Este é um livro que retrata o que pode algum dia acontecer. E não é irreal esta possibilidade: ela aí está, circulando nas mentes dos responsáveis pela vida de inúmeros povos, nos cálculos dos fabricantes de armamentos, na insensibilidade dos que ambicionam a fortuna ou o poder, independentemente da crucificação ou extinção de quem e do que quer que seja. A civilização, algum dia, poderá morrer? E por que não, se ela depende de um gesto inesperado e louco capaz de ocasionar uma hecatombe? O desvendamento dos mistérios da matéria, o progresso tecnológico independente de um sustentáculo moral, o aniquilamento frio e calculado de determinadas características do que é propriamente humano, tudo isto que traduz a fisionomia do nossos tempo não terá forças superiores à resistência do espírito, sendo assim capazes de trazer, inevitavelmente, a morte da civilização? Nesta obra de George R. Stewart não é o átomo que aniquila a humanidade. Um vírus, simplesmente um vírus, destrói quase todos os seres humanos. E os remanescentes reiniciam a Grande Marcha, deixando para trás os Velhos Tempos, com todas as suas mazelas, os seus crimes, os seus horrores, e também a destruição fora inclemente tudo o que de belo o homem produzira no decorrer de sua aventura na História da Terra, pois representavam o bem e o mau, a própria civilização destruída. Mas os poucos sobreviventes da aniquilante epidemia abrem novos caminhos à vida. E neste gesto de reiniciar do nada uma nova etapa civilizatória, com novos valores que a solidão permite surdir, o homem volta a se encontrar na restauração de suas forças e valores, abrindo novos horizontes pois novas sementes serão lançadas e se desenvolverão.