Das melancólicas páginas do diário de uma ex-prostituta alemã brotam uma sucessão de eventos dolorosos, a começar pela execução do poeta Federico García Lorca na periferia de Granada em 1936. Além de trágico desfecho da visão de Lorca sobre uma negra e inquisitorial Espanha esmagando a paixão evocada em seu clássico Romancero Gitano, “o mais lido e mais celebrado poema da literatura espanhola”, nas palavras de Ian Gibson, seu biógrafo, é também símbolo da causa da Espanha Livre, refletido mais tarde na Resistência Francesa. Guerra Civil, ascensão do nazismo, antissemitismo, ocupação da França, guerra… o mundo está cada vez menor e mais opressivo para humanistas.
“O destino de Lorca é também o nosso”, diz o personagem. Thornton revive os ideais libertários do poeta e de seus leais amigos, a luta contra a opressão e a discriminação num romance intenso e comovente contra o horror do fascismo.
A obra mais conhecida do romancista americano Lawrence Thornton (1937), também crítico literário, é Imagining Argentina (1987), no qual o realismo mágico vira instrumento contra a ditadura. Mas a beleza lírica de Sob a Lua Cigana (1990) é outra arma poderosa na celebração de Lorca e de todos os que tombaram pela liberdade.