados. Sua contribuição crucial foi reforçada por seu charme e sua habilidade diplomática. Harry Evans editou White House Years (Os anos na Casa Branca) há trinta anos. Ele me permitiu que abusasse de nossa amizade pedindo-lhe para reler todo o original. Suas sugestões editoriais e estruturais foram inúmeras e inteligentes. Theresa Amantea e Jody Williams digitaram o manuscrito várias vezes e passaram noites e fins de semana ajudando-me a cumprir os prazos. Seu ânimo para o trabalho, sua eficiência e seus olhos afiados para o detalhe foram vitais. Stapleton Roy, ex-embaixador na China e um renomado estudioso do país; Winston Lord, meu colega durante a abertura para a China e mais tarde embaixador na China; e Dick Viets, meu testamenteiro literário, leram inúmeros capítulos e fizeram comentários incisivos. Jon Vanden Heuvel contribuiu com uma valiosa pesquisa em diversos capítulos. Publicar pela The Penguin Press foi uma experiência animadora. Ann Godoff estava sempre disponível, sempre criteriosa, nunca incomodava, e foi uma ótima companhia. Bruce Giffords, Noirin Lucas e Tory Klose conduziram habilmente o livro por todo o processo de produção editorial. Fred Chase copidescou o manuscrito com cuidado e eficiência. Laura Stickney foi a principal editora do livro. Jovem o bastante para ser minha neta, não ficou de modo algum intimidada com o autor. Superou suas reservas quanto às minhas opiniões políticas o suficiente para que eu ansiasse por seus comentários ocasionalmente duros e sempre incisivos nas margens do original. Foi uma colaboradora infatigável, perceptiva e amplamente prestativa. A todas essas pessoas fico imensamente grato. Os documentos do governo que consultei foram todos abertos ao público há algum tempo. Gostaria de agradecer em particular ao Cold War International History Project Woodrow Wilson International Center for Scholars por sua permissão de utilizar longos trechos contidos em seus arquivos de documentos russos e chineses abertos ao público. A biblioteca Carter solicitamente disponibilizou muitas transcrições de reuniões com líderes chineses durante o governo Carter, e a biblioteca Reagan forneceu inúmeros documentos úteis de seus arquivos. É desnecessário dizer que as falhas do livro são todas minhas. Como sempre, por mais de meio século, minha esposa, Nancy, forneceu firme apoio intelectual e moral em meio à solidão que escritores (ou, pelo menos, este escritor) criam em torno de si quando estão trabalhando. Ela leu a maioria dos capítulos e fez inúmeras sugestões importantes. Dediquei Sobre a China a Annette e Oscar de la Renta. Comecei este livro na casa deles em Punta Cana e lá o terminei. Sua hospitalidade tem sido apenas uma faceta dessa amizade que proporcionou alegria e profundidade em minha vida. Henry A. Kissinger Nova York, janeiro de 2011 Nota sobre as grafias chinesas ESTE LIVRO FAZ referência frequente a nomes e termos chineses. Existem conhecidas grafias alternativas para muitas palavras chinesas, baseadas em dois métodos particularmente disseminados de transliteração dos caracteres chineses para o alfabeto latino: o método Wade- Giles, predominante na maior parte do mundo até a década de 1980, e o método pinyin, adotado oficialmente pela República Popular da China em 1979 e cada vez mais comum em publicações ocidentais e dos demais países asiáticos desde então. Na maior parte, o livro emprega grafias pinyin. Por exemplo, a grafia pinyin “Deng Xiaoping” é usada em lugar da grafia Wade-Giles “Teng H’siao-ping”. Onde outras grafias não pinyin permanecem significativamente mais familiares, foram mantidas para a conveniência do leitor. Por exemplo, para o nome do antigo teórico militar “Sun Tzu” utilizou-se a grafia tradicional, em lugar do pinyin mais atual “Sunzi”. Ocasionalmente, em prol de uma consistência maior ao longo do livro, referências citadas a nomes originalmente listados no formato Wade-Giles foram transliteradas para a grafia pinyin. Essas mudanças são mais evidentes nas notas de fim. Em cada caso, a palavra chinesa subjacente permanece a mesma; a diferença é no método de passá-la para o alfabeto latino. Prólogo EM OUTUBRO DE 1962, o líder revolucionário da China Mao Zedong convocou seus principais chefes militares e políticos para uma reunião em Pequim. Três mil quilômetros a oeste, na região ominosa e esparsamente povoada dos Himalaias, tropas chinesas e indianas enfrentavam um impasse sobre a disputada fronteira dos dois países. A disputa originava-se de diferentes versões da história: a Índia reivindicava a fronteira demarcada durante o domínio britânico; a China, os limites da China imperial. A Índia desdobrara tropas até onde considerava que ia a fronteira, enquanto a China havia cercado as posições indianas. Tentativas de negociar um acordo para o território malograram. Mao decidira acabar com o impasse. Recorreu à antiquíssima tradição chinesa clássica, que, no mais, estava em processo de desmantelar. China e Índia, explicou Mao aos seus comandantes, haviam no passado travado “uma guerra e meia”. Pequim podia extrair lições operacionais de cada uma. A primeira guerra ocorrera 1.300 anos antes, durante a dinastia Tang (618-907), quando a China enviou tropas para apoiar um reino indiano contra um rival ilegítimo e agressivo. Após a intervenção chinesa, os dois países conheceram séculos de próspero intercâmbio religioso e econômico. A lição aprendida na antiga campanha, como Mao descreveu, era que China e Índia não estavam fadadas a uma inimizade perpétua. Os dois países podiam voltar a gozar de um período prolongado de paz, mas, para tal, a China tinha de “usar a força” para obrigar a Índia a “voltar à mesa de negociações”. A “meia guerra”, no entender de Mao, ocorrera setecentos anos antes, quando o soberano mongol Tamerlão saqueou Déli. (Mao argumentava que, como na época a Mongólia e a China eram parte de uma mesma entidade política, essa era uma guerra apenas “meio” sino-indiana.) Tamerlão obtivera uma vitória significativa, mas uma vez dentro da Índia suas forças executaram 100 mil prisioneiros. Dessa vez, Mao ordenava ao exército chinês que se mantivesse “comedido e probo”.1 Ninguém entre o público de Mao — a liderança do Partido Comunista de uma “Nova China” revolucionária proclamando sua intenção de redesenhar a ordem internacional e abolir o passado feudal da própria China — parece ter questionado a relevância desse antigo precedente para os imperativos estratégicos correntes do país. Planos de ataque prosseguiram com base nos princípios delineados por Mao. Semanas mais tarde, a ofensiva prosseguiu como o planejado: a China desferiu um ataque súbito e devastador nas posições indianas e depois recuou para a fronteira previamente controlada, chegando a ponto de devolver os armamentos pesados indianos que haviam sido capturados. Em nenhum outro país é concebível que um líder moderno possa iniciar uma grande empreitada nacional invocando princípios estratégicos de um episódio ocorrido mais de um

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